Antagônicos escrita por Runway Ing


Capítulo 18
Acampamento AF


Notas iniciais do capítulo

Talvez seja o capítulo mais longo, apesar de ser bem desnecessário... É como se fosse um capítulo "adicional" ou "explicativo", só pra prolongar sduijhiuhf boa leitura



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Para ter acesso a floresta, tivemos de cruzar a Academia Felicity. Estacionamos o carro nos fundos da escola e fomos andando até a floresta que já parecia sombria àquela hora da manhã. Começamos a seguir a balbúrdia, até que os encontramos.

Eu e Friedrich tínhamos combinado de que não andaríamos de mãos dadas e que não falaríamos nada sobre o Beaux, a menos que estivéssemos jogando “Eu nunca...”

Ringo tomou a frente para cumprimentar seus amigos e antigos companheiros de Futebol, que o chamavam de Richard e Rick. Duda, Friedrich e Jane se separaram de nós e foram em direção a Waxler, que já estava rodeado de meninas. Eu fiquei com Ringo e Violet.

— Cara, eu sempre soube que um dia vocês iam namorar — disse um homem que (apesar de terem se passado mais ou menos cinco ou seis anos), eu não conseguia me lembrar quem era. Mas ele não me era estranho. —, aquele papo de “somos melhores amigos” nunca colou.

Ele riu e deu um soco de leve no ombro de Ringo, que bufou e saímos. Ringo sempre fora alguém que poupava responder gente babaca. E também não tínhamos o que reclamar, estávamos com os braços enrolados.

— Não quero segurar vela — Violet riu —, então, vou procurar as garotas.

— Char...Lize, acho que é esse seu nome. — disse a garota do cabelo negro e ondulado apontando pra mim. Gabriela; não tinha mudado nadinha. Estava com o braço enrolado em outra do cabelo curto, que me olhava sorrindo, talvez bêbada.

— Sim, esse é meu nome. Gabriela e...?

Eu me sentia mal por ter esquecido quem era a outra, mas sabia que a conhecia.

— Juliana. Te livrei daquela marca de chupada no pescoço pra foto do anuário. — Claro, a Juliana que tinha me livrado da chupada que ganhei de um cara que era conhecido por ter sido preso onze vezes.

— Cadê o resto das meninas?

Gabriela apontou para a rodinha de meninas sentadas perto de uma barraca. Foi quando percebi que tinha número insuficiente de barraca pra tanta gente. Deixei Ringo para trás e fui falar com elas.

Meu irmão tinha levado quase todas pra minha casa, inclusive Duda; o que me pareceu um bom motivo pra rir; de todas, apenas Gabriela tinha dormido com Wax, Patrick, Ringo E Friedrich. Ela tinha fama de ser a menina mais sociável da escola, ela falava com todo mundo, estava sempre se elegendo para atividades acadêmicas; também era conhecida como sortuda, não puta, mas sortuda. Ela só dava pra os garotos que selecionava, os que eram mais bonitos.

— Reunião da Cannabis? — indaguei já próxima a rodinha, séria. Elas riram.

Duda apareceu com Jane e duas garotas peitudas. Demorei pra reconhecê-las, pois o volume do peito de ambas, balançando a cada pisada brusca que davam no chão, me impedia de olhar para o rosto, Sara e Jenny. Jenny era a única que meu irmão não tinha levado pra casa, não porque não transou com ela, transou, claro, mas na nossa van, no dia do baile.

As três pareciam ter encontrado o pote de ouro no fim do arco-íris.

— OLHA. O. QUE. ACHAMOS! — Duda gritou e ajoelhou-se no chão.

Cogumelos. Seis cogumelos lindos. Me ajoelhei de frente a ela com os olhos brilhando, ela afastou a minha mão e apontou pra minha barriga.

— Isso foi um “você não pode porque está grávida”? — ponderou Jenny. Eu nunca tinha gostado da maneira como aquela garota conseguia ser tão esperta, tivera o cargo de presidente os três últimos anos. Das líderes, pra mim, era a mais inteligente.

