POV Harry

Alguém lá em cima estava disposto a brincar com o meu autocontrole.

Naquela manhã, quando minha mãe teve a não tão brilhante ideia de fazer um piquenique na praia, vi uma ótima oportunidade de surfar. Era algo que eu adora fazer, mesmo não o fazendo com a frequência que gostaria. A única coisa que impediria daquela manhã ser perfeita -assim como todas durante essas férias- era Gina. Quando ela desceu pronta para ir a praia, não tive nenhum pudor em disfarçar o ato de passar meus olhos por todo o seu corpo com uma cara de quem não estava gostando nada do que via, o que era um tanto injusto de minha parte. Quer dizer, ela poderia ser a mulher mais irritante que eu tive a infelicidade de conhecer, mas também sabia ser tão linda que fazia meu corpo desejá-la com uma força que eu nunca havia sentindo antes por nenhuma outra mulher.

Mas eu simplesmente não diria isso à ela. Meu Demônio Pessoal era irritante demais para merecer tal elogio. Então, quando ela chegou perto de mim, tudo o que fiz foi sorrir de lado e falar a minha não tão sincera opinião sobre suas vestes de praia. E o fato dela ter ignorado fez eu perceber que o recado havia "chegado" aos seus ouvidos com sucesso.

Na praia, eu fazia questão de ignorá-la. Apesar de desejar que ela não estivesse ali, meu corpo e meus olhos sabiam perfeitamente que aquilo não aconteceu. Tudo piorou quando ela resolveu tirar o vestido e ficar só de biquíni, o que me fez engolir em seco.

Meu Demônio Pessoal era gostosa pra caralho!

Foi naquele momento que eu decidir dar atenção a minha prancha de surfe, o que de certa maneira funcionou. Me fez esquecer – por quase uma hora – que Gina Irritante Weasley estava só de biquíni a poucos metros de mim.

Só saí do mar quando senti a primeira gota de chuva em minha pele. Não havia notado que o céu estava nublado, muito menos que meus pais e os pais de Gina haviam ido embora.

Quando entramos no carro e eu dei a partida, ela estava com mais raiva que o normal, o que piorou quando recebeu a ligação de sua mãe. Perguntou se havia um hotel, e eu realmente desejei que houvesse um, pois não achava que conseguiria controlar meus olhos a ficarem longe das pernas de Gina por mais tempo.

–Isso tudo é culpa sua! –Disse ela, com a cabeça baixa e com raiva.

Eu bufei e ri.

–Ah claro, como se eu fosse adivinhar que a estrada estaria alagada e as árvores iriam cair. –Falei, com deboche.

Ela passou as mãos nos cabelos ruivos em um gesto que demonstrou sua impaciência diante do que estava acontecendo. A ideia de estar preso com ela em um carro no meio do nada parecia um pesadelo para Gina assim como para mim.

–Seu idiota, se você estivesse pelo menos prestando atenção no céu e tivesse visto que choveria, nada disso estaria acontecendo!

–Desculpe decepcioná-la, mas eu estava ocupado tentando não morrer afogado. –Falei, demonstrando a minha raiva. Meu Demônio Pessoal deveria merecer o prêmio de mulher mais irritante do século!

–Mais um motivo para que você houvesse prestado atenção! –Gina bateu na porta do carro do meu pai e jogou o celular de qualquer jeito dentro de sua bolsa aos seus pés. –Tem certeza que não tem nenhum hotel perto daqui?

–Tenho.

–Pois eu acho que você está errado. Seus óculos não servem pra muita coisa, afinal.

–Conheço essa estrada desde criança. Não há nenhum hotel por aqui.

–E a quanto tempo você não vinha na casa de praia dos seus pais? Me poupe Potter, mas se você ainda não sabe, além do seu jeito irritante, as coisas costumam mudar! Deve ter algum hotel por aqui por perto sim!

–Não tem! –Falei, batendo no volante e olhando pra ela com raiva.

–Quer saber? Não vou ficar aqui parada, dentro de um carro curtindo a sua péssima companhia! Vou atrás de um hotel. –Gina tirou o cinto de segurança e saiu do carro tão rápido que eu mal tive tempo de falar algo.

Suspirei e voltei a bater no volante. Porque ela nunca acreditava em mim?

Pelo vidro do carro, tentei vê-la, mas foi impossível devido a falta de claridade e a grossura da chuva. Pensei em ligar o carro, mas por mais que a ideia de deixar Gina ali perdida soasse como música aos meus ouvidos, eu nunca teria coragem de o fazer. Bufando, saí do carro, sentindo minhas roupas serem encharcadas pela chuva e meus óculos embaçarem.

–Gina! –Gritei, caminhando na direção onde ela estava indo. Apressei mais o paço e peguei em seu braço, a fazendo parar de andar e virar-se pra mim. Seu vestido, também encharcado, estava colado em seu corpo assim como seus cabelos. Seus lábios estavam tão vermelhos que parecia que ela havia passado algum batom, mas a causa era o vento frio que vinha juntamente com a chuva. Droga, porque diabos ela não parava de ser tão... desejável?

–Me largue! –Ele teve que gritar para que eu a ouvisse.

–Você não vai em lugar algum agora! –Falei alto, trazendo ela para mais perto de mim quando essa tentou andar novamente.

–Porque não? –Gina ainda tentava se soltar de mim, mas a proximidade entre nós era grande demais e eu era subitamente mais forte que ela.

Suas tentativas falhas de se livrar de mim foram por água abaixo quando eu, com minha outra mão livre, segurei seu outro braço, fazendo com que o corpo dela se chocasse contra o meu. Pude sentir o ritmo de sua respiração e seus seios cobertos pelo biquíni e vestido roçando em meu peito.

Aquilo era tortura! Seus lábios carnudos e vermelhos estavam a centímetros de minha boca e mesmo tentando não ligar para esse fato, eles eram convidativos demais para que eu os ignorasse.

–Porque você vai ficar aqui, comigo!. –Antes que ela falasse qualquer outra coisa, eu a enlacei com um braço pela cintura e a beijei com tanta vontade que ela se assustou.

Nunca em minha vida me imaginei beijando Gina Weasley, muito menos que ela corresponderia, o que de fato não aconteceu. Quando ela entreabriu os lábios e finalmente pensei que cederia, ela mordeu meu lábio inferior com força e se afastou de mim.

–Ai! Você é louca? –Eu gritei, pegando em meu lábio mordido.

–Seu idiota! O que pensa que está fazendo? –Ela gritava e distribuía tapinhas em meu peito. –Acha que pode sair me beijando assim, a hora que quiser?

Eu ri debochadamente e a puxei novamente para mim, mas dessa vez pela nuca.

–Sabe o que eu acho, Weasley? Que você se faz de durona, mas quer isso tanto quanto eu. –Novamente não esperei resposta. A beijei ferozmente, forçando sua nuca e apertando sua cintura contra a minha. Meti minha língua em sua boca sem deixar que ela correspondesse ao beijo, e sem dar espaço para que ela também o interrompesse.

Demorou apenas alguns segundos até ela se render e corresponder com tanto ardor quanto eu.

Seus lábios eram macios e firmes ao mesmo tempo. Possuíam um gosto tão viciante que eu soube que não me contentaria somente com beijos.