"Anteriormente em Evolet Potter...."

Laurie Bernard riscou o pergaminho mais uma vez e rasgou o pedaço de papel o jogando em uma pilha em cima da sua cama.

Ela tinha passado horas ali tentando fazer o que a sua jovem criadora pedira mas parecia que escrever um breve resumo sobre os últimos acontecimentos da vida da sua melhor amiga que era mais difícil do que ela pensava.

A questão era que muita coisa acontecia na vida da Evolet ao mesmo tempo em que nada acontecia e simplesmente não dava para resumir aquilo em menos de cinco linhas.

Laurie bufou querendo a ajuda de Christian, ele saberia como contar tudo aquilo rapidinho.

Por Merlin, como ela sentia falta do namorado/melhor amigo/vizinho/ser que ela mais odiava/ser que ela mais amava.

E então, pensando nele, lembrou de um conselho que tinha recebido do próprio em seu primeiro dia de aula em Beauxbatons quando lhe contou que estava com medo de não fazer amigos na escola nova por ser, como Christian mesmo dizia em seus dias de implicância, escandalosa.

"Laurie, pare de bobeira, você só precisa ser você mesma e esperar que as pessoas gostem de você exatamente por isso, não tem coisa melhor do que isso. Não adianta fingir ser quem não é para tentar agradar os outros."

— É isso! - exclamou se sentando direito na cama e se livrando de todos os pedaços de papel com um aceno de varinha.
A garota loira de olhos azuis decidiu então testar um novo feitiço e fez com que a sua pena começasse a escrever tudo o que ela falava.

Agora sim isso daria certo.

Ela só precisava ser ela mesma.

— É o seguinte caros leitores – começou a narrar – Todo mundo aqui sabe que a nossa querida e desalmada escritora parou de escrever há décadas e isso com certeza fez com que mais da metade de vocês não se lembrem do que aconteceu com a Eve nos últimos meses, afinal, ninguém tem memória de elefante pra lembrar do que leu há mais de um ano.

"Então vamos lá, o que aconteceu foi que o Draquinho, que é mais desalmado do que a escritora, mandou a nossa querida Evolet procurar outro par de calças de grife porque as dele não estariam mais a disposição dela, o que foi ridículo e estranho porque ele falou mais um bando de barbaridades o que deixou a minha amiga arrasada de um jeito que eu nunca vi e me fez decidir que o Draco é um boboca, para não usar outro xingamento."

"Mas o bom foi que eu estava aqui pra segurar as pontas e depois de um tempo ela já estava bem e dando uns beijos no Tony, nosso amigo meio italiano de olhos azuis, o problema foi que ela ainda gostava do Draco boboca, o que confundiu tudo e fez com que ela e o Tony decidissem que por hora era melhor eles ficarem apenas amigos"

Laurie abriu uma pastinha e tirou de lá uma das anotações que a autora tinha lhe dado.

— Mas foquem nisso meus caros, o nosso querido Tony disse que, palavras dele agora, "eu disse que não estou apaixonado por você, não que não posso ficar" e então disse para que eles vissem aquilo de novo dali um tempo o que me deixa morta, M-O-R-T-A, de curiosidade pra saber se eles vão se acertar.

"Sim queridos, sou team Antony, doa a quem doer. Mas é claro que antes de ser team Antony eu sou team Evolet então espero mesmo é que a minha amiga resolva ficar com quem lhe fizer melhor, seja com o Draco boboca, o Tony bonitão ou com ela mesma, porque queridos, amor próprio é a melhor coisa do universo, lembrem disso quando tiverem chorando pelo ex."

Alguém devia lembrar a Evolet disso, Laurie pensou antes de continuar, quem sabe ela para de sofrer pelos boys e faz eles sofrerem por ela.

— E também acho que é bom vocês se lembrarem que a Evolet agora é a mais nova artilheira do time de Quadribol da Sonserina mesmo com o Draquinho bobinho não querendo que ela jogue, porque... Ah, quem sabe? Só Merlin deve saber o que se passa naquela cabeça loira, se bobear a mente dele é mais confusa do que a minha e a da Evolet juntas!

Laurie parou para pensar nisso um pouco mas antes que se perdesse em pensamentos ela decidiu terminar o resumo afinal os leitores deveriam estar ansiosos.

