— Sirius Black! – exclamei irritada, enquanto ele me colocava como um saco de batatas em seu ombro. – Ponha-me no chão!

Comecei a tentar me desvencilhar do aperto forte que seus braços faziam em minhas pernas e socar suas costas. Inútil. Mas vale ressaltar que foi bom ele ter intervindo, de outra maneira, talvez eu tivesse matado a garota. Oh, sim, claro. Deixe-me explicar: eu estava andando tranquilamente para a minha última aula do dia, Transfiguração, e do nada essa garota apareceu e começou a dizer que eu era obrigada a ajuda-la a conquistar o James e que afastasse a Lily dele. Blá-blá-blá! Uma porção de bobagens. Eu estava prestes a continuar andando e ignorar, quando ela do nada começou a chamar a Lily de todos os nomes possíveis.

Eu tenho apenas uma única regra: nunca fale mal dos meus amigos perto de mim. Fazer isso é pedir para me ver estressada, além disso, para completar o suplício da garota, ela me chamou de vadia. Vadia!

Oh, bitch!

Ninguém que me chama de vadia sai ilesa para contar a história.

— Vai me pôr no chão?

— Você já está mais calma?

Apesar de já estarmos dentro do salão comunal de gryffindor, ele ainda me mantinha bem apertado em seus braços. Estava até chegando a me machucar, tamanha era a força empregada.

— Sim, estou. – suspirei derrotada.

— Poxa, Lely, nós só estamos aqui há uma semana e você já está quase assassinando uma garota!

— Não fale com esse tom de “você é culpada, sua maluca”.

— Você é culpada, sua maluca!

Bem segura no chão, amoleci meu corpo no sofá; rendendo-me a uma boa gargalhada que me foi acompanhada por Sirius. Era engraçado como, não importava a situação, ele sempre fazia rir. Não se deixe enganar, todavia. Black continuava sendo o cara mais irritante da face da terra.

— Mas a culpa não é minha, seu idiota. – falei com um sorriso. – É do James, e sua, também, que deixam essas meninas piradas. Já imagino quando você arranjar uma namorada.

— Que é que tem?

— Por favor! - falei. – Não aja como se as garotas de Hogwarts não fossem matar a pobre coitada.

— Isso é bem controverso. - riu. - Tendo em vista que a minha namorada em potencial acabou de mandar uma menina para a enfermaria, duvido que consigam mata-la.

Heck, essa me pegou de surpresa.

Não respondi sua fala, preferi manter meu silêncio. Contudo foi inútil, o clima já estava pesado como uma imensa rocha. Indaguei-me o que ele quis dizer com "a minha namorada em potencial acabou de mandar uma menina para enfermaria"? Sirius não tentou mandar uma indireta para mim, certo? Óbvio que não, sua estúpida! Esse moreno não sente nada por ninguém, não é por mim que ele mudaria.

Meu querido irmãozinho adentro ao salão comunal, seus lábios curvados em um grande sorriso. Assim que se acomodou no sofá, sentando-se ao meu lado, ele se permitiu dar uma gargalhada alta.

— Oh, Potter! - riu. - Tens noção de que a pobre garota está nesse momento desacordada na enfermaria?

— Ah, ótimo! – falei com um tom contente e um sorriso aberto.

— Certo, agora explique o motivo.

— Que motivo?

— De nocautear uma pobre e indefesa garota?

— Ah, Jim, eu estou cansada dessas meninas me usarem como escada para chegar até você. - rolei os olhos, entediada. - Brittany veio com uma historinha de que eu tinha que juntar você e ela, xingou a minha doce ruivinha de todos os nomes possíveis e, o pior de tudo, me chamou de vadia!

— Você é um furacão garota!

Seu comentário foi banhado em uma gargalhada, até o seu olhar se perder nos lances de escada que levavam ao dormitório feminino. Não precisava ser gênio para saber quem descia por elas nesse momento: Lily Evans, claro!

— LETHÍCIA POTTER!

— Que nome mais doce! - suspirei.

— Não acredito que você mandou outra garota para a enfermaria!

Não evitei fechar a cara e fazer pouco do comentário, rindo baixo. Porém, creio que isso a irritou profundamente, já que ela se aproximou de mimm com olhos semicerrados e um bico engraçado. James se ergueu e se pôs entre nós, como se aquilo fosse evitar um grande sermão da ruiva.

— Certo, briguem depois. - disse, com a testa franzida. - Nós temos um treino agora.

— Temos?

— Sim. - gesticulou com a cabeça. - Vamos?

— Oh sim, claro!

— Não pense que você vai escapar da detenção, senhorita! - gritou.

— Ame-me menos, gata!

Soltei beijinhos no ar.

Não costumamos brigar tanto assim, normalmente. Somos confidentes uma da outra, todavia estamos no meio de uma crise, já que ela se negava a aceitar que Amus Diggory era passado. Ficava se lastimando por aquele filho da mãe maldito, que somente a fez sofrer. Eu estava cansada de encontra-la a chorar no quarto depois de o ver aos beijos com uma qualquer.

