Um começo diferente escrita por Lola Carvalho


Capítulo 25
Universo paralelo


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sei que não avisei que este seria o capítulo final. Mas a verdade é que eu também não sabia, hahahaha.
Espero que gostem :)

Boa leitura!



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17 anos depois...

– Patt, preciso da sua ajuda aqui... O sofá chegou – anunciou Teresa no andar de baixo

– Finalmente! – exclamou Patrick – Estávamos esperando por vocês desde ontem – ele se dirigiu aos dois homens que foram fazer a entrega.

– Desculpe, senhor. Tivemos um problema com o transporte – explicou-se o rapaz

– Tudo bem, me ajude a colocar aqui, sim? – e o rapaz o ajudou, movendo o sofá até o lugar indicado por Patrick, e logo os dois foram embora, depois de pedir a assinatura confirmando o recebimento do produto.

– Eu nem acredito que você quis trazer essa velharia para cá – disse Teresa

– Ah, Tessie, vamos lá... Eu sei que você sempre gostou desse sofá...

– Ha-ha – ela imitou uma risada

– “Ha-ha” o que? Eu te conheço tão bem quanto a palma da minha mão. Vem cá... – ele sentou-se desajeitado no sofá, convidando-a para se juntar a ele.

– Está bem... – ela disse se sentando – Pode até ser um sofá fofinho. Mas existem muitos outros fofinhos por aí, que podíamos comprar.

– Amor, esse sofá combina com tudo. E além do mais, se lembra de quando nós compramos ele?

– Uma semana depois que nos casamos, em Chicago – respondeu a morena

– Exatamente! Foi um momento e tanto para nós... Não quero nunca esquecer daquele dia.

– Hum, está só me dizendo isso para me convencer.

– Está funcionando? – Patrick brincou e recebeu um leve tapa no peito

– Vamos assistir alguma coisa? Eu estou cansada, não quero fazer nada hoje.

– Eu também não... Não aguento mais ver caixas. Quem diria que mudar de cidade era tão trabalhoso, não é?! – Teresa riu

– Está gostando de Sacramento? – perguntou Teresa

– Sim... Só estou um pouco receoso quanto a esse caso do serial killer que nos chamaram para trabalhar.

– Eu também... Você viu como ele mata as vítimas dele?

– Todas mulheres... Indefesas.... – ele permaneceu pensativo por um instante – Imagina como deve ser para os maridos que perderam a esposa pelas mãos desse tal Red John...

– Coitados...

– Eu nem sei o que seria de mim se eu perdesse você.

Patrick se deitou no sofá, e Teresa se acomodou do lado dele, de conchinha.

– Não pense... Você não vai me perder. E nem eu vou perder você – Patrick beijou o pescoço de Teresa – Vamos assistir alguma coisa, e parar de pensar nesse caso do seria kiler, está bem?

– Está bem.

Depois de zapear por muitos canais e não encontrar nada de bom para assistir, Teresa viu a chamada de um seriado “Fringe”, no comercial.

– Vamos continuar a assistir fringe?

– Pode ser... Você sabe a senha do NetFlix?

– Não lembro...

– Deixa que eu ponho

..........

Anoiteceu em Sacramento, Califórnia, e o casal, de cansados que estavam, não saíram do sofá, a não ser para comer ou ir ao banheiro, durante o dia inteiro.

– Acho que não foi uma boa ideia a gente assistir esse seriado – disse Teresa

– Por quê? Eu achei super legal! Acabamos a primeira temporada...

– Mas agora eu estou com medo...

– Oh, Tessie, não fique com medo, meu amor...

– Imagina só se existe mesmo um universo paralelo com uma versão diferente de nós?

– Querida, essas coisas não existem, ok?! – Patrick a abraçou, afim de confortá-la

– Ok... Podemos ir dormir?

– Claro – ambos se levantaram do sofá de couro marrom

..........

O dia amanhecera ensolarado, como sempre eram as manhãs de verão em Sacramento. Assim que despertou, Teresa sentiu um enorme impulso de ir explorar sua nova vizinhança, em uma corrida matinal.

Tomou seu café preto, como era de costume, e saiu.

Correr sempre foi um hábito para Teresa. Ajudava a clarear a mente e, muitas vezes, a solucionar casos.

Aliás, falando em solucionar casos, Teresa ainda estava com um pé atrás quanto a esse caso do serial killer.

