Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 9
Capítulo 8




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Eu me senti bem, renovada até. A noite tinha sido boa não somente por eu ter conseguido dormir bem, mas também por ter enfim descoberto o sentimento que estava nutrindo por Edward. Sentia-me aliviada, eu queria isso afinal. Edward merecia tudo de bom que eu pudesse oferecer e agora eu poderia oferecer meu amor como ele sempre quis. Mas não seria algo abrupto. Eu não iria simplesmente pular em seu pescoço e reivindicar o posto de esposa. Seria algo gradativo, eu iria permitir um pouco mais de intimidade entre nós e quando me sentisse segura de meus sentimentos, ocorreria à entrega.

Após um relaxante banho, eu me vesti com roupas simples – Uma calça caqui e uma regara branca – e segui para degustar do café. Para a minha surpresa Edward não havia descido. Isso era bom. Eu precisava pensar em como deveria agir.

-Bom dia senhora Cullen. –Joel me cumprimentou enquanto duas empregadas me serviam do café. Rapidamente eu programei meu dia: visitaria minha mãe e coletaria o máximo de informação minha naquela casa, após isso usaria meu Lap top para coletar informações na internet. Talvez pedisse ajuda a Jacob, algo me dizia que ele era a pessoa mais próxima a mim e que conseguiria muito mais dele do que de qualquer meio de comunicação. Claro que tinha Edward também, mas faria o possível para não incomodá-lo. Algo me dizia que Edward não queria que eu vasculhasse minha vida, temendo algo.

-Bom dia. –A voz soou próxima a mim. Dei um sobressalto. Era Edward. –Assustei você? –Perguntou aparentemente preocupado. Sentou-se em sua cadeira e logo foi ladeado por duas empregadas que o ajudaram a se servir.

-Não se preocupe, não foi nada. –Falei sorrindo. Sentia borboletas em meu estomago. Era difícil agora estar diante dele após minha decisão de corresponder aos seus anseios. Envergonhada, baixei minha cabeça encarando minha xícara de café. Edward tomava seu café, mas eu poderia jurar que ele me olhava sempre que eu não estava olhando para ele, como se estivesse me avaliando. O silencio foi quebrado, claro, por ele.

-E então? O que pretende fazer hoje?

-Eu vou visitar minha mãe. Não a vejo desde o jantar e... Bom... Eu quero investigar algumas coisas lá. –Quando olhei para Edward ele, apesar da expressão serena, apertava furiosamente a alça da xícara de café que estava na mão esquerda.

-Investigar? Ah, você havia dito isso, que iria procurar coisas ao seu respeito. Então começará pela casa da sua mãe?

-Sim. Depois farei uma nova vistoria no meu quarto. Procurarei coisas na internet. A propósito eu não sei como chegar à casa da minha mãe e nem sei se ainda consigo dirigir então será que você poderia...

-Quer uma carona para lá? Eu passo lá antes de ir à empresa.

-Edward, eu não quero que você se incomode com isso. Eu posso pegar um taxi.

-Não será incomodo algum Bella. Após o café poderemos ir. Eu não vou morrer se me desviar um pouco do meu caminho. –E após dizer isso Edward deu um meio sorriso de tirar o fôlego. Eu apenas assenti completamente desorientada. Após o café, peguei minha bolsa com alguns pertences e fui para a casa de minha mãe.

...

-Chegamos. –Anunciou enquanto estacionava no meio fio. –Quer que eu venha buscá-la?

-Não precisa. Eu posso pegar um taxi.

-Bella, não vai ser incomodo algum pra mim. Assim poderemos almoçar juntos. Que tal? Vamos a um restaurante.

-Tem certeza que não vou atrapalhar? –Perguntei cautelosa. Eu não queria ser um fardo para ele como às vezes eu parecia ser.

-Claro que não. Ficaria muito feliz com sua companhia no almoço. Então nos vemos mais tarde. –Hesitante, Edward ergueu sua mão direita e afagou minha bochecha. As borboletas do meu estomago se agitaram freneticamente e me senti quase nauseada de nervosismo.

