Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 7
Capítulo 6




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Manhã de sábado, dia da festa. Acordei cedo e vesti uma roupa qualquer, calça jeans um pouco colada e regata preta com salto preto, para ir ao Spa com minha mãe. Tomava café na mesa da sala de estar, os empregados ainda estavam ali para servir Edward quando este aparecesse. Eu estava ansiosa e temerosa de vê-lo, pensei em tudo o que ocorreu ontem como a atitude hostil de Edward e sua declaração de amor que me comoveu. E eu não sabia como deveria agir agora, mas sabia de uma coisa: eu iria me esforçar para amá-lo, Edward merecia.

Ele desceu apressadamente as escadas cumprimentando aos empregados que via pelo caminho. Estacou quando me viu sentada a mesa comendo. Provavelmente pensou que eu não iria mais comer com ele depois do episodio em seu quarto.

-Bom dia. –Falei numa voz afável e um sorriso no rosto. Edward ficou olhando-me até ter alguma reação. Ele parecia reprimir um sorriso, tinha um brilho nos olhos cor ocre encantador.

-Bom dia. –Ele murmurou sentando no seu lugar. Uma empregada prontamente o serviu e logo nos vimos sozinhos no amplo espaço, mas tinha a impressão que os outros empregados nos observavam. Enquanto eu degustava do meu café eu pensava na melhor forma de quebrar o gelo. Edward fez por nós dois.

-Você pretende sair hoje? –Ele perguntou sem me olhar.

-Sim. Minha mãe vai me levar a um SPA. Passarei o dia todo lá. –Falei sem esconder o desagrado. Edward sorriu como quem se desculpava.  

-Desculpe por isso. Quer que eu freie sua mãe?

-Não se preocupe, eu vou sobreviver. Acho que é bom eu passar um tempo com minha mãe. E você Edward, está indo para o trabalho?

-Sim, mas não passarei o dia lá. A equipe de decoração que sua mãe contratou está no quarto andar agora, eu dei uma espiada na decoração, está ótima. Ela escolheu a cor vermelha, sua favorita. –Ele deu um meio sorriso.

-Sabe de uma coisa? Acho que minha cor favorita agora é azul. –Sorri. Edward acompanhou meu sorriso e rompi o silencio constrangedor que começava a se instaurar degustando do meu café.

-Edward, eu posso fazer uma pergunta?

-Claro. –Disse cauteloso.

-Eu trabalhava?

-Não. Você tem ações que são administradas por especialistas na empresa de meu pai, você lucra dessa forma. Assim como sua mãe. Não há necessidade de trabalho.

-Mas o que eu fazia o dia todo? Não me diga que passava o dia em um SPA! –Perguntei incrédula. Assustava-me pensar que eu era fútil e era isso que parecia. Edward pareceu ver como sua resposta me frustrou. Levantou-se e ficou bem próximo a mim, afagou minha bochecha.

-Hei, o que há? –Perguntou aflito.

-Nada. Então... Você tem que ir.

-Sim. –Ele suspirou pesadamente.

-Parece cansado. –Comentei e me levantei para acompanhá-lo até a garagem.

-Na verdade frustrado, não queria ir para o trabalho hoje. Estou um pouco indisposto.

Foi instintivo. Aproximei-me e toquei sua testa para verificar a temperatura. Edward parecia bestificado com meu ato, mas ignorei.

-Sua temperatura está boa. Que bom. Avise-me se voltar a se sentir mal, ok? Agora vamos, eu o acompanho até seu carro. –Seguimos silenciosos até seu carro. Enquanto o via ir eu me lembrei da promessa silenciosa que fiz de amá-lo e seguir com as obrigações de esposa para com ele. Eu bem sabia que não teria dificuldades. Edward era apaixonante, eu já até me sentia balançada com ele, seu sorriso, seu perfume,... Balancei a cabeça para deixar pensamentos como esses depois. Acenei quando Edward saiu em seu carro e fui esperar minha mãe em meu quarto.

