Sinal escrita por Universo das Garotas


Capítulo 12
12º Capítulo




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12º Capítulo – Beatriz

Abri meus olhos e olhei ao meu redor. Não reconhecia o lugar onde estava. As paredes eram feitas apenas de tijolos, daquele tipo artesanal, em que não se cobriam com reboco ou pintura. A cama era imensa, acho que talvez maior que uma king size. Eu tenho na minha casa uma queen e essa daqui parecia ter duas vezes o tamanho da minha. Lençóis de seda, vários travesseiros. O quarto tinha uma tonalidade azulada que não me era estranha. As portas também eram um pouco familiares de madeira escura e do tipo francesas.

Girei meu corpo e percebi o outro lado do quarto. Essa parte definitivamente era direcionada para um homem. Imensa tela de TV, Xbox ao lado, protótipos de carros em miniatura. Havia um Alfa Romeu, um Mercedes e duas Harley Davidson. Eu já vi esses carros antes...

Hamm! As memórias do dia anterior voltavam a minha cabeça dolorida. Frederico no meu escritório, Felipe e Diogo o conhecendo, Felipe fazendo cena, o Liver Pool bar, muito whisky e meu pai...

Lembra-lo provocou uma dor maior do que eu sentia na minha cabeça. Eu não conversava com ele, só ouvia notícias suas na mídia. Até que ouvir a derradeira notícia. Ele morreu!

Tentei chorar mas não consegui. Ao contrário comecei a rir de nervoso porque percebi aonde estava. Na casa do Frederico!

Claro, tudo aqui lembrava ele! Lembrei que ele ficou comigo ontem a noite depois da minha crise de choro e viemos para sua casa. Não tive energia na hora para ir para minha casa ou de amigos. Não queria ver ninguém, em especial a minha mãe. Foi egoísta, eu sei, mas ela devia estar sofrendo tanto e por minha culpa.

Balancei a cabeça e pus meus pés para fora da cama, tentando familiarizar com o ambiente. Passei por uma espécie de closet e cheguei ao banheiro. E que banheiro! Provavelmente maior que a minha sala, com uma ampla banheira.

Lavei o rosto, enxaguei a boca e saí do quarto. Encontrei um longo corredor que levava até uma escada. Lá embaixo avistei o hall da casa de Frederico. Fui vasculhando a sua procura, mas não encontrei nenhuma alma viva. Notei uma parte externa da casa e fui na direção do que parecia ser uma piscina.

Não era uma piscina! Aquilo só poderia ser chamado de lago. Ou quem sabe um mar privativo? Era imensa, com um deque maravilhoso e ao fundo uma mesa na lateral. Sentado estava Frederico, no que parecia ser uma mesa de café da manhã. Ele vestia apenas uma calça de moletom e camiseta. Nada nos pés. Parecia seu uniforme obrigatório de quando estava em casa. Mas Deus,ele estava lindo. Cabelo despenteado, barba começando a crescer. Com essas roupas informais, diferente de quando ele estava terno, demonstrava muito mais seu físico escultural. Tinha músculos na medida certa, cabelo ondulado com volume, olhos castanhos e pele morena. Seria um típico brasileiro não fosse a sua beleza nada comum.

Ele me viu e colocou de lado algo como um ipad.

Eu fui me aproximando devagar até que fiquei de pé ao lado da mesa. Ele olhou diretamente para mim durante todo o tempo. E disse:

– Bom dia Beatriz! Sente-se e tome o café da manhã...

– Obrigada, mas já abusei de sua hospitalidade. Tenho certeza que fui uma bêbada chata ontem e ..... – ele logo negou com a cabeça e me interrompeu:

– Você não foi uma chata. É claro que ter uma camisa suja após você regurgitar em mim e também sujar meu banheiro (e suas roupas) de xixi de tanto rir, não é bem o que pensei de ser a nossa primeira noite juntos, mas ainda sim tê-la aqui foi maravilhoso!

