Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 8
Capítulo 7




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Eu me sentia quente, não me lembro de ter adormecido em um local tão bem aquecido. Quando abri meus olhos vislumbrei o quarto pouco conhecido e me toquei de que eu havia ido ao quarto de Edward. Levantei num átimo e tardiamente notei que eu não estava deitada no sofá, estava em sua cama coberta com seu edredom. Eu não precisei pensar para descobrir quem me colocou ali, claro que foi Edward. Senti o rubor me tomar, o que Edward pensou a me ver em seu quarto? Se ele me colocou em sua cama, teríamos dormido juntinhos?

-Que bom que acordou. –Ouvi uma voz masculina dizer. Virei-me a tempo de vê-lo abotoando uma camisa sem mangas azul celeste que trajava, saia de seu closet. Endireitei-me em uma posição ainda mais formal cobrindo-me com seu edredom. Eu nem ao menos conseguia fita-lo.

-Me desculpe por estar aqui, eu... Eu nem sei o que...

-Não se preocupe Bella. Não fez nada de errado.

-Deve ter pensando mal de mim por acordar e me ver no seu quarto. Eu posso explicar! Ontem eu tive um pesadelo e... –Falei frenética e só parei quando vi que Edward aproximando-se de mim sentando-se na cama.

-Hei, tudo bem. Não pensei nada negativo de você, nunca pensaria! Fiquei apenas preocupado. Só isso. Você não parecia muito bem ontem e fiquei me perguntando o que houve. Por que saiu da festa sem falar com ninguém e se enclausurou no seu quarto. Pode me dizer o que houve?

Eu estaquei. Nunca conseguiria dizer que eu fui abordada por um homem que se intitulou meu amante.

-Bem eu... Eu tive um pesadelo e não consegui ficar no meu quarto. Tentei ficar em um dos quartos de hospedes, mas estavam trancados e não queria incomodar Joel. Desculpe-me por... –Senti na bochecha o toque de uma de suas mãos.

-Está tudo bem. Que bom que acordou. Eu estou indo para o clube, tenho um jogo de Pólo a tarde. Gostaria que você fosse comigo. Seria bom passear um pouco, mas tudo bem se quiser ficar aqui. O que você acha? –Edward perguntou e falhou miseravelmente na tentativa de ser indiferente. Eu podia ver que ele queria que eu fosse e eu não iria desapontá-lo.

-Não, eu vou. A minha... Quero dizer Jessica disse que iria e queria que eu fosse para conversarmos mais. Importa-se de esperar um pouco? Vou me arrumar rapidinho.

-Não tenha pressa. Eu vou esperá-la. Aproveitamos e tomamos café juntos. –Edward sorria e notei a euforia por minha resolução. Sorri também. Eu realmente precisava sair, mudar de ares. Mas o medo de descobrir mais coisas a meu respeito era caótico, tão caótico que a vontade de ficar enclausurada em casa parecia tentadora. Não, eu tinha que ser mais forte! Eu tinha que voltar a ser eu mesma, ou pelo menos tentar. Segui constrangida para o meu quarto com a máxima de presa. Tratei logo de tomar meu banho e vesti as roupas mais confortáveis que consegui: um vestido longo de um tecido super confortável na cor lilás, sandálias brancas baixas, chapéu branco e óculos escuros. Peguei uma bolsa transparente e enfiei coisas que eu pensei que se usasse em clubes como protetor solar, um maiô e uma canga, toalha. Só quando eu já estava pronta e seguindo para a sala de jantar eu percebi que levar aqueles pertences eram inúteis, afinal de contas, por que eu não sabia nadar.

Edward me recebeu com um lindo sorriso quando me viu ir à direção da mesa em que ele estava sentado. Não havia sequer tomado café, esperando-me, como supus. Enquanto degustávamos do maravilhoso café da manhã feito pelos empregados, eu perguntei a Edward tentando aparentar despreocupação.

-Edward, o que se leva quando você vai para um clube? Eu separei algumas coisas, mas não tenho idéia se é necessário levá-las. Coloquei até um maiô sendo que eu nem sei nadar. Provavelmente não vou ter a oportunidade de usá-lo.

-Não, leve peças de banho. Eu estive pensando, depois daquele incidente na piscina, que eu deveria ensiná-la a nadar, se me permitir, claro.

Com essa eu tive que olhá-lo.

-Sério? Vai me ensinar a nadar? –Perguntei surpresa e eufórica. Eu não queria mais gerar preocupações desnecessárias e vigilâncias sem sentido toda vez que decido passear pela área da piscina e o fato de que seria Edward a me ensinar verdadeiramente me deixava ainda mais animada.

