Antagônicos escrita por Runway Ing


Capítulo 16
Small Bump


Notas iniciais do capítulo

http://www.vagalume.com.br/ed-sheeran/small-bump-traducao.html
Pra ver depois que ler. Se quiserem. (OLHEM!!!!)



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A noite chegou e a mesa já estava posta. Tinha um segredinho naquela noite, que eu havia escondido de todos: o meu cheesecake era o melhor do mundo! E talvez o fudge da Kimi tivesse com um gostinho amargo, de leve. Não que eu tivesse colocado algo, eu não faria isso em hipótese alguma.

Vesti um vestido e uma meia calça, ambos na cor preta e um salto alto vermelho. Fiz uma maquiagem leve, e fiquei com preguiça de fazer algo nos cabelos, estava achando-os bonitos. Nós costumávamos apreciar a Lua num bar que ficava perto do rio onde quase todos os moradores iam pescar. Era um ótimo local, e muita gente se reunia. Por isso também, nos arrumávamos.

Friedrich surtou ao me ver usando um salto enorme, não só pelo fato de que me deixava quase do tamanho dele, mas tinha medo de eu escorregar e cair. Ele também estava muito bonito, uma camisa de mangas longas azul escura, calça jeans e um tênis.

Descemos e sentamos. Como de costume, fiz a oração. Fui breve e clichê, mas dessa vez, estava acrescentando meu filho, e Friedrich de maneira positiva.

Para meu desprazer, Kimi sentou de frente para mim. Quando finalmente a hora da sobremesa chegou, ela me encarou com aquela cara de puta. Desviei o olhar para o fudge dela que estava muito bonito, apesar de deformado, parecia gostoso. Todos comeram, Wax parecia que não tinha comido por uma semana e estava desesperado por aquilo; a parte engraçada foi quando Friedrich colocou a mão na minha coxa e apertou, eu o olhei e ele fez uma careta discreta. Cuspi o suco e ri um pouco, mas segurei. Wax estava tentando fingir gostar, mas o ritmo do seu desespero tinha sido reduzido. Ela não provou, nem sei se ela percebeu que as pessoas estavam desgostosas da sua comida horrorosa.

— Eu tenho uma surpresa! — falei e me levantei. Caminhei até a cozinha, antes de entrar nela, senti minhas pernas queimando, como se Friedrich tivesse as comendo com os olhos. Sorri.

Peguei a tigela e coloquei em cima da mesa. Duda esfregou uma mão na outra e quase ouvi ela dizer “agora eu vou provar algo bom, pra tirar esse gosto de urina da minha boca”.

— Eu quero, eu quero muito. — disse Violet estendendo o prato. Coloquei para ela e para os outros, sentei-me e fiquei encarando Friedrich.

— Como é bom ter uma futura mulher que cozinha maravilhosamente bem. — ele disse alto com a boca cheia.

Fitei Kimi e fiz cara de “é, infelizmente foi da minha que eles gostaram, beijos!”

Terminamos de comer e fomos direto para o bar. As pessoas também estavam acabando de chegar, meu pai se perdeu na multidão de pescadores e Wax cochichou algo no ouvido de Duda, que depois ela veio me dizer que seria sobre ir procurar a amiga da internet, dele. Duda, Jane e Ringo começaram com os jogos, viravam doses e doses. Violet estava dançando uma música de Florence and the Machine com um rapaz alto e moreno que tinha encontrado. Eu estava sozinha.

Eu estava sozinha? Oras, cadê Friedrich então?

Corri os olhos por todo o local. A música alta, as pessoas dançando aglomeradas, meus amigos, meu pai, todos na minha vista, menos ele! Fui até a mureta que separava o chão de madeira do cais, do rio, me escorei, olhei pra um lado, olhei pra o outro. E lá estava ele, um copo de whisky na mão, encostado na mureta e Kimi a sua frente, rindo. Tive a visão privilegiada de um abraço, e ainda abraçados, ela virou a cabeça pra cima e olhou-o. Imagine só você vendo uma cena, que era pra ser sua.

— FRIEDRICH! — gritei para que ele me visse, ele a empurrou de leve. — “não é isso que eu estou pensando”, certo?

Olhei para trás e vi uma mesa com algumas garrafas da Heineken cheias. Lancei uma nele, mas ele desviou e caminhou em minha direção, joguei outra e bateu na perna dele, o que me deu tempo para correr para bem longe de lá. Eu não gostava quando alguém perdia totalmente a razão numa situação e vinha atrás para se redimir, também não gostava quando meus amigos vinham atrás para redimir a outra pessoa. Pra minha sorte, eles não tinham escutado. Corri até o estacionamento e encontrei com o caseiro dentro do carro, com as pernas em cima do volante, ouvindo rádio. Abri a porta e entrei.

— Me leva pra casa. — tentei parecer calma e controlada. Ele ligou o carro e em poucos minutos chegamos.

Entrei no quarto e tranquei-me. No chão mesmo me sentei e tirei o salto. Eu não tinha motivos para chorar, o erro foi meu em ter engravidado do Friedrich, logo dele! Eu sempre o ouvia falando das garotas com Wax e ambos mostravam achar que somos objetos. Peguei meu celular e coloquei uma música agitada do Ed pra espantar os pensamentos e me movimentar um pouco com uns passos de dança estranhos.

