Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 15
"É Hora do Duelo!"




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Estou começando a acreditar que nunca terei, pelo menos, uma hora de descanso. Aparentemente, qualquer lugar que vou tenho que acabar lutando. Qual é gente? Vamos ser originais, nunca viu as pessoas resolverem problemas na base da “pedra, papel e tesoura”?

A verdade é que desde quando Orcs me atacaram na escola e fui resgatado por um sátiro, minha vida mudou completamente... Para pior. E agora? Já me envolvi numa briga que nem se quer é minha, entre esses semideuses.

— Ei, calminha ai vocês. Podemos resolver isso de outra maneira. — falei enquanto fitava Martin.

— Ah, é? Como? — disse ele ironicamente.

— Uno? Monopoly?

— Como é?

— Yu-Gi-Oh?

— Está me zuando? — disse Martin com um olhar sério. — Eu adoro esse jogo! — Martin sacou um deck de cartas de seus bolsos e por fim disse — É hora do duelo!

— Que? — perguntei espantado. — Quer mesmo duelar?

— Sim, cara.

Então todos pararam e ficaram a certa distância de mim e de Martin, enquanto sentávamos ao chão e organizávamos as cartas.

— Lembra-se das regras? — perguntou Martin.

— Claro! Quer começar com quatro mil pontos de vida cada um?

— Por mim, tudo bem.

— Só pode ser brincadeira, vocês vão mesmo jogar? — disse Vini, o garoto do cabelo cumprido, que se aproximou um pouco de Martin. — Eu sou o próximo! — bradou Vini erguendo a mão e olhando para todos que estavam em pé.

— Então — Martin me encarou. — vamos começar?

— Só se for agora! — fitei-o confiante.

— É hora do...

—... da flechada! — bradou Lyu que pulou a amurada do leme e disparou uma flecha em seguida.

Logo tudo pareceu ficar em câmera lenta. Sabe quando uma coisa acontece tão rápido, mas você acaba vendo todos os detalhes da cena nesse meio tempo? Então. Em questão de segundos, vi Martin levantando e virando-se cara-a-cara com Lyu, seu braço de ferro carregado de energia brilhando pronto para disparar energia. Vini saltando para o lado puxando sua lâmina negra da bainha. E mal percebi que meu corpo automaticamente levantou também e saltou para trás. A flecha de Lyu foi disparada enquanto ele estava no ar depois de um pulo, e foi tudo tão rápido em seguida que apenas vi a energia explodir após a flecha chegar pertinho de Martin. Por fim, a energia derrubou Lyu, desequilibrou Vini para o lado e destruir uma parte de onde Lyu pulou.

— Que sacanagem, cara! Tentou conversar comigo numa boa e agora... Isso? — disse Martin, estressado. — Tentei ser gente boa, mas parece que terei de resolver na mão.

Quando Martin sacou seu arco e uma flecha, pronto para disparar, um garoto passou voando, dando um golpe em seu arco fazendo Martin derrubar o que segurava, com um susto. Era Tony com seu par de tênis alado.

— Então vamos resolver na mão afinal, Robocop. — Tony zombou.

Não tinha mais jeito, teríamos que lutar agora. Meus extintos falaram mais alto e foi tudo muito rápido, quando eu percebi, minha Seismós estava contra as lâminas duplas de Vini, aparentemente ele tentara desferir um golpe em Tony enquanto o mesmo estava distraído. Martin bradou furioso para que ninguém mais ousasse se intrometer nessa briga e deu inicio ao ataque contra Lyu e Tony.

— Cara, não precisamos fazer isso. — falei encarando Vini enquanto o mesmo tentava destravar as armas.

— Cala a boca e me enfrente logo! — disse Vini.

— Se prefere assim, beleza! — falei e esquivei para o lado e Vini desferiu dos golpes no local onde eu estava.

Dei um ataque surpresa, batendo o cabo de Seismós nas costas de Vini, após acertá-lo, me abaixei, uma de suas lâminas passou por cima, em seguida, rolei para o lado e sua outra lâmina cravou na madeira, chutei a mão de Vini e ele soltou a lâmina presa.