— Enfim, foi isso o que aconteceu em Evolet Potter! Sejam bem vindos de volta!

Quando terminou de falar Laurie fez com que a pena parasse de escrever e leu o seu trabalho, estava ótimo.

Agora sim ela poderia entregar o que a jovem autora tinha pedido e ainda por cima conseguia se ver como a boa jornalista que ela, secretamente, um dia sonhava em se tornar.

***

Evolet Potter

O tempo que alguns dias atrás estava horrível tinha melhorado consideravelmente - ou o mais considerável que o frio tremendo da Grã-Bretanha pode ser.

A ventania que estava desde o acidente com Cátia Bell cessara e agora apenas uma névoa se encontrava em volta de nós no campo de Quadribol.

A lua enorme no céu estava clareando um pouco a noite porém não havia muitas estrelas graças as nuvens que lá se instalavam, eu estava gelada devido ao ar e, embora a neve tenha diminuído, a grama abaixo de mim permanecia congelada.

Ajeitei o cabelo mais uma vez em um coque que teimava em cair de tempos em tempos por causa do vento causado pelo voo na vassoura e senti ele um pouco úmido e gelado por causa do sereno da noite.

— Está bem, chega vocês ai – Mitchel gritou para Beik e Hankel que rebatiam a goles um para o outro perto de um dos aros – Venham para cá, agora!

Mitchel estava no lado oposto do campo, perto das arquibancadas e conversava com Draco já fazia uns dez minutos, parecia que estavam debatendo táticas de jogo porém eu não tinha muita certeza.

Voei até eles e parei um pouco longe de Draco, de frente pra Mitchel e entre Jackson e Hankel, já que ainda estava seguindo o que eu tinha decidido em nossa última conversa, que eu ficaria longe dele assim como ele de mim e ambos fingiríamos que o outro não existia.

Claro que eu sabia que isso não estava funcionando de verdade, assim como antes hora ou outra eu pegava Draco me olhando durante as aulas, refeições e até mesmo nos treinos, sempre olhares discretos que me faziam acreditar que era coisa da minha cabeça em alguns momentos mas que no fundo estavam lá eu querendo ver ou não.

Eu também o olhava porém era muito mais por me sentir observada do que por outra coisa e o clima entre nós, que antes era de extremo constrangimento, tinha se tornado calmo como se nada tivesse acontecido, apesar de seu olhar me seguindo.

— Vamos parar por aqui hoje, não temos mais treinos marcados antes do jogo de sábado – Mitchel começou a falar quando todos chegaram – Mas eu quero que vocês treinem sozinhos e estejam aptos o bastante para ganhar da Grifinória, não aceito outra coisa além da vitória naquele jogo, entenderam? - ele não esperou resposta nenhuma e terminou o seu recado – Estão dispensados.

Agradeci a Merlin, estávamos treinando para o jogo desde o fim das aulas da tarde e eu estava exausta, já passava das dez da noite e eu nem se quer tinha parado para comer.

Na verdade nenhum dos outros tinham parado também mas eles não eram importantes, eu sim.

Virei a vassoura mas não tive tempo o bastante para ir embora antes que Mitchel voltasse a me encher.

— Potter, você fica! - mandou.

Voltei a posição anterior tendo o pensamento interrompido antes que eu decidisse se Monstro traria alguma comida descente para mim no quarto ou se correria o risco de ser envenenada se pedisse algo a ele.

Respirei fundo e antes de dizer algo resolvi que Dobby era muito mais confiável.

— Sim? - perguntei tentando demonstrar paciência ao olhar para Mitchel e Draco que também tinha ficado.

— Tenho algumas coisas para acertar com você antes de te liberar – começou a falar – Primeiro, dê um jeito nesse cabelo no dia do jogo, se você ficar parando para arruma-lo o tempo todo igual fez no treino de hoje eu vou corta-lo e dar para um dos Weasley como presente – disse firme.

— Experimente chegar perto do meu cabelo e vai ver a Goles voando direto nessa sua cara ridícula, Mitchel. - respondi com grosseria.

Vi Draco sorrir disfarçadamente ao me escutar chamando Mitchel de ridículo, com certeza essa era uma opinião que dividíamos.

