Antagônicos escrita por Runway Ing


Capítulo 17
Adeus a fazenda, mas não a cidade


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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No outro dia, todos acordaram um pouco tarde devido a noite que passaram enchendo a cara. Wax não estava em casa, provavelmente teria encontrado sua amiga misteriosa e passado a noite com ela, ou, por outro lado, poderia ter descoberto que a amiga, na verdade era um grupo de homens, onde o chefe era serial killer e queria torturá-lo, filmar a cena e depois matá-lo.

Desci as escadas e meu pai já estava no andar debaixo mexendo no fogão. Eu estava vestida numa camisa verde de Friedrich e os cabelos pareciam um ninho de passarinho.

Minhas pernas doíam a cada degrau que eu descia. Eu havia percebido que da última vez que eu e Friedrich tivemos relações, ele tinha sido carinhoso, cuidadoso, como ele não era normalmente. Mas daquela vez parecia que ele tinha descontado raiva em mim, como se estivéssemos brigando na cama.

O que me pareceu bem melhor do que de todas as outras vezes.

— Bom dia, papai. — falei e sentei-me na cadeira da bancada; ele virou a cabeça e sorriu.

— Bom dia, pequena. Não lhe vi na festa.

— Sim, eu acho que comi demais. Me deu uma dor absurda no estômago e vim pra casa. Não quis atrapalhá-los, sei me cuidar sozinha.

Duda apareceu na cozinha, seu estado ainda era pior que o meu. Estava com resto de lápis de olho, o cabelo escuro preso num coque, o olho entreaberto e um cheiro de cachaça que dava pra sentir do outro lado do mundo. Tossi ao exalar.

— Você disse que sentiu uma dor no estômago, sendo que você não tem mais estômago, porque você está grávida. — a voz rouca dela disse em tom baixo. Duda segurava a própria cabeça, como se tivesse pesando o dobro do normal.

— Gravidez significa perda de órgãos?

— Seu bebê ocupa o lugar. Não?

Duda adorava estudar anatomia humana, o nome do que ela estava tendo naquele momento era: ressaca.

— Você precisa beber menos. — ri. Ela riu junto.

Estávamos esperando os outros para pegarmos a estrada. Meu pai tinha a mesma expressão triste que tinha sempre quando estava no dia de se despedir.

Friedrich acordou e desceu, os cabelos desgrenhados e só vestia a calça do moletom cinza. Fingi que não o tinha visto, não queria perder meus olhos em cima dele e ficar paralisada como já tinha feito uma vez. Ele abraçou-me por trás e beijou meu pescoço.

— Bom dia, família. — ele sussurrou no meu ouvido.

Meu pai virou-se para nós, estava sorrindo; os olhos pareciam marejados, mas era durão demais para chorar. Eu imaginei que tivesse pensando algo sobre sua filhinha ter encontrado alguém que vai realmente vai cuidar dela pelo tempo que tiver de cuidar.

— Eu quero ir embora.

— Quer mesmo? Vou acordá-los.

Parecia que toda a vida eu tivesse tido uma visão de Friedrich que nem ao menos era verdade. Ele era atencioso, carinhoso e sempre estava me fazendo rir. Não me senti nem um pouco arrependida pelo que havia feito sobre o que resultou no nosso ódio um pelo outro (eu ter dito a garota que ele estava a traindo), pois, tudo estaria totalmente diferente. Talvez nem nos odiássemos, logo, ele não teria me dado os bombons de amendoim e eu não estaria grávida.

E pra fim, ele não seria meu.

Violet e Ringo desciam a escada lentamente. Ambos não conseguiam abrir os olhos.

Só faltava Waxler, onde estaria meu irmão idiota? Peguei o telefone residencial de meu pai e disquei o número de Waxler. Chamou duas vezes, então ele atendeu.

— Oi — murmurou.

— Wax, você está na casa de algum serial killer?

— Na verdade, eu encontrei um pessoal, e eles nos chamaram pra acampar naquela floresta que costumávamos ter medo, lembra? Eu já estou aqui.

Ele também precisava beber menos. O que eu iria fazer no meio da floresta, com pessoas que eu ao menos sabia o nome?

— Nem pensar.

— Ah, esqueci de detalhar que são do colegial. — ele riu abafado.

— Quê? Alguém como Meryl ou Gina?

— Sim, ou April, Miranda, Alex...

— Não quero ouvir a lista de garotas que você pegou no colegial, estamos indo até ai.

— Tragam as malas, daqui, iremos embora.

Eu nem tinha bebido e estava agindo como uma completa insana, aceitando algo que Waxler havia proposto. Uma floresta? Onde só iriam rolar fofocas antigas, onde as pessoas diriam “nossa Violet, você está linda! Quem diria que era apenas a sombra da irmã do Waxler”, “nossa Irmã do Waxler, eu sinto que posso te chamar de Charlize agora”, “Duda, como conseguiu fazer seu corpo ganhar tantas curvas assim? O tempo lhe fez bem” ou, “Jane, você tem a mesma cara de bêbada.”

— Fomos convidados para um reencontro com o pessoal da Felicity.

— Academia Felicity? Falando sério? — os olhos de Ringo brilharam.

— Sim, topam?

Em pouco tempo, a van estava com todas as nossas malas. Abracei meu pai muito forte e o deixei para trás com um aperto no coração.

Estávamos no caminho para a floresta que chamávamos de Ness, pois era algo tão assustador quanto o monstro; agora, parecia que as pessoas freqüentavam ele e até acampavam.

Parecia ser uma idéia legal e eu esperava mesmo que fosse.


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Notas finais do capítulo

Amanhã posto mais. Beijoossss



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