POV JAMES SIRIUS

_ Hoje, estamos aqui todos reunidos para homenagear essas duas incríveis pessoas. Bruxos íntegros, honestos, honrosos... Que nunca mediram esforços para tentar fazer do nosso mundo um lugar melhor e seguro. Hoje nos despedimos de Charlus Harry Potter e Dórea Black Potter, mas não apenas em luto e tristeza e sim celebrando sua vida, suas conquistas e feitos...

Apesar do discurso bonito, a voz do cerimonialista parecia a de um sapo com Varíola de Dragão. Os túmulos onde estavam meus antepassados Charlus e Dórea ficaram em um canto afastado do jardim, logo abaixo de um lindo salgueiro. Enquanto ouvia o discurso imaginei como seria ter realmente conhecido os dois e se eles eram mesmo tudo que o sapo dizia. Imaginei como meu pai ficaria ao descobrir que seu nome era o nome do meio do seu avô, uma homenagem assim como o meu nome e o de Alvo... Mas meu pai nunca teve a oportunidade de saber tal coisa.

Por mais que eu não tenha conseguido salvar eles, eu ia salvar meus avos para que eles contassem esse tipo de coisa para meu pai.

_ Meus pais sempre me ensinaram a ser justo, honesto, corajoso e fiel. – James diz me tirando dos pensamentos. Ele não chorava mais desde ontem a noite, mas estava com uma aparência nada boa. Percebi que mesmo de pé ele estava com uma das mãos entrelaçada com as mãos de Lily, lhe dando forças. – Eles eram ótimos pais... Alegres, amigos... E também tinham a brilhante capacidade de serem otimistas, sempre acreditando que tudo poderia melhorar. – sua voz falhou no final da frase. – Meus pais... Eles lutavam por um mundo melhor e mais justo... E eles morreram por isso, acreditando nisso. E por mais que hoje eles não podem mais estar aqui comigo... conosco... Eu sei que eles estão felizes, porque sabem que passaram seus ideais para mim, e que eu vou passar para meus filhos e assim por diante. A memória deles sempre estará presente na memória daqueles que os amavam, e o que eles eram estará... sempre... dentro de cada descendente... de cada Potter que vier a este mundo.

Não sei se esse foi o final real do discurso porque pareceu que sua voz sumiu assim que dize a última palavra. Ao meu lado Lily Luna chorava copiosamente e baixinho, suspirei e passei meu braço pelos seus ombros confortando-a enquanto desciam os caixões, e minutos depois o que havia ali no gramado, embaixo do salgueiro, era uma lápide grande com os inscritos:

“ Dórea e Charlus Potter”

“1919 – 1977”

“Amados pais”

*

*

*

_ Não acho boa ideia ficarmos aqui. – Hugo comenta ao meu lado passando os olhos pela sala de estar da atual casa dos Potter.

_ Bom, a casa é do meu avô agora e ele não disse nada. – respondo dando de ombros. O clima entre o grupo não era o dos melhores. Teddy e Victorie não estavam se falando desde ontem por motivo desconhecido a mim, Alvo e Alice pareciam estar tendo algo indefinido que fazia a menina corar toda vez que encarava meu irmão, Hugo e Lily, assim como Rose e Scorpius, estavam bem, mas também agindo de um jeito estranho um com o outro, como se não soubessem o que fazer. Revirei os olhos repreendendo esse povo que se envolvia emocionalmente no meio da confusão que vivíamos. Estamos em uma guerra! E eles só pensam em namoro, amor...

_ Você está horrível James, logo vê que não dormiu muito bein. – Dominique diz se sentando ao meu lado onde antes estava Hugo, que agora estava em algum lugar que eu não sei onde.

_ Ninguém dormiu bem Domi, mas que isso... Eu estou lindo sempre! – exclamo estufando o peito e ela revira os olhos rindo. – Nós dois somos os tipos de pessoa que ficam bonitos de qualquer jeito minha loirinha.

