Por que as pessoas adoram me acordar ? Cara, parece que é um passatempo tipo: Ha, não tenho nada pra fazer. Já sei! Vou acordar a Katerina porque eu sou burro e quero morrer.

—Katerina, peste, levanta sua mãe tem um comunicado. -Diz Zaine empurrando meu ombro, suspiro irritada.

Cara, é sexta de manhã num feriado.

Quem acorda cedo num feriado?! Mais que merda!

—Maldição. -Resmungo me mexendo na cama. -Só mais cinco minutos!

—Anda logo.

—TÁ PRAGA! -Digo, olhando feio pra ela, que nem dá moral e sai porta a fora.

Levantei lentamente, sentindo-me cansada e querendo voltar pra minha cama e sonhar com unicórnios, vesti uma blusa e um short de dormir e passei água no rosto.

Espero que realmente valha a pena eu ter acordado, se não vou trucidar todos.

Desci e tava todo mundo reunido Zaine, mamãe e a Regan.

Fui pra cozinha que era do lado da sala e era separada por um balcão  que ia até o meio da passagem.

Sentei na cadeira da mesa e ela começou a falar.

—Bom, o Heath e os pais dele vão passar o feriado na casa do interior deles e nos convidaram, então arrumem as malas, nos saímos daqui a meia hora. -E eu que estava inocentemente atacando um pedaço de bolo, me engasguei e comecei a tossir que nem louca e balançar as mãos, quando me desengasguei falei:

—O QUE ? QUANDO, COMO, ONDE, EIN ?

Ah! Só pode ser sacanagem mesmo!

—É isso mesmo que você ouviu, agora vai arrumar a mala. -Cruzei os braços e ergui as sobrancelhas a encarando, cinicamente.

—Tá, boa viagem mas eu não vou. -Falei, simples assim.

—Ah! você vai. Katerina Marconní suba e vá arrumar sua mala! -Diz ela autoritária, apontando pra escada.

Merda! Eu não acredito que além de ter que olhar pra cara dele todo dia ainda vou ter que passar um final de semana inteiro com ele! 

Não que seja ruim, mais era pra ser, era pra horrível, pessimo! Mais meu corpo fica animado com isso.

Me odeio.

—Mas... -Tento argumentar, ela me interrompe.

—AGORA!

—Saco!

Subi e arrumei as malas, me odiando por estar gostando da ideia, e troquei de roupa.

—Estou pronta! -Gritei do andar de cima e desci as escadas, cheguei na sala encontro a família toda do Trevisan, arregalo os olhos e disfarço meu leve espanto.

Eram mais ou menos umas quinze pessoas espremidas na minha sala de estar minuscula.

—Mãe, você não disse que era só os pais dele que iam ? -Sussurrei quando cheguei perto dela, ela deu um sorrisinho amarelo.

—Pois é, acho que me enganei. -Sussurrou de volta e sorriu, bufei e bati o pé.

—Anda logo cambada tenho mais o que fazer- Falei.

—Katerina, educada como sempre. -Disse Marcos o pai do Heath.

—Sempre querido. -Respondo sorrindo falso.

Minha relação com o pai do Heath era conturbada, ele me agradece por eu ter colocado juízo na cabeça do filho dele e ter colocado ele nas rédeas, mais me odeio por eu pisar nele e infernizar o coitado.

—Vamos gente ? -Perguntou o Marcos.

—VAMOS!!-Todo mundo gritou animado.

Revirei os olhos e fui seguindo os outros.

Fomos em três carros, eu fui com a Zaine o Heath e o primo dele Andrew foi dirigindo.

Heath acabou sentando do meu lado, fazendo com que minha mente e meus hormônios não me dessem folga, peguei meu celular e coloquei uma música qualquer, encostei a cabeça na janela.

Depois que Heath tentou falar comigo pela primeira vez encontrei ele falando com Zaine no intervalo.

Os dois conversavam calorosamente e riam, até que Heath me viu e eu me aproximei dos dois.

—Olá, tudo bem com você jovem moça ? -Me cumprimentou Heath e eu ri do seu tom medieval. 

—Olá meu senhor. -Devolvi entrando na brincadeira e Zaine ria de nós.

Ele gargalhou e eu lembro de me perder na encantadora sinfonia de sua gargalhada, como ele podia ser tão perfeito ? Me perguntei e fiquei sem respostas.

