Contos aleatórios de ASOIAF escrita por Caio Tavares


Capítulo 7
Tyrion


Notas iniciais do capítulo

Precisei de muita coragem/atrevimento para escrever um POV do personagem mais bem trabalhado de George RR Martin. Nem em um milhão de anos ficaria tão bom quanto um capítulo das Crônicas, mas fiz o meu melhor para parecer genuíno. Espero que gostem :D



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– Coma um poço mais. – ele disse, estendendo uma coxa de frango na direção dela. Quando sua visão alcançou o rosto, pôde novamente contemplar aqueles perfeitos olhos azuis.

– Já comi o suficiente, meu senhor.

– Por favor, chame-me somente de Tyrion.

– Está bem, Tyrion. – ela riu em seguida, um riso tão maravilho que fez o coração do jovem palpitar.

Ele se levantou de maneira desajeitada, em parte por estar embasbacado com a beleza de Tysha, em parte por ter pernas deformadas, e andou até a porta. O chão de madeira da cabana rangia a cada passo, e ele se perguntava se aquilo resistiria a uma tempestade. Olhou para fora e viu o céu arroxeado, hora de voltar para casa. Pedira a Jaime que o deixasse a sós com a menina, mas não contasse nada ao senhor seu pai. A parte mais difícil fora conseguir o frango assado e o vinho, mas Boolt, o cozinheiro, fora bondoso com a menina que eles resgataram.

– Tysha, eu preciso ir agora. Meu pai não é homem de dar abraços, mas vai querer conferir se estamos em casa antes de se deitar. Tem certeza de que ficará bem¿

– Tenho sim, meu... Tyrion. Ficarei bem aqui.

– Certo, espero que fique. Muitos servos do Rochedo vivem nessas redondezas, se precisar de mais cobertas ou vinho, pode dizer a qualquer um deles que tem a autorização de Tyrion Lannister para pegar o que quiser. E... Deixarei um guarda à sua porta, sim, melhor assim. Deixarei sor Amory, é um bom cavaleiro e não lhe fará mal. Amanhã cedo estarei aqui de novo.

– Você é muito bom para mim, Tyrion.

Sentiu sua cabeça girar levemente, e não sabia se era o vinho ou as doces palavras de Tysha. Ela passou uma mão pelos lisos cabelos negros e o olhou de forma encantadora. Ele se aproximou em passos vacilantes, sem muita certeza do que queria fazer. Ela estava sentada e ele de pé, mas a cabeça dela estava na altura do peito dele. Esticou os curtos braços em volta de seus ombros em busca de um abraço, mas ela se ergueu e o beijou nos lábios. O anão arregalou os olhos e cambaleou para trás. Sentiu sua cabeça girar e seu peito arder em um misto de desejo paixão. Suas mãos formigaram e ele as fechou, tentando recobrar a sanidade. Tropeçou no próprio pé e caiu sentado, sentindo-se um idiota. Tysha deu um risinho.

– Você está bem¿ - ela perguntou, aproximando-se do rosto dele. Mesmo com a visão um pouco turva, era capaz de distinguir o rosto triangular e perfeitamente simétrico dela.

– Me desculpe, eu... – antes que pudesse terminar de falar, recebeu mais um beijo. A este teve condições de responder; era o segundo se sua vida. Com pouco jeito, espremeu seus lábios contra os dela e afagou um lado de sua cabeça. Jamais sentira algo tão bom. O som de algo batendo à porta os afastou.

– Senhor Tyrion, já é noite. – a voz de Amory Lorch se pareceu mais com um castigo que com um aviso. Tinha um rosto simples e uma barba castanha parcialmente escondida pelo elmo avermelhado – Disse para chamá-lo quando anoitecesse.

– Sim, eu disse. – ele confirmou enquanto se levantava. Desta vez Tysha segurou sua mão. – Devemos ir, mas quero que você fique.

– Senhor¿

– Volto com Arthos. Quero que fique aqui e vigie a cabana de Tysha. Ainda há vinho e pedaços de frango na bolsa, creio que seja o suficiente para passar a noite. Nada de mal pode acontecer a ela, compreendeu¿

– Sim, senhor.

