"As marcas que os seres humanos deixam são, com frequência, cicatrizes".

A Culpa é das Estrelas

O corrimão da escada era metal, seus degraus eram de vidro um pouco fosco, sentia uma grande vontade de sair correndo dali e ir de volta até o quarto que estava. Só que agora eu já estava aqui fitei minha direita onde era possível ver todas as pessoas que agora eram minha família. Alec em nenhum momento soltou minha mão e isso era um alivio para mim pelo menos tinha ele ao meu lado. Foram os trinta degraus mais demorados da minha vida e quando chegamos ao chão respirei fundo puxando ar para meus pulmões e não percebi que tinha um tapete logo na minha frente e tropecei no mesmo caindo de joelhos e Alec levantou-me rapidamente.

— E mesmo sua irmã Bella – a voz de um homem saiu alta. Alec pareceu não gostar nem um pouco do comentário.

— Desculpa – pedi envergonhada. – Eu não vi o tapete.

— Não se preocupe querida – uma mulher de cabelos castanhos se aproximou. Ela era um pouco baixa sua pele era branca, seu rosto fino e seus olhos eram dourados. Ela tinha o ar de maternal e muito apegada às pessoas.

— Me chamo Esme – me abraçou e como de costume ela era gelada – uma vampira. – Quando Alice disse que você vinha fiquei muito ansiosa pela sua chegada, preparei alguns lanches para você. – ela sorriu envergonhada.

— Não precisava – sorri boba.

— Realmente são idênticas – um senhor aproximou-se me cumprimentando. Ele tinha cara de ser um homem muito culto, ele era loiro, seus olhos também eram dourados e uma coisa que tinha percebido era que todos eles tinham isso em comum.

— Sou Carlisle – sua voz era tranquilizante.

— Prazer – respondi tímida.

A baixinha de cabelos espetados entrou na sala toda saltitante ao seu lado estava um loiro de cabelos encaracolados. Ele parecia estar com dor e parecia que não estava se sentindo a vontade com todos ao seu redor – apesar de eu achar que seria o fato de minha presença que o estava incomodando.

— Rebecca achei que não ia acordar hoje – Alice me abraçou.

— Pois é – sorri fitando Alec.

— Este é o Jasper – apontou para o loiro.

— Olá Rebecca – tentou sorrir. E ele pareceu tão estranho quanto antes.

— Oi.

— Sou Emmett... O mais legal dessa casa – um grandalhão saiu do meio de todo mundo. Ele realmente era grande tinha o porte físico parecido com o de Felix, ele era o único homem dali (tirando Alec) que tinha os cabelos escuros.

— E também o mais modesto – uma loira sarcástica tirou sarro da cara de Emmett e a família toda riu dele. A loira era extremamente perfeita... Não existiam palavras para descrever sua beleza. Muitas modelos perderiam em todos os requisitos para ela, me senti um nada perto dela e olha que minha versão saudável não é feia.

— Não de atenção para está Chata - me fez sorrir.

— Como é seu nome? – a loira quis saber.

— Rebecca. Um nome comum e nem um pouco especial – dei um sorriso de lado. Comecei a sentir aquela tontura e minhas pernas bambearam.

— Sou Rosalie - se apresentou.

— Rebecca – Alec pegou-me em seu colo e colocou sentada sobre o sofá. Alec subiu as escadas em um piscar de olhos.

— Você está bem? – Esme correu até o sofá.

— Sim. Foi apenas um mal estar – expliquei envergonhada.

Coloquei meu avesso para fora esperando Alec descer com minha medicação.

— Isso é um acesso venoso central? – Carlisle perguntou.

— Sim senhor.

A sua expressão parecia um pouco intrigada e antes que alguém pudesse perguntar resolvi contar logo.