Um assassino frio o cruel como era, não deixaria que ninguém descobrisse sua identidade. E se alguém o fizesse, ele certamente mataria essa pessoa, sem dó ou piedade, assim como ele assassinou todas as suas vítimas.

Claro que Teresa não tinha filhos, senão sua preocupação seria ainda maior, mas ela temia pela vida de Patrick e por sua própria vida.

Ela ainda não tinha filhos. Há duas noites ela descobrira que estava grávida, mas ainda não tivera coragem para contar para Patrick.

Havia tanto que ela ainda não conseguira realizar, tantos sonhos... Ela não conseguia se imaginar colocando em perigo sua família.

Não que isso significasse que ela e Patrick já não houvesse se encontrado em situações parecidas, como quando eles começaram sua agência de investigações, e tiveram de encontrar o responsável pela morte de cinco membros de uma única família, mas havia algo nesse Red John que lhe dava arrepios.

De repente Teresa sente um calafrio, e então para de correr, olhando ao seu redor.

Definitivamente algo estava errado.

O calafrio que ela sentira era por causa do frio que se fazia.

“Que estranho” ela pensou “Estava calor quando eu sai de casa”, então ela olha para trás e não enxerga o prédio que ela morava.

“Impossível... Eu nem estou correndo a tanto tempo assim” considerou ela em sua mente.

– Mas onde é que eu estou? – ela disse em voz alta

– A senhora pode, por gentileza, sair do meio da rua? – perguntou uma voz feminina, e Teresa se virou para ver quem era.

“É um sonho... só pode ser” ela repetia em sua mente.

A expressão de choque e terror que estava em seu rosto, eram iguais aos da mulher que havia lhe falado.

Aliás, tudo nelas era igual.

O cabelo, os olhos, o nariz, a cor da pele, a altura... Era como se Teresa se olhasse no espelho.

– Mas o que...? – as duas disseram ao mesmo tempo – Quem é você? – ela disseram novamente em uníssono

– O que está acontecendo aqui? Onde eu estou? – perguntou Teresa

– Eu é que pergunto... Quem é você?

– Estava calor, eu saí da minha casa para correr, e então... Então de repente eu parei aqui.

– Está tudo bem, eu sou policial, eu posso te ajudar a encontrar sua casa... Qual é o seu nome?

– Teresa... – a outra mulher se espantou

– Eu me chamo Teresa também – ela se espantou – Teresa Lisbon.

– Eu me chamo Teresa Jane Lisbon.

– Jane? – perguntou a mulher – Igual Patrick Jane?

– Sim... – respondeu Teresa perplexa – é o meu marido, como você sabe o nome dele?

Teresa Lisbon caminhou em direção a outra Teresa e tocou-a no ombro, para ter certeza de que era real. Teresa Jane fez o mesmo.

– Ai meu Deus! – exclamaram as duas – Isso se parece com... Não! Tem que ser um sonho.

Ambas permaneceram caladas, de cenho franzido por bastante tempo, tentando descobrir o que estava acontecendo ali.

– Hey! Vocês duas, gêmeas – gritou um homem, com o carro parado atrás do carro de Lisbon – Vocês podem deixar para conversar fora da pista?

Somente aí as Teresas voltaram ao “mundo real”, ou seja lá o que aquilo era...

– Entra – ordenou Teresa Lisbon, apontando em direção ao carro, e ela dirigiu até sua casa.

– É aqui que você mora? – perguntou Teresa Jane olhando ao redor em estranhamento

– É sim, por quê?

– Isso é tão... Impessoal

– Está bem... O que está acontecendo? – perguntou Lisbon

– Olha, eu não faço a mínima ideia. Tudo o que eu sei é que eu estava correndo, o dia estava ensolarado, e de repente eu vim parar aqui.

– Isso se parece com Fringe – Lisbon comentou baixinho

– Essas coisas não existem – replicou Teresa

– Deve ser um sonho – disseram as duas

– Preciso acordar! Estou atrasada para o trabalho... – resmungou Lisbon

– Bem, mas... Se vocês está dormindo, então quer dizer que ainda é de noite, e você não perdeu a hora.

– Bem pensado... – foi apenas nesse momento que Lisbon lembrou de ser educada com sua... “visita” – Enquanto esperamos uma de nós acordar, quer uma xícara de café?