-Se você quiser... Será um prazer para mim.

-Mas e o seu jogo de Pólo? Eu não quero que você deixe de fazer o que gosta para...

-Não se preocupe Bella. Meu jogo será apenas a tarde. Teremos boa parte da manhã para suas aulas de natação. –E eu pude ver naqueles grandes orbes cor de ocre que Edward parecia feliz com sua resolução em me ensinar a nadar. Isso me encheu de satisfação. Após o café e Edward separar alguma coisa para que ele levasse, nós fomos ao seu carro, um Aston Martin preto, para o clube que até então era desconhecido para mim.

...

Eu estava rubra, queria me esconder em algum arbusto ou não sair no banheiro. O maio que trouxera cobria boa parte do meu corpo, ele era simples, mas era da cor azul marinho e colava bastante no meu corpo. Eu esperava na área da piscina enquanto Edward que havia ido ao banheiro masculino, fora para trocar de roupa. Nossos pertences haviam sido deixados em uma mesa a poucos metros da piscina e um funcionário do clube as vigiava. Felizmente tínhamos chegado cedo e não havia ninguém naquela parte do clube. As poucas pessoas que estavam lá pareciam ter se concentrado nas quadras esportivas. Ainda sim eu estava nervosa, não sei bem o motivo, mas era provável que se devia ao fato de que eu iria ver Edward com roupas bem menores do que as habituais. Fiquei sentada em uma das muitas cadeiras brancas dobráveis típicas em áreas de piscina enquanto aguardava por Edward.

Na tentativa de diminuir o nervosismo injustificado, olhei mais atentamente ao ambiente que me cercava. O clube era lindo, o tipo de clube que só era freqüentado por pessoas de alto poder aquisitivo. Tudo era tão bonito, os jardins, as praças, a área gastronômica, os salões para eventos... Não vi muito do clube, mas o pouco que vi era fascinante. Edward, enquanto seguíamos para a área da piscina, disse que após nossas aulas ele iria me mostrar o clube. A euforia tomava conta de mim e eu fiquei estarrecida ao perceber que só estava vibrante desse jeito por que eu estaria com Edward.

Enquanto eu ainda estava sozinha na área da piscina, refleti sobre o porquê de estar assim. Muito se devia a eu sentir que estava em debito com ele. Eu não tinha certeza se anteriormente eu o traí com o rapaz chamado James, mas ainda sim eu me sentia culpada. Edward era tão amável, pessoa como ele não merecia tal coisa. A culpa realmente me fazia querer compensar, mas não explicava as coisas que sentia quando estava perto dele. Mas não importava o que motivava este sentimento desconhecido que crescia dentro de mim por Edward, ou qual sentimento era esse. Eu queria... Não, Eu PRECISAVA corresponder aos sentimentos que eu via que Edward nutria por mim. Ele merecia ser feliz e se eu fosse à pessoa destinada a proporcionar essa felicidade, eu o faria. Eu senti a aproximação de alguém e o vi caminhar, apenas trajando uma sunga preta, em minha direção. Meu coração deu um solavanco, acho que qualquer um ouviria como meus batimentos estavam acelerados. Eu percebi que não precisaria me esforçar para amá-lo, bem como eu havia dito a ele quando o mesmo estava dormindo. Por que Edward era glorioso por fora e por dentro também.

-Então, pronta para a sua aula? –Ele perguntou postando-se frente a mim. Eu assenti desorientada. –O que houve Bella? Você está estranha. –Edward comentou. Só então despertei da letargia repentina que havia me atacado.

-Ah, me desculpe. Estou um pouco distraída. –Levantei da cadeira e caminhei até a borda da piscina, próximo a escadaria. Edward me acompanhou em silencio.

Eu desci pela escadaria e não precisei de muito para constatar que a piscina era funda. Fiquei segurando a escadaria de metal sem saber se deveria solta-la. Edward pulou dentro da piscina com graça, como um nadador, e ficou submerso por poucos segundos. Após isso veio à superfície, ficou boiando enquanto uma mão era passada em seus cabelos cor de bronze, agora escurecidos pela água que o molhava. Larguei a escadaria e me esforcei para me manter flutuando. Consegui com algum esforço, mas precisei do auxilio e Edward. Ele veio até mim e abraçou-me para me firmar na água sem que eu precisasse me esforçar tanto para bater os pés.

