Edmundo balançou a cabeça negativamente ao olhar para o irmão mais velho.
–Você trouxe uma telmarina para o nosso esconderijo Pedro? Eu não quero bancar a Susana mas, você por acaso perdeu o juízo? - O moreno perguntou ao irmão enquanto Pedro bufava revirando os olhos de maneira que somente ele sabia fazer da maneira mais irritante possível.
–Eu não sei, simplesmente senti que devia acolher ela aqui conosco. - Pedro falou cruzando os braços sentindo as bochechas esquentarem.
–Mesmo assim! Ela pode ser uma espiã de Miraz, já parou para pensar nisso? - Edmundo falou encarando o irmão, ele não conseguia entender o porque do irmão ter acolhido uma estranha em seu esconderijo. - Ela pode ser o nosso fracasso!- Edmundo exclamou irritado o que raramente acontecia, mas desde quando ele perdera Loren ele parecia um pouco mais descontrolado, mais grosso, mais irritado, mais triste e solitário.
Pedro suspirou, o irmão tinha completa razão. Como ele poderia explicar para Eddie que ele sentiu de repente que deveria acolher aquela garota? Como ele poderia explicar que aquela garota seria grande ajuda para eles?
–Olhe Ed, mas foi ela que nos levou até o quarto de Miraz enquanto Loren se encontrava com você na Torre- Pedro murmurou e percebeu sua voz morrer assim que ele percebeu que havia falado o nome dela, Susana havia combinado com ele e Lúcia de não comentarem mais sobre Loren. Ela não queria que Eddie sofresse se lembrando dela, trazendo culpa para a sua consciência Edmundo percebeu isso, e abaixou o olhar.
–Por que vocês estão fazendo isso? - Edmundo perguntou com olhar ainda baixo, sua voz soava triste e distante. - Não é possível esquecer alguem que amamos Pedro..
–Eu sinto muito mesmo Ed. - Pedro falou desconfortável e Edmundo voltou a erguer o olhar para encarar o irmão.
–Mas, voltando ao assunto.Você deve assumir os riscos por conta própria, qualquer coisa que ela fizer o risco é todo seu tudo bem? - Edmundo falou olhando para o irmão com um sincero olhar de desculpas, eles estavam se arriscando demais por causa de uma garota que eles não conheciam. Pedro suspirou.
–Eu assumo. - Ele falou olhando para irmão que deu de ombros, ele ainda não conseguia compreender o por quê de Pedro estar se arriscando tanto assim por uma garota. Pedro abaixou a cabeça e começou á caminhar até um canto da caverna onde Sara estava, a loira estava terminando de fazer uma trança em seus cabelos, ela cantava silenciosamente alguma canção que Pedro não reconheceu mas fez seu coração saltar de seu peito, ele se sentou do lado dela que não percebeu sua presença e ele continuou olhando ela observando cada detalhe de seu rosto, olhos de esmeralda brilhantes, lábios finos rosados, bochechas levemente avermelhadas e uma pequena pinta ao lado de seu olho esquerdo. Quando ela terminou a canção e levantou a cabeça e viu o rei a observando sentiu seu rosto queimar.
–Desculpe-me senhor mas eu acho que é muito desconfortável o senhor entrar aqui sem aviso prévio, em outras palavras, Qual é o seu problema?- Ela resmungou com as bochechas ficando mais avermelhadas. Pedro riu jogando a cabeça para trás de maneira graciosa.
–O meu problema é aqui estar escuro demias e eu não poder admirar a sua face. - Pedro falou piscando para ela que sentiu suas orelhas ficarem vermelhas, o que fez a risada de Pedro aumentar, ele adorava irritar a loira. Sara bufou e empurrou Pedro de leve.
–Pare de me cantar! - Ela bufou mas quando olhou para o moreno ela riu junto com ele, e incrivelmente ficar com Pedro e rir com ele era uma coisa ótima para ela. Ela se sentia feliz, talvez mais feliz do que ela já foi. Pedro olhou para ela e sorriu.
–Acho que esse é um pedido impossível minha cara. - Ele falou e Sara sentiu as bochechas esquentarem novamente e Pedro recomeçou á rir da cara da menina.

(...)

Ela acordou de um longo sonho.
Loren olhou em volta, não reconhecia aquele lugar. Ela estava dentro de uma cabana de madeira deitada em uma cama improvisada, havia estantes com alguns livros na cabana uma lareira acesa e um bule de chá esquentando. A cabana cheirava a livros, mas também o cheiro de chá de limão que invadia as suas narinas. Loren continuava intacta, seus cabelos cacheados estavam limpos, ela vestia a mesma roupa que usava durante a guerra porém estava sem a sua armadura, estava descalça mas, seus tênis se encontravam ao lado da cama. Onde ela estava? Que lugar era aquele? Ela não teve tempo para responder aquelas perguntas pois assim que ela parou de observar o lugar ela voltou á sentir a dor de seu braço quebrado, então aquilo era real ela pensou. Um vulto surgiu á sua frente, era uma imagem familiar para ela , mas ela nunca conseguiria se lembrar de alguem que ela nunca tinha visto pessoalmente. Era uma mulher incrivelmente bela, sua pele era incrivelmente pálida branca como papel, seus lábios porém eram vermelhos como sangue e seus cabelos eram loiros* e esvoaçantes. Ela sorria amavelmente para Loren.
–Onde eu estou? - Loren perguntou com a voz fraca sentindo a dor no seu braço diminuir um pouco. A mulher continuou com seu sorriso um tanto misterioso.
–Eu sou Jadis, prazer em conhece-la. Creio eu que você deve ser Loren Grey? - Ela falou amavelmente para Loren que tentava pensar se aquele nome era familiar para ela.
–Como a senhora sabe o meu nome? - Loren perguntou enquanto a mulher se sentava próxima á ela em um sofá.
–Oras Loren, eu sei de muitas coisas sobre Nárnia. - A mulher sorriu novamente para ela, como alguem que guarda um segredo.
–Como eu vim parar aqui? - Loren perguntou para a mulher.
–Eu vi você no bosque coitadinha, ensopada de sangue e resolvi cuidar de você. - Ela falou sorrindo para Loren que procura raciocinar as palavras da mulher.
–Oh..Eu conheço a senhora de algum lugar? - Loren perguntou para a Jadis que parou de sorrir e seu rosto ficou com uma expressão séria.
–Então sua mãe nunca falou nada para você sobre mim? - Jadis perguntou, Loren percebeu que na sua voz havia muita mágoa. - Francamente, acho bom você ouvir essa longa história então.