— Você não vai ter tempo de chegar perto dela Potter – respondeu ignorando o xingamento – Você vai jogar como apanhadora no sábado, espero que seja boa igual dizem que o seu pai eram, como disse antes não aceito nada menos do que a vitória nesse jogo contra a Grifinória.

— O que? - perguntei estarrecida.

Como assim eu jogaria como apanhadora?

Eu era artilheira!

Draco era o apanhador!

— Espera, não! Ele é o apanhador – apontei para o Malfoy que só assistia a nossa conversa.

— Não nesse jogo, guarde o equipamento antes de ir. - Mitchel ordenou e saiu voando rápido direto para o vestiário.

Olhei para Draco furiosa, eu simplesmente não acreditava naquela palhaçada.

Se eu jogasse como apanhadora iriamos perder com certeza. Eu não tinha nenhum treinamento nessa posição, nunca tinha jogado nela, nem mesmo em jogos de brincadeira durante as férias na casa da Laurie.

— Você não pode fazer isso, nós vamos perder! - afirmei falando com Draco.

— Quem está fazendo isso não sou eu, é ele – respondeu se referindo ao capitão do time.

Mentira, tinha certeza que todo o tempo que os dois perderam conversando durante o treino era sobre isso, Draco não deixaria sua posição em um jogo sem antes achar ele mesmo um substituto.

— Você é boa Evolet, vai dar conta.

— Não, não vou! - argumentei – Vamos jogar contra a Grifinória, Harry está lá como apanhador desde o primeiro ano, eu nunca joguei nessa posição Draco, como vocês querem que eu pegue uma maldita bolinha de ouro antes dele?! - perguntei com a voz um pouco esganiçada devido ao desespero.

— Eu não sei, dê o seu jeito – deu de ombros – Harper vai jogar no seu lugar.

Draco conduziu a vassoura para fora do campo e me deixou sozinha lá.

Eu nem sabia quem era Harper!

Xinguei o universo inteiro com todos os palavrões que eu conhecia, inclusive alguns em italiano que tinha aprendido com Antony, e comecei a recolher as bolas como fazia em todos os fins de treino.

Mitchel me obrigava a guardar tudo desde que eu tinha entrado para o time e eu não tinha escolha a não ser obedecer, se deixasse tudo ali com certeza levaria uma bronca da madame Hooch ou então uma detenção.

Arrastei o baú com as bolas para o vestiário e coloquei-as no armário de equipamentos da Sonserina começando a pensar que eu estava sendo obrigada a fazer tudo isso por - além de ser filha de uma nascida trouxa e ser uma Potter - ser mulher afinal eu era a única no time todo e estava sendo usada como empregada.

Respirei fundo enquanto guardava a minha vassoura e pegava as minhas roupas no meu armário, quais seriam as chances de ser expulsa se derrubasse o Mitchel de propósito da vassoura no sábado?

Pensei melhor, era muito mais fácil leva-lo para um corredor vazio e usar a maldição cruciatos nele, afinal não haveria testemunhas.

Sem contar que eu poderia praticar para quando encontrasse a Bellatrix outra vez.

(...)

Joguei o convite para Laurie, ainda tinha isso para me preocupar agora.

— Quão ridículo seria se eu fosse com Harry para essa festa? - perguntei a ela que estava sentada do meu lado na mesa da Corvinal onde tomávamos café.

Nem mesmo no dia do jogo eu tinha me disposto a sentar na mesa da Sonserina.

— O bastante para eu preferir que você me chame e que as pessoas achem que você trocou o Draco por mim – Laurie respondeu assim que terminou de ler o pergaminho.

Tinha recebido o convite para a festa de natal do Clube do Slugue que ocorreria antes das férias e embaixo, como uma observação, estava escrito para levarmos um acompanhante.

Eu não queria levar acompanhante nenhum.

Eu nem queria ir naquela palhaçada.

— Ou você pode ir comigo – Antony disse do meu outro lado dando de ombros e levando um pedaço de salsicha a boca.

Laurie e eu olhamos para ele, ela surpresa e eu confusa. Laurie sabia de tudo o que tinha acontecido entre nós e também sabia que tínhamos resolvido que por hora era melhor ficarmos amigos, embora ele tivesse deixado claro que achava que isso era melhor no atual momento e não que isso não poderia mudar nos meses futuros.

Vendo nossas expressões Tony resolveu se explicar.

— Como amigos, pelo amor de Merlin, como vocês pensam errado das coisas que eu falo.