—Vocês já se conheciam ? -Perguntei e Zaine negou com a cabeça. 

—Heath veio nos convidar pra uma festa. Mas falei pra ele que você não é lá muito festeira. -Ela comentou olhando pro Heath, que me encarava.

—E aí Kat ? Topa ? -Me perguntou ele e eu neguei.

Por mais tentador que fosse, eu não conhecia ninguém e nem queria, não gostava de ninguém e ninguém gostava de mim, não tinha nenhuma motivo pra mim ir.

Ele soltou um muxoxo e me olhou meio chateado.

—Ok. Mais Zaine, se quiser vir, fique a vontade. -Ele sorriu e saiu, me dando uma piscadela.

Zaine sorriu pra mim e deu uns gritinhos, atraindo alguns olhares pra nos, revirei os olhos.

—Amiga! Se você não for eu te arrasto! -Sorri irônica pra ela.

—Sou melhor nas ameaças que você.

A larguei lá e comecei a caminhar em direção ao refeitório, ela me seguiu e tentou me mudar de ideia, mas não funcionou.

A noite fiquei em casa mexendo no celular e me empanturrando de sorvete, mofando de baixo do cobertor e no outro dia todos comentavam da festa.

As semanas passavam e Heath ia me encantando mais, quando vi estava apaixonada, pelo seu jeito encantador e doce.

Numa manhã qualquer quando passei por Heath no corredor, ele estava cercado por seus amigos.

Parei, sorri e o cumprimentei.

Os amigos dele seguraram a risada, e ele também.

—Tá saindo com a esquisita Heath ? -Perguntou um dos amigos dele, ele sorriu.

Tão lindo, mas tão fatal.

Meu sorriso murchou e engoli seco. 

—Não, claro que não. -Falou ele, sem jeito.

O olhei com raiva e desgosto, seu sorri diminuiu.

Virei pro garoto que tinha perguntado e sorri.

—Vi sua mãe ontem, lá na esquina, acho que ela estava fazendo ponto. -Falei sarcasticamente e os outros riram, ele fechou a cara.

—Quem você pensa que... -Ele veio avançando pra cima de mim e eu segurei as bolas dele, com força e ele começou a ficar vermelho.

—Engula suas palavras e fala direito comigo, se não você vai engolir outra coisa. -Ameacei, e larguei ele, que se bateu nos armários com as mãos lá embaixo. 

Os outros me olhavam assustados, olhei pra todos com meu olhar assassino e sai.

No intervalo ele me parou no corredor e me cumprimentou.

Fechei a cara pra ele.

Ele implorou por perdão, disse que não sabia onde estava com a cabeça, não dei moral.

No outro dia a mesma coisa, ele tentando me ganhar de volta e conseguiu, me rendi e o perdoei.

—Não sei o que faria sem você. -Murmurou ele tocando meu rosto, corei. 

—Fiquei destruído por aquilo, sou um idiota. -Sorri.

—Eu sei. -Ele sorriu.

Um dia depois vi ele se agarrando com um menina na porta do nosso colégio, eles estavam no maior amasso.

Depois disso percebi que ele estava brincando comigo, me usando, me jogando de lá pra cá, como uma boneca.

Depois disso ele correu atrás de mim de novo, foi quando ele percebeu que eu gostava dele.

Ai que ele pisou mesmo em mim, me esmagou e brincou.

E era sempre a mesma coisa, ele me fazia acreditar que gostava de mim e depois aparecia com outra garota, ou me humilhava, ou tentava, na frente de alguém.

O resto vocês já sabem.

*

—Katerina, acorda, chegamos. -Olhei vi que tinha adormecido com a cabeça no ombro do Heath, meu coração disparou e rapidamente me endireitei no banco, engolindo em seco e tentando reprimir todos os sentimentos.

Assenti e sai do carro, fiquei pasma quando vi o lugar, era lindo tinha um lago enfrente a casa á alguns metros e á casa não era uma casa, era uma mansão.

—Caralho. -Soltei, não consegui me conter, Heath riu.

—Pois é. -Ele disse, fechando a porta do carro.

—Esse lugar custa mais que minha casa e eu junto. -Falei meio que choramingando, impressionada com o lugar.

—Qualquer coisa custa mais que sua casa morena. -Falou Heath rindo e eu ri também, cara eu odeio admitir isso mas ele fica mais lindo quando ri, Katerina crie vergonha na sua cara!