— Não — grunhi. — Isso foi um “você não pode pois está com diarréia”.

Ela deu de ombros, sabia que não levaria em nada ficar naquele assunto enquanto tinham seis cogumelos na sua frente.

— Se forem venenosos? — questionou Juliana com os olhos arregalados e a boca aberta.

— Se forem venenosos, você vai ser a primeira a morrer. — Jenny respondeu e enfiou um na boca da melhor amiga, que riu.

Sara nunca tinha dado pra meu irmão. Era boa o suficiente para fazê-lo, mas nunca quis; sabia que não valeria a pena e eu admirava ela por isso. Ringo foi o único do colegial que ela ficou, e eles namoraram por cinco meses.

— Então, você e Rick...?

— Não Sara, não namoramos.

Ela sorriu e sentou-se do meu lado com um cogumelo na mão.

— No que ele trabalha?

— Trabalha comigo no Jornal Local.

Eu tinha ciúme dos meus amigos, não gostava quando percebia que estavam sendo flertados, a menos que eu tivesse certeza de que ficariam só uma noite e depois nunca mais se veriam, mas o lance entre Sara e Ringo era outro. Talvez intenso.

— Ele é gay, você sabe disso, não sabe?

Ela só riu. Como se soubesse que eu fosse fazer aquilo, enfiou o cogumelo na boca e deitou-se.

Eu estava no meio de um monte de drogadas. Duda, Jenny, Letícia, Juliana, Sara e Gabi tinham comido os cogumelos. Jane estava bebendo com os rapazes do time, Violet estava com Ringo e pela segunda vez em uma festa, eu não fazia idéia de onde estava Friedrich.

Decidi que não o procuraria e afastei-me das meninas, queria olhá-las de longe, eu sempre achava engraçado o efeito que o cogumelo dava nelas.

Deitei-me perto de uma árvore, coloquei a mão na barriga e estava quase fechando os olhos quando ouvi uma voz doce falar comigo.

— Cólica? — fez uma careta.

Aquela garota era a prova de como alguém pode mudar com o tempo e fazer todo mundo pensar “eu devia ter ficado com ela”. Era baixinha, tinha cabelos castanhos e olhos negros, sua pele era alva e quase não tinha tamanho, nem para ter oito anos. Amanda. Aquela Amanda tinha me ajudado em milhares de provas de História quando eu virava o dia estudando pra o SAT e acabava dormindo na prova. Mandy era do grupo de nerds e vice-presidente, usava óculos que cobriam tanto seus olhos, quanto suas bochechas, casacos e saias.

— Sim. Quase não lhe reconheci.

Eu a olhava debaixo pra cima, usava um macaquito preto e uma camisa regata amarela por debaixo. Nada de óculos ou casacos.

— Talvez seja um elogio. — ela sorriu. — Eu estava dando uma volta, vendo como as coisas voltam pra seu devido lugar.

— Como assim?

— Sabe, a pouco, vi Rick cumprimentando a Sara. Eles namoravam, terminaram porque iam mudar de cidade e parece-me que o destino resolveu os juntar novamente. — ela fez uma pausa curta para respirar — Também vi o Fred e a — Iris! Como eu poderia ter esquecido da Iris?

— Espera, o que?

— Ninguém entende porquê eles terminaram e agora, parece que vão se resolver.

— Não, eles não vão. — deixei o pensamento escapar. Ela me olhou confusa. — Eles não vão, porque agora ele está comigo.

— Eu achava que não havia probabilidade pra isso... Vocês dois. — sentei e encostei-me à árvore. — Espero que não briguem aqui, vocês costumavam destruir muitas coisas quando brigavam.

— Lembra da vez que ele te xingou e eu voei nele?

— Sim, você nem me conhecia e mesmo assim me defendeu.