— Amigos, hunf – Laurie fez um barulho e uma cara de desaprovação me deixando constrangida.

Laurie tinha se tornado completamente team Antony e deixava isso claro para qualquer um, eu já tinha recebido até uma carta do Chris perguntando desde quando eu estava saindo com esse tal de Antony Tribbiani que Laurie tanto falava e o que raios tinha acontecido com o Malfoy já que ela dava as informações completamentes distorcidas e pela metade.

Pensando bem, Laurie seria ótima para substituir a Rita Skeeter no Profeta Diário um dia.

Passei horas escrevendo uma resposta para Christian explicando tudo o que tinha acontecido nós últimos tempos e corrigindo as informações distorcidas da Laurie, não escrevia para ele fazia décadas.

— Enfim – Antony continuou como se Laurie não tivesse dado sinal de vida – Eu não tenho ninguém para chamar e não seria nem um pouco cavalheiresco deixar uma amiga ir com o irmão por falta de opção melhor.

Olhei para o Antony ponderando por alguns segundos antes de aceitar. Ele poderia chamar inúmeras garotas se quisesse que eu tinha certeza que pelo menos oitenta por cento delas aceitariam o convite já que ele não era nem um pouco feio.

Muito pelo contrário, além de bonito ainda era simpático.

Já eu, embora fosse linda o bastante para ter as mesmas chances que ele de achar outra pessoa para ir, tinha um grande histórico de antipatia e uma enorme falta de vontade de sair com qualquer desconhecido que fosse.

— Pelo amor de Merlin, é um convite inocente, Evolet – Antony disse calmo, evitando incluir a Laurie na conversa.

— Sem segundas intenções? - perguntei ainda desconfiada.

— Ah não ser que você queira – sorriu de leve.

— Argh, acho que eu não tenho muita escolha, não é? - disse rolando os olhos.

— É, acho que não. - concordou.

Antony voltou a comer e fiz o mesmo querendo evitar qualquer outra conversa sobre a festa do Slughorn.

Terminamos de comer vendo jogadores da Sonserina entrarem no Salão Principal e serem aplaudidos pela mesa da Sonserina – coisa que eles não tinham feito quando eu entrei – e serem vaiados quando era os da Grifinória que vinham para o café.

— Você pensou sobre o que eu disse da vassoura? - Antony perguntou levantando da mesa e nos acompanhando em direção ao campo de Quadribol.

O jogo começaria em menos de uma hora e eu tinha certeza que não estava pronta para jogar como apanhadora, nem mesmo toda a confiança que eu tinha para dar e vender na maioria dos momentos podia fazer com que eu fosse mais do que razoável naquele campo.

E razoável não era o bastante para ganhar do Harry.

O pior era que Antony e eu tínhamos percebido que a minha Cleansweep 6 era mais devagar do que a do Harry me dando mais desvantagem ainda.

Tony pensou em me emprestar a sua própria vassoura, mas eu achava que não daria muita diferença e era melhor voar em uma que eu já estava adaptada.

Disse isso a ele que acabou concordando.

— Afinal, por que é que o Draco não vai jogar hoje, Eve? - Laurie perguntou já nos jardins.

— Eu não faço ideia, deve querer aproveitar o tempo para sair se pegando com alguma garota por ai – respondi tentando parecer indiferente – Caso não vejam a Parkinson hoje já sabem.

— Não, qual é? Nem mesmo o Malfoy iria deixar um jogo de Quadribol para ficar com uma garota, ainda mais uma como a Parkinson – Tony defendeu.

— Viraram amiguinhos agora para saber o que ele faria ou não por uma garota? - perguntei rude.

— Sim senhorita grosseria, viramos melhores amigos – respondeu sarcástico e rolou os olhos – Até mesmo um cara como ele tem prioridades, Evolet.

Não me incomodei com Antony me chamando de grossa mas fiquei quieta sabendo que ele deveria ter razão, Draco não deixaria um jogo por uma garota, nem mesmo por mim, eu tinha certeza disso.

Ele era do tipo que valorizava demais o Quadribol.

Isso me preocupava mesmo eu sabendo que não devia ligar, afinal, se Draco não estava com alguma garota o que raios ele estaria aprontando?