-Bella, não fique nervosa acreditando que quanto mais você bate os pés, mais você se manterá flutuando. Isso só faz você gastar suas energias. Agora, quando quiser flutuar, use os pés e as mãos em movimentos lentos. Só volte a bater os pés quando sentir que está afundando e tente respirar pausadamente. Sem pressa. –Ele disse e peguei algumas coisas do que dizia. Era difícil raciocinar com ele tão próximo de mim, usando tão pouca roupa. Eu nem sequer olhei para ele. Fiz o que Edward recomendou e com satisfação vi que estava dando resultado.

E assim os minutos se passaram. Edward decidiu me ensinar apenas o básico o que agradeci. Já era difícil executar os movimentos básicos imagina fazer algo mais rebuscado como nadar ao estilo borboleta? Foi fácil aprender, mas sabia que a facilidade estava por Edward estar me ensinando. Ele era paciente, sua voz era sempre afável, como se sentisse muito prazer com o que estava fazendo. E o pior, ou melhor, depende da perspectiva, era que meu coração batia audivelmente toda vez que ele me tocava. O mais assustador é que essa sensação de ser tocada por ele não me repelia de Edward, só me fazia querer estar mais próxima para que ele me tocasse mais. Talvez meus sentimentos por ele, os mesmos que me fizeram casar tão cedo e que pareceram se perder desde o acidente, estavam vindo a tona. Ainda sim não deixava de ser estranho, complicado. Eu queria primeiramente me lembrar de tudo antes de sentir o que eu achava que sentia por Edward.

Após algum tempo, não sei se minutos ou horas, eu estava nadando.

-Nossa, eu consegui! –Falei com animação. Nadei um pouco e fiquei próxima a borda da piscina. Edward estava próximo a mim, sorria satisfeito.

-Sim. Você conseguiu. Sabia que conseguiria rapidamente.

-Ah Edward eu só consegui rapidamente por que você é um bom professor. –Eu disse incapaz de não sorrir. –É mesmo, seu jogo de Pólo! É melhor você ir.

-Eu não me importo de ficar de fora hoje. Além disso, apesar de você saber nadar um pouco, não é muito prudente deixá-la sozinha aqui na área da piscina. –E vi nos olhos de Edward real preocupação. Nossa, ele era muito preocupado mesmo! Eu me sentia como uma criança quando estava sobre aquele cuidado exacerbado, não que eu me importasse com isso.

-Eu vou sair também, assisto ao seu jogo de Pólo. –Eu sabia que Edward ficaria feliz com minha proposta, um sorriso ainda mais belo se fixou em seus lábios, os olhos brilhantes demais, como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo que sempre quis.

-Seria ótimo. Melhor sairmos agora então. –Edward deu algumas braçadas indo para a extremidade da piscina. Eu, que estava do outro lado da escada, arrisquei atravessar a nado satisfeita por conseguir realizar tal ato sem problemas. Senti uma leve fisgada na panturrilha da perna que resolvi ignorar, eu já estava no meio da piscina seguindo diretamente para a escada. A fisgada aumentou. Eu sabia agora o que era: câimbra. Fui para o fundo rapidamente, toda a força dos meus pés perdida. Eu não conseguia me manter flutuando com aquela dor horrenda tomando minhas pernas. Oh droga, novamente eu estava me afogando. Edward nunca mais iria me deixar alguns segundos, sozinha em uma piscina. 

Senti um braço me puxar para cima. Quando cheguei à superfície tossi um pouco. Fiquei alguns instantes desorientada enquanto era levada para a borda. Quando por fim consegui me recuperar do susto notei que estava nos braços de um Edward muito preocupado.

-Tudo bem? O que houve? –Perguntou, frenético.

-Câimbra. –Disse envergonhada pela proximidade. Eu esperei que Edward me largasse de imediato, ele sabia que eu ficava sem graça quando ficávamos muito próximos fisicamente, mas isso não aconteceu. Eu experimentei olhá-lo e me arrependi disso. O olhar de Edward era novamente brilhante, mas havia um brilho desconhecido pra mim, um brilho de uma excitação quase imprudente. Eu deveria me afastar, mas não consegui. Fiquei parada em seus braços, fitando seus olhos. Num rápido lampejo da vista captando o mínimo movimento que seus lábios faziam, separando-os como se estivesse faminto por algo.

O mais estranho de tudo não era a intensidade com que Edward estava comigo, era que eu não queria sair daquela prisão feita por seus braços a minha volta, a dor da câimbra esquecida. Senti um forte arrepio perpassar meu corpo.