– Sim, por favor...

As duas se dirigiram até a cozinha, e Lisbon preparava o café. Milhões de dúvidas pairavam o ar.

– E então... – começou Lisbon – Como é ser casada com o Jane?

– Maravilhoso – respondeu Teresa – Nos conhecemos há tanto tempo, que nem sei como seria viver sem ele...

– Quando se conheceram?

– Quando eu era criança... Em Chicago, depois que meu pai morreu. Minha mãe se casou com Gregory, que era um amigo antigo do pai de Patrick. Eles tinham acabado de sair do circo, e foram morar perto de nós.

– Sua mãe não morreu? – perguntou Lisbon com lágrimas nos olhos – Quero dizer, em um acidente de carro?

– Não... Meu pai morreu em um acidente de carro. O que aconteceu com os seus pais?

– Bem... Minha mãe morreu, eu tinha doze anos. Então meu pai começou a beber, até que as coisas saíram do controle e ele não conseguiu mais parar de beber. Quando ele estava bêbado, ele batia em mim e em meus irmãos... Até que ele se matou.

– Eu sinto muito.

– Está tudo bem agora. Já faz muito tempo. Aqui – Lisbon entregou a xícara de café para Teresa e as duas foram até a sala, e se acomodaram no sofá – Você e o Patrick tem filhos?

– Não... Ainda não – Teresa passou a mão sobre a barriga – Eu ainda não contei para ele. Nunca conversamos sobre ter filhos... Não sei se ele vai aceitar bem a notícia – Teresa bebeu mais um gole de seu café – Mas por que tantas perguntas sobre o Patrick?

– Huh... Por nada – tentou disfarçar

– Você está apaixonada por ele. – afirmou Teresa

– Claro que não! – Lisbon levou a xícara à boca

– Sim, isso definitivamente é um sim! Você colocou a xícara na boca. Patrick me disse que eu faço isso quando minto – acusou Teresa, e Lisbon largou a xícara em cima da mesa centro.

– Ok, isso é um sonho mesmo, então que se dane. Sim, eu estou apaixonada pelo Patrick, mas não há possibilidade de ficarmos juntos

– Por que não?

– Porque ele ainda se considera casado com a falecida esposa dele.

– Falecida esposa?

– É... Red John, um serial killer, matou a esposa e filha dele, e desde então ele tem buscado vingança.

– Oh meu Deus... Nós fomos procurados para trabalhar com esse caso do Red John... Por isso mudamos de Chicago para Sacramento – espantou-se Teresa

– Bem então nã-

*Pi-pi-pi-pi-pi-pi-pi*

O despertador tocou e Teresa, de assustada que estava com seu sonho, levantou seu torço, sentando-se na cama, com a respiração ofegante.

– Tessie? Está tudo bem? – perguntou Patrick sonolento

– Está, está... Só tive um sonho maluco –respondeu ela deitando-se novamente

– Quer me contar esse sonho?

– Não. Mas quero te contar outra coisa...

– O que foi?

– Patrick, eu... Eu... Eu estou grávida – Patrick sorriu e abraçou com força sua mulher

– Vamos ser pais? – ele perguntou emocionado

– Vamos. E, Patrick...

– O que foi?

– Eu não quero trabalhar no caso desse serial killer.

– Sim, eu também acho que é melhor não... A gente liga para aquela CBI hoje e fala que não vamos aceitar o caso.

Patrick se aproximou de sua esposa e a beijou com o melhor dos beijos.

O futuro começava agora. Porque a cada pequena mudança, ou começou diferentes, a vida se transforma.

E nunca para de se transformar.

.....................................................................

**********Bonus**********

No universo paralelo...

Teresa Lisbon raramente acordava atrasada. Mas justo naquela manhã, em que ela estava tendo um sonho desesperador, o relógio resolveu não despertar, por causa de uma queda de energia que ocorrera durante a madrugada.

Quase duas horas depois, ela acorda com o som alto de seu celular, que indicava que alguém estava ligando para ela.

– Alô – ela respondeu sonolenta

– Ahn... Chefe, já são oito e meia da manhã.

– O que? – ela levantou-se da cama em um pulo – Me desculpe, Rigsby, meu relógio não despertou. Estarei aí em trinta minutos.

Lisbon se trocou em uma rapidez de dar inveja, e em poucos minutos ela já estava em seu carro, dirigindo em direção ao CBI.

