Antagônicos escrita por Runway Ing


Capítulo 13
Desvantagens de estar grávida




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Dormimos juntos na casa dele. Colocamos alguns possíveis nomes num papel. Que seriam, para menina: Lennon, Liesel, Lisieux, Twiggy, Amanda e Jennyffer. Para menino: Beaux (pronuncia-se Bô), Harrinson, Cedric e Antony.

O dia que seguiu, passamos falando sobre nós, formulamos algo para “como começaram a ficar?” e até que virou um romance legal. Marquei a ultra-som e dormimos na casa dele novamente, ele falou com minha barriga diversas vezes, chamando meu filho de “caroço de feijão”.

Acordamos ás seis com Wax ligando. Arrumei a mala de Friedrich enquanto ele tomava banho, dobrei as camisas perfeitamente, guardei os objetos quebráveis numa caixa de papelão e desci com a mala nos braços para colocar no carro.

— Mocinha! — chamou Eric. — Não faça tanto esforço.

Ele tirou a mala das minhas mãos e colocou no carro. Eu não gostava quando me tratavam como criança... Era o que parecia, mas na verdade, estavam me paparicando como grávida mesmo.

— O que quer comer?

— Melancia... — falei cortando um pedaço da melancia que estava em cima da mesa.

— Deixe que eu corte pra você. — Beca tirou a faca das minhas mãos com delicadeza.

Comi a melancia e Friedrich levou uma maçã para comer no caminho. Deixou que eu dirigisse porque reclamei que não estava gostando de ser tratada como grávida propriamente dita. Ele riu e não pediu pra dirigir, pois sabia que eu me irritaria.

Estavam todos na van nos esperando, Duda tinha feito minhas malas e levado um cachecol para mim. Estava muito frio, realmente, mas eu não entendia porquê eu não teria a santa consciência de ter colocado um cachecol se estivesse morrendo de frio.

— Gente. — falei segurando a cabeça. Eles estavam cantando uma música chata. — Mudem a música.

Em outros tempos, eles me bateriam e me mandariam calar a boca porque eu não tinha autoridade para escolher. MAS COMO EU ESTAVA GRÁVIDA...

— Ed Sheeran pra você. — disse Duda colocando um cd.

Encostei a cabeça no ombro de Violet e dormi. Quando acordei, Duda e Wax estavam falando sobre uma garota que ele tinha conhecido pela internet e que queria vê-la quando chegasse à fazenda, pois a casa dela era pelas redondezas. Meu irmão não tinha juízo.

Três horas de viagem e chegamos. Lar, doce lar.

Eu e Wax estávamos com um sorriso de orelha a orelha. Adorávamos estar ali, relembrar dos fins de semana que passávamos alimentando os animais e cavalgando. Avistei uma ruiva, mediana, muita bunda e muito peito, pele bronzeada e cheia de sardas. Olhei para Wax e ele a perseguia com os olhos, virei-me para trás e o mesmo estava acontecendo com Ringo e Friedrich. Rolei os olhos e sai trotando e arfando.

— Liz! — meu pai berrou ao me ver e abriu os braços. Corri em direção a ele e pulei em seus braços. Os outros estavam distantes e Wax ainda não tinha visto papai, estava ocupado apreciando a ruiva de calça justa.

— Quem é a ruiva? — tentei fingir um sorriso.

— Filha do caseiro. Kimi.

— Seu filho parece ter se interessado.

— Seu namorado também. — arregalei os olhos ao ouvir e puxei ele para dentro da casa. — Então, querida, me conte, como foi que começaram a ficar?

— Paramos de brigar simplesmente e percebemos que tinha química. — simplifiquei. Estava chateada por ele ter ficado para trás olhando Kimi.

Bob balançou a cabeça e mexeu no bigode me analisando. Minha barriga ainda não tinha dado sinal de vida. Não tanto. Parecia que eu tinha acabado de comer um sanduíche apenas.

— Você engordou. — ele passava a mão no bigode grisalho. Eu já queria contá-lo. — Parece até estar grávida.

— O que? — gaguejei.

— Você se entrega tão facilmente. — ele riu. — Desconfiei desde o princípio, conheço minha menina. Quantos meses?

— Quase dois, eu acho.

Ele se posicionou na frente do fogo e ligou a chaleira. Eu sabia que ele não iria saber como falar sobre isso, preferiu ficar em um silêncio que estava me dando dor nos nervos e eu seria capaz de contar toda a verdade. Salva pelo gongo.

— PAPAI! — Wax abraçou-o — Quem é aquela?

— Oi Waxler, eu estou bem. Ah, sim, estou tomando os remédios corretamente. Minha fazenda vai bem. — todos estavam rindo, menos eu e Waxler.

— Eu ia perguntar tudo isso... Mas, vai, me responde.

— Kimi, a filha do caseiro.

— Ela é linda. Quantos anos ela tem?

— Vinte e quatro. Não é para seu bico.

Meu pai sempre dizia que as garotas não eram pra o bico de Waxler. Obvio, com quase trinta anos e não levava ninguém a sério. Isso depois de Duda.

É, Waxler e Duda já tiveram um caso. Um caso longo, três anos e meio. Eram um casal bonito até, me faziam rir as vinte e quatro horas do dia, mas não deu certo. Ela viajou para estudar na Alemanha por um ano e quando voltou, ele estava ficando com uma tal de Giulia e de Giulia ele era o “cara das quintas-feiras”. Enfim, ele não namorou mais ninguém depois de Duda.

Dividimo-nos em quartos separados. Fiquei num quarto com Friedrich, Wax com Ringo e Violet, Jane e Duda em outro. Friedrich estava falando de como gostava de estar ali, de como tinha imaginado nosso filho correndo pela grama atrás de porcos e de rever meu pai. Ele e meu pai se adoravam.

— Eu vi o quanto você gostou de estar aqui. — falei com os dentes trincados. Não, eu não estava com ciúmes.

— Como assim?

— Gostou de Kimi, não é? Você pode ficar com ela, está solteiro... — encarei-o. Ele sorriu de lado. Eu não estava vendo graça.

— C – I – Ú – M – E – S.

— Não Friedrich, não é ciúme. Para de ser tão patético.

Ele deu uma gargalhada com a mão na barriga. Joguei a almofada nele e semicerrei os olhos, ele percebeu que eu falava sério.

— Como você é boba. Ela não faz meu tipo. — ele riu mais.

— Uma grávida faz seu tipo?

— Agora faz. — ele se jogou na cama e começou a fazer cócegas. — SORRIA.

Eu gargalhei alto, pedindo para ele parar, rasgando-o com minha unha. Até que ele parou e me olhou assustado.

— Será que isso faz mal pra o bebê?

Duda abriu a porta num estrondo achando que estávamos brigando e riu ao ver ele estava quase deitado em cima de mim.

— Cócegas? — perguntou. Ele assentiu. — Isso faz mal pra o bebê.

— Ai, sai de cima, vou urinar. — falei empurrando ele.

— E se o bebê cair enquanto você urina? — indagou Duda.

— Cala a boca. — pedi.

Os dois ficaram na porta do banheiro, deitei sobre as pernas sentada no sanitário.

— Você vai amassar ele. — Duda quase gritou. Passei a mão na testa impaciente e bati a porta. Ouvi eles falando que eu estava louca pra que o bebê nascesse com alguma deformação e blábláblá.

As vezes parece vantajoso ser paparicada, mas eu não estava gostando nem um pouquinho.


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Notas finais do capítulo

O próximo é "vantagens de estar grávida" *-* deem sugestões de nomes.