Tyrion deixou um último olhar com a jovem que acabara de beijar e saiu. Estava bem mais escuro do que se lembrava e o alto cavaleiro de manto vermelho o esperava. Sor Arthos Westerling fora da guarda pessoal de Lorde Tywin durante muitos anos em Porto Real, mas uma série de atos suspeitos da parte do cavaleiro fez com que fosse dispensado e enviado de volta para o Rochedo, servindo agora como guarda-costas de Tyrion. Ainda espero o dia em que comerei as sobras de seu prato, pai, pensou. Ambos subiram em seus cavalos, um corcel de batalha para o cavaleiro e um velho castrado para o anão. Tyrion tinha treze anos e montava desde os sete, mas ainda s sentia desconfortável sobre uma cela.

Mesmo na noite fechada, Rochedo Casterly era visível de muito longe. Os milhares de archotes que o rodeavam descreviam perfeitamente seu formato retangular do castelo. Quatro torres principais eram ligadas por grandes arcos de pedra, e as muralhas eram sustentadas por dezesseis torres com ameias arredondadas no topo. Uma ponte de pedra de dez mil anos ligava a terra firme ao rochedo onde o castelo se apoiava, e enquanto o nobre passava, os cavaleiros faziam suas pequenas reverências. Os guardas no portão principal avistaram os dois de longe e gritaram:

– Quem vem lá¿

– Tyrion Lannister, filho de Lorde Tywin. – o rapaz respondeu, como já estava acostumado a fazer.

Do lado de dentro das muralhas, o ambiente parecia ser bem mais quente e acolhedor que a estrada. Tyrion nunca estivera em um castelo maior, mas Jaime lhe dissera que costumavam cheirar a fossa e peixe podre. Os dois pararam seus cavalos em frente à Torre Real, cujo nome adivinha de antes da Conquista e onde viviam o senhor e sua família. Sor Arthos fez uma mesura e saiu, enquanto o anão entregava seu castrado a um serviçal qualquer. Todas as paredes do castelo tinham uma cor levemente amarelada e eram frias e secas ao toque, enquanto todos os portões eram tingidos de vermelho carmesim. Dois guardas abriram o último que ele teria de transpor e as escadas surgiram à sua frente. Eram malditamente construídas em espiral, como se os Casterly quisessem fazer alguma brincadeira de mal gosto com ele. Subiu-as com os joelhos rangendo a cada passo e as pernas deformadas queimando de dor.

Por uma porta entreaberta, pôde ver o pai sentado em frente a uma mesa de madeira com uma vela alta iluminando alguns papéis. Vestia um gibão de seda vermelha e botas negras de cano alto, e um leão Lannister estava bordado em seu peito. Carregava no rosto a expressão dura e fria de todos os dias, como se seu rosto fosse uma eterna máscara de seriedade. Seus cabelos dourados refletiam a luz da vela como se fossem de ouro puro, e seus olhos verdes se mostraram intimidadores quando se viraram para Tyrion.

– O que quer comigo¿ - ele perguntou com o mesmo tom que falaria com um cão.

– Eu... – Tyrion ficou sem ação. Não pretendia ser visto pelo pai, mas agora precisava de alguma razão para que não ficasse mais irritado com ele do que normalmente já era. – Só vim lhe desejar boa noite, pai.

Ele o fitou com desprezo e voltou a se concentrar no trabalho. O rapaz subiu os próximos degraus apressadamente, como se estivesse sendo perseguido por aquele olhar. Tyrion demorara a descobrir porque o pai fazia tão pouco dele, afinal só o vira esporadicamente na infância. Depois que Robert Baratheon tomou o Trono de Ferro e nomeara Jon Arryn para Mão, Tywin Lannister se estabelecera permanentemente como senhor do Rochedo, e só então o filho deformado descobriu que o pai e a irmã o odiavam pelo mesmo motivo.

O quarto do Senhor ficava no mesmo corredor que o do seu irmão Kevan, e os de Jaime e Cersei ficavam um lance de escadas acima. Seu irmão pedira licença dos serviços na Guarda Real durante trinta dias para rever sua família, e agora, como todas as noites, estava trancado no quarto com Cersei. Tyrion se perguntou se o pai sabia disso, se alguém sabia disso. Ele mesmo não estava disposto a entregar o irmão, por mais absurdos que fossem seus atos. Esperava que Lorde Tywin permanecesse ocupado demais com o trabalho. Por ser o último filho, ele dormia no último quarto da torre. A porta de madeira era mais velha que as demais, e a cama e os móveis pareciam ter séculos.