“Pare com isso Bella! Não pode se deixar levar pelo nervosismo desse jeito, não quando tem a pretensão de ir mais adiante!”.

Edward tentou retirar a mão de minha bochecha direita, mas ergui rapidamente minha mão colocando sobre a mão dele, mantendo-a em meu rosto. Edward se sobressaltou com meu ato enquanto eu tentava me manter tranqüila. Eu me aproximei furtivamente, quanto mais rápido mais difícil seria eu me deter, na tentativa de beijá-lo.  

Eu já deveria saber que eu era covarde demais para uma atitude tão extremada. Ao invés de beijá-lo na boca, eu o beijei na bochecha e sai sem nem olhá-lo no rosto.

Eu era uma idiota mesmo!

...

-Fico tão feliz que tenha vindo aqui me visitar! Ah, você viu as noticias sobre o jantar? Eles falaram muito bem do evento. –Renée falava esfuziante enquanto me rebocava para uma pequena sala que devia funcionar como escritório para ela. Em seu lap Top varias paginas abertas de noticias sobre o meu jantar.

-Eu nem sabia que a imprensa havia sido informada sobre isso. –Murmurei.

-É claro que eles ficariam atentos a um evento como esse. Falaram muito bem da decoração e falaram horrores do seu vestido, você estava linda! Ah, quer ver as fotos? Estão todas aqui. –Assim sendo Renée me mostrou um arquivo de seu lap top com fotos do jantar. Engraçado, eu não me lembro de ter posado para nenhuma foto, mas ali estava eu – realmente estava impecável – e Edward ao meu lado. 

-As fotos ficaram lindas.

-Ficaram sim. Estou enviando todas para o seu e-mail.

-E eu tenho e-mail?

-Claro Bella! –Renée se afastou e pegou um papel que estava em uma mesinha, no canto de seu escritório. Estendeu para mim. –Aí está informações que talvez você tenha esquecido. Senhas de bancos, seu e-mail, senha do seu e-mail, informações de contas, endereços... Tudo o que você precisa saber.

-Obrigada mãe. Será de grande ajuda.

-Mas tome cuidado com essas coisas Bella.

-Eu sei.

-Então... Veio almoçar com a mamãe? –Ela perguntou toda contente.

-Pra dizer a verdade eu só vim para coletar o máximo de informação sobre mim. Almoçarei com Edward hoje. Desculpe.

-Tudo bem filha, você almoça outro dia com a mamãe. Então o que quer especificamente? –Renée nem me olhava, havia tensão nela. Procurei ignorar sua reação.

-Fotos, vídeos e sua palavra.

-Tudo bem então. Vamos começar! –Ela sorriu e não havia autenticidade alguma em seu sorriso.

...

As fotos e vídeos de família estavam separados, dentro de algumas sacolas. Eu iria ver com cuidado mais tarde.

-Então por onde eu começo? Hum... –Renée refletia. Eu dei a dica.

-Que tal como conheceu o papai? Quero a história toda! –Falei empolgada com o que eu poderia absorver.

-Eu conheci seu pai em um bar. Estava afogando as mágoas por meu namorado ter terminado comigo. Eu já o havia visto, claro. Ele tinha começado seu negócio com calçados e estava obtendo destaque. Naquela mesma noite nós ficamos. Tem muita gente que especula que banquei a interesseira quando me uni a ele pela rapidez com que nos casamos. Em dois meses estávamos morando juntos e um mês depois nos casamos. Você nasceu nove meses depois do casamento. Charlie era muito amoroso, dedicado, trabalhador... E ele era um marido e pai exemplares. Nunca consegui encontrar outra pessoa como ele.

Renée desviou o olhar, eu sabia que estava lagrimando.