E as promessas que fiz naquela notei vieram tomar minha mente. Eu prometi, diante de um Edward adormecido, que iria amá-lo. O problema era minha timidez. Era embaraçoso pensar que, por sermos casados, Edward já devia conhecer meu corpo, certamente dormimos juntos. Se eu ficasse com ele, desse a entender que queria tê-lo como marido novamente, ele me pressionaria a um contato mais intimo? Balancei a cabeça em negativa, era absurdo pensar dessa forma. Edward era um cavalheiro, não iria fazer algo assim comigo.

Uma batida na porta me tirou de minhas abstrações.

-Senhora Cullen, sua mãe a aguarda. –Joel anunciou. Com um suspiro resignado levantei-me da cama onde estava sentada e segui para fora do quarto.

...   

Renée parecia se divertir enquanto passava por toda aquela tortura de embelezamento. Eu tentei ignorar a situação e esconder meu aborrecimento e forçar um sorriso. Não queria ser desagradável com ela. Enquanto Renée tagarelava sobre as pessoas que estariam lá e algo sobre o que a imprensa noticiou sobre meu acidente, meu celular, próximo a mim, toca. Eu o saquei da bolsa pedindo desculpas à cabeleireira por me mexer, era um celular desconhecido.

Quando fiz menção de atender, o celular para de tocar.

“Que estranho...” –Pensei. Pretendia retornar a ligação, mas a cabeleireira chamou minha atenção para voltar a minha posição original. Eu o fiz e deixei a ligação para lá.

...

-Mãe, esse vestido parece meio apertado. –Reclamei enquanto Renée ajudava-me com os últimos preparativos. Eu estava perfeita, graças a uma manhã inteira no SPA: maquiagem impecável, cabelos lustrosos e num penteado simples (eles estavam soltos, mas um pouco ondulados num estilo Chanel), o salto agulha preto, o vestido longo incrivelmente justo da cor vermelha e brincos dourados, acredito serem de ouro com pedras de diamante. Em outras palavras tudo era um exagero!

“Respire Bella e encare isso até o fim, logo acabará.” –Pensei para poder me manter sã enquanto Renée agora preocupava-se em terminar de se arrumar. Ela usava um vestido longo preto de cetim, salto alto preto, um colar de brilhantes que combinava com os pequenos brincos e a pulseira. Estava linda com sua maquiagem um pouco pesada e cabelos num penteado elaborado. Sentei-me na cama olhando para a paisagem proporcionada pela janela. Era quase à noite e um barulho quase ensurdecedor ecoava no andar superior, possivelmente os serviçais da festa.

Como Renée parecia que ia demorar eu sai do quarto para pegar um ar no corredor. Fechei a porta atrás de mim ao passar por ela e suspirei enquanto encostava-me na porta, os olhos fechados.

-Bella? –A voz soou bem próxima. Abri os olhos em choque e o vi próximo. Edward estava lindo num smoke clássico, os cabelos penteados para trás, diferente do cabelo levemente desorganizado. Ele estava lindo, mais lindo do que nunca. Eu fiquei parada, admirando toda aquela beleza. Edward parecia bestificado, talvez fascinado com algo. Pensei que pudesse ser eu, ele estava olhando para mim afinal.

-Você está linda. –Disse subitamente. Eu corei de prazer e respondi sem olhá-lo.

-Você também está lindo. –Senti a aproximação de Edward.

-Onde está sua mãe?

-Está terminando de se arrumar no meu quarto. Os convidados já chegaram Edward?

-Ainda não. A movimentação no quarto andar é apenas de funcionários por enquanto. Ainda sim devemos nos apressar. Está pronta?

-Sim. Podemos ir à frente e seja o que Deus quiser. –Disse amuada e acima de tudo nervosa. Edward tocou meu rosto com uma de suas mãos, seus olhos nos meus.

-Não se preocupe, não vou sair do seu lado um minuto sequer se isso for fazê-la se sentir melhor.

-Ficaria muito feliz com isso. –Peguei sua mão, par a surpresa de Edward, e comecei a caminhar para o lance de escadas que nos levaria ao andar da festa. Abruptamente Edward parou.