Estava exausto daquele dia, caçadas na floresta, uma perseguição na estrada e cuidar d Tysha durante a tarde. Tysha. O nome passeou em sua mente. Era órfã e solitária, vivendo como criada em alguma vila de camponeses. Tyrion se apaixonara por ela à primeira vista, aquele rosto gentil e assustado, suplicando por algum conforto em sua vida cruel. O beijo... Se ele soubesse que era algo tão bom, nunca teria esperado tanto. Deitado em sua cama absurdamente grande, ele pensou na garota que salvara hoje mais cedo. A esta hora deveria estar aninhada nos lençóis que ele trouxera para a cabana, dormindo pesadamente com o vinho doce que tomara. Desejou estar com ela, envolver seus braços em volta do seu tronco magro e tocar suas mãos. Imaginou-se esbarrando naqueles seios pequenos e rindo com ela, trocando milhares de beijos e possuindo seu corpo. Como pode ser tão perfeita, Tysha¿

Rolou na cama uma centena de vezes durante aquela noite. Por mais que tentasse pregar os olhos, o sorriso da jovem vinha à sua memória, trazendo consigo a imagem daquele rosto tão perfeito, aquela voz tão doce... Mas que estupidez a minha, pensou, nos conhecemos hoje e já quero me casar. Sim, talvez fosse uma boa ideia. Falaria com ela pela manhã e diria o que sentia. O sol ainda não havia aparecido quando ele decidiu se levantar da cama, mas apenas um borrão laranja no céu já era suficiente para ir correndo para os braços de sua amada. Desceu as escadas o mais silenciosamente que pôde, cuidando desta vez para não olhar para o quarto do pai. Coxeou o mais rápido que pôde até a cozinha e pegou seis pães mais alguns pedaços de queijo, colocando tudo numa bolsa de couro. Ordenou a um servo sonolento que lhe trouxesse seu cavalo, mas não chamasse nenhum guarda-costas. Pretendia ficar a sós com Tysha desta vez.

Sor Amory Lorch estava de pé em seu posto, como se não tivesse se movido a noite inteira. Fez uma mesura quando Tyrion chegou, fazendo ranger a armadura resfriada pela noite.

– Bom dia, senhor Tyrion.

– Bom dia, Amory. Pode ir embora agora, cuidarei de Tysha.

– Algum cavaleiro vem cuidar do senhor¿

– Não, meu caro. Desta vez ficaremos a sós, certo¿

– Está bem. – ele desamarrou o cavalo de um poste e galopou na direção do castelo.

Tyrion amarrou seu castrado e entrou na pequena cabana. A menina dormia como um anjo entre os lençóis, com seus cabelos graciosamente emaranhados e os seios à mostra pela posição em que estava. Ele desejou acordá-la agora mesmo, se lançar em seus braços e beijar todo o seu corpo, mas preferiu recostar-se à parede e olhar para ela. Demorou mais e uma hora até que acordasse, e quando o fez, foi ainda mais graciosa do que dormindo.

– Tyrion¿ Que bom ver você aqui. – ela disse sorrindo.

– É muito bom te ver também, Tysha. – ele sorriu de volta, temendo parecer estúpido demais – Eu trouxe alguns pães e queijo do castelo para comermos o desjejum.

– Ah, claro. – ela respondeu, se espreguiçando. Seus seios pareceram bem maiores nesse momento – O cavaleiro não vai comer¿

– O mandei embora. Quero ficar a sós com você.

Ela sorriu de maneira astuta e começou a comer. Ainda havia meio litro no odre de vinho que Tyrion trouxera na tarde anterior, então beberam o quanto quiseram. Entre muitas conversas e risadas, ele sentiu que estava pronto. Colocou-se sobre os dois joelhos e se aproximou do rosto dela, sentindo o forte hálito de vinho comum das cozinhas. Pressionou seus lábios contra os dela, sentindo mais uma vez o incêndio no peito.

– Tysha, eu te amo. – disse as palavras de uma só vez, com medo de que qualquer uma ficasse presa em sua garganta.- Aceita se casar comigo¿

– Eu... eu não sei, você é bem-nascido.

– Isso não importa. Eu a amo desde a primeira vez que a vi e penso em você a cada segundo do meu dia. – segurou suas mãos delicadas e continuou – Preciso de você, Tysha.

Ela então se curvou e lhe deu mais um beijo, e quando voltou, as dúvidas já haviam saído de seu rosto.

– Eu aceito. – respondeu com aquele sorriso doce pelo qual Tyrion se apaixonara.