—Megera vai ficar aí ou vai entrar ?- Dei o dedo do meio pra ele peguei minha mala e fui pra mansão.

Ela era maior por dentro e mais bonito era tudo claro e espaçoso, tinha mais três andares e mais três salas enormes, sem contar o tanto de corredores.

—Cara, pra quê esse exagero ? - Perguntei, olhando frenética pra casa e seus detalhes, Heath riu, me observando curioso, corei sobre seu olhar e nos encaramos por um tempo.

Seus olhos me prendendo, me deixando hipnotizada, sem folego, eu estava adorando o jeito endeusado que ele me olhava, magnético e encantado.

Sorri e desvie o olhar, sem graça e corada.

—Precisa ver nossa casa em Milão. -Falou mudando de assunto, tentando cortar o clima.

—Autch! -Falei e ri.

—Bom, cada um vai ter seu receptivo quarto, Heath você vai ficar no terceiro andar junto com Katerina e a Zaine.

—Mais vai ser em quartos separados né ? -Perguntei, quase tendo um infarto.

—Sim.

—Ufa! -Soltei, colocando a mão no meu coração, fingindo alívio, na verdade eu tava meio triste, e Heath riu.

—Seria tão ruim assim ficar num quarto comigo Kat ? -Pergunta ele fazendo beicinho super fofo e se aproximando.

Corei e fiquei sem graça.

—C-crie vergonha na sua cara -Digo gaguejando, com as bochechas pegando fogo, e sai, Heath ficou rindo.

—Oh coroa, fala logo onde é meu quarto por favor. -Falei pro Marcos dando um sorriso falso pra ele, que sorriu de volta.

—HEATH! -Chamou ele.

—O quarto dela é o ultimo quarto, o seu é o da frente. -Disse Marcos, Heath assentiu.

—Vamos. -Disse ele e começou a subir fui atrás dele.

Enquanto a gente passava pelos corredores vi vários quadros de paisagens e pessoas, com uma decoração antiga tudo feito de madeira e tinha bastante janelas.

Chegamos ao meu quarto era grande e tinha moveis antigos, uma cama de casal com lençóis brancos, no chão um tapete preto felpudo que eu gamei, e nas paredes uns quadros de paisagens, do lado da cama tinha um criado mudo com um abajur em cima e uma parede de vidro que dava para uma varanda.

—Bom, vou estar no quarto em frente, se precisar é só chamar. - Disse ele e saiu, fechando a porta.

Suspirei.

Joguei a mala em algum canto e me joguei na cama, me surpreendi, era extremamente macia, parecia penas de ganso misturado com algodão, suspirei cansada e me embolei no cobertor.

Dormi, sonhei com unicornios saltitantes vomitando arco-íris em mim e acordei com alguém batendo na porta.

Levantei grogue e encarei os olhos verdes de um certo britânico.

—Fala mané. -Resmunguei.

—Jantar megera.

—Tá, vou tomar um banho e já desço. -Disse dando de ombros.

—Vou descer e te esperar lá em baixo. -Já ia batendo a porta na cara dele quando ele coloca o pé abre a porta e fala:

—Não me tente mais com esse short morena. -Disse olhando pro short e dando um olhar malicioso, depois fechou a porta.

—Tarado. - Eu sussurrei e ri.

Abri a mala escolhi a roupa peguei a toalha e fui pro banheiro tomei banho e me vesti (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=105550618&.locale=pt-br) desci e me sentei peguei um prato e coloquei arroz, feijão e macarrão enchi um copo com suco de manga um dos meus favoritos e comecei a comer.

—Iai, Katerina tá gostando daqui ? - Perguntou o Marcos.

Dei de ombros.

—É legal aqui e muito bonito também, sem falar que é exagerado pra caramba. -Ri e ele também.

—Amanhã a gente vai fazer trilha, então preparem-se, vamos acordar lá pras 6:00 horas mais ou menos e depois vamos á uma cachoeira linda que tem aqui perto. -Finalizou Marcos, o resto do jantar foi silencioso, eu terminei e subi pro meu quarto, ansiosa e louca pra me jogar naquela cama gloriosa.

Troquei de roupa coloquei meu querido shortinho, tipo calcinha, preto com vermelho e branco e uma blusa do Ramones e caí na cama, ela era tão macia que parecia uma nuvem gigante de tão confortável e caí no sono e tive um pesadelo terrível ... Pra variar.

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