Antagônicos escrita por Runway Ing


Capítulo 11
Will ressurge para infelicidade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/461735/chapter/11

Assim que abri os olhos, senti um peso nas costas, Friedrich estava com a perna em cima das mesmas e a boca aberta respirando forte. Rolei os olhos e o empurrei, fazendo-o acordar. Eram quase nove horas da manhã e eu já sentia o cheiro de um bacon oleoso feito por Duda vindo do andar debaixo. Meu estômago roncou e eu decidi que iria descer para me juntar a Duda. Peguei meu celular e fiquei analisando o que tinha de novo para mim enquanto descia as escadas.

Três e-mails novos.

Duas ligações não atendidas.

Sentei-me numa das cadeiras. Duda me viu e já foi cortando um pão para fazer sanduíche de queijo e presunto para mim. O primeiro e-mail era de papai e dizia:

Faltam três dias agora, Liz. Com amor, Bob.

O outro e-mail era uma corrente para repassar pra dez pessoas e... Bom, aquilo não me interessava nadinha. Então, só apaguei.

O último me fez entrar em desespero. Era do chefe geral da empresa.

Decepcionado! O que esta havendo com as matérias? Ninguém acha interessante ler sobre como é chato querer sair para nadar num domingo, mas lembrar-se de quê esta tudo congelado. É OBVIO, é inverno, Charlize Van Hulzen. E, sobre a criatividade, você esta na escala zero. Eu adorava ler as histórias sobre relacionamentos que teriam sido construídos em bases duvidosas, como exemplo do casal Hower, que sempre que se viam, acontecia algo de ruim e mesmo assim, eles encararam juntos.

Agora, imagine o meu desprazer em ler sobre “como não se deve fazer um pudim”, venhamos e convenhamos, o que você estava pensando quando publicou isso?

Soube que esta trabalhando menos. Que tem ficado doente e que tinha ficado uma semana inteira sem ir ao escritório. Charlize, eu confiei em você. Eu apostei em você. Lhe disse que você era especial e que tinha certeza de que as pessoas ficariam hipnotizadas quando lessem o que você tinha para mostrar e o que você me faz? Me decepciona.

Estou afastando você, por um mês. Não quero demiti-la, sei que todos nós merecemos uma chance. E vou dar-lhe a tal da chance, a use com moderação! Não terá outra. Quando voltar, tenha a matéria perfeita para me apresentar, ou considere-se desempregada.

Atenciosamente, Hugo Williams. (Espero que esteja bem!)

“Vou lhe demitir, espero que esteja bem”. Maldito Hugo. Ou melhor, ele estava certo. Como eu havia dito, não costumava ir à empresa, claro, nunca tinha recebido nenhuma reclamação. Mas, no último mês minhas idéias não fluíam e meu rendimento caiu, era de se esperar que Hugo mandasse um e-mail. Eu só não queria que tivesse mandado.

O.K., pelo menos eu tinha um mês de folga.

Comi o sanduíche que Duda me fizera e subi as escadas, Friedrich estava saindo do banho com a toalha enrolada na cintura. Olhei-o debaixo para cima e quando percebi que ele viu, desviei o olhar.

— Apresse, vamos comprar as coisas. — falei.

Coloquei um vestido florido e uma sapatilha vermelha. Duda disse que eu precisava usar as roupas apertadas enquanto estavam cabendo, mas ignorei-a. Eu estava me sentindo leve demais, para ficar usando roupas que colassem em mim.

Friedrich não aceitou que eu dirigisse. Por eu ser mulher, mais nova e grávida, ele se sentia uma criança; dei para ele o molho de chaves e voltei no quarto para pegar a bolsa. Quando voltei, ele estava com uma expressão estranha, ignorei. Chegamos numa loja que era muito conhecida na cidade, completa.

— Vamos olhar os berços.

— Não, vamos olhar as roupas. — ele disse andando na frente.

Segui-o, não queria brigar. Ele pegava todas as roupas verdes que via e se fosse uma menina? Eu estava decidida que não ia comprar roupas, só berço, banheira e coisas que não exigissem cor.

— Podemos ver as banheiras agora?

— Cala a boca. — ele falou.

— O que?

— Eu quero comprar a porcaria da roupa, será que você não pode ficar um dia sem implicar comigo?

— Não estou... — eu respirei fundo. Ele estava falando um pouco alto e algumas pessoas já estavam olhando.

— Não concordamos em nada, viu? Isso não vai dar certo. Você não é pra mim.

Abri a boca e arregalei os olhos. Por que ele tava falando aquilo?

Enfureci. A raiva tomou conta de mim. Ele me usa e depois age dessa forma? Não, não é assim. Peguei um porta-algodão e arremessei nele, acertei o peito dele. Enquanto ele olhava para o peito, constrangido com a cena que estávamos fazendo, peguei um objeto de alumínio e joguei na cabeça dele.

— Seu. Babaca. Seu. Idiota. Eu. Te. Odeio. — sibilei com os olhos cheios de fúria. Enfiei a mão na bolsa e para a minha sorte ele tinha guardado a chave do carro dentro dela. Corri e fui embora.

Parei o carro numa rua sem saída e chorei, bati a cabeça algumas vezes no volante e me xinguei. Não podia estar a agindo daquela forma e se fosse mal pra o bebê e se eu o perdesse? Liguei o som e estava tocando uma música de The Beach Boys, que me acalmou em minutos. Respirei, coloquei a mão na barriga e comecei a cantar. Olhei para o banco do passageiro e senti falta de alguém comigo, abri o porta-luvas para pegar o cd dos Beatles e... Uma carta. Aberta.

Olá, doce. Quero lhe ver e soube que você quer me ver também. Te espero no lugar de sempre. Sinto sua falta,

Will

Ah não... Friedrich.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Amanhã de manhã posto o próximo! Beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Antagônicos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.