-Eu tenho algo para lhe dar. –Assim sendo retirou algo do bolso interno do smoke, uma caixa aveludada e a abriu diante de mim. Era uma jóia dourada, uma pulseira linda cravejada com brilhantes.

-Nossa! É pra mim? É linda! –Eu falei enquanto Edward colocava em meu pulso esquerdo delicadamente. –Ainda sim não precisava disso. Deve ter sido caro.

-Não se preocupe com isso. Se quer saber eu pechinchei. –Falou num tom brincalhão. Eu ri. –Então vamos recepcionar os convidados, minha dama? –Falou parecendo uma imitação perfeita de Joel. Beijou a costa da minha mão esquerda e me puxou para seguir junto a ele. Não foi desconfortável o contato de nossas mãos unidas, Edward parecia satisfeito com isso e seu rosto feliz me aquiesceu da vergonha que eu deveria sentir. Suas mãos eram macias, um pouco frias, mas me passava algo estranho, um calor estranho. E eu queria mais, algo que me assustou. Eu queria mais do que segurar sua mão, eu queria...

-Ah, senhor Cullen, senhora Cullen! Os convidados estão chegando. Irei conduzi-los até o quarto andar. –Joel disse saindo em seguida. Olhei para a decoração e estaquei, era um evento muito mais grandioso que eu estava imaginando. Rosas escarlet vermelhas em pequenos buques nas mesas e espalhadas aqui e acolá, tecidos pendiam como cortinas das janelas em tons de vermelho escuro e dourado fosco. Haviam empregados em uniformes clássicos preparados para servir. Conclusão: tudo muito assustador. Apertei a mão de Edward, ele pareceu perceber que eu estava assustada com a proporção da festa.

-Desculpe,eu devia ter supervisionado a festa que sua mãe preparava.

-Tudo bem Edward. Você estava ocupado com a empresa. Longe de mim querer atribuir outra função para você. Vai ficar tudo bem, é só por uma noite mesmo. –Dei de ombros como quem está indiferente, tudo fingimento. Logo mais Renée entrou, pegou-me pela mão, reclamando por eu tê-la deixado sozinha no quarto, e me guiou para o que julguei ser a entrada por onde os convidados entrariam. Não demorou a eu ver os primeiros convidados, rostos desconhecidos para mim. Eu olhei em volta antes dos convidados chegarem até mim. Edward conversava com Joel, seus olhos encontraram os meus, aflitos, e convergiu para mim. Postou-se ao meu lado e segurou minha mão. Era incrível o poder que as mãos de Edward tinham de extrair meu nervosismo.

-Edward... –O chamei.

-Sim?

-Pode me ajudar falando quem é quem? Eu não quero cumprimentar as pessoas chamando-as de cicrano ou beltrano.  –Edward riu com minhas palavras.

-Tudo bem, eu vou ajudar. Veja lá... –Apontou minimamente para frente. –Aqueles que estão vindo são o senhor e senhora Gerandy, empresários de bebidas energéticas. Logo atrás é o senhor Frederick Banton, possui uma empresa que fabrica peças automobilísticas.

E assim foi. Edward foi cochichando no meu ouvido os nomes dos convidados, os cumprimentei cortes dizendo seus nomes. Renée falava com todos como se fossem velhos amigos, acredito que ela nem os conhecia direito. Edward não saiu um minuto sequer do meu lado, o que agradeci de bom grado. Eu me sentia tensa ali enquanto tinha de falar com pessoas desconhecidas. O pior de tudo é que percebi que boa parte dos convidados parecia estar por ali para ganhar status por estar em um evento promovido por Edward e não por terem algum coleguismo comigo. Perguntei-me bobamente onde estavam meus amigos, familiares, sei lá. E naquele momento de angustia, ouço uma voz.

-AMIGAAAAA! –E alguém simplesmente se atraca no meu pescoço. Uma jovem.

-Eh, oi. –Eu murmurei sem graça correspondendo ao abraço. Olhei frenética para Edward.