Depois de trocar-me nos vestiários, ganhei o caminho para os gramados. O conjunto de caras já estavam lá, dando altas risadas e brincando uns com os outros. Era a cena mais fofa que eu já vira no mundo inteiro, sentia vontade os apertar em um abraço.

— Leth, anã! - Frank berrou, entre risadas. - Vem logo!

— Anã my ass, bastard! - xinguei-o.

Agilmente subi na vassoura e em apenas um golpe, roubei a goles de suas mãos. Continuei voando, até atingir uma altura razoavel e parar. Nos céus, ri alto da cara de tacho de Frank. Ele era o melhor artilheiro do time, em conjunto com James e Arthur.

Eu era a apanhadora.

O próximo jogo era o meu último, já que eu deixaria o time. Não tinha mais idade nem coragem para continuar jogando. Para falar a verdade, queria mais tempo livre para estudar e me dedicar aos NIEMs. Ok, a quem eu quero enganar? Só estou com preguiça.

Após duas horas de treino initerrupto, todos estavam suados e entraram no chuveiro. Aguardei todos os meninos se banhar e sair cheirosinhos do dormitório para finalmente entrar lá. No meio do meu delicioso banho, ouvi um ruído estranho. Desliguei o chuveiro, enrolando meu corpo na toalha. Busquei a fonte do barulho com uma vista grossa, não o achando imediatamente.

Bufei irritada, não tinha ninguém no recinto e...

— Bu!

— Oh my sweet lord jesus*! - berrei, quase me urinando.

A toalha quase escapou do meu corpo, todavia a segurei com força. Com a respiração descompassada, tentei a ajeitar no meu corpo. Assim que me acalmei, o susto momentâneo foi embora e surgiu uma raiva flamejante.

— Sirius, tu tens problemas na cabeça?

— Foi apenas uma brincadeira, Leth, relaxe!

— Relaxar? - arregalei os olhos. - Eu quase vomitei, de tanto medo!

— Já passou sh, sh.

— Não me manda fazer sh. – retruquei estressada. – Ok, sai daqui agora e nada de tentar espiar enquanto troco de roupa.

— Eu não faço isso! – exclamou indignado.

Ergui as sobrancelhas ceticamente, empurrando-o até a porta e batendo-a na sua cara. Com alguma cautela, pus as roupas devidamente no meu quarto e sai do vestiário, torcendo que aquele maldito cachorro já estivesse bem longe daquele lugar.

É claro que ele não estava.

Pelo amor de Deus!

— Sirius, que diabo você está fazendo... Arthur?

— Ahn, oi, Lethícia!

— Olá!

Senti meu rosto queimar um pouco, envergonhada por ter gritado sem querer com ele. Apesar dele ser loiro, o garoto e Black tinha a mesma altura e corte de cabelo, não me culpem por ter confundido os dois. De qualquer forma, Arthur era o garoto mais doce e gentil que eu conhecia, além de um perfeito cavalheiro. Nada compatível com a pessoa cuja eu confundira ele com.

Eu nunca falara mais do que umas poucas palavras com ele, já que ele era demasiado tímido e eu não corro atrás de garotos. Era um pouco estranho Arthur estar ali, me esperando. E o melhor, querendo falar comigo. Comigo!

— Bem, queria falar alguma coisa?

— Hã? Sim, sim!

Sorri, encorajando-o.

— Hum, podemos ir andando para o castelo?

Dei de ombros.

— Sim, está frio aqui.

Caminhamos em silêncio até chegarmos a entrada da torre de gryffindor. Pude ver o quão nervoso, o pobrezinho estava; senti pena. Ele hesitou antes de finalmente destar a falar. A Mulher Gorda assistia tudo, comendo rosquinhas com uma amiga.

— Eu queria... Hã, bem, sair com você.

— Hogsmead?

— Ainda está muito longe...

— O que está em sua mente?

Ele sorriu e, meu Deus, que sorriso lindo.

Acho que eu podia me dar muito bem nessa empreitada.

— Eu estava pensando em um picnic. - sorri. - Sei que é ridículo, mas...

— Relaxa, eu adorei a ideia. - mordi o lábio. - Adoraria sair com você, Arthur!

Finalmente entramos, com sorrisos radiantes. Antes de ele seguir o caminho para o dormitório, segurei-o pelo ombro e o dei um demorado beijo na bochecha. Pude ouvir um bufo e uma gargalhada ao fundo. Ah, eu adorava aqueles meus amigos e irmão.

James olhava para Sirius com um ar cômico.

— E então, Lely, ele te chamou pra sair?

— Sim! – dei um gritinho de excitação.

— Finalmente! – James exclamou e riu.

— Não vejo grande coisa nisso. – Sirius resmungou mal humorado.

Rolei os olhos.

E ainda dizem que as mulheres são complicadas.

Eles provavelmente não conhecem o Sirius.