-Está com frio? –Edward perguntou notando como minha pele estava arrepiada. Eu não estava com tanto frio, mas não poderia dizer a ele exatamente o que motivava as correntes de arrepio pelo meu corpo. Eu assenti e sabia que minha cara assombrada devia ser cômica. Edward puxou-me para mais perto, colou seu corpo ao meu e seus braços me envolveram ainda mais fortemente. Não havia espaço algum entre nós. Sua pele, mesmo molhada, era lisa, perfumada, quente. Eu me inclinei e coloquei minha cabeça em seu ombro fechando os olhos. Eu não queria sair dali, dos seus braços. Era tão bom! Edward parecia estar tão à vontade naquela posição quanto eu.

-Bella... –Ele murmurou e eu sabia por que fazia isso. Eu o permiti a me abraçar daquele jeito tão intimo então o que seria um beijo? E no meu marido? E eu não sentia necessariamente o peso da obrigação em mim, era algo que eu queria, eu queria saber como era beijá-lo. Afastei-me minimamente e meu rosto ficando a centímetros do dele. Edward projetou seu rosto para frente, bem lentamente, antes avaliando se havia em mim aceitação. Eu não me afastei ou o olhei assustada, o que certamente o desmotivaria a se mexer. Eu apenas esperei por seu próximo passo e, caso Edward não o desse, eu sabia que acabaria por agir no lugar dele. Edward se aproximou, bem lentamente, eu podia sentir através de meus lábios entreabertos a doce respiração que ele tinha e quando fechei os olhos, preparada para o beijo...

-Bella! Ah você veio! –A voz feminina soou estridente não muito longe de nós. Eu me afastei num átimo de Edward e logo notei Jessica parada, de pé, próxima da entrada da área da piscina.

-Oi Jessica. –Eu disse numa voz um pouco alta para que ela ouvisse. Jessica se aproximou e estacou ao perceber como eu estava com Edward. Ela deu um sorriso travesso.

-Melhor sairmos. –Edward disse afastando-me ainda mais dele. Não usou a escadaria de metal que estava a poucos metros de nós. Ofereceu sua mão ajudando-me a sair da piscina. Em momento algum ele me olhou. Ele saiu tão rápido e não fez questão de me esperar, mas sei que só fazia isso pro que Jessica poderia me fazer companhia.

Jessica se apressou em vir para o meu lado, caminhei silenciosa, pelo menos por poucos segundos, até a mesa onde estavam meus pertences.

-Puxa amiga, eu acho que atrapalhei vocês dois, não é?

-Não atrapalhou nada Jessica. Edward só estava me ensinando a nadar. Só isso. –Eu menti e vi que Jessica não acreditava nada em mim.

-Sei, vou fingir que acredito. O jogo dos meninos vai ser logo mais. Você vai assistir?

-Sim, eu prometi a Edward.

-Meu namorado Mike vai jogar também. Vim como sua convidada. É uma pena que eu não seja tão rica para me tornar sócia daqui. Acho que passaria o dia aqui socializando com as pessoas importantes. –Jessica disse e continuou a falar sobre os freqüentadores importantes do clube, apontando para os mesmos enquanto seguíamos para o banheiro feminino.

Eu sabia que eu não devia sentir isso, mas estava aborrecida por Jessica ter atrapalhado. Tentei ocultar meu aborrecimento, eu não queria descontar nela. Só consegui me livrar do seu falatório quando decidi tomar um banho e tirar os vestígios de cloro do meu cabelo. Procurei ser rápida, não queria perder o jogo de Pólo de Edward. Quando terminei todo o processo de limpeza e me tranqüilizei um pouco mais, sai junto a Jessica para o local onde ocorreria o jogo.

Todos os jogadores da partida já estavam ali. Só reconheci Edward e Mike, namorado de Jessica, que havia ido a minha festa junto a ela. Jessica acenou para ele e ele acenou de volta. Sentamos em uma mesa branca próxima ao campo e viramos um pouco nossas cadeiras para frente, para melhor visualizar o jogo. Edward então ficou mais visível, montado em um cavalo cor de chocolate de pelo muito lustroso. Edward estava lindo, uma camisa pólo preta, calça caqui e botas pretas de couro. Usava luvas, chapéu e toda a parafernália de quem joga Pólo.

Edward pareceu nos notar, graças a Jessica que acenava feito uma louca para o tal Mike. Nossos olhos se cruzaram pelo que diria instantes, mas foi algo muito intenso, arrebatador. A intensidade entre nós dois estava crescendo mais e mais, eu estava temerosa e excitada com tudo isso. Não dei muita atenção ao jogo ou a Jessica falando ao meu lado, eu pensava...

