Evolet Potter II escrita por Victorie


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todas a divas que comentaram nos últimos capítulos, amei todos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/461303/chapter/15

—Se Slughorn me convidar para mais alguma dessas festinhas eu serei obrigada a azara-lo sem pensar uma terceira vez – afirmei logo depois de me jogar em um pequeno sofá no Salão Comunal da Corvinal.

Era sexta à noite e o lugar estava completamente vazio então Antony não tinha protestado quando eu disse que viria para cá junto com ele assim que fossemos dispensados da festinha de Slughorn que - depois de descobrir que um dos avôs do Antony tinha sido um exímio criador de vassouras na Itália anos antes de morrer - desenvolveu um incrível interesse no Tribbiani fazendo com que ele também fosse convidado para os tediosos jantares.

—Qual é, não é tão ruim assim – Antony defendeu se sentando ao meu lado.

—Não é tão ruim assim? – Laurie repetiu incrédula em uma poltrona a nossa frente com seu mais lindo pijama de florezinhas e com uma grande coberta felpuda e cor de rosa no colo - Até mesmo eu que nunca fui convidada acho um tédio.

Arqueei a sobrancelha para Antony como se dissesse “viu?”.

—Não é para tanto, claro que algumas horas eu penso que Merlin deveria ter piedade e me matar logo ao invés de ficar me torturando, mas algumas das histórias que ele conta até que são boas. – Antony voltou a defender - Sem contar a comida.

Rolei os olhos.

—Eu só estava esperando vocês para saber se vamos ou não a Hogsmeade amanhã, porque se não formos pretendo dormir o dia todo antes de congelar nesse castelo congelante, então digam, sim ou não, última chance – Laurie avisou.

—Congelar nesse castelo congelante? – Antony repetiu cético – Sério?

Laurie era a pessoa mais friorenta que eu já tinha conhecido, até mesmo em Beauxbatons, onde o inverno não era nem de longe tão rigoroso quanto o que afligia os terrenos de Hogwarts, ela vivia carregada de blusas e mais blusas quando ele chegava.

—Você entendeu. – Laurie respondeu mau humorada.

—Por mim vamos – afirmei pela quinta vez naquela semana – Preciso comprar doces então vou com ou sem vocês.

Durante a semana a neve tinha aparecido e, somada com o vento, trouxe um frio horrendo nos terrenos de Hogwarts fazendo com que Laurie, Antony e eu discutíssemos por dias a necessidade de todos em ir a Hogsmeade com toda aquela neve.

Ninguém estava com muita vontade de ir e acabamos decidindo ir ou então ficar umas quatro vezes desde o dia anterior, até que eu decidi que precisava muito ir a Dedos de Mel e não abriria mão do passeio nem por um pote de galeões.

—Bem, eu não preciso de doce e muito menos de neve nos meus cabelos então, obrigada pelo convite, mas não, obrigada – Laurie falou enquanto se enrolava melhor em sua coberta – Mas eu tenho certeza de que Antony ficaria feliz em ir com você já que ele é um belíssimo cavaleiro e não um trasgo feio e medroso. – afirmou enfatizando a última palavra e lançando um olhar meio que suspeito para Antony que olhou para o lado, coçou o pescoço e cinco segundos depois me deu um sorrisinho fraco.

Não tinha entendido aquilo direito mas lembrei alguns segundos depois que Antony também não queria ir a Hogsmeade e sim treinar para o próximo jogo de Quadribol e que toda a discussão de “vamos ou não vamos” tinha sido porque eu não queria ir sozinha.

Laurie que, como tinha dito antes, só tinha nos esperado para dizer que não ia no passeio nos desejou boa noite e saiu enrolada em sua coberta rosa em direção aos dormitórios femininos.

—Não precisa fazer isso – afirmei a Antony assim que Laurie saiu de vista – Sobrevivi indo sozinha a Hogsmeade várias vezes ano passado, posso aguentar.

—E deixar que você corra o risco de escorregar na neve e morrer congelada como a Laurie teme que aconteça com ela? Nunca, afinal eu sou um belíssimo cavaleiro e não um trasgo feio e medroso – sorriu dizendo, porém achei que a última parte foi mais uma afirmação para ele do que para mim.

Como se estivesse tomando coragem para alguma coisa.

—Só que, - continuou – um belo cavaleiro precisa do sono dos justos, então...