_ Você acabou de me elogiar... Elogiando a si próprrio também? – ela diz lentamente arqueando as sobrancelhas, e eu dou de ombros. – Você não existe James Sirrius...

_ Adoro quando fala Sirius com esse sotaque arrastado. – comento próximo ao seu ouvido fazendo-a corar levemente. – É sexy!

_ Também acho. – Sirius diz aparecendo do nada e me assustando muito. – Principalmente porque é o meu nome. – ele lança um sorriso sedutor para Dominique e saí se sentando em umas das poltronas.

_ Você quase me causou um infarto Sirius. – digo esfregando o peito enquanto ele ri, mas um riso estranho, sem humor. Desde as últimas horas onde os meus bisavôs e Régulo Black morreram Sirius não tinha dito muita coisa. Gritou enraivecido algumas vezes, e só James e Remo conseguiram acalmá-lo. Mas agora ele parecia relaxado e até feliz, sentado ali na frente. E por mais que ele sorrisse aquilo não me relaxava.

_ Eu vou dar uma passada em Hogwarts para pegar as pressas de basilisco. – Teddy diz se levantando e pondo um casaco. – À noite nós decidimos o que fazer daqui em diante.

_ Não é obvio? Achar as outras horcruxes e matar Voldemort. – Alvo diz em um tom sarcástico. – Simples.

_ À noite nós conversamos. – Teddy repete acenando para todos e dando uma olhada demorada em Vic que apenas virou a cara.

_ Tome cuidado. – Lily Luna diz olhando com a testa franzida para Vic. Teddy balançou a cabeça e saiu pelo corredor nós deixando naquele silencio abafado de antes até que ouvimos passos novamente no corredor. Levantei os olhos olhando confuso para Teddy, mas o garoto pálido e de cabelo escorrido atrás dele me chamou a atenção.

_ O que você está fazendo aqui? – James pergunta nada amigável e Lily segura seu braço em um movimento brusco.

_ James. – ela o repreende.

_ Snape está do nosso lado. – Rose diz com a testa franzida.

_ Sim, está. E para nos ajudar entregou o dia que vocês iam fugir do castelo para os comensais invadirem lá. – James informa entre dentes enquanto Snape mantinha uma expressão entediada. - Sorte que ninguém morreu!

_ Eu já expliquei o motivo Potter, eu preciso conquistar a confiança do Lord das Trevas. Mas se você é tão estúpido a ponto de não entender, a culpa não é minha. – Snape retruca curvando os lábios no que eu acho que era um sorriso.

_ Severo, seja mais educado. James acabou de receber um baque emocional enorme. Tanto ele como Sirius. – Lily diz calmamente estreitando os olhos para Snape.

_ Bom, nós estamos em guerra. Mortes acontecem. Não podem ficar parados só porque alguém morreu. – Snape diz friamente e segundos depois Sirius se levantou bruscamente agarrando a gola da blusa de Snape e o prensando na parede.

_ Cala a sua boca ranhoso! – Sirius grunhiu apertando o pescoço e fazendo a pele pálida de Snape arroxear levemente. – Você pode estar com essa de nos ajudar mas eu não confio em você, não confio no seu povo! Aquele bando de idiotas que cultuam o idiota mor! Não passam de vermes filhos-da-mãe!

_ Bando de idiotas que seu irmão fazia parte! – Snape exclama. Má decisão.

_ NÃO OUSE FALAR DE RÉGULO RANHOSO! – Sirius grita apertando ainda mais o pescoço e deixando Snape cada vez mais roxo.

_ James, faça alguma coisa. Sirius vai matá-lo! – Lily exclama para o namorado, mas James apenas continua olhando a cena com certo brilho no olhar que eu não gostei nada. – James...

_ Eles são todos iguais Lily, esses comensais! – Sirius rosna. – Nós não podemos confiar neles, temos que matá-los... Um por um...

_ Não! – Lily Luna grita ao passo que o rosto de Snape fica muito roxo. Teddy faz um sinal para nós meninos e começamos a tentar puxar Sirius, mas ele parece irredutível. Mesmo com Scorpius e Hugo puxando de um lado e eu, Teddy e Alvo puxando pelo outro ele não soltou o pescoço de Snape.

