Série Auror - Primeira Temporada escrita por Van Vet


Capítulo 2
Capítulo 2




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LONDRES, INGLATERRA



Cinco e meia da manhã, segunda feira.

Frio de castigar. Os termômetros das praças do Trafalgar Square e do Beco Diagonal marcavam 3º abaixo de zero.

Hora de levantar. Hora de trabalhar. Harry deu graças a Merlin. Passou a noite inteira acordado mesmo.

Ansiedade.

Primeiro dia no Ministério da Magia, oficialmente, como um Auror. Um combatente da Arte das Trevas.

O quarto ainda estava escuro naquele fim de madrugada gélido. Gina não passava de uma sombra voluptuosa entremeada nos lençóis de cetim. Ressonava baixinho e gemia esporadicamente. Seu jeito de dormir.

Harry levantou na ponta dos pés. Não tencionava acordar a esposa. Ontem, como todo Domingo, havia sido jogo do Harpias de Holyhead. Desempenho brilhante na vassoura, o típico de uma artilheira titular; várias goles dentro dos aros, ótimos dribles e esquivando-se dos balaços sem dificuldade. Porém, segunda feira ela se dava ao luxo de voltar a ser apenas mais uma mulher. Uma muito exausta.

Harry foi até seu lado do guarda roupa e pegou o uniforme de auror. Capa e calça preta e camisa de gola alta, cinza chumbo – agora sem insígnias, já que o ministério optara por preservar a cautela e o anonimato de seus homens. No inverno, uma ótima vestimenta, mas ele nem queria imaginar como aquilo esquentaria no verão.

Último acessório. O mais importante. A varinha de azevinho. Vinte e oito centímetros. Núcleo de pena de fênix. Flexível e intuitiva.

Harry foi até o espelho com a varinha em mãos e o uniforme no corpo. O quarto era só penumbra, mas ele ainda conseguia ver sua imagem refletida através dele. Endireitou o corpo e ensaiou um movimento simples com o equipamento de trabalho. Aquela varinha já havia o auxiliado tantas vezes, salvando seu pescoço, e agora lá estavam os dois, prontos para juntos encararem o primeiro dia de emprego.

***

Ron deu um grande bocejo e entrou se arrastando no saguão principal do Ministério. Elfos, Duendes e Centauros, endeusando dois bruxos.

Quando eles iam trocar aquela baboseira?

Não que ele estivesse TÃO preocupado assim com a decoração do seu local de trabalho. Sim, ela era um tanto preconceituosa, mas não era esse o motivo.

O que ele não aguentava era Hermione bufando e esbravejando umas trezentas leis e normativas ao lado dele, sempre que passavam por aquele saguão.

Hoje, porém, sua noiva não lhe fazia companhia. Seu expediente começava mais tarde. Oito horas da manhã. Bem mais tarde.

Sortuda!

Seis horas da manhã, no andar do Quartel General dos Aurores, era covardia. Se ele soubesse dessa carga horária teria reavaliado o emprego e permanecido com Jorge nas Gemialidades Weasley.

Certamente que não!

Embora estivesse cansado, carregando uma noite mal dormida nos ombros, Ron ansiava pelo momento de se apresentar definitivamente como Auror. Ninguém da sua família havia sido auror. Pelo menos, não oficialmente.

Sua mãe havia lhe enviado uma carta para casa dos Grangers, onde ele jantava com Hermione e os sogros, dizendo como estava orgulhosa por ter passado nos teste.

Até parece que não ia passar!

Hermione não o deixou respirar nas últimas duas semanas. Era só estudo. De Poções do Amor até do Morto-Vivo. De Dragões a Diabretes.Até História da Magia, ela o fez estudar!

Então ontem, quando tudo o que Ron queria era uma caneca fumegante de cerveja amanteigada, lá veio ela querendo fazer revisão.

Revisão?! Ele já tinha passado nos testes!

Aquilo foi demais. Ele não aguentou e depois de onze anos voltou a chamá-la de pesadelo, e pior, não pediu desculpas pelo insulto. Não se arrependeu.

E sim, eles estavam brigados.

***

O escritório de Malcolm Willard cheirava a tabaco. Tabaco verde das plantações elfas escandinavas. Um grupinho de ex-servidores dos bruxos que se instalara nas montanhas e se especializara na produção do fumo. O mais caro e fedido da Europa. O preferido dos chefes.

O auror-chefe era bem apessoado. Alto, magro, pele bronzeada, cavanhaque aprumado, mas, ainda assim, tinha o desagradável hábito de acreditar que todo mundo que entrava no seu recanto tinha a obrigação de respirar aquele odor.

Harry já estava sentado, esperando-o, quando ele entrou. O homem tinha verdadeira adoração por Harry e era um dos melhores amigos do Ministro Kingsley.