-Olá Jessica. Acredito que, se falou com Renée, deve saber que Isabella está temporariamente com amnésia.

-Ah, é mesmo. Tinha me esquecido desse detalhe. Que pena miga sobre isso, mas não se preocupe. Eu vou atualizá-la de todas as fofocas sobre as pessoas ao nosso redor. Não hoje devido ao jantar, mas amanhã quem sabe. Vai ao jogo de Pólo no clube amanhã? –Jessica falava como se ignorasse o fato de que eu estava sem memória, parecia com minha mãe Renée. Claro que Edward me ajudou novamente.

-Isabella ainda não foi interada nas atividades que costumava executar, mas certamente ela estará lá. Bella, você quer ir ao clube amanhã comigo? Vai haver um jogo de Pólo. Eu só irei se você for.

-Tudo bem. –Respondi com meus olhos cravados nos de Edward.

-Eu vou me sentar em minha mesa, avistei uma pessoa pra me fazer companhia. Querida vá à minha mesa, ok? –Jessica beliscou minha bochecha e saiu num rompante.

-Nossa, eu não sabia que tinha amigas assim. –Comentei mais para mim do que para Edward que estava ao meu lado.

-É, acho que sempre temos um amigo assim em nosso passado negro. –Edward falou com um riso reprimido na voz. Eu o acompanhei rindo. Voltei meu olhar para a entrada e vi um senhor de meia idade, moreno e de cabelos um pouco longos, grisalhos, se aproximando. Andava em uma cadeira de rodas. A pessoa que o empurrava era Jacob, aquele meu amigo acompanhado por uma linda mulher. Eu sorri. Enfim um rosto familiar no meio de tantos convidados.

-Oi Jacob, fico feliz que tenha vindo. –Disse.

-Olá Bella. Você está linda! –Ele falou com alguma emoção na voz. Senti Edward enrijecer ao meu lado, mas ele nada disse.

-Bella, eu quero que conheça Leah, minha noiva, e meu pai Billy.

-É um prazer conhecê-los. –Disse apertando a mão de Leah e Billy.

-Obrigada pelo convite, a decoração da festa está divina! –Leah disse olhando envolta. Eu sorri sem saber o que dizer. Billy olhava-me. Voltei meu olhar para ele.

-É muito bom vê-la bem minha filha. Fiquei aterrorizado com o que aconteceu. Sei que não se lembra, mas eu fui um grande amigo de seu pai e apesar de não ter ligação sangüínea com você, sinto como se fosse uma sobrinha. –E não pude duvidar, a emoção na voz rouca e nos olhos negros era evidente. Fiquei feliz por ver que eu era cercada por pessoas, poucas é verdade, mas pessoas que verdadeiramente queriam meu bem.

-Obrigada. Fico feliz por ter pessoas como vocês em minha vida. –Disse com a voz falha. –Mas ora, vamos entrar. Joel! –Chamei Joel, ele veio prontamente. –Leve-os a uma ótima mesa. –Disse e logo Billy juntamente com os outros.

Olhei para Edward, vi seus olhos com algum tipo de angustia, raiva até. Quando ele percebeu que eu o observava, endireitou-se e colocou o sorriso mais forçado que já vi em seu rosto. Ele continuou ao meu lado ajudando-me com os nomes dos convidados a medida que eles chegavam.

...

Nem sei quantos convidados tinham, mas o grande salão estava lotado. O farfalhar de vozes e risadas estava me enervando. Eu estava tão habituada com o silencio! Sabia que ao final da noite meu rosto ficaria dolorido pelo sorriso que era obrigada de acordo com as regras da etiqueta a manter. Edward ficou boa parte do tempo comigo, mas fora chamado para se juntar a uma mesa de empresários e discutir coisas sobre a economia nos dias de hoje. Ele não queria ir, mas o incentivei. Devia estar sendo um saco para Edward ficar o tempo todo comigo, por mais que ele não demonstrasse. Renée passou o tempo inteiro bancando a anfitriã, não falei com ela o resto da noite.