-Ele fez de sua pequena fábrica um império. Eu vivi apenas para cuidar de você, mas não me queixo. Eu cuidava de você e de Charlie. Sempre tão descuidado com tudo! Menos conosco e com seu trabalho. Eu pedi a ele que cuidasse da saúde, mas Charlie era tão teimoso! Foi rápido, o seu ataque, ele não sentiu dor eu acho.

-Uma pena que eu não me lembre dele. –Confessei. Senti um aperto na garganta, mas reprimi a vontade de chorar.

-Ele era fantástico. Era sim.

-O que aconteceu depois que ele... –Vi o rosto de Renée em uma máscara de tensão, acho que era nesse ponto que ela não queria chegar. Renée parecia perdida em pensamentos. Editando o que iria falar?

-Eu tentei tocar os negócios, não confiava muito em Billy, melhor amigo do seu pai, para fazer isso por mim. Eu realmente não entendia de administração.

-A empresa faliu, não foi?

-Sim Bella. Naquela época você estava com Edward. O pai dele comprou nossa empresa e pagou as dividas. Deu-nos ações para administrarmos e emprego para todos os antigos funcionários.

-Sério? Nossa, Carlisle é bom. –Eu comentei e vi que minha mãe fez uma careta, como se não concordasse. Guardei aquilo pra mim.

-E então não demorou até Edward agir e pedir você em casamento. Vocês se casaram ano passado. Faz um ano. O casamento com Edward realmente foi uma boa coisa.

-É. Edward é um amor de pessoa. –Falei com a voz afável. –Ah e quanto a Jacob? Você não o citou nenhuma vez.

Renée ficou rígida como uma estatua.

-Jacob não é importante. Agora está tarde. Se não vai almoçar com a mamãe então é melhor se apressar. Logo Edward...

Mal Renée falou e meu celular toca. Era ele.

-É o Edward. Deve estar me esperando no Hall. Preciso ir mãe.

Foi naquele momento, num lampejo, que eu vi algo nos pulsos de minha mãe.

-Mãe? –Perguntei enquanto ela me abraçava.

-O que foi bebê?

-Que cicatrizes são essas nos seus pulsos? –Peguei suas mãos e as ergui mostrando as cicatrizes. Renée se apressou em se livrar de minhas mãos.

-Nada querida, nada! Vamos logo. Vou descer e cumprimentar meu genro.

Ela tentou disfarçar, mas eu não iria desistir. Aquilo não era nada. Aquilo eram cicatrizes e não tirei de minha cabeça que pareciam tentativa de suicídio.

Eu encontraria na internet. Certamente teria algo lá.

...

Assim que cumprimentou Edward, Renée desapareceu de vista. Edward me recebeu daquele jeito carinhoso que eu adorava e seguimos para o restaurante de sua escolha. Ele não me perguntou nada sobre meu dia, algo atípico dele, e pareceu tenso assim que nos encontramos. Sua tensão foi diminuindo à medida que a tarde transcorria. Ele só me fez perguntas sobre minha manhã após o almoço quando seguíamos para casa.

-E então descobriu muitas coisas suas?

-Nem tanto. Minha mãe foi bem sucinta em sua explicação. Disse como conheceu meu pai, como ele era, essas coisas. Eu estou levando um monte de fotos e vídeos para ver.

-Eu pedi a Joel para separar fotos e vídeos. Estão em seu quarto. Acho que hoje será um fim de tarde cansativo para você vendo tudo isso.

-É, mas não me importo. A cada coisa que descubro eu fico mais empolgada para saber. Minha mãe também me deu algumas informações pessoais. Ah, Edward, pode parar em um banco? Quero testar minha senha e sacar dinheiro.

-Claro. –Edward disse e desviou-se um pouco da nossa rota. Em pouco tempo estávamos em um caixa do banco. Edward ficou no carro me esperando enquanto seguia para o caixa eletrônico.

A coisa mais estranha aconteceu.