—Então esse é o meu passaporte para fora da Corvinal – completei erguendo as mãos como se me rendesse – Já entendi.

—Não faça drama, ruiva – pediu e me deu um beijo casto na testa antes de se levantar – Boa noite.

—Boa noite – desejei de volta também levantando.

Assim que sai da torre da Corvinal não pude deixar de pensar que Antony tinha virado um grande demonstrador de afeto desde que tinha me abraçado no saguão de entrada do castelo.

Eu sempre ganhava um abraço ou um beijo - no rosto - de bom dia quando nos víamos de manhã e outro a noite antes de eu ser obrigada a voltar para o meu quarto nas masmorras.

Perguntava-me se isso fazia parte do seu lado italiano de ser - sabia que alguns países eram bem dados a esse tipo de comportamento - ou se seria algo a mais.

Estava torcendo para que fosse só alguma cultura italiana.


(...)


—O que acha Boris, este ou este? – perguntei ao gato que me olhava de cima da cama enquanto erguia dois grossos casacos de inverno.

Um era comprido, preto, com grandes botões da mesma cor e de um tecido macio com um cinto feito do mesmo pano. Já o outro era vermelho, com touca e de zíper, feito de um pano bem industrial do lado de fora e do de dentro de uma imitação perfeita de pelo de ovelha.

Boris simplesmente miou e continuou a me olhar.

—O preto, concordo. - disse interpretando o miado de Boris como afirmativo para o que eu realmente queria usar.

Vesti o casaco depois de colocar vários suéteres, uma espécie de meia calça bem grossa de lã e por cima uma calça jeans das mais grossas que eu tinha. E isso tudo junto com um par de botas marrons e um fino cachecol da Sonserina.

Meus cabelos estavam soltos com os cachos caindo nas costas como ficavam na maioria das vezes.

Sai do quarto cinco minutos depois de pronta.

—Pronta para enfrentar a neve? – Antony perguntou quando sentei ao seu lado na mesa da Corvinal.

—Não, mas vou mesmo assim – tinha dado uma olhada no lado de fora do castelo enquanto vinha para o Salão e a neve estava alguns bons centímetros acima da terra, mas ainda assim eu estava determinada a comprar meus doces. – Vamos fazer uma coisa rápida, só iremos até a Dedos de Mel e depois voltamos direto para cá onde é quente e seguro.

—Hum, pensei que podíamos dar uma passada no Três Vassouras ou em algum outro lugar para tomar alguma coisa já que vamos nos dar ao trabalho de ir até o vilarejo. – Antony argumentou enquanto eu me servia de um belo chocolate quente.

—É bom que façam mesmo isso – Laurie avisou aparecendo rabugenta do outro lado de Antony – Já que eu serei obrigada a fazer o mesmo.

Olhei para Laurie confusa, sem saber por que estava acordada e pelo jeito também indo ao vilarejo já que vestia, creio eu, todas as blusas de frio que tinha.

—Não tinha planejado dormir o dia todo? – perguntei.

Laurie tomou um gole de chá quente antes de responder.

—Sim, mas Christian mandou uma carta dizendo que iria conseguir aparecer em Hogsmeade para me ver. Ele quer ir em um tal de Cabeça de Javali, já ouviram falar disso?

Confirmei que sim lembrando a única vez que tinha entrado no lugar, na reunião que formou a Armada de Dumbledore no ano anterior.

—Não é muito bom – Antony comentou depois de engolir um pouco dos ovos mexidos que estavam em seu prato.

—Bem, o que eu não faço por aquele garoto? – Laurie perguntou retoricamente e deu de ombros.

Eu podia criar uma grande lista de coisas que ela não faria por Christian nem mesmo por um pote de galeões, mas Laurie já estava mal-humorada o bastante com o tempo lá fora então resolvi ficar quieta.

Terminamos o café sem muita demora e fomos direto ao Saguão de Entrada onde uma grande fila tinha sido montada para que Filch pudesse conferir se os alunos que saiam tinham autorização e também dar algumas cutucadas nos mesmos com o seu sensor de segredos.

—Que diferença faz se estamos contrabandeando objetos das Trevas para FORA da escola? – a voz conhecida de Rony Weasley questionou alguns metros mais a frente da fila.

Segundos depois vi ele ser cutucado fortemente com o sensor de segredos por Filch.