Cansada demais para ficar de pé eu resolvi sentar em uma mesa vazia no canto mais afastado dos convidados. Olhei toda aquela movimentação com desinteresse, eu preferiria ficar no meu quarto lendo um livro. Senti que alguém puxava a cadeira ao meu lado, para minha surpresa era Jacob.

-Divertindo-se com a festa Bella? –Ele perguntou com um cara de zombaria. Eu fiz uma careta.

-Preferiria estar no meu quarto. –Disse. Jacob riu.

-Você não mudou nada mesmo! Nunca gostou de festas embora freqüentasse muitas. Fico feliz por sua verdadeira personalidade estar intacta.

-Verdadeira personalidade? Como assim? Eu tinha outras?

-Bem... Acho que somente eu conhecia a verdadeira Bella, eu e meu pai e seu pai também. Devido a sua posição você tinha outra personalidade a fim de agradar as pessoas que a observavam, a imprensa.

-Então eu era falsa? –Perguntei subitamente aborrecida. Jacob me olhou com pesar.

-Claro que não! Você só fazia algo que qualquer pessoa com muito status faz. Mas a verdadeira Bella era simples, alegre, de personalidade forte e gostos muito bons.

-Fico feliz em saber disso Jacob. –Nós dois sorrimos para o outro, cúmplices. Definitivamente Jacob era a única amizade verdadeira que eu devia ter. Bom, antes uma do que nenhuma! Jacob olhou para frente e rapidamente sua expressão risonha se transformou em uma careta carrancuda. Olhei na direção em que ele olhava e vi Edward de pé nos olhando com ódio. Desviei o olhar. Era a mesma expressão hostil de ontem. Eu não entendia o motivo disso e decidi perguntar.

-Jacob, você e o Edward não se dão bem? –Minha pergunta o tirou de sua posição furiosa.

-O que?

-Você e Edward se odeiam ou coisa parecida? Desde ontem tenho notado uma forte hostilidade entre vocês e eu não entendo. O que houve? –Esperei, mas Jacob levantou-se.

-Preciso ir. Leah me fez prometer que não a deixaria muito tempo sozinha. Sei que já falei isso, mas você está linda. –Ele completou com um sorriso nos lábios cheios. Eu sorri.

-Obrigada, você também. –Ele se afastou e vi que Edward vinha em minha direção, os dedos nas têmporas como se estivesse com dor e os olhos fixados no chão. Quando ficou de pé em frente a mim novamente forçou um sorriso.

-Está cansada? –Perguntou com a voz minimamente ríspida.

-Um pouco. Fiquei de pé por muito tempo. Eu terei que bancar a anfitriã à festa inteira? Eu queria poder descansar um pouco. –Disse já imaginando que teria que ficar em pé vagando para lá e para cá côo Renée fazia. Edward deu um meio sorriso, caminhou e sentou-se ao meu lado na mesma cadeira que Jacob havia sentado.

-Não se preocupe. Faça o que quiser, sua mãe cuidará do resto. –Afagou minha bochecha direita e olhou para frente onde podíamos ver ao longe as mesas repletas de pessoas e os garçons servindo bebidas e o coquetel.

-Então se me permite quero ficar sentada e comer algo.

-Eu a acompanho.

Olhamos para a frente e vimos Renée olhando de um lado para o outro.

-Acha que ela está nos procurando? –Perguntei.

-Certamente. Vamos para a cozinha comer, ninguém vai nos encontrar lá. –Levantou-se e tinha um sorriso matreiro no rosto, como uma criança sugerindo uma traquinagem. Ergueu a mão para mim e aceitei sem hesitar o que deixou seu rosto iluminado. Andamos de mancinho para uma escadaria por onde os funcionários estavam vindo da cozinha para o salão, todos os que nos viram, funcionários do evento, nos olhavam abismados por estarmos indo para um setor em que convidado algum vai. Em pouco tempo chegamos à cozinha. Edward cumprimentou a todos, sempre tão educado, e sentou-se em uma grande mesa. Pediu para que nos servissem antes de todos o banquete e assim pudemos comer no mais completo silencio sem a intervenção de ninguém.