— Com cinco anos fui diagnosticada com Leucemia. Já fiz muitas quimioterapias e sete cirurgias para impedir o desenvolvimento dos tumores que se espalharam. Tive dois tumores malignos no estômago e parece que foram desfeitos pela quimioterapia – respirei meio triste e era impossível não notar a expressão de pena em seus rostos. Alec desceu as escadas com a medicação em suas mãos e aplicou.

— E você o que faz com ela? – Emmett pareceu se incomodar com a presença de Alec.

— Sou o melhor amigo dela desde quando era uma criança, eu não iria simplesmente abandona-la – Alec respondeu com sua voz alterada.

— O que queremos entender é o porquê dela estar com os Volturi? – Carlisle perguntou.

— Demetri teve um caso com mãe dela e Aro quando descobriu mandou acabar com tudo entre os dois se não a mataria. E como Demetri não queria ficar sem ela acabou sequestrando uma de suas filhas gêmeas e levou até Volterra. Suplicia a esposa de Aro queria muito ter um filho então ficou com Rebecca. – Alec explicou toda minha historia.

— Como Aro aceitou isso? – Esme fitou-me.

— Não sei – Alec respondeu.

— Por que fugiu? – Rosalie parecia interessada.

— Aro queria me forçar a se casar com um vampiro-hibrido contra minha vontade – quanto mais eu falava mais todos pareciam estar chocados.

— Com um vampiro sendo humana? – Alice comentou.

— Sim. O pior era não isso... Ele queria me transformar contra minha vontade – fitei o tapete branco de veludo que enfeitava o centro da sala.

— Mais isso seria o melhor para você? – Emmett perguntou.

— Não! Eu não quero virar uma vampira antes da hora... Eu quero viver uma vida mesmo que curta e nada saudável. Eu quero realizar meu maior sonho antes de me entregar a imortalidade e só quando não tiver mais forças – todos ficaram de cara com o que eu tinha dito.

— Eu te entendo – Rosalie ficou meio pensativo.

Foi quando Bella apareceu com Edward na sala – Edward estava com a fisionomia séria. Bella parecia estar com algo em mente eu conhecia mais ou menos esse rosto então não era muito difícil entender suas expressões faciais. Edward ficou encostado na parede com cara de poucos amigos.

— Vocês sabem o que eu quero. E eu sei o quanto estou pedindo... O único jeito justo para decidir isso é o meio de votação – eu não acredito que ela estava sendo tão tola a ponto de querer se transformar apenas para evitar futuros problemas.

— Você não sabe o que está dizendo – Edward começou.

— Fica quieto – mandou e todos riram.

Será que eu seria a única contra essa loucura. Minha vontade era de dar um soco na cara dessa garota sem nenhum neurônio nessa cabeça oca. Alec percebeu que eu estava irritada e me abraçou sussurrando bem baixinho em meu ouvido causando até um arrepio gostoso “Não ligue para isso” e beijou minha bochecha.

— Alice? – perguntou Bella.

— Você sabe que já te considero minha irmã – Alice estava feliz pelo tom de sua voz. E a abraçou. – Sim – concordou.

— Eu volto sim... Vai ser bom não querer matar você o tempo todo – Jasper comentou.

— Sinto muito! Peço desculpas a vocês dois pela forma como eu agi e fico muito grata por você ter tido a coragem de salvar meu irmão. Mais não é a vida que eu teria escolhido para mim e queria que alguém tivesse votado não para mim. Então não – Rosalie tinha cérebro pelo menos.

— Eu voto é pode crer. Podemos lutar com os Volturi de outro jeito. – Emmett a abraçou.

— Já considero você parte da família. Sim! – Esme era bondosa.

— Por que faz isso comigo? Sabe o que significa – Edward disse colocando a cabeça encostada na parede.

— Você escolheu não viver sem ela. O que não me deixa escolha eu não vou perder meu filho. – Carlisle comentou.

— Rebecca? – Bella me chamou.

Eu sabia que não estaria fora dessa votação ridícula. Levantei-me segurando a mão de Alec e respirei fundo pensando com calma nas minhas próximas palavras e para ser sincera não consegui uma resposta muito educada. Coloquei meus cabelos para trás e respirei pesado nessa hora.