Entrei no vestiário, Laurie e Antony tinham ficado para trás, na entrada das arquibancadas, e fui trocar de roupa.

Ouvi de longe uma conversa de Mitchel explicando a madame Hooch que Draco estava doente e que seria substituído por mim.

Bati a porta do armário depois de pegar a minha vassoura e fui para o campo pois isso era muito melhor do que estuporar o capitão do meu time pela merda que ele estava fazendo com o time e principalmente comigo.

Eu tinha treinado um pouco desde que tinha recebido a notícia, Antony e Laurie até tentaram me ajudar, mas duas horas de treino na véspera do jogo não daria muito resultado contra anos de prática como o meu irmão tinha.

Passei a mão no cabelo verificando se ele ainda estava bem preso e se aguentaria o jogo todo, Laurie tinha feito uma trança francesa invertida nele para que eu não fosse obrigada a matar o Mitchel caso ele viesse, outra vez, reclamar.

Esperei os outros jogadores no campo enquanto observava o tempo, o céu estava limpo e claro, sem nuvens e o sol brilhava acima do campo embora o tempo ainda se encontrasse frio e a grama ainda fizesse "crec" quando eu andava devido ao pouco gelo acumulado na madrugada.

Vi os jogadores da Grifinória entrarem no campo, sabia que Dino Thomas iria jogar como artilheiro no lugar da Cátia Bell que ainda estava no St. Mungus e vi Harry andar ao lado de um sorridente Rony Weasley.

Observei os dois, alguns boatos diziam que Harry estava tendo problemas em lidar com Rony durante os treinos, alguns diziam que ele tinha até mesmo dado um soco em Demelza Robins, outra jogadora, e que não estava defendendo os aros de quase nenhuma bola.

As vezes não seria apenas o time da Sonserina que estaria com problemas. Poderíamos usar a falta de aptidão de Rony como goleiro para vencer com vantagens de pontos mesmo se Harry pegasse o pomo.

Quando todos os jogadores chegaram ao campo a madame Hooch levou o baú com as bolas para o centro do campo e Harry e Mitchel se aproximaram dela.

— Capitães, apertem as mãos – mandou a arbitra.

Vi de longe os dedos de Harry serem esmagados por Mitchel que era consideravelmente maior que Harry.

— Montem suas vassouras – a mulher voltou a falar, obedeci assim como os outros jogadores.

Meu coração parecia que iria saltar do peito, não entrava em campo fazia mais de um ano.

— Quando eu apitar, um... dois... três! - soou o apito.

Dei impulso com os pés e em segundos estava no céu a cinco metros da grama congelada.

Dei uma volta no campo e procurei Harry com o olhar, ele me olhou também e balançou a cabeça sorrindo em cumprimento.

Lembrei da última vez que tinha parado para falar com Harry fora das aulas com Dumbledore, tínhamos discutido feio após ele dizer para McGonagall que achava que Draco tinha dado o colar enfeitiçado a Cátia Bell no Três Vassouras antes do incidente que aconteceu com a garota na estrada para Hogsmeade.

Sem contar que menos de duas horas antes eu e ele tínhamos saído no tapa em frente ao bar porque Harry tinha dito que eu não me importava com Sirius da mesma maneira que ele.

Duas enormes mentiras que me tiraram do sério, mas depois de horas de conversa com Laurie eu tinha decidido que Harry tinha sérios problemas e que o melhor, mesmo eu ainda querendo mata-lo por isso, era ignorar o que tinha acontecido afinal eu queria ir para o céu e Merlin não iria deixar se eu permanecesse brigando com o único ser vivo da minha família.

Pensando nisso acenei com a mão aceitando seu cumprimento e depois deletando o fato de que aquele cara de óculos e cicatriz na testa era meu irmão.

Seria muito mais fácil derruba-lo da vassoura se não lembrasse disso, coisa que eu faria sem pensar uma terceira vez se fosse o necessário para ganhar.

Torci para que os genes de apanhador do papai estivesse em mim tanto quanto eu sabia que estavam nele.

Olhei para as arquibancadas sem conseguir deixar de procurar por Laurie e Antony, não os achei em meio ao mar de gente dividida entre as cores verde e prata de um lado e vermelho e amarelo de outro.