_ Chega Sirius! – James enfim grita, se levantando. Sirius afrouxa o aperto e se vira para o amigo.

_ James... Você concorda que...

_ Eu também quero vingança, mas não assim. – James diz controlando a voz. – Você não quer ser um assassino Almofadinhas.

_ Você não sabe o que eu quero. – Sirius rebate antes de soltar Snape lhe lançando um olhar de desprezo e se joga em uma poltrona respirando fundo. Snape coloca a mão no pescoço e tosse um pouco recuperando o ar e a cor... bem, a cor pálida.

_ A-Agora que Black já descontou sua raiva... – Snape diz sem perder o tom desdenhoso. – Será que posso dizer o que vim fazer aqui? Ou alguém mais quer tentar me matar?

_ Não abuse da sorte Snape. – Remo diz arqueando as sobrancelhas.

_ Não pretendo abusar, Lupin. – Snape murmura. – Eu vim aqui tratar nos nossos assuntos em comum. A festa de Natal dos Malfoy é no fim de semana e eu fui convidado assim como grande parte dos Comensais. A propósito, eu só fui convidado por causa da informação da fuga de vocês. O Lord das Trevas está ansioso em conhecê-los...

_ Sei bem como ele “conhece” as pessoas... – resmungo passando a mão no peito que tinha sido atingido por uma Maldição da Morte.

_ Da próxima vez tente conquistar a confiança e o prestigio sem por ninguém em perigo. – James ralha.

_ Eu só estou tentando cumprir minha palavra e conseguir o objeto que está guardado no cofre na casa dos Malfoy. - Snape disse nervoso. - E para isso eu vou precisar de uma coisa...
_ O que? - pergunto tentando impedir que os marotos comecem uma briga.
_ Preciso que Alvo e Scorpius virem comensais. – Snape diz como se estivesse comentando sobre o tempo. Olhei atordoado para ele esperando que risse e dissesse: “Brincadeirinha! Peguei vocês! ”, mas Snape não fez isso... Na verdade, seria até estranho se ele fizesse...

_ Você é louco? – Rose pergunta o que eu acho que todos estavam pensando.

_ Sou realista, diferente de alguns. – Snape diz ainda tranquilo. – Para conseguir entrar no cofre e pegar o objeto eu preciso de ajuda, e não vou encontrar aliados no grupo de comensais que estará lá.

_ Ok, mas o que disse é muito sério Snape. – Teddy responde. – Nós podemos planejar uma maneira de invadir a mansão no meio da festa e te ajudar.

_ Não vai dar certo, o próprio Lord das Trevas estará lá, a casa vai estar super protegida. – Snape informa. – E o único jeito se alguém entrar lá e sendo comensal, ou aspirante...

_ É como uma festa de fraternidade da Universidade do Mal. – comento franzindo o nariz.

_ E porque acha que eu e Scorpius seriamos a melhor opção? – Alvo pergunta em um tom diplomático.

_ Os dois são Sonserinos, e apesar de algumas rixas na escola eu consigo contornar. – Snape responde. – Além do mais, Scorpius é um Malfoy, ele conhece aquela casa, não terá problemas em entrar no cofre.

_ Não mesmo, eu já entrei lá com meu pai. – Scorpius diz olhando fixamente para o tapete.

_ Alguns sonserinos já tentaram nos recrutar. – Alvo diz. – Nós podemos dizer q...

_ Vocês estão mesmo considerando a proposta? – Rose indaga escandalizada.

_ Não deixa de ser uma boa ideia Rose, pense só. Nós entramos no covil da cobra, pegamos a horcrux e talvez até conseguimos algumas informações extras. – Alvo exclama.

_ É uma ideia insana, Alvo! E totalmente perigosa! – Rose rabate. – Além do mais, nós já sabemos que Voldemort sabe quem somos, de onde... ou melhor, de quando somos. Se ele ver Alvo e Scorpius, vai captura-los, interroga-los, torturá-los!