— Por que quer minha opinião? Sendo que vai fazer o que bem entender – respondi e todos ficaram chocados com minha resposta e olha que não era isso que iria dizer.

— Qual seu problema? – Bella fechou o rosto.

— Câncer! - a fitei. - Estou quase morrendo e quero viver. Enquanto você minha irmã gêmea é saudável pode ter uma vida normal e quer morrer apenas para ficar com seu namorado. Tudo bem entendo que você quer ficar com o Edward mais não acha meio cedo para se transformar? E se não der certo entre vocês? Você vai largar dele mais não vai poder voltar a sua vida normal e ser uma humana. Então eu digo não me interessa o que você escolher... Só não se arrependa das suas escolhas depois – virei-me de costas e com a ajuda de Alec fui até as escadas.

— Sabe qual seu problema “irmã”? – a palavra irmã saiu como uma faca.

— Qual seria? – arquei minha sobrancelha.

— Você tem ciúmes de mim – disse nervosa.

— Ciúmes de você? Por que diabos eu teria ciúmes de você – senti meu sangue ferver e a raiva subir minha cabeça. Essa garota conseguia irritar qualquer um e pode ter certeza que Edward era um campeão por aguentar essa chatice.

— Por eu ser saudável e você estar doente. – ela colocou a mão na boca e vi sua expressão mudar completamente para de arrependimento, só que agora ela já tinha dito aquilo e o único problema da dor é que ela precisa ser sentida.

— Rebecca eu sinto muito... Não queria ter dito isso – Bella tentou se aproximar de mim. Mais eu me afastei dela sentindo aquela dor insuportável em meu peito e aquela vontade chorar feito uma criança. Isso realmente tinha me machucado igual quando você é criança e cai de joelhos e rala os dois, só que o único problema é que palavras não podem ser curadas com remédio.

— Foi exatamente o que você quis dizer – tentei segurar as lagrimas só que era impossível elas já estavam escorregando pelo meu rosto.

— Foi um erro vir aqui – comentei fitei Bella que continuava sem reação nenhuma apenas em choque. – Eu deveria ter ido para outro lugar.

— Rebecca vamos até a cozinha – Esme chamou-me.

Tentei caminhar sozinha. Só que a falta de ar foi tão grande que senti meu corpo apagar repentinamente e meus joelhos falharem o desequilíbrio dominou e senti meu corpo entrar em contato com a superfície dura minha cabeça bateu com força no chão fiquei tonta e vi as pessoas ao meu lado em câmera lenta, não conseguia mexer meu corpo pela dor que estava sentindo nesse momento. Alec pegou-me em seu colo e levou-me até a cozinha colocando-me sobre a mesa. Podia sentir o liquido quente escorrendo por minha cabeça.

— Afaste todos daqui – era a voz de Carlisle.

— Becca – Alec chamava-me.

Mexi meus olhos o fitando e mesmo assim eu via pouca coisa acontecendo. A cada piscada que dava era uma coisa diferente, ergui minha mão levando-a até minha cabeça assim que a tirei da minha cabeça pude ver aquele sangue vermelho vivo em minhas mãos. Alec estava espantado eu podia ver em seu rosto.

— Alec... – chamei.

— Oi meu anjo – ele colocou a mão no meu rosto. Se pudesse chorar provavelmente ele estaria chorando nesse momento.

— Obrigada por cuidar de mim – agradeci.

— Rebecca continue acordada – mandou.

E dei um sorriso para ele enquanto observava seu rosto perfeito.

— Rebecca - ouvi Alec chamando-me novamente.

Comecei a piscar e cada piscada eu via tudo ficando escuro. Fechei meus olhos contra a minha vontade e pude ver minha mente viajando como se fosse apenas dormir. Estava lutando contra isso só que era mais forte do que eu.