Na verdade, era só uma desculpa pra tentar matar ele. Pensei, mas não disse; eu devia ser o super-herói dela.

— Depois daquele dia, nunca mais ousaram me difamar.

Dei de ombros lembrando que, todos tinham medo de mim, alguns até ameaçavam os outros dizendo “vou chamar a Irmã do Wax”. Só Friedrich ousava se meter comigo. Talvez aquilo entre a gente fosse sempre algo além de ódio.

— Acho que vou procurar por ele.

— Isso de vocês parece ser segredo.

— É segredo.

Ela passou os dedos na frente da boca, como quem estava fechando um zíper. Mostrei o polegar e dei as costas a ela. Não quis procurar por ele, achei tolice. Jogaria uma ou duas árvores nele, ele me daria uma explicação, eu aceitaria e faríamos as pazes. Sentei-me do lado de Waxler, que tocava here without you, cantei junto com ele, pois ele sempre dissera que aquela música ficava muito melhor como um dueto.

— E a sua amiga da internet? — cochichei meio a música, ele parou de tocar, colocou a palheta na boca enquanto isolava o violão.

— Akemi. Me pediu pra que a chamasse de Akemi.

— Mas isso lá é nome de gente?

— É o nickname que ela pôs pra bate-papo. — balancei a cabeça.

— Qual era o seu?

— Rumpelstilskin. — nós rimos. Rumpelstilskin era a estória favorita de Wax, eu achava um tédio. — Sabe o que é incrível?

Neguei com a cabeça.

— Ela é jornalista. Está pra ir trabalhar no Jornal Local da tevê daqui há um mês.

— E o que você pretende fazer?

— Sair com ela. Cadê o Fred?

— Com a Iris.

Ele engasgou na própria saliva e me encarou, as bolotas azuis esbugalhadas.

— “Com a Iris”? — disse me imitando com o mesmo tom calmo de voz. — Char, eles namoraram durante dois anos e três meses!

— Acha que devo procurá-lo?

— Claro! Chega lá e diz pra ela que você ta grávida e o filho é dele.

Não precisei procurar muito para encontrar Friedrich. Ele não estava só com Iris; Sara, Ringo, o garoto que achava que eu era namorada do Ringo, Jenny, Gabi e Duda estavam lá também; Duda estava sentava no chão, agarrada na perna esquerda de Ringo, dormindo. O efeito de Sara parecia já ter saído, ela estava sã. Friedrich estava sentado numa pedra, Iris estava do lado dele. Senti minha orelha esquentar.

— Vocês sempre estão em todos os lugares que vou. — grunhi olhando pras drogadas. — Cadê a Violet e a Jane?

— Violet dormiu e Jane bebendo com os rapazes do time, ainda. — explicou Ringo.

— Oi Friedrich. — trinquei os dentes e ergui a sobrancelha.

Ele escorou as mãos na pedra e deu um impulso pra frente, indo até mim, me puxou e voltou pra onde estava.

— Tira o bico — ele sussurrou, mas acho que todos ouviram, pois estavam olhando, inclusive a Iris. Ele me beijou rapidamente, descruzou meus braços e me agarrou nele.

Iris tinha uma expressão confusa.

— Você me traiu mesmo ou ela só queria ficar com você?

Senti meu corpo todo queimar dessa vez. Fuzilei ela com os olhos, Friedrich ainda não tinha me soltado.

— O que eu sei, é que sair de você, pra ela foi como sair de Ugly Betty pra Simone Simons, no quesito, beleza, mas beleza interior. Simone é linda por fora, assim como Charlize é linda por dentro, você é tão feia por fora, quanto por dentro. Ah, eu te traí mesmo.

— Você precisa parar de ler livros sobre mulheres. — falei quase inaudível.

Iris trotou para longe. Aquele foi o momento que percebi, que podia confiar nele.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por estarem lendo, viu? Vou tentar escrever o próximo enquanto assisto The Voice. Mas, no máximo, amanhã a noite. Beijo pra vocês!



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