Eu simplesmente congelei quando ele disse aquilo tudo. Eu vomitei nele? E como assim eu fiz xixi? Sentei na cadeira, olhei para todos os lados e por fim conseguir dizer:

– Sinto muito por isso. Nossa eu não tomava um porre há anos. Eu realmente vomitei?

Ele riu, de novo daquele jeito que me matava, olhando para baixo e movimentando lentamente a cabeça.

– Não, você não vomitou só falei para ver essa sua cara de constrangimento – nessa hora eu atirei um pedaço de pão que estava na minha frente nele, mas ele logo continuou – mas você realmente fez xixi. E eu tive que dar um banho em você...

Peraí, ele disse banho? Olhei para as roupas que eu estava vestindo pela primeira vez! Calça e blusa enormes, provavelmente de Frederico. Fiquei vermelha da cabeça aos pés. Mas já tinha pedido desculpas demais e queria saber o que realmente tinha acontecido.

– Não vou me preocupar então por isso, acho que você teve uma noite bem lucrativa então. Quem poderia resistir ao poderoso Frederico Costa completamente nua e bêbada?

Ele fechou a cara na hora. Mas suavizou a expressão ao falar comigo:

– Não Beatriz, você entendeu errado. Eu ajudei a Sra. Perpétua a te dar um banho, trocamos a sua roupa e apenas coloquei na minha cama. Deixei você no meu próprio quarto e fui dormir na suíte ao lado. Não toquei em você. Posso te garantir.

Eu estava louca, porque fiquei triste por ele não ter tocado em mim. Ouvir isso me deixou à flor da pele. Não era tocada há tanto tempo e queria muito ser tocada por ele. Mas me recuperei a tempo de dizer:

– Então nesse caso, vou tomar o café da manhã com o amigo, então! Te devo uma por tudo isso – eu fui muito sincera quando disse – e por me permitir ficar aqui depois da notícia...

– Beatriz, eu sinto muito por isso. Ontem nós conversamos e você me disse um pouco sobre a história de vocês. Eu imagino o seu sofrimento. Sinta-se à vontade na minha casa. Passe o tempo que quiser – vendo que eu hesitei ele logo arrematou – pelo menos fique o final de semana. Podemos ver filmes, jantar frutos do mar e depois eu a levarei para casa. Mas preciso te dizer algo. Antes coma ao menos alguma fruta.

Nós comemos em profundo silêncio. Notei que embora ele tivesse a sua frente várias iguarias de padaria, que pareciam saborosas apenas de olhar, limitou-se a provar umas poucas fatias de queijo e café. Eu também comi pouco, não consegui digerir muita coisa, algumas frutas e café.

Assim que terminou ele disse:

– Bom, eu realmente sinto muito em dizer isso mas você gostaria de se despedir de seu pai? Foi noticiado agora pouco a solenidade marcada para amanhã na Igreja Matriz.

Eu segurei uma lágrima. Não poderia chorar mais. Olhei para a bela imagem da piscina na minha frente e disse:

– Prefiro não ir. Haverá muita gente querendo me perguntar coisas demais e tem a minha mãe. Além das diversas mulheres da vida do meu pai que provavelmente irão fazer uma cena, daquelas memoráveis.

Vendo sua expressão de incredulidade por minhas palavras eu continuei:

– Eu me despedi dele há muitos anos. E guardei a imagem com carinho de quando éramos grandes amigos...

Aí eu derrubei uma lágrima, porque a imagem dele me dando o maior presente da minha vida me veio à mente. E eu tenho ele comigo até hoje. É meu xodó. Olhei novamente para Frederico e senti que ele pensava em algo. Mas balançou a cabeça, como quem afugenta pensamentos e só disse isso:

– Então fique comigo, por este fim de semana. Prometo que vamos fazer o que você quiser...

– E o que você ganha com isso? Não resisti e tive que perguntar.

– A sua companhia Beatriz.


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