“Amor de mãe não morre, só muda de atmosfera.”

Ruy Barbosa

Fazia quase duas semanas que já estávamos em Forks e é claro que ninguém da nossa família fazia a menor ideia de que estávamos aqui, pobre Charlie sabia apenas de uma mentira contada por Carlisle de que Bella e eu tínhamos contraído uma doença rara do Brasil. Ele ligava três vezes ao dia pelo menos, minha consciência estava pesada por fazê-lo sofrer desta maneira. A minha barriga e a Bella já estavam visíveis e já era possível sentir o bebe se mexendo dentro de mim, claro que como toda coisa boa tinha coisas ruins que vinham acontecendo. Nessas duas semanas perdi quase vinte e quatro quilos e minha alimentação não era a das melhores. Alec mal se aproximava de mim, nossas conversas eram curtas como “Bom dia”, “você está bem?” e simplesmente isso.

Bella e eu estávamos na sala de TV dos Cullen sentadas no sofá, por medo de alguém fazer algo com nossos “bebês” estávamos muito unidas, enquanto ela dormia eu ficava acordada assistindo um filme qualquer que estava passando no HBO. Puxei meu cobertor sentindo frio, foi quando vi Esme caminhando com uma bandeja em suas mãos.

— Não precisava. – disse a vendo sorrir, uma das únicas pessoas que sorria para mim depois de duas semanas.

— Eu gosto de cozinhar, quando não tinha ninguém em casa era chato. – ela sorriu colocando a bandeja sobre meu colo.

— Fiz dois lanches de peito de peru com queijo prata, dois sucos de laranja e dois bombons. – ela sorriu contente.

— Nossa Esme...- peguei um lanche e o mordi – Que delicia!

— Que bom que gostou! – Esme sentou-se ao meu lado, ela estava cuidando de mim e de Bella como se fossemos suas filhas. Ela colocou a mão em minha barriga sentindo aquele frio suportável, foi quando o bebê começou a se mexer loucamente e não pudemos deixar de sorrir.

— Oh meu Deus! Ele é tão agitado. – Esme disse encantada.

— Sim, se meche o dia todo. – comentei boba.

— E Alec?- perguntou Esme me fitando minha felicidade foi passageira.

— Bem... – comecei e fiz uma pausa. – Só se falamos quando necessário, ele esta muito bravo por não fazer sua vontade, só que ele também não curte o momento que na verdade... – fitei Bella deitada dormindo tranquilamente e depois olhei para sua barriga um pouco redonda menor que a minha. – É único, é algo impossível Esme... Ele e Edward estão perdendo o desenvolvimento dos próprios filhos por serem cabeça dura demais. – respirei fundo e podia ver que Esme me entendia.

— Sim eu entendo. – Esme se levantou. – Bem... irei até a cozinha preparar o jantar já são quase sete horas da noite. – fitei o relógio e ainda eram cinco e quarenta e cinco minutos. – Hoje vou fazer algo diferente e saboroso para o jantar. – comentou animada.

— Mal posso esperar – sorri.

— Não! - Bella se levantou assustada suando frio e com a respiração acelerada, me aproximei dela e comecei a passar a mão em seu rosto.

— O que foi? – perguntei a fitando.

— Tive um pesadelo... – disse passando a mão em seus cabelos suados. Levantei-me indo até a garrafa de água que estava na mesinha de centro e a peguei colando num copo de vidro.

— Tome, beba tudo! – ela apanhou o copo e bebeu a água com calma.

— Como foi esse seu pesadelo? – perguntei olhando para ela.

— Sonhei que os Volturi estavam querendo fazer mal ao meu filho e eu estava o protegendo deles. – explicou o sonho, eu entendo sua preocupação os Volturi atrás de nossos filhos seria como um pesadelo sem fim, só de imaginar podia sentir o desespero.

— Se acalme, foi apenas um sonho! Não pode te fazer mal e nem ao seu bebê. – coloquei a mão sobre a barriga dela.

— Sonhei que era um menino. – comentou boba. – E você imagina o que pode ser?

— É claro que imagino, queria uma menina... Porém um menino igual ao Alec seria perfeitamente lindo. – sorri imaginando aquele bebe gordinho com os cabelos negros e todo fofo.

Foi quando todos os Cullen invadiram a sala, Bella segurou minha mão e a fitei preocupada. Emmett ficou próximo a uma coluna, Edward e Alec estavam próximos a porta e mal nos olhavam, Alice e Jasper se sentaram e a nossa frente e Rosalie, Bree e Esme.

— Que aconteceu? – perguntou Bella colocando sua mão sobre a barriga.

— Jacob esta vindo aqui. – Edward respondeu.

— Como vocês sabem? – olhei para Alec.

— O pai dele telefonou para Carlisle. – Rosalie disse.

— Mais qual o motivo disso tudo? – perguntei preocupada.

— Por que diferente de algumas pessoas nos se preocupamos com o bem estar de vocês. – Alec foi seco comigo, senti minhas bochechas arderem de vergonha e o bebê se mexer ao ouvir a voz de Alec.