A raiva me conteve, meu rosto começou a queimar e minha garganta deu um nó.

Calma, Charlize!

Chutei a escrivaninha, e tive mais um motivo para querer chorar. Meu pé doía. Logo quando meu filho esta fazendo dois meses, aquele inescrupuloso acha de se relacionar com ninguém menos de Kimi.

A música mudou pra I see fire, coloquei o celular no silencioso e me deitei.

— Charlie. — ouvi um grito vindo da entrada da fazenda. — CHARLIZE. SUA GRANDESSISSÍMA IDIOTA.

Ele estava mesmo me chamando de idiota? Eu precisava matar ele enquanto havia tempo. Lembrei-me que estava no quarto que guardávamos os acessórios de esporte. Peguei o taco de baseball e abri a porta, ele estava pegando algo no porão. Esperei-o subir na sala, provavelmente estava procurando algo para me acertar também.

Eu batia com o taco no chão, até que ouvi o barulho de um sol, depois um no violão. Ele ia me bater com o violão!

Ele apareceu, pingando de suor, provavelmente pelo fato de ter ido correndo. Colocou o violão encostado na parede e se aproximou, sem falar nada, ameacei-o com o taco apontado pra ele.

— Tenha calma. — ele gritou. Ele estava falando como se tivesse razão em estar abraçando a Kimi. Aproximou-se mais.

Eu era a melhor rebatedora no colégio, não lembrava se a minha mira era boa. Mas só para ele se afastar, acertei em cheio no braço dele, que gritou, vermelho de ódio.

Fez um gesto com as mãos, imaginando torcendo meu pescoço. Mostrei o dedo do meio pra ele, enquanto ele explodia de raiva.

— Eu não agüento mais esse seu drama. Eu li hoje em um livro que achei na prateleira do quarto das meninas que mulheres ficam sensíveis, porque as emoções estão à flor da pele, mudança hormonal e eu sei que você está atordoada com toda essa coisa nova, com nosso Beaux. VOCÊ ACHA MESMO QUE EU NÃO ESTOU LEVANDO ISSO A SÉRIO? Olha isso, eu li um livro inteiro falando sobre grávidas. Eu nem gosto de ler! Ainda mais porque essa usa um linguajar muito feminino, eu não gosto, porque depois eu fico usando termos como “bem vinda ao clube” ou “como lidar”, hoje eu disse pra Wax não ficar amuado, quem usa a palavra “amuado”?

Quase deixei um sorriso escapar e por esse fato, bati com o taco no outro braço. Ele gritou.

— Você está pedindo pra eu te enforcar, espere eu terminar. — ele abaixou a cabeça, parecia decepcionado, não sei se comigo ou com ele mesmo. Levantou a cabeça e me deu um chute bem na canela. Gritei e bati com o taco nas costas dele duas vezes. — PAROU!

Afastei-me ofegante.

— Era só pra descontar, que ódio! — ele não parava de gritar. — A Kimi pediu meu número, estou sendo sincero, mas eu disse que não ia dar, porque não é dela que eu gosto.

Trinquei os dentes e me preparei pra bater de novo.

— Se controla, animal. Senta.

Ele me empurrou no sofá e pegou o violão.

— Perguntei a Kimi onde seu pai guardava o violão e ela falou que estava no porão, então, resolvi treinar alguns dias. Hoje eu agradeci e expliquei que eu tinha treinado porque queria fazer algo bonito pra você, pra provar que eu quero ser o melhor pai do mundo e que quero ser a pessoa que vai estar do seu lado quando você precisar. Que não precisamos ser românticos, até porque você é bruta demais pra tentar ser algo do tipo, mas é isso que eu gosto em você. Eu não preciso ser um cara que eu não sou, eu só preciso ser eu e eu posso bater em você, eu posso te xingar, porque essa é a nossa relação. E mesmo depois de todo o conflito, nos usamos toda a negatividade pra controlar o lado bom.

Ele ficou em silêncio e olhou pra o violão. Small bump.

Meu olho encheu de lágrima e eu não agüentei. Chorei mesmo. Com toda aquela baboseira que ele tinha dito e com o que a música significava. A voz dele não era das melhores, por isso ele cantava num tom baixo e a rouquidão conseguia amenizar.

Levantei-me e abracei-o como nunca tinha abraçado antes.

Ele estava com os braços soltos ainda. Soltei devagar e o beijei, também como nunca tinha beijado antes. Era uma mistura estranha, de gratidão, de yin e yang, de lágrima e alívio. Ele retribuiu e me colocou nos braços subindo as escadas.

— Você não pode tocar alguma música do Ed Sheeran sempre que fizer besteira.

— Claro que não, posso alternar pra Beatles e quem sabe, The Beach Boys.

— Olha que ainda dá tempo de pegar o taco.

— Você também não pode ficar pensando em bater em mim, quando temos apenas mais uns quatro meses pra aproveitar, antes que sua barriga fique enorme, você fique cheia de estrias e sem vontade de fazer sexo.

— O que você quer dizer com isso?

— Que eu te amo.

Ri e sequei o rosto.


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Notas finais do capítulo

http://www.vagalume.com.br/ed-sheeran/small-bump-traducao.html
De novo, só porque eu quero mesmo que vocês olhem a tradução.
Obrigada pela paciência, atenciosamente, Moon.



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