Próximo de mim e Vini era possível ouvir o som de outra batalha sendo travada, a de Martin contra Lyu e Tony. Podia-se ouvir estrondos no ar, flechas zunindo, lâmina cortando o vento, e a situação parecia intensa. Eu e Vini andávamos nos encarando esperando o primeiro ataque de ambos. Eu caminhava perto da segunda lâmina dele, para que Vini não pudesse a pegar de volta.

Ataques e contra-ataques, esquivas, bloqueios, empurrões, era com certeza a briga de espadachins mais difícil que já encarei. A habilidade de Vini para manejar a lâmina em batalha era parecida com a minha, e no fim das contas acabava que ninguém acertava nenhum golpe.

Por fim, minha lâmina acertou a cintura de Vini, formando um corte, o mesmo caiu e colocou a mão na ferida para evitar o sangue. No momento que eu pensei ter vencido, me enganei, olhei para minha cintura e a mesma também possuía um corte, rapidamente coloquei a mão na ferida, desequilibrei e cai, sentando ao chão. Ceci correu para ver a ferida de Vini, e logo começou a passar um tipo de pomada verde. Bia surgiu ao meu lado e sacou o mesmo pote de pomada verde.

— Que isso, menina?! — falei preocupado.

— Pomada de erva medicinal e néctar, oras.

— Nah-não. — Comecei a me levantar devagar. — Eu to legal. — lembrei-me que uma luta ainda acontecera, dirigi meu olhar para a direção da briga.

— Seu... Argh! Teimoso! — Bia bradou.

Observei a luta por alguns minutos, e era realmente empolgante. Com o braço mecânico, Martin defendia os ataques de Tony e rapidamente já repelia algumas flechas que Lyu atirava. Algumas vezes, Lyu avançava com uma adaga, mas logo Martin também sacava sua adaga e lutava corpo-a-corpo.

— Essa briga toda não levará a nada... Se Martin quiser, ele derruba esse trirreme. — Carol se aproximou de mim falando baixo.

— Como? — perguntei preocupado.

— Está vendo aquela garota na praia? Com o canhão.

— Sim...

— Ela é Lorenna Kogawa, ex-conselheira de Ares do acampamento meio-sangue. Ficou do lado de Martin e agora... Lá está ela.

— E só ela sozinha pode derrubar isso tudo? Lotado de semideuses poderosos?

— Não... O que quero dizer é que, ela foi a mais forte de Ares até hoje. A garota derrubou um javali mutante com um celular Nokia... Apenas tacando o celular no olho do monstro.

— Hã... — engoli em seco.

— E fora que, nessa ilha também é cheia de semideuses poderosos, ao ouvir o disparo do canhão, todos virão ao ataque. Basta Martin dar o sinal.

— Então tenho que interromper isso! — falei e segurei Seismós com firmeza.

Antes de me levantar, uma mão segurou firme meu braço... Era Vini, que me fitava sério.

— Melhor não interromper. Vai por mim. — disse ele.

— Por quê?!

— Já são quase meio-dia, horário de almoço dos pássaros de Estinfália.

— O que coisas são essas?

— Com licença... São pássaros pretos com garras, asas e bicos de ferro que se alimentam de carne humana. — interrompeu Ceci, educadamente. Olhou para Vini (que a fitava) e continuou em seguida — Há uma história de Hércules sobre eles, a única maneira de vencer eles é com barulho. Hércules, por exemplo, usou castanholas de bronze que assustou os pássaros, e eles fugiram.

—Então, é tranquilo, basta Martin soltar uma energia de seu braço que os espanta, não? — perguntei.

— Não... Não chamaria a energia do braço de Martin de “barulho” e sim de “uma rajada de vento”, logo, vento não adiantará. — disse Vini.

Antes de continuar a conversa, barulhos de pássaros começaram a surgir, olhei para o horizonte que dava em direção ao trirreme, e uma “nuvem negra” se aproximava... Eram os pássaros de Estinfália.

— Alguém está afim de uma coxa de galinha mal cortada? — perguntei.

A luta de Martin contra Lyu e Tony parou, todos observaram os pássaros voarem em nossa direção.

— Vocês deram sorte! Muita sorte! — Martin bradou irritadamente. — Corram para a ilha! Agora!