“Quando ocorreria o próximo passo entre nós? O que aconteceria exatamente? Eu teria minhas lembranças antes disso?”.

Fiquei perdida em pensamentos, o falatório de Jessica, mais alto do que o de costume, me despertou.

-Olha quem está ali, aquele abutre! –Falou com desdém apontando para um rapaz que tirava fotos do jogo de Pólo em que Edward participava. 

-Quem é ele? –Perguntei evidentemente curiosa.

-Um paparazzi, ou pelo menos era. Nem sei para qual revista sensacionalista ele está trabalhando agora. Você não se lembra, não é? Dos problemas que ele gerou para você e para qualquer pessoa conhecida.

-Não. Não lembro. O que ele fez pra mim Jessica?

-Inventou uma historia de que você estava tendo um caso com aquele guitarrista daquela banda de rock. Nem lembro qual era a banda, mas você gostava da banda. Acho que o nome dele era James.

Aquele nome! James, o rapaz que me ligou e me abordou dizendo que éramos amantes. Poderia ser a mesma pessoa?

-Você diz que ele inventou? Então não era verdade? –Eu estava nervosa, as mãos trêmulas suavam frio, mas Jessica pareceu não perceber.

-Na época ele divulgou a noticia com uma foto e um texto no blog dele, mas uma semana depois apagou a noticia e se desculpou em sua pagina dizendo que havia se enganado, que não era você aos beijos com James em uma boate. Disse que era uma modelo iniciante parecida com você. Acho que depois disso a credibilidade de suas matérias foi por água abaixo. Na época ele trabalhava como paparazzi para algumas revistas, mas depois disso perdeu seus trabalhos. Nem sei como ele e sustenta. Eu acho que deve estar trabalhando as escondidas para alguma revista ainda, ou ganhando apenas com a publicidade que existe no seu blog.

Eu tentei digerir, o alivio percorrendo meu corpo como analgésico. Era uma noticia falsa então. O tal paparazzi havia se enganado. Talvez o tal de James soubesse que eu estava desmemoriada estava tentando se aproveitar de mim. Aliás, qualquer um poderia se aproveitar de mim.

Anteriormente eu estava com medo de descobrir meu passado e nem sequer me esforcei para descobrir coisas ao meu respeito, mas agora parecia ser um mal necessário. Eu tinha que saber sobre mim, caso o contrário qualquer um poderia se aproveitar de minha condição.

-... E acredita que ele insinuou isso no seu blog? Até parece que sou o tipo de pessoa que se aproveita das amizades e namoros com famosos para estar na mídia! –Jessica comentou irritada. Eu não dei muita atenção ao que dizia enquanto pensava no que iria fazer. Eu precisava agir e já. Seria questão de chegar em casa e vasculhar meu quarto, pegar coisas eu compartilhei com Edward e visitar minha mãe. Talvez pedir ajuda a Jacob, ele parecia me conhecer muito bem. Quem sabe, fazendo isso, minha memória não voltava? Não que eu fizesse questão disso, eu continuaria a viver minha vida do jeito que eu sou. E eu iria começar pela informação que estava diante de mim.

-Jessica, eu vou ao banheiro.

-Quer que eu vá com você?

-Não precisa. Não vou demorar. –Eu disse e segui. Contornaria o campo e falaria com o tal paparazzi. Meus olhos estavam fixos nele. Após mais duas fotos ele caminhou, para a saída talvez. Eu o segui tentando ser discreta e obtive sucesso. Esperava que nenhum conhecido me visse o seguindo. O clube era grande e foi cansativo andar tanto até o estacionamento. Fiquei com medo de acabar me perdendo e de não conseguir chegar até o campo de Pólo depois. O rapaz pegou a bolsa e a jogou no banco traseiro de seu carro, um modelo preto que não reconheci.

-Hei, você! –Eu o chamei correndo para alcançá-lo. Eu não queria que ele se enfiasse no carro e fugisse. Ele me olhou assustado e o vi se projetar para dentro do carro. Num átimo, sem ligar para as conseqüências, eu consegui abrir a porta do carona e me enfiei lá.

-Hei, saia do meu carro! –Ele protestou.

-Tenho... Umas perguntas para fazer. –Falei ofegante. Ele parecia estar em estado de choque. –Acho que você sabe quem eu sou, deve saber de coisas sobre mim.

-Claro, quem não sabe quem é Isabella Cullen? –Falou com deboche.

-Você deve saber que eu me acidentei e perdi minha memória.

-Sim, eu soube disso. Não se preocupe, eu não lancei nenhuma matéria sobre você. –Falou com certa irritação na voz.