.....

– Chefe, que bom que chegou – disse Van Pelt com um tom de preocupação em sua voz. No corredor haviam algumas caixas empilhadas.

– O que está acontecendo aqui?

– Acho melhor a senhora ouvir do Jane... Ele está na sua sala.

Curiosa, Lisbon entrou em sua sala, encontrando seu consultor sentado em seu sofá branco.

– Ah, bom dia Lisbon – ele lhe entregou uma xícara de café – chegou atrasada, aposto que não bebeu seu precioso café.

– Apostou certo. Obrigada – ela pegou a xícara de suas mãos, e sentou-se ao lado de Jane no sofá.

As cortinas persianas da sala de Lisbon estavam fechadas.

– O que está acontecendo – perguntou Lisbon

– Eu... Eu desisti de perseguir o Red John.

– S-Sério? Isso é mais um truque seu?

– Não, Lisbon... Eu acho que... Se minha mulher visse no que eu me tornei com essa obsessão por Red John, ela não ficaria feliz. Por isso eu vou parar...

– Fico feliz por você Jane. De verdade – Lisbon sorriu – O que você vai fazer agora? Para onde vai?

– Sinceramente eu não sei... Mas não volto para o CBI mais. Pelo menos não por um tempo.

– Bem... Antes de ir embora, que tal um almoço? Para comemorarmos sua liberdade, hein?

– Eu não pretendia ficar aqui por tanto tempo... Mas quem sabe um café da manhã?

– Perfeito!

– E-Eu não estou muito no humor para despedidas, então podemos ir só eu e você? – perguntou receoso

– Claro... No Marie’s?

– Ótimo.

Sem olhar para trás, evitando as perguntas, Jane e Lisbon saíram do escritório do CBI e foram até o Marie’s.

Assim que chegaram, fizeram os pedidos: café e um muffin de chocolate para Lisbon e um chá de erva doce e ovos mexidos para Jane.

– Para onde vai agora? – Lisbon insistiu na pergunta

– Exatamente agora eu vou até a minha antiga casa em Malibu, pintar o quarto e colocar a venda – Jane respondeu

– Quer ajuda?

– Não, você não precisa ver aquilo

– Eu não me importo...

– Bem... Nesse caso, eu... Agradeço – ambos sorriram tímidos.

Lembrando-se do seu sonho, Lisbon tomou coragem e continuou a conversa:

– Você pensa em se casar? – Patrick riu diante dessa pergunta

– Acho que ninguém se candidataria...

– Sério? Tenho certeza que até faria fila.

– Fila? E quem você acha que estaria nessa fila? – ele continuou na brincadeira

– Sophie Miller, aquela mulher do caso das borboletas, a agente Green do andar debaixo, eu, aquela suspeita do caso passado...

– Espera, espera... O que disse?

– A mulher do caso passado. Lembra? Aquela loira.

– Não, não... O que disse antes disso? – Perguntou Jane. Lisbon prendeu a respiração...

– “Eu”. Eu disse “eu” – ela confessou finalmente

Patrick sorriu.

Por cima da mesa, o loiro estendeu a mão até alcançar a mão de Lisbon, que tinha abaixado seu olhar.

– Bem... Você sempre foi a única da minha “fila” – Lisbon alçou o olhar.

– Sério?

Jane, porém, não respondeu com palavras. Ele levantou-se e tocou o queixo dela levemente, aproximando-se cada vez mais de Lisbon.

Os olhos se fecharam inevitavelmente a milímetros antes de suas bocas se conectarem. E logo o beijo veio, doce e carinhoso.

Cheio de promessas e esperança.

Um começo diferente.


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Notas finais do capítulo

Mais uma fic chegando ao fim, e aí a gente pensa duas coisas:
1 - Poxa, que triste...
2- Meu Deus, que escritora doida é essa? Que final maluco foi esse?
hahahahahahahaha
Acho que estou assistindo Fringe demais... Mas sério agora, vocês gostaram do final, ou ficou muuuuuuito louco e confuso?
Não se acanhem, digam o que pensam se pestanejar *.*
Quero agradecer todos os comentários que recebi nessa fic e também pelas recomendações (foi a primeira vez que eu recebi uma recomendação *-* morri de fofura), e quero dizer que...
...
...
Em breve tem surpresa no pedaço :P
Beijinhos



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