—Ele tem razão – Laurie comentou ao meu lado – Quer dizer, não pode haver um Comensal da Morte entre os alunos da escola, somos muito novos.

Por algum motivo quando Laurie disse isso eu senti um arrepio na espinha junto com um mau pressentimento.

É só o frio Evolet, disse a mim mesma, não existem bons ou maus pressentimentos.

—Bom, podemos ser realmente muito novos para servir Você-Sabe-Quem agora, mas muitos aqui na escola têm pais que são ou foram Comensais. Nada impede que eles queiram seguir os passos dos pais – Antony argumentou baixinho – O próprio Você-Sabe-Quem estudou em Hogwarts um dia e eu duvido muito que ele tenha começado a mexer com as Artes das Trevas só depois que se formou.

...muitos aqui na escola têm pais que são ou foram Comensais. Nada impede que eles queiram seguir os passos dos pais.

A frase de Antony se repetiu em minha cabeça fazendo com que eu me pegasse pensando na única pessoa que tinha pais Comensais que me deixaria preocupada.

Só que não, Draco nunca faria isso. Ele era sonserino, irritante, orgulhoso e grosseiro, mas não era necessariamente mau, nunca seguiria os passos do Sr. Malfoy.

Voldemort— disse no mesmo tom baixo que Antony estava usando porém um pouco ríspida demais – O nome é Voldemort. Agora chega desse assunto, já bastam os comentários que eu tenho que escutar o tempo todo dos outros alunos durante as aulas.

Antony me olhou um pouco surpreso pela minha grosseria mas não bravo, já Laurie, bem, ela se irritava com as coisas tão facilmente quando eu.

—Escute aqui Evolet, todos nós estamos cansados de ouvir falar dessa guerra, mas isso não te da o direito de...

—Chega, Laurie – mandei, agora mais irritada ainda – Agora não. – lancei um olhar a Filch que se aproximava para nos deixar sair.

Passamos pela revista rapidamente e, com certeza por algum milagre de Merlin, sem ouvir os resmungos rabugentos do zelador.

Assim que saímos do castelo enfiei minhas mãos no bolso, tinha esquecido as luvas, e me mantive em silêncio. Laurie e Antony fizeram o mesmo e um enorme clima ruim nos atingiu.

Mas eu é que não ia pedir desculpas, não mesmo, não era obrigada. Laurie que pedisse.

Só que eu sabia o que aconteceria, nenhuma de nós iria se desculpar pela discussão e iriamos acabar esquecendo tudo assim que víssemos alguma coisa interessante pra contar para a outra.

Nossas brigas raramente duravam mais do que algumas horas.

E isso foi provado logo que chegamos a Hogsmeade e Laurie viu Christian sentado em um pequeno banquinho na entrada do vilarejo com uma pequena flor amarela nas mãos.

Laurie abriu um sorriso enorme e, gritando uma despedida animada a mim e ao Antony e avisando que nos encontrava mais tarde no castelo, correu para os braços do Chris.

Acenei de longe para ele que retribuiu o gesto sorrindo.

Eu não iria lá cumprimenta-lo, quanto mais tempo ficassem sozinhos mais tempo Laurie ficaria feliz na próxima semana.

—Por Merlin, eu consigo ver raios de felicidade emanando desses dois – Antony comentou erguendo os braços e os balançando no ar como se fossem os tal raios de felicidade.

Ri de sua imitação e concordei.

Continuamos a andar em silêncio em direção a Dedos de Mel até que, do nada, Antony colocou a mão em meu ombro e me empurrou para o outro lado da rua em direção ao Três Vassouras.

—Mudança de planos, Slughorn está entrando na Dedos de Mel, só sorria e continue andando como se nada estivesse acontecendo – Antony murmurou enquanto caminhava como se estivesse fugindo do próprio Voldemort.

Segui seu exemplo e corri para dentro do bar deixando Antony para trás.

—Acha que ele nos viu? – perguntei depois de passar pela porta e me certificar que o garoto estava comigo.

—Eu não sei – respondeu olhando pela pequena janela que tinha ao lado da porta -Você não tem os cabelos mais discretos do mundo e dois adolescentes correndo igual loucos nem sempre passam despercebidos.

Fuzilei Antony com o olhar.

—Não fale assim dos meus cabelos, eles são lindos – afirmei jogando um punhado dele para trás.