-Você deve ter matérias que escreveu sobre mim, não tem? –Perguntei.

-Não. –Disse categórico, mas algo me dizia que mentia. –Dá para sair do meu carro? Eu preciso ir embora.

-Quanto você quer para me passar tudo o que tem a meu respeito? –Eu ofereci, gente sempre cooperava melhor com dinheiro. Vi que minha oferta o pegou de surpresa. Eu não sabia quanto eu tinha no banco, mas achava que poderia paga-lo. Ele parou para pensar, claro que faria isso. Por fim disse:

-Não tenho nada sobre você, pelo menos nada que você não possa encontrar usando a internet. É melhor sair do meu carro, senhora Cullen. Se quer descobrir seu passado perdido consulte outra fonte. Não quero trazer mais transtornos em minha vida como fiz no passado. –Ele parecia estar perdido em lembranças no mínimo desagradáveis. Bem, estava claro que eu não obteria nada dele, mas alguma coisa dizia que nossos caminhos iriam se encontrar.

-Tudo bem. Desculpe pelo incomodo. –Disse e sai do seu carro. Ele saiu logo mais. Caminhei lentamente para a direção do campo, ou pelo menos a direção que julguei ser a do campo. Então era isso, procurar em jornais e revistas antigos e em noticias na internet. Eu acho que devia ter um laptop em algum lugar do meu quarto.

Eu já deveria imaginar que demoraria mais para chegar ao local do jogo visto que não dei muita atenção ao caminho que deveria usar para chegar lá. Acabei tendo que pedir ajuda de funcionários que encontrei pelo caminho. Quando souberam que eu era esposa de Edward Cullen, se apressaram em conseguir um transporte para mim (aqueles carinhos de campos de golfe) e me conduziram para lá. Nossa! Só agora tinha percebido o quanto andei enquanto seguia o paparazzi.

Jessica estava de pé conversando com Mike, o jogo devia ter dado uma pausa. Edward estava olhando de um lado para outro, o rosto tomado de preocupação. Quando me viu chegar de carro, ladeada por um funcionário do clube, sua expressão suavizou. Veio direto até mim.

-Bella, onde você estava? Fiquei preocupado quando não a vi. Cheguei a pensar que você tinha ido sozinha para a piscina e... –Falou frenético, mas se interrompeu quando viu que sua voz estava um pouco mais alta que o normal. –Desculpe, só estava preocupado.

-Tudo bem. Desculpe-me, eu saí para comprar algo pra comer e me perdi. –Eu não gostava de mentir para ele, mas o que eu poderia fazer? Eu havia notado que Edward se incomodava quando eu dizia querer saber algo sobre mim.

-Me desculpe, realmente está tarde e você deve estar com fome. Vamos comer. Deixe-me trocar de roupa apenas. –Edward disse e logo seguiu para o banheiro masculino.

...

-O que foi? Está sem fome? –Edward perguntou vendo-me remexer o prato de comida. Eu nem estava dando atenção à refeição.

-Não, não é isso. Não é nada, só estou sonhando acordada. –Falei risonha comendo mais rapidamente. Estávamos no restaurante, em uma área reservada para casais. Edward estava sentado de frente para mim e, por mais que tentasse demonstrar indiferença, eu podia sentir seus olhos me sondando, estranhando minha desatenção.

-Edward, eu tenho um computador com acesso a internet? –Perguntei abruptamente.

-Sim. Está em seu quarto. Por que a pergunta?

-Nada não. É que vou precisar de um.

-E eu posso saber para que você precisa dele? –Ele perguntou enquanto degustava do seu prato.

-Eu vou pesquisar coisas a meu respeito. Já que eu venho de uma família abastada deve haver noticias minhas e de meus pais circulando pela internet. –E notei, talvez só impressão, que Edward ficou imediatamente tenso.

-Por que quer pesquisar coisas sobre você? Bella, pensei que eu havia dito a você que não precisa se preocupar com sua perda de memória. As lembranças virão com o tempo, não precisa se apressar. –Ele falava com um tom nervoso na voz.

-Eu quero fazer isso por que... Bem... Na minha atual condição qualquer pessoa pode vir dizer algo sobre mim e eu vou acreditar. Eles podem se aproveitar de mim. Eu preciso me informar e estar preparada. –Algo perpassou nos olhos de Edward, raiva.

-O QUE? O QUE QUER DIZER COM ISSO? ALGUEM ESTÁ SE APROVEITANDO DE VOCÊ? –Ele estava colérico. Eu já havia visto Edward assim após a visita de Jacob em minha casa. Aquele era um Edward que eu não conhecia.