—Semideuses! Fujam para a ilha, rápido! — Carol correu bradando pelo trirreme, alertando todos.

O navio parou próximo da areia. Martin cortou uma das cordas do mastro, segurou firme e a corda subiu com tudo, ao chegar no mastro, Martin saltou e deu um impulso com a energia de seu braço, até a ilha, começou a cair em direção a areia, mas logo amorteceu a queda com mais um pouco de energia do braço. E correu ilha adentro.

Não demorou muito até os pássaros atacarem o convés, semideuses corriam, desferiam golpes para não serem pegos, pulavam. Eu sai correndo em direção aos estábulos, por sorte ninguém me viu correr para lá. Desci as escadas e cheguei ao local. Dash ficou feliz ao me ver.

— Amigão, temos que sair daqui. — falei.

Por quê?

Pulei num susto e comecei a rodar procurando quem disse isso.

Eu disse isso, eu... Oi, Dash, eu, oi.

Ah, caramba, eu to pirando!

Não está não, eu deve estar mesmo. Enfim, porque temos que ir? Não que eu não goste da ideia, sabe?

— Hã... Ah, sim! Pássaros de Estinfália! Estão atacando e temos que sair do convés e ir para a ilha, e não te deixaria aqui, não mesmo.

Eu te adoro! — Dash relinchou de alegria. — Ok, sobe ai!

Caminhei até a portinhola, abri-a, mas antes de subir eu tive uma ideia brilhante. Fui até o lado oposto do estábulo e peguei o Velocino de Ouro.

Se for o que eu estou pensando, é uma ótima ideia.

— E o que pensou?

Em fazer um piquenique com várias coisas feitas de maçã.

Cara! — comecei a rir. — Não... Pelo menos hoje não. Vou fazer igual era no acampamento... A barreira mágica.

É uma boa ideia também, mas não dispenso o piquenique. De qualquer forma, vamos lá!

Abri o portão traseiro do trirreme e sai voando com Dash. Peleu também estava voando, combatendo alguns pássaros com Katai em cima do dragão, impedindo qualquer pássaro que atacasse por cima. Katai nos viu voando próximo dali, e abanou com uma das mãos como se dissesse “passe”. Então com Peleu e Katai nos dando cobertura aérea, Dash e eu voámos próximo do mar, indo em direção à praia. Uns dois pássaros tentaram nos atacar com as afiadas garras de ferro, mas Dash foi rápido e esquivou dos dois, fazendo-os um acertar ao outro.

— Boa, amigão! Te devo uma maçã por essa! — falei.

Eu irei cobrar isso!

À vontade!

Chegamos à praia, saltei rapidamente de Dash e corri até a árvore mais próxima, uma flecha passou zunindo, rasgando a manga da minha camiseta. Suei frio, mas não perdi tempo, saltei e coloquei o Velocino de Ouro em cima de um dos galhos. Olhei para a praia e Martin mirava uma flecha em mim, abanei as mãos como se eu disse-se: “calma calma. Estou em paz!”. Ao perceber a barreira começando a se formar, Martin começou a atirar nos pássaros de volta enquanto todos os outros semideuses corriam ilha adentro. Enquanto a barreira mágica ia se formando, todos os semideuses já estavam seguros dentro da floresta. Apenas os arqueiros que estavam embarcados no trirreme, Lorenna — a garota do canhão —, Martin, Lyu, Dash e eu estávamos na areia da praia enquanto a barreira não se completava. Peleu e Katai desceram com tudo e pousaram perto de nós.

— Obrigado pela ajuda, caras. — Agradeci.

— Não foi nada de mais. — disse Katai.

— Bem, entrem atrás da barreira. Rápido!

Peleu e Katai ficaram atrás da barreira mágica, a mesma começava a se formar na praia, em alguns minutos já estaria protegendo a ilha toda.

— São muitos! — bradou Martin. — E está chegando mais!

— Não temam, meus companheiros. A ajuda chegou! — disse Vini que surgiu da sombra de uma das árvores com um daqueles pratos de metal tipicamente usados em bateria, só que bem maior, resumindo: do tamanho do Vini.