—Não disse que não eram – Antony respondeu com um olhar terno e colocou uma mecha que tinha teimado em ficar caída no meu ombro esquerdo atrás da orelha.

Sorri um pouco constrangida e me afastei indo sentar em uma mesa vazia no fundo do bar.

Quando me sentei vi que Antony não tinha me seguido e o procurei com o olhar até acha-lo conversando com Madame Rosmerta, a dona e também balconista do bar. Ele não demorou muito, só fez o pedido e logo veio para a mesa onde eu estava com duas cervejas amanteigadas.

Peguei a caneca que ele ofereceu sem dizer nada, agradeci e tomei um pouco.

—Acha que Slughorn vai demorar muito na loja? – Antony perguntou.

—Não sei – respondi sincera – Achei que gostasse dele, por que saiu correndo?

Deu de ombros.

—Você não gosta dele – respondeu vagamente – Só achei que ficaria feliz se conseguisse fugir de mais um dos seus convites.

—Ah – murmurei.

Mordi o lábio ansiosa, não podia ser, não era pra ser assim.

Simplesmente não era!

Antes eu tinha ficado preocupada com o interesse de Antony em Laurie caso eles ficassem muito amigos, Laurie tinha o Chris e se por acaso Antony acabasse interessado nela mais do que devia ela ficaria arrasada.

Provavelmente lisonjeada, Laurie era assim, mas ainda arrasada pois daria um fora nele sem pensar a terceira vez.

No entanto, na última semana, essa preocupação tinha se transformado no interesse de Antony por mim.

Qual é? Ele tinha se tornado meu amigo, uma pessoa legal e que se importava comigo.

Mas parece que estava se importando mais do que deveria.

—O que foi? – Antony perguntou quando viu que eu tinha ficado pensativa demais.

Tomei um gole da bebida antes de responder.

—Nada – minha voz saindo meio estranha.

—Nada? – Antony repetiu em tom de pergunta, sério.

—Uhun – concordei tomando mais um pouco da cerveja.

—Devagar, ruiva – avisou, tirou a caneca da minha mão e a colocou no meio da mesa – Não precisa de pressa, precisa?

Ignorei a pergunta antes mesmo de escuta-la, que história era essa de ruiva?

—Quer parar de me dar apelidos? – pedi baixinho.

—Primeiro, você disse que eu podia te chamar de qualquer coisa, não lembra? Disse: Me chame do que quiser, até invente um apelido, não importa, só me deixa em paz pra poder matar o Malfoy e joga-lo no Lago Negro— disse imitando a minha voz horrivelmente – e segundo, o que aconteceu Evolet? – questionou seriamente – Ficou estranha do nada – parou para me avaliar um segundo – Logo depois de eu ter feito isso...

Antony estendeu a mão ao meu rosto e repetiu o gesto que tinha feito na entrada do bar, só que, diferente de antes, não foi uma coisa rápida. Antony, depois de colocar meu cabelo atrás da orelha não puxou a mão, a deixou ali e acariciou o lado do meu rosto levemente com o polegar, como se sentisse a maciez da minha pele.

Em menos de um segundo eu pude ter certeza que toda a minha face tinha se tornado da cor dos meus cabelos.

Sua mão escorregou do meu rosto e passou para a minha nuca bem devagar, seus olhos tinham prendido a minha atenção e eu, não sei se voluntariamente ou não, me aproximei um pouco mais de Antony que, mesmo sem eu ter percebido quando, tinha aproximado sua cadeira da minha e estava o mais perto possível que uma pessoa podia estar de alguém em um local público, seu rosto a poucos centímetros do meu.

Eu não queria pensar.

Eu não precisava pensar.

Eu nem se quer deveria pensar em pensar.

E realmente não pensei.

Antony roçou seus lábios levemente nos meus e olhou fixamente em meus olhos como se pedisse algum tipo de permissão para continuar. Com certeza ele não queria que eu saísse correndo como ambos sabíamos que eu poderia fazer a qualquer momento.

Como talvez eu devesse fazer.

Não pense, disse a mim mesma.

E então eu o fiz.

Beijei Antony devagar, sem pressa ou medo. Não tinha do que ter medo, éramos adolescentes, estávamos em um bar.

Que mal poderia ter nisso?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Alguém consegue fazer uma listinha de coisas que podem dar merda por causa desse beijo pra Evolet?
Se tiver algum erro avisem, por favor.