Foi bom comer ao lado dele. Alias tudo ao lado dele era bom. Peguei-me sorrindo enquanto comia, mas Edward pareceu não notar. Enquanto degustava da maravilhosa refeição como eu fazia, parecia perdido em pensamentos. Isso era algo freqüente, eu queria muito poder ler sua mente. Algo me ocorreu quando estávamos comendo a sobremesa, após a refeição principal. Tomada de coragem resolvi perguntar.

-Edward, por que você não gosta do Jacob? –Eu nem ousei olhá-lo, mas senti seu sobressalto com a pergunta.

-Ele disse algo para você? –Sua voz falhava, nervosismo talvez.

-Não. É que desde ontem notei que vocês não se dão bem e fico me perguntando por quê. Jacob não quis me responder quando o perguntei agora a pouco.

Silencio. Será que nunca ninguém responderia minhas indagações?

-Jacob não foi muito a favor do nosso casamento. –Ele disse claramente pouco a vontade. Virei-me e o olhei confusa.

-Por que Edward?

-Ele acha que não sirvo pra você. –Edward olhava as sobras de sua sobremesa brincando com a mesma com a colher.

-Por quê? Eu ainda não entendo.

Edward deu de ombros fingindo indiferença.

-Quem sabe. Só Jacob poderia dizer. Esqueçamos esse assunto. –E vi o aborrecimento em seu rosto. Edward escondia coisas de mim, ele e todos que me cercavam. Pensei em insistir, mas algo no rosto dele me fez recuar.

-Ah, ai estão vocês! O que estão fazendo aqui? –Olhamos para o lado e vimos Renée. Ela nos olhava furiosa.

-Bella estava faminta e viemos comer.

-Bella, querida, você sabe que anfitriões de festas não comem durante o evento. –Ela falou com um falso sorriso ficando diante de mim e pegando minha mão. Saiu me rebocando porta afora. Eu olhei apavorada para Edward. Ele levantou-se e seguiu ao meu lado. A festa acima de nós era barulhenta.

-Eu pedi ao DJ para colocar a música de vocês para uma dança. –Renée dizia alegremente. Eu olhei confusa para Edward.

-Temos uma música, de acordo com a sua mãe é a nossa música. Tocou no nosso casamento. É a música “Crazy” do Rulio Iglesias.

-Eu não me lembro dessa música.

Chegamos ao salão, alguns casais dançavam uma música qualquer. Todos pararam e nos olhavam retornar. Renée acenou para o DJ e ele mudou a música para uma música lenta. Era linda. Edward aproximou-se e pegou minha mão, um lindo sorriso nos lábios. Renée afastou-se e nos deu espaço assim como todos os outros casais que dançavam na pista.

Eu fiquei parada enquanto Edward se aproximava, pegava minhas mãos colocando-as em sua nuca e puxou-me para mais perto até nossos corpos estarem colados, suas mãos em minha cintura. Eu deveria ter ficado embasbacada pela proximidade, mas estava tão enfeitiçada pela magia que parecia emanar de Edward que não liguei. Envolvi meus braços em seu pescoço e coloquei meu rosto para o lado a fim de evitar seus olhos. Dançamos para lá e para cá lentamente, Edward colou sua bochecha na minha, seu hálito em meu ouvido. Eu podia ouvir as batidas frenéticas de seu coração assim como o meu. E me permiti esquecer-se de todos que observavam nossa dança aproveitando aquele momento como se fosse o último.

Deitei minha cabeça em seus ombros deslizando minhas mãos para seus ombros largos e relaxando. Fechei meus olhos e me deixei levar. Edward estava tão perfumado, era tão quente! Eu imaginei como deveria ser dividir uma vida com Edward de forma plena, não somente conversando com ele, mas partilhando um contato mais intimo. Enrubesci com o pensamento.

-Está cansada? –Edward perguntou.

-Um pouco, mas estou bem.

-Eu sei que deve estar chateando muito você está festa, mas...