— Muitos acharam que pelo desempenho desigual de Rony Weasley no ano passado ele não voltaria para o time, porém é claro, a longa amizade dele com o capitão, Harry Potter, ajudou com que ele permanecesse – escutei a voz de Zacarias Smith dizer no microfone, ele era o narrador do dia.

O cara continuou implicando com Harry e os Weasleys por um tempo, tinha incluído Gina no assunto afinal ela também era amiga de Harry o que tinha deixado a garota perceptivelmente aborrecida.

Continuei a voar pelo campo desviando dos balaços lançados em mim e me choquei fortemente com Gina pouco antes dela lançar a Goles no arco fazendo com que ela errasse o alvo e com que Vasily, nosso goleiro, me mandasse sair de perto dele pois "quem defendia os aros era ele".

— Olhe por onde anda, Potter! – Gina gritou comigo voltando a jogar.

— Mitchel, dê um jeito nos batedores ou eu não vou ter nem chance – gritei para o capitão.

Mitchel simplesmente me ignorou e roubou a bola de Demelza Robins para tentar acertar o aro, falhou já que para o nosso azar os boatos sobre Rony estavam errados e ele estava defendendo todas as bolas.

Ótimo, vai ser muito mais fácil pegar o pomo quando eu for acertada por um balaço, pensei sarcástica.

Pelo menos Mitchel não iria poder reclamar de mim se isso acontecesse.
Desviei de mais um balaço – que na verdade tinha sido jogado por Beik em Harry, mas que quase me acertara – e decidi que a melhor coisa agora era ficar perto do meu querido irmãozinho.

Se ele visse o pomo eu também veria e os batedores da Grifinória teriam que diminuir seus ataques em mim para não acertar o seu apanhador.

Passei a seguir Harry para onde ele fosse nos próximos trinta minutos de jogo, o placar estava em sessenta a zero para a Grifinória e a minha raiva fluía pelos poros.

O tal de Harper era um lixo como jogador mas não, Mitchel tinha teimado em coloca-lo no meu lugar e ele e Jackson sozinhos não estavam dando conta de um goleiro como o Rony.

Vi o Weasley fingir reger o coro de torcedores da Grifinória enquanto eles cantavam "EI EI EI, WEASEY É NOSSO REI".

— Seu goleiro é patético, Harry! – gritei para que ele me escutasse de longe – Se continuar com essa exibição vai perder mais bolas do que já defendeu.

Como se quisesse cumprir a minha profecia ouvimos Zacarias Smith dizer que a Sonserina tinha marcado seu primeiro ponto.

— Não se preocupe Eve, ele está em um dia bom, podemos deixar que vocês marquem alguma coisa só para não irem pra casa chorando depois – Harry gritou de volta para mim e voo para baixo.

O segui e vi um balaço voar em nossa direção vindo de Merlin sabe quem. Aproveitei o balaço e esbarrei de propósito com Harry para que ele ficasse mais fácil de ser acertado.

Meu irmão rolou a vassoura e foi jogado para trás, senti meu ombro doer pela colisão e vi o balaço passar centímetros acima da sua cabeça.

Segui a bola com olhar e por um segundo achei que estava vendo coisas quando ela passou por um determinado ponto do céu, mas não, uma pequena bolinha amarela com assas voava tranquilamente enquanto o jogo corria perto dela.

Sem olhar para Harry avancei atrás da bolinha e ela acelerou para longe.

— E parece que Evolet Potter viu algo que o outro Potter não viu – Smith anunciou das arquibancadas.

Aquele cara não podia calar a boca por um momento?

Continuei perseguindo o pomo e vi Harry se aproximar rapidamente de mim até ficarmos emparelhados um com o outro, estiquei meu braço para pegar a bola mas ela ainda estava longe. Harry tentou forçar a vassoura mais para a frente e iria conseguir alcançar a bola se eu não tivesse o empurrado com a perna, praticamente dando um chute em seu braço.

Harry foi jogado um pouco para o lado mas não o bastante e quando voltou me empurrou com o ombro com uma força moderada, não para machucar, apenas para atrapalhar.

Bati na arquibancada e quase cai da vassoura, tive que me segurar para não cair e nesse pouco tempo de distração ele tinha conseguido pegar o pomo.

— Peguei! - escutei Harry berrar e erguer a mão para o alto com apenas as asinhas do pomo aparecendo para que ele não fugisse de novo.

Xinguei-o audivelmente.