Foi quando ouvimos o barulho de uma moto freando na frente da mansão e depois a porta de entrada ser aberta fiquei fitando a porta da sala.

— É verdade? – era a voz de Jacob.

— Olá Jacob, como que vai? – Carlisle disse calmo.

— Escute, fale logo de uma vez. – ele estava impaciente.

— Jacob – Bella o chamou e percebi que todos os olhos estavam sobre ela.

— Ela ta aqui? – perguntou e ouvimos os barulhos de passos.

— Eles voltaram faz duas semanas. – respondeu Carlisle. – Jake! – o chamou.

Foi quando ele subiu e o pude ver parado próximo a porta da sala, Rosalie se colocou em nossa frente enquanto Alec e Edward continuaram parados sem nada fazer. Puxei o cobertor tentando esconder minha barriga. Jacob começou a caminhar lentamente até próximo de nos duas e pude sentir um pouco de medo pela reação de Jacob junto com o Cullen.

— Estou feliz que veio. – Bella disse fraca.

— Pode parar – Rosalie se aproximou dele.

— Fica na sua! – ele respondeu. O clima estava começando a ficar pesado no ambiente.

— Rose, tudo bem! – Bella disse calma e a fitei.

Jacob passou pro Rosalie e sentou-se sobre a mesinha de centro ele fitava nos duas com olhar de espanto, afinal estávamos muito magras e parecíamos estar doentes de verdade.

— Vocês estão horríveis – disse com um sorriso de lado. Tirando alguns sorrisos de nossos lábios.

— Legal te ver também. – Bella disse sem graça.

— Vocês vão contar o que tem de errado com vocês? – ele foi logo ao assunto, respirei fundo e fitei Bella preocupada.

— Rose me ajuda aqui? – Bella pediu ajuda. Ela tirou o cobertor de sobre a barriga e Rosalie a ajudou a se levantar e então Jacob fitou horrorizado.

— Você também? – ele apontou para mim e me senti envergonhada com medo. Balancei a cabeça positivamente para Jacob. Ele caminhou até Edward e Alec, porém Emmett o segurou.

— Vocês fizeram isso? – Ele gritou. Tirando a mão de Emmett sobre seu ombro.

— Não sabíamos que isso era possível. – Carlisle explicou.

— E o que é?- perguntou.

— Não temos certeza, a ultrassonografia não entra no saco embrionário. – Carlisle respondeu.

— Eu também não vejo, não consigo mais ver o futuro das duas. – Alice disse nervosa.

— Temos pesquisado em lendas, só que não tem ajudado, só sabemos que é forte e se desenvolve rapidamente. – Carlisle disse.

— Mais por que você não fez nada? Tira esses negócios delas. – gritou andando de um lado para o outro.

— Isso não é da sua conta cachorro! – Rose disse entre dentes.

— Rose! Essa briga não faz bem para elas. – Esme repreendeu.

— Os fetos não fazem bem para elas! – Alec disse furioso.

— Vocês dois não fazem bem para elas! – Jacob provocou. – Sempre soube que iriam mata-las de alguma maneira.

— Diga a palavra Alec, bebê... Eles são bebezinhos – Rose respondeu.

— Possivelmente. – Jasper comentou.

— Carlisle você tem que fazer alguma coisa. – Jacob pediu.

— Não, a decisão não é dele... Não é de ninguém – Bella disse.

Levantei-me com cuidado do sofá e com a ajuda de Bree caminhei para fora da sala e percebi que todos estavam me fitando principalmente Alec.

— Vocês não irão fazer nada comigo e nem com ele. – disse nervosa sentindo as lagrimas escorrendo por meu rosto.

— Não chore! – Alec disse dando um passo.

— Não se aproximei, não finja que se importa. – virei de costas e subi as escadas com cuidado acompanhada de Bree.

— Você está bem Becca? – Bree perguntou me olhando.

— Mais ou menos. – respondi entrando no meu quarto, que agora era meu e de Bella. – Poderia me ajudar a tomar banho? – pediu meio sem jeito.

— Ajudo sim. – ela sorriu.

Depois de um banho relaxado resolvi me deitar para poder descansar um pouco, pois eu estava cansada e meu sono estava cada vez mais frequente. Apanhei meu travesseiro e abracei como de costume, Bree estava lá na sala com todos pesquisando sobre as lendas de crianças vampiras. Fiquei deitada com a barriga para cima e a ficava alisando com todo aquele carinho e proteção que um dia minha mãe deve ter tido comigo. Respirei fundo sem tirar os olhos do meu ventre redondinho, minha pele estava bem macia e meu umbigo um pouco saltado – Qual deveria ser o mês que estava? Como a gravidez é rápida parecia estar de três ou quatro meses. Senti um chute na minha barriga na região lateral esquerda e sorri.

— Sabia que a mamãe te ama? – sussurrei sentindo meu coração bater mais rápido. – Sim, eu te amo muito você sendo menino ou uma menininha. – senti a agitação maior ainda e pude perceber que ele sabia que estava falando com ele. – Eu prometo que sempre vou te proteger! Com todas as minhas forças.