Nesses casos de amores por moça francesa de nariz arrebitado, os meios não interferem no fim, que é sempre o mesmo; ela sorri e isso parte o seu coração em mil pedacinhos. E não interessa se na hora do beijo você a repele ou encoraja, ela te vence pelo rubor nas bochechas claras e o bater de cílios de boneca.

Lute contra Dominique ou abrace-a forte; ela já ganhou. Ela sempre ganha. E, sem você perceber, ela já tinha ganhado desde o início. Desde quando você viu pela primeira vez a pele clara salpicada de sardas e os olhos de cor indefinida, quando notou como a curva da cintura era sutil e como ela era delicada, quando se pegou observando o desenho dos lábios cheios e o cabelo loiro bem claro.

Mas o começo do fim é no momento exato em que você percebe que o seu nome falado pela voz rouca e um pouco embargada — como se ela estivesse num constante estado de embriaguez — soa muito mais bonito. E, na hora de dormir, você se pergunta o que é que ela tem de tão especial. Não se preocupe, você vai encontrar a resposta.

(É que, num mundo onde todos estão preocupados em ser diferentes, ela só está sendo ela mesma.)

Sobre esse amor, peça clemência, que ela te daria com todo o prazer. Mas não pode, diz, se desculpando com um sorriso. "Dominique", você implora. E ela fala que ama o som da sua voz. De repente, você está loucamente apaixonado e gosta disso.

É esse o seu erro.

Você deu seu coração e sua alma para alguém que não tem ideia de como essas são coisas frágeis. Você deu um vaso de vidro para alguém que acha que ele é como uma bola de quadribol.

Você deu seu coração e alma para Dominique.

E teve os dois destruídos pelas suas mãos.

Mesmo assim, você não consegue odiá-la.

Você grita tudo isso para ela.

E ela não pode fazer nada, então abre um sorriso triste.

E isso quebra o seu coração em milhares de pedacinhos.