_ Nós se o enganarmos. – Snape diz.

_ Enganar Voldemort, ótimo plano. – digo sentindo meu estomago afundar com imagens de Alvo sendo torturado por Voldemort.

_ Não custa tentar. – Alvo diz dando de ombros.

_ Você não vai! – afirmo lhe apontando o dedo.

_ E desde quando você manda em mim?

_ Desde que eu sou seu irmão mais velho, ou seja, desde sempre. – respondo maneando a cabeça.

_ Eu não sou uma criança James! Eu sei muito bem me cuidar sozinho. – Alvo exclama. – Eu topo. – diz se virando para Snape.

_ Vai topar só para me contrariar? – indago surpreso.

_ Mas ainda assim ele é menor de idade. – Teddy diz cortando o que Alvo ia falar. – Voldemort não recruta menores.

_ São tempos de guerra, quanto mais soldados melhor. – Snape diz sombrio.

_ Meu irmão não será um desses soldados! – digo firmemente.

_ Tampouco Scorpius! – Rose afirma.

_ Qual a história que pretende contar para Voldemort? – Vic pergunta cortando a discussão.

_ Bem, ele tem grande interesse por vocês, então se irem lá, ele vai querer ouvi-los. Vamos dizer que grande parte do pessoal do futuro quer sim matá-lo, mas vocês percebem que essa missão é impossível e que Voldemort é superior a qualquer um de vocês.

_ Essa histórria me dá náuseas... – Dominique murmura ao meu lado e eu concordo silenciosamente.

_ Eu afirmo dizendo que consigo minhas informações com vocês, pedíamos o alistamento e com sorte ficamos na festa. Então arranjamos alguma distração para deixar a sala vazia e entrar no cofre, pegamos o objeto.

_ Esse plano é horrível. – Rose diz balançando negativamente a cabeça.

_ Mas pode funcionar. – Alvo rebate.

_ Não vale a pena. – Lily Luna diz meio aflita. – E se fizerem a marca negra em vocês, marcarem a fogo nos seus braços! Ela nunca vai sair, será como uma cicatriz que ficará ali mesmo se voltarmos pro nosso tempo!

_ Além do mais Voldemort pode matá-los assim que os ver. - Remo pondera.

_ Os meninos não precisam ir. – Victorie diz erguendo o queixo. – Mas Snape precisa de ajuda, portanto eu irei.

_ O que..? – Teddy indaga com a voz falhada.

_ Meu sangue é metade de uma família bruxa inglesa muito antiga, eu tenho sangue veela... Voldemort vai se interessar por mim. – ela informa. – E também sou uma bruxa formada, posso cuidar de qualquer situação.

_É muito perigoso Victorie! Você é formada, mas não é auror! Seu serviço no banco não te ajuda em nada nesse caso. – Teddy exclama nervoso.

_ E por isso acha melhor deixar que adolescentes que nem terminaram a escola vão ao meu lugar? – Vic indaga irritada. – Snape precisa que alguém vá! Portanto mesmo que você não acredite que eu possa dar conta dessa missão, eu irei, e ponto final.

_ Eu também vou. – Scorpius diz cortando a discussão de casal que rolava ali.

_ Não seja estúpido Scorpius. – Rose ralha revirando os olhos. – Vic quer ir justamente para que vocês não precisem!

_ Eu conheço aquela casa Rose, sei entrar e sair do cofre. Sei entrar e sair da casa. Sei onde esconder se preciso. – Scorpius afirma.

_ Então está resolvido. Srta. Weasley, Scorpius Malfoy e Alvo Potter vão comigo. – Snape diz parecendo indiferente a toda a confusão.

_ Opa, espera!Não há nada resolvido! – Teddy diz gesticulando com as mãos.

_ Sim, está. – Vic diz suspirando. – Alvo e Scorpius, se quiserem podem mudar de ideia até o dia. Mas eu vou.