Desta vez ele tentou enfiar a língua na boca dela. Percorreu com cuidado a boca da jovem, sentindo seu sabor enquanto lhe acariciava a cabeça e as costas. De repente, seu membro estava duro. Já sentira isso antes, mas era raro e estranho, e as poucas vezes em que tentara se masturbar haviam resultado em ferimentos e medo de ser descoberto. Estava muito inseguro sobre o que deveria fazer, mas no momento... Seu corpo chamava por aquilo, e tinha plena certeza de que ela também queria. Deslizou as mãos pelos seus ombros e chegou aos seios. Eram redondos e pequenos, e intensamente sensuais. Se afastou do beijo uma última vez e fitou o rosto de Tysha. Ela estava ofegante, com os lábios e bochechas enrubescidos. Parecia mil vezes mais bela que da última vez que se viram, e a cada segundo ele a queria mais. Pensou se teria algo para dizer agora, qualquer coisa que fosse, mas não havia nada a ser dito.

Enfiou a face entre os seios dela e aspirou profundamente, desfrutando do suave cheiro de seu corpo. Afastou o vestido desbotado de camponesa que ela usava e segurou firmemente o seio esquerdo, temeu por um momento que pudesse estar causando dor, mas um gemido leve saiu pela boca de Tysha, fazendo-o ir adiante. Beijou o bico do seio direito enquanto massageava o esquerdo, e depois o sugou com sofreguidão, fazendo-a gemer ainda mais alto. Sentiu seu pênis latejar fortemente dentro do calção e percebeu que não suportaria mais. Desamarrou os barbantes e saltou para fora da calça de seda, debruçando-se sobre o corpo quente da mulher. E beijando sua boca quase que desesperadamente. Seu membro já estava úmido de tanta excitação, pingando um líquido transparente que melou as calças dele e as roupas de Tysha quando a tocou. Lutou contra os panos que cobriam seu corpo, até conseguir deixá-la completamente nua, e então a penetrou. Suas pernas deformadas se contraíram sobre as coxas dela com o prazer, mas o grito que a garota soltou pareceu ser de dor.

Mais devagar, pensou, tentando controlar seu ímpeto sexual. Introduziu mais lentamente, sentindo o prazer aumentar e ouvindo os gemidos dela. Conforme a penetrava, uma sensação absurda de calor o invadia, partindo de sua genitália e incendiando o peito com um prazer que nunca sentira antes. Em dado momento, fechou os olhos. Sentiu as mãos se fecharem com força sobre os ombros de Tysha e dos dedos dos pés se enrijecerem. Seu coração parou por um segundo, e toda as forças se esvaíram de seu corpo. Conseguiu sentir o membro se contrair e jorrar a semente, uma, duas, três vezes. Estava suado e cansado, então beijou sua amada mais uma vez e rolou para o chão.

Acordou no meio da tarde para descobrir que ela não estava lá. Vestiu suas calças em desespero, sentindo a cabeça girar por ter se levantado rápido demais. Correu como pôde peças redondezas, gritando o tome dela.

– Tysha! Tysha!

Para seu alívio, ela o encontrou. Segurou-o por trás quando ele tropeçou em uma raiz, e o abraçou fortemente.

– Estou aqui, Tyrion. Jamais abandonaria você.

– Eu sei que não. – ele respondeu, beijando-a suavemente, e então se lembrou de que poderiam ser vistos – Onde esteve¿

– Fui comer alguma coisa no septo. Septão Gurttya é tão bêbado que nunca repara quando roubo seus mantimentos.

– Por favor, não faça isso. – Tyrion tinha um profundo respeito pela Fé e tudo o que tinha relação com ela. Em outros tempos, já pensara em ser Alto Septão. – Sempre que tiver fome, pode falar comigo. Darei-lhe todo o sustento de que precisar.

– Está bem. – ela respondeu, estendendo uma mão para Tyrion. Ele a segurou como se o vento estivesse prestes a levá-la. – Vamos voltar para a cabana.

Não havia gente alguma em um raio de dois quilômetros em volta daquela casinha de madeira. Tyrion supunha que fosse alguma base abandonada por caçadores ou por uma família pobre demais, então tomara posse do lugar. Assim que entrara, ele já sabia o que fazer.

– A que distância fica esse septo de que você falou¿

– Uma hora e meia daqui. – respondeu ela, com um ar de desinteresse.

– Espere um instante. – ele disse, remexendo a bolsa que tinha deixado na tarde anterior. Encontrou um punhado de estrelas de cobre. – Isso deve servir. Vamos nos casar.