-Acalme-se, eu falei hipoteticamente. Ninguém está se aproveitando de mim! –Eu não iria falar de James, claro que não. O rosto de Edward se suavizou um pouco.

-Edward eu só quero evitar qualquer problema futuro. Quero saber coisas sobre mim. Vou precisar da ajuda de minha mãe, sua, de amigos talvez... Usarei a internet para conseguir algumas informações e... Ah, pedirei ajuda ao Jacob. Ele parece se muito próximo a mim e...

-Não.

Eu estaquei.

-O que você disse? –Perguntei dando atenção a Edward. Ele tinha a cabeça sustentada por uma das mãos.

-Nada. Não disse nada. Tem todo meu apoio. Vou ajudá-la no que puder. –Ele disse olhando para mim e forçando um sorriso.

-Obrigada Edward, isso significa muito pra mim. –E eu dizia com sinceridade, significava muito ter sua ajuda. Uma pena. Eu sentia que era um sacrifício para Edward me ajudar a descobrir mais coisas sobre mim por que ele temia algo, algo que eu poderia descobrir vasculhando minha vida.

-Então... Vamos passear pelo clube? –Ele perguntou claramente fugindo do assunto.

-Claro.

...

O clube era enorme e lindo. Aquela altura já estava lotada de pessoas. Edward e eu passeávamos em um pequeno veiculo de golfe e ele me apontava cada coisa parecendo conhecer aquele lugar como a palma da mão. Eu dei atenção total a ele feliz pelo tempo em que estávamos tendo, juntos.

-Gostando do passeio? –Edward perguntou enquanto meus olhos estavam fixos em um belo jardim ao nosso lado, o veiculo movimentando-se lentamente.

-Sim. Esse lugar é incrível! Deve ser um gasto e tanto ser sócio daqui.

-É. O gasto é grande, mas não para mim. Eu não pago absolutamente nada já que meu pai é um dos fundadores desse clube.

-Sério? Que coisa! Pensei que sua empresa lidasse apenas com calçados.

-Nós temos investimentos no setor mobiliário também. Não exatamente no setor imobiliário, mas sim na hotelaria. Temos alguns hotéis em algumas localidades litorâneas dos Estados Unidos. O único investimento diferente é este clube. –Edward dizia enquanto dirigia o carrinho.

-Hmmm... Por falar nisso, eu não conheci seu pai ou sua mãe, nem irmãos, caso tenha. Eles não foram à festa, apenas amigos nossos e familiares meus. –Olhei seu rosto querendo desvendar algo. Edward parecia tranqüilo enquanto dizia:

-Minha mãe morreu quanto tinha nove anos. Meu pai mora atualmente em Dubai, está administrando a nova sede da empresa implantada dois meses antes do seu acidente. Eu falo freqüentemente com ele ao telefone ou por e-mail. Ele nos prometeu uma visita daqui a três semanas. Ah, e sou filho único. Tenho apenas uma prima, Rosalie, mas ela mora na Austrália com o marido, às vezes nos falamos.

-Eu sinto muito pela sua mãe. –Eu disse. Edward não pareceu se abalar.

-Não se preocupe, já faz muito tempo. Você chegou a conhecê-la, sabia? Fazíamos freqüentemente festas e você, como membro de uma família importante, era convidada.  

-Então nós nos conhecemos desde pequenos?

-Sim. Chegamos a brincar juntos até. Desde aquela época eu... –Edward se deteve como se estivesse constrangido demais para dizer.

-O que? –Perguntei estimulando-o.

-Desde aquela época eu só tinha olhos pra você. –Ele disse, virou-se e me fitou com uma intensidade desconcertante. Eu senti a necessidade de desviar o olhar.

-Então eu suponho que, visto que casei cedo, eu também só tinha olhos pra você, não é? –Disse e sorri, mas quando vi o rosto de Edward eu estaquei. Ele estava tenso, parecia aborrecido com algo.

Não falamos mais nada durante o pequeno tour no clube.

...

Edward era uma incógnita. Ora radiante, ora sombrio. Existiam muitas facetas dele que eu desconhecia, facetas diretamente ligadas a mim. Se eu soubesse dos segredos que nos envolvem, eu saberia quem é Edward Cullen. Agora era noite. Tínhamos jantados juntos, calados, e cada um havia se recolhido em seu quarto. Eu estava me sentindo mal por isso, nem ao menos consegui agradecê-lo adequadamente pelo dia incrível que tive. Agora que meu relacionamento com James tinha sido desmentido pelo paparazzi (ou pelo menos alguém tinha dito que eu não havia dito um caso), eu me sentia aliviada. Em parte meu afastamento de Edward era por isso, por eu não saber quem eu fui e o que fiz que pudesse tê-lo magoado caso soubesse, mas se eu tinha a ficha limpa quanto a casos extraconjugais então o que me impedia de me aproximar mais de Edward? Nada, nada me impedia.