-Não se preocupe. É uma festa muito útil. Se tiver que retomar minha vida eu preciso me familiarizar com rostos aqui presentes. Além disso, você está aqui comigo. Isso ajuda e muito. Obrigada pela ajuda de hoje. Desculpe-me se eu o estou aborrecendo.

Edward apertou-me mais em eu corpo reagindo de forma estranha as minhas palavras, eu devo acrescentar.

-Não tem idéia do quão feliz eu fico por ouvir tais palavras suas. –Ele murmurou com a voz embargada. Eu me afastei e vi seus olhos cheios de um brilho indecifrável. Demorei um pouco para compreender o que era aquilo. Edward havia dito, enquanto estava dormindo, que me amava. Um coro soou no salão.

-BEIJA! BEIJA! BEIJA! –As vozes diziam animadas. Eu enrijeci e olhei pasma para Edward. Ele olhou todos em volta e em seguida fixou seus olhos nos meus, um meio sorriso nos lábios. Eu o vi se inclinar em minha direção e fechei os olhos. Senti seu beijo em minha testa. Ouvi um “ahhhhh” dos expectadores frustrados, mas ignorei. Eu abri meus olhos e vi o rosto de Edward, ele ainda mantinha os olhos em mim. Aproximou-se e sussurrou as seguintes palavras em meu ouvido:

-Só quando você pedir Bella. Não se repetirá o que aconteceu naquela noite. –E então Edward se afastou segurando minha mão. Puxou-me para fora da multidão e, quando chamado por um grupo de homens, a largou seguindo para onde eles estavam. Eu fiquei parada, sem saber o que fazer.  Por fim alguém me tira de minhas abstrações, era a tal Jessica.

-Amiga o Mike chegou. Vou ter que apresentar ele de novo para você! É o meu peguete. –Ela riu e me puxou para próximo da entrada. Um rapaz meio loiro de olhos azuis veio todo sorridente. Ele se apresentou um pouco sem graça, acho que era estranho ele se apresentar novamente para alguém. Notei que todos pareciam cientes de que eu estava com amnésia, Edward ou minha mãe dele tê-los alertado. Após me apresentar para o seu namorado que, de acordo com Jessica, era uma estrela em ascensão por ser o protagonista de um seriado adolescente, saiu com ele para sua mesa.

E então eu estava só e não encontrava nem minha mãe nem Edward a vista. Olhei a mesa onde Jacob estava sentado e notei que não havia ninguém lá, eles teriam ido embora? Por quê? Tentei procurá-los e nada encontrei.

Naquele momento em que me sentia um peixe fora da água decidi fazer o que qualquer adolescente faria: refugiar-me no quarto. Sai de mansinho, ninguém percebeu. Senti um alivio imenso quando segui para lá e fechei a porta. Nem me dei o trabalho de ligar as luzes. Caminhei até a cama e me joguei lá. Eu sabia que seria falta de educação simplesmente desaparecer da festa sem justificativa alguma, mas estava sentindo meu corpo moído e desejava apenas tomar um banho, vestir roupas confortáveis e dormir. Nada mais. Meu celular toca. Levanto-me num átimo e o procuro, logo o encontro. Um número que eu não conhecia, pensei em Jacob.

-Alo? –Digo ao atender.

-Estou aqui em frente a sua casa. Os seguranças não querem me deixar entrar. Poxa gatinha rolando uma festa pela sua ressurreição e você não me convida? –A voz masculina disse. Eu fiquei desnorteada.

-O que? –Perguntei confusa.

-Vem aqui na frente de sua casa. Estou esperando. –O homem do outro lado desliga. Encaro boquiaberta meu celular. Bom, deveria ser alguém que me conhece, supus. Caminhei para a porta do meu quarto e segui pela casa fazia para a entrada do local. Claro que não fui notada, todos estavam no quarto andar da festa. Fiquei incomodada com meu salto, decidi tira-lo sem me importar se meus pés descalços em contato com o chão ficariam sujos. Era uma boa caminhada até os portões da frente, mas, movida pela curiosidade, não me cansei. Eu queria saber quem era e falava com tanta intimidade comigo.