— Vini! — chegou ao lado dele e o ajudei a segurar o prato de metal gigante. — Segura bem firme! — Seguramos o metal e nos posicionamos em baixo dos pássaros. Os arqueiros distraiam os monstros. — Dash! Dá seu coice mais forte nesse pratão aqui!

Dash correu até nós e logo deu uma sequência de coices no prato de metal gigante, espantando todos os pássaros de Estinfália da ilha. Vini e eu caímos na areia da praia, cansado de segurar aquele prato gigante.

Você está legal? —Dash perguntou.

— Estou sim. Obrigado, amigão! — respondi.

— Hã... De nada, eu acho. — Vini respondeu e logo soltei algumas risadas.

— É... Acho que eu devo agradecer também. — disse Martin, se aproximando. — Só dessa vez pegarei leve... Agora vamos para a vila, hoje terá um jantar especial. O jantar da lua cheia!

No final, tudo pareceu dar certo, a barreira mágica cobriu toda a ilha, os campistas e os semideuses da ilha, logo estavam em nas pazes — porém, com olhares desconfiados —, e por ora, estávamos livres de qualquer briga entre nós. Peleu e Dash ficaram na praia, como se fossem guardas. Antes de entrar floresta adentro, percebi que Tony estava observando o mar, sozinho. Resolvi ir falar com ele.

— Ei, cara. — chamei me aproximando de Tony. — Tudo bem?

— Ah, sabe como é... — Tony começou a falar e logo me preparei para uma nova piadinha dele, mas ele não parecia muito humorado. — Só o cansaço, sabe?

— Entendo... Ultimamente as coisas não andam tão calmas, né?

— Pois é... Foi a mesma coisa quando Lares chegou, uma agitação maluca, lutas para lá, lutas para cá, mortes ali, mortes aqui. Depois de um tempo as coisas acalmaram, mas dai encontramos você e a agitação toda voltou e logo em seguida já apareceu o filho de Zeus. Então digamos que a agitação foi em dobro do que dá primeira vez. E pior... Claro.

— Aconteceu algo? Você parece bem abalado.

— Cara... — Tony parou de encarar o horizonte e fitou meus olhos. — Promete não contar a ninguém? Ninguém mesmo?

— Sim, claro... Juro de dedinho se quiser.

— Jure pelo Rio Estige.

— Hã... Que? Bem, eu juro pelo Rio Estige, então.

— Todas as perdas, todos os que se foram, me abalaram muito, mas tem uma pessoa... Uma pessoa que se fora recentemente que me deixou assim...

— Quem?

— Marrie, eu a amava...

— Uau... — Cocei a nuca e tentei procurar uma resposta em meus pensamentos. — Infelizmente a vida funciona com idas e vindas. Pessoas vão, pessoas vem. Pessoas nos abandonam, outras nos confortam. E tudo nessa vida é inevitável e tem um proposito. Marrie morreu heroicamente, igual ao Josh e a todos os outros que ficaram lá para poder salvar o restante, então é agora que devemos ter mais garra para vencer qualquer monstro, por nós... Por eles. — Tony continuou concentrado em minhas palavras, prossegui falando. — E bem... Eu sei como é perder alguém que você ama... De verdade. Minha mãe... Morreu... Na minha frente... E...

— Tudo bem se não conseguir falar mais... É difícil, eu entendo. — disse Tony ao me ver começar a travar nas falas.

— Obrigado... Mas o que quero dizer é que, devemos sempre seguir em frente. Agora é o momento que você irá lutar mais do que nunca. E quem sabe você não conheça alguma garota com seus atos heroicos, hein hein? — o cutuquei no ombro.

— É, você tem razão. — Tony estufou o peito. — Se preparem gatinhas, o Tony tá na área! — Tony bradou para o mar.

— Seu estranho! — bradou uma voz desconhecida da floresta.

— Acho que é a sua primeira fã! — falei e comecei a rir.

— Há, há, há! Muito engraçado você. — disse Tony fazendo careta.

— Agora vamos? Estou doido para conhecer esse lugar. — falei.

— Vamos lá, cara.

Tony colocou uma das mãos no próprio bolso e deu uns tapinhas em meu ombro, agradeceu e caminhamos até o vilarejo dos semideuses da Ilha de Guardia.


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