Não acredito que este pensamento me motivou a ir ao quarto de Edward, o meu quarto ainda me parecia desconfortável. Eu saí silenciosamente do meu quarto e segui pelo corredor até o quarto de Edward. Não sabia bem o que iria fazer ou dizer, temi que ele estivesse acordado. Edward dormia calmamente, um livro nas mãos, devia estar lendo. Fechei a porta ao passar, sentei ao seu lado. Tirei o livro de suas mãos e fiz menção de colocá-lo em cima da mesa de cabeceira, mas algo me chamou a atenção. O que Edward segurava não era um livro, era um pequeno álbum de fotografias, fotos de nosso casamento. Edward devia estar olhando isso pouco antes de dormir e me perguntei frenética por que ele fazia isso.

Eu tinha a resposta, mas no fundo não queria admitir. Edward estava olhando aquilo por que me amava e devia estar sendo difícil para ele nosso afastamento. Claro que ele não demonstrava isso, ele não queria me pressionar a nada, mas eu sabia. E sentia. Edward era tão bom, eu não queria causar dor alguma a ele, eu queria protegê-lo de toda a dor e dar-lhe felicidade em excesso. Para isso eu teria de assumir de uma vez o papel de esposa.

-Bella... –Um murmúrio débil soou pelo amplo espaço me tirando dos pensamentos. Era Edward que falava enquanto dormia. Existia entre suas sobrancelhas uma ruga de preocupação, a testa franzida. –Fica. –Pediu.

Eu fiquei parada, ainda sentada ao seu lado na cama, olhando-o. Esperei e Edward voltou a falar.

-Bella... –A voz soou tremula, como se Edward estivesse a ponto de chorar. –Me perdoa. –Ele disse e seu rosto ficou contorcido em agonia, ele devia estar tendo um pesadelo e eu era a atriz principal. Eu aproximei meu rosto do dele e sussurrei em seu ouvido:

-Edward, não precisa pedir perdão. Você nunca me fez nada. Por que você pede perdão? O que você fez pra mim? –Perguntei e sabia que, desta forma, poderia arrancar alguma coisa de Edward dessa forma por que ele poderia me ouvir e confessar algo ciente de que era um sonho. Ele não respondeu, permaneceu com a tez franzida, uma agonia evidente no rosto.

-Bella... –Ele ainda chamava, como seu eu, em seu sonho, estivesse partindo. Eu ergui a mão e toquei seu rosto afagando levemente a bochecha. Meu rosto a centímetros do dele.

-Edward... –Eu me inclinei e o beijei na testa franzida, a mesma relaxou. –Este beijo é para que você saiba que eu estou aqui e... –sem sequer me deixar levar pela duvida, inclinei-me ainda mais e o beijei nos lábios. –Esse beijo é para que você saiba que eu não vou deixá-lo.

E eu sentia que aquelas palavras eram verdadeiras. Eu queria Edward feliz e para isso sabia que teria de ficar do seu lado. Eu ficaria não somente por que ele era meu porto seguro, mas também por que eu estava apaixonada por ele. Eu sabia. Eu sentia. O rosto de Edward relaxou completamente, seus lábios com um resquício de sorriso. Ele parecia feliz, deve ter ouvido e sentido tudo o que tentei passar a ele.

E aquela certeza me encheu de satisfação. Tudo seria esquecido quanto ao suposto amante, aquilo devia ser mentira de James. Colei meus lábios novamente nos seus sem, infelizmente, não ser correspondida, e levantei-me para voltar ao meu quarto. Eu me sentia bem o suficiente para dormir ali.

Eu não só procuraria saber mais sobre mim, a fim de evitar pessoas que tentassem se aproveitar de minha situação, como procuraria me aproximar de Edward e religar os nossos laços contando com sua cooperação.

Eu dormi tão bem sentido nos meus lábios o gosto doce dos lábios de Edward.

O amanhã seria diferente, eu iria mostrar o novo sentimento que eu nutria por ele.


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Notas finais do capítulo

Gente ajudem na minha popularidade e deixem reviews o/
ah tenho outros trabalhos postados aqui e indico "Correntes: atados pelo sofrimento", "Renascida" e "Internato cullen: um amor avassalador".