Puxa saco!

–Harry, bom dia! – saudou Willard entrando em seu próprio escritório.

–Bom dia senhor. – responde Harry educadamente, estendo a mão para ele.

–Hidromel? – ofereceu o homem se servindo de uma dose da garrafa, sob a escrivaninha de mogno.

Logo cedo?!

– Não. Obrigado.

–Sabe Harry, um cálice de hidromel pela manhã fortalece os músculos.

Harry sorriu, mas ainda assim recusou sua dose fortalecedora. Temia que a bebida fizesse o feito reverso.

–Sabe, Sr. Willard, eu estou muito ansioso em saber qual será minha tarefa como auror... –arriscou.

–Ah, sim! Nós já vamos falar sobre isso. Só estamos esperando seu parceiro chegar.

Parceiro???

–Parceiro? Como assim, senhor? – ninguém havia mencionado parceria constante. Ele esperava que esse não fosse o caso.

–Harry, meu caro, você melhor que ninguém sabe que depois da segunda grande guerra o ministério adquiriu diversas precauções. Comensais errantes, feitiços das trevas aprisionados, somente esperando o melhor momento para alguém os libertarem. Nenhum de nossos aurores tem mais “carreira solo” no Ministério... É arriscado demais vocês trabalharem sozinhos.

Harry se remexeu desconfortavelmente na cadeira. O que era pior: um bruxo seguindo seus passos como uma sombra ou Willard com essa mania de gesticular aspas, no meio das falas?

Ele tentou manter o humor. Não podia perdê-lo no seu primeiro dia de trabalho.

–E então, Harry, quando sua mulher vai me arranjar àqueles bons lugares para os jogos de Quadribol? – comentou Willard.

–Eu falarei com ela. – respondeu polidamente, mas não iria falar nada. Malcolm torcia pelos Montrose. Ele que fosse procurar ingressos grátis com alguns de seus astros.

–Ah! Ai está ele! – exclamou Willard erguendo-se da sua cadeira e caminhando na direção da porta.

Harry temia descobrir quem era seu parceiro. Provavelmente um daqueles inúteis que treinavam com ele na academia e não conseguiam executar sequer um feitiço do corpo preso decente.

–Er... Bom dia Sr. Willard.

Voz familiar. Muito familiar.

–RON! – espantou-se Harry. O amigo vestia mesmas vestimentas negras de auror e exibia uma expressão tão surpresa quanto à dele.

–Só sendo um explosivim desmiolado para deixar meus dois melhores aprendizes separados! – anunciou o chefe, risonho, e sentou-se diante da escrivaninha, mas não sem antes oferecer um lugar a Ron ao lado de Harry.

Ron olhou para Harry, confuso. Harry também estava digerindo aquela notícia. Uma boa notícia. Seu amigo, o melhor aprendiz da turma, além dele. Seu parceiro.

–Então o Harry e eu... – começou Ron. Ele continuava confuso.

–Vocês dois, parceiros? – completou o chefe – Exato! Vocês são cunhados. Não precisam de apresentação – continuou, de modo prático e sem demora agitou a varinha na direção de uma estante cheia de pergaminhos arquivados perto da porta – Vamos logo à missão.

Uma pasta escarlate flutuou até a escravinha de Malcolm e se abriu com cuidado. De dentro, dois pergaminhos desdobraram-se lentamente e vieram repousar diante dos amigos.

– A queixa vem de Ursula Flood. Última sexta feira à tarde. Este rapaz – Willard apontou a foto de um homem franzinho de tez eternamente assustada - Alfred Flood, morador do condado de Hillside Village saiu para caçar grindylows com dois companheiros. Prometeu a mãe estar de volta até sábado de manhã. Nada. Nenhuma notícia. Nem carta, nem patrono, muito menos a rede de Flu.

Harry não via como aquilo poderia ser tarefa de um auror. Um homem, maior de idade, saindo com os amigos. Não havia nem completado uma semana de desaparecimento. Poderia estar em qualquer lugar entornando barris de uísque de fogo. Entretanto, foi Ron que soltou a pérola.

–Nosso primeiro caso e seremos babá de um marmanjo que finalmente decidiu largar as barras do vestido da mãe? – seu amigo possuía aquela mesma entonação casual de quem não percebe as asneiras que profere.

Willard pareceu visivelmente irritado com a insolência, ainda que ingênua, de seu auror e foi com um quê de ironia de informou aos dois.

–Acontece, meus caros aurores, que Alfred é mestiço e um de seus companheiros é um inimigo ferrenho dos ex-comensais, Daniels Carlyle.

Ah, sim! Esse era um bom motivo para se preocupar.


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Notas finais do capítulo

Tem alguém lendo? Comentem, please!!!



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