Eu cheguei ao caixa e simplesmente digitei minhas informações sem precisar pegar o papel que Renée havia me dado. Fiquei encarando, incrédula, o dinheiro que eu solicitei – dois mil dólares apenas – saindo da pequena abertura. Enfiei o dinheiro dentro da minha bolsa e encerrei a operação. Ainda fiquei parada encarando o caixa enquanto processava a informação.

-Hei moça, dá pra sair daí? –Um jovem me alertou vendo que eu nada fazia.

-Ah, me desculpe! –Disse e corri apressada até o Volvo que me esperava. Edward estava ao celular quando entrei no carro. Desligou o celular de imediato.

-Oi. Conseguiu sacar sem problemas? –Ele me perguntou finalmente olhando para mim. Ficou espantado com a expressão facial que eu conservava. –Bella? O que foi?

-Edward, eu me lembrei! Eu me lembrei da minha senha, nem precisei pegar o papel que minha mãe me deu com minhas informações. Meu Deus! Nem acredito! Eu... Eu... –Eu falava arfante, eufórica. –Vai ser em breve, não vai? Certamente logo eu vou...

-Vamos para casa. –Edward murmurou dando atenção ao transito. Durante todo o trajeto ele não me olhou e pareceu estar conservando a duras penas uma expressão indiferente, mas havia algo nos seus olhos que o denunciava. Algo feroz, desesperado. Toda a minha alegria por descobrir algo sozinha se esvaiu.

Por quê? Por que todos ficavam apreensivos quando eu queria saber algo sobre meu antigo eu? Isso era frustrante! Eu me sentia cada vez mais perdida.

...

-Obrigada pelo almoço e pela carona. –Disse de forma mecânica enquanto pegava tudo o que tinha trazido da casa de minha mãe.

-Deixe-me levar pra você. –Ele sugeriu erguendo as mãos para pegas as sacolas.

-Não precisa. Eu carrego. Você vai voltar para a empresa, não é? Então agente se vê no jantar. –E falando isso, tentando ao máximo não olhar para ele, eu segui para o interior da casa, mais precisamente para o meu quarto. Eu estava chateada com Edward. Essa sua inconstância me fazia mal. Eu queria saber de tudo sobre mim, mas se não tivesse ajuda eu permaneceria no escuro. Eu não queria mais isto, não depois do aparecimento de James.

Coloquei as fotos e vídeos em cima da cama e fui retirá-los. Começaria com os vídeos que eram poucos e passaria para as fotos.

Duas batidas na porta.

-O que foi? –Perguntei ainda concentrada no que fazia. Devia ser Joel ou outro empregado. A porta não foi mais batida. Irritada, eu levantei da cama e caminhei até a porta, tinha certeza que não havia trancado nem nada disso. Por que a pessoa não entrou?

-O que foi Joel? –Comecei a dizer enquanto abria a porta. Não era ele, eu já devia imaginar. –Edward o que você ainda está fazendo...

Ele veio, apressado, me agarrando num abraço apertado. O vento tratou de fechar a porta atrás dele. Eu fiquei imóvel, meu coração martelando no peito, sem saber o que fazer. Eu não precisei pensar por nós, de novo. Edward o fez.

Eu demorei a perceber que agora ele me beijava, havia ânsia em seus lábios contra os meus. Suas mãos estavam em meu rosto e seus lábios tentavam entreabrir os meus na tentativa de me fazer corresponder. Passado o susto, por fim, eu reagi e foi só contentamento. Meus braços envolveram sua cintura e me deixei relaxar sob seu toque. Entreabri os lábios e Edward de imediato aprofundou o beijo explorando avidamente o interior da minha boca com sua língua. A principio apenas desfrutei daquela entrega, só depois me senti corajosa o suficiente para explorar o interior da boca de Edward com minha língua.

Foi o frenesi.

Eu me perdi naquele momento e então soube que isso era certo. Eu e ele éramos certos juntos. Meus medos todos foram obliterados por aquele momento.

Eu estava amando Edward Cullen.


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