Levaram meia hora para fazer o percurso, mesmo que nenhum dos dois tivesse corrido. O septo era tão pobre quando a maioria das casas ao redor, tendo como único diferencial suas paredes serem feitas de pedra. Se eu fosse Alto Septão, não haveria um só septo decadente, ele pensou. Mas não seria, se casaria com Tysha. Gurttya era um homem de estatura média – Tyrion aprendera cedo a diferenciar quão mais altas que ele as pessoas eram – tinha entre trinta e quarenta anos, a julgar pelo rosto levemente enrugado e o nariz de batata. Cabelos negros com algumas faixas cinzentas se estendiam do topo de sua cabeça quadrada até perto da altura dos ombros estreitos. Era um pouco magro, apesar da enorme barriga de cerveja que fazia volume sob seu hábito acinzentado. Não usava sapato nenhum nos pés, e estava sujo de lama até a altura dos joelhos. Estava adormecido, estatelado sobre uma cadeira nos fundos do septo, como se quisesse ser queimado pelo sol. Lorde Tywin nunca fora homem muito dedicado à religião, mas certamente mandaria açoitar um septão que chegasse a este estado.

– É ele. – Tysha apontou.

– Percebi. Pode acordá-lo¿

– Posso tentar, nem sempre ele desperta.

Ela o sacudiu pelos ombros por quase dez minutos até que ele acordasse. Tyrion tinha consigo o odre de vinho, onde ainda restavam alguns goles.

– Pelo amor da Mãe, o que quer comigo, menina¿ - ele gritou com uma voz rouca, empurrando-a para o lado.

– Acalme-se, septão. – Tyrion interrompeu – Tenho vinho aqui, beba um pouco.

Ele agarrou o odre e entornou seu conteúdo como se estivesse morrendo de sede. Quando terminou, fez uma careta e olhou para os dois.

– O que querem comigo, crianças¿

– Não sou criança, sou um anão. – ele respondeu, e imediatamente encontrou uma resposta melhor – Sou Tyrion da Casa Lannister, e vim aqui me casar com Tysha.

– Casar-se¿ - soltou uma risada ébria – E os convidados¿ O manto de donzela, suas roupas de gala¿ Não haverá um banquete nem música¿

– O banquete você acabou de entornar. – o anão já estava perdendo a paciência – Lhe darei trinta estrelas de cobre, é tudo o que tenho agora. Não haverá festa alguma, septão, queremos apenas a união sagrada perante os deuses.

– Está certo. – ele se levantou cambaleando – Entrem logo. A noiva fica perante o altar da Mãe. O noivo... – fez um esforço para se lembrar.

– Entra depois e a cobre com seu manto. – Tyrion completou, impaciente.

– Isso mesmo, venha, menina.

Esperou alguns segundos até os dois estarem nas posições certas. Não tinha manto algum, mas seu gibão com um leão bordado deveria servir. O interior era escuro e decrépito, com a tinta descascando das paredes e das imagens dos deuses. O chão de madeira rangia a cada passo, e o odor de mofo era quase sufocante. Mas não importava. Sairia de lá casado com Tysha, e isso era a melhor notícia do mundo. Quando chegou perto dela se sentiu um pouco constrangido por não alcançar seus ombros, mas ela gentilmente se ajoelhou.

– Com este manto, a recebo em minha família. - disse, pendurando o gibão nas costas magras da jovem e se dirigindo para o seu rosto – e com este beijo eu empenho o meu amor.

A despeito de todos os outros, este foi o melhor beijo da vida de Tyrion. O septão demorou um tempo para abrir a boca.

– De joelhos, os dois. Que a Mãe abençoe este sagrado matrimônio e torne a senhora fértil, para que tenha muitos herdeiros saudáveis. - disse a palavra olhando diretamente para o anão - Agora levantem-se como marido e mulher. Tyrion e Tysha Lannister.

Levantaram-se em plena euforia. Ele não poderia estar mais feliz; casado com a mulher mais perfeita do mundo e desfrutando do seu amor para sempre. Daquele momento em diante, ele sabia, nada mais poderia dar errado.


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Notas finais do capítulo

Bom, vocês já conhecem o que vem depois. Não posso descrever os quinze dias que passaram como marido e mulher, mas talvez um dia poste a cena pós-felicidade em Lorde Tywin descobre tudo. Aliás, gostaria de ler seus reviews.



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