Os seguranças olharam desconfiados para mim.

-Podem abrir o portão. Preciso falar com uma pessoa. –Pedi. Eles me atenderam lançando olhares desconfiados entre eles. Quando os grandes portões foram abertos vislumbrei um cara encostado em uma moto preta. Era alto, branco, cabelos ondulados um pouco compridos da cor mel, olhos de mesma cor, um sorriso cínico nos lábios. Ele me chamou com o dedo indicador, mas eu continuei parada. Por fim desistiu e veio até mim.

-Oi Bella. Está linda. –Ele disse.

-Oi. Bem eu sinceramente não me lem... –Ele me puxou quase com violência e me beijou. Fiquei parada, em choque. Por fim me desvencilhei empurrando-o. Não cheguei a derrubá-lo, mas ele deu alguns passos para trás.

-Hei gatinha, o que foi?

-COMO SE ATREVE A ME BEIJAR? EU NEM CONHEÇO VOCÊ! –Gritei limpando minha boca. Ele me olhou espantado, depois o sorriso cínico surgiu.

-Então aquela notinha divulgada pela imprensa estava certa? Você está com amnésia?

-O QUE VOCÊ ACHA? –Gritei rumando para o portão. Ele foi mais rápido e agarrou-me pelo pulso. –ME SOLTA! –Exigi.

-Tudo bem então fingirei que acredito em você, mas se está pensando que vai se livrar de mim está muito enganada!

-E você é o que meu para exigir atenção desse jeito? –Perguntei rude. Ele sorria.

-Seu amante, claro! James, muito prazer. –Puxou minha mão beijando a costa dela. Eu quase tive uma síncope naquele momento. Ele era o que meu? Meu amante?

-É mentira... –Murmurei.

-Claro que não e não vai querer que eu mostre as provas que tenho, vai? Você deixou pertences seus no meu apartamento em nosso ultimo encontro.

Eu não conseguia me mover ou ouvir suas palavras, eu não queria acreditar nelas.

-Está tudo bem ai senhora Cullen? –Um segurança, que devia estar observando tudo, perguntou. James largou meu pulso e olhou com aborrecimento para o segurança.

-Não é nada. –Disse, baixinho, e caminhei para o interior da casa.

-Vou ligar para você para marcarmos um encontro. Até mais meu amor. –James disse saindo em sua moto, mas não o vi partir, eu já estava no interior do casarão.

Eu caminhei debilmente para a casa completamente desnorteada. Aquele cara estaria dizendo a verdade? Seria meu amante? Talvez estivesse mentindo aproveitando-se de minha amnésia. Inda sim surgiu um aperto no peito ante aquela incógnita. Eu não conseguia acreditar que tendo um marido tão perfeito como Edward eu poderia traí-lo. Eu nem senti quando cheguei à casa de tão desnorteada que estava. Não pensei duas vezes antes de me refugiar em meu quarto.

Assim que passei pela porta trancando-a em cai sentada no chão. O incomodo no peito me deixava com dificuldade de respirar. Coloquei a cabeça entre os joelhos e isso pareceu aplacar meu mal estar. As batidas de meu coração, antes frenéticas, foram se acalmando.

Alguém bate minha porta.

-Bella, você está ai? Se estiver está muito encrencada mocinha! Como se atreve a ir embora sem falar com os convidados? Bella, está me ouvindo? –Era Renée. Eu me encolhi e nada disse. Ela forçou a maçaneta, mas felizmente eu havia trancado. Ela bateu mais algumas vezes até desistir. Ouvi sua voz conversando com alguém no corredor, mas logo não ouvi mais nada. Talvez tivesse ido embora. Suspirei aliviada. Era péssimo sentir isso, mas eu me sentia bem melhor longe da minha mãe.

-Bella? –Uma voz soou atrás da porta. –Eu sei que está ai? Você está bem? Aconteceu alguma coisa? –Era Edward, a última pessoa no mundo que eu queria ver ou falar. Permaneci calada.

-Sua mãe não está aqui então não se preocupe. Você não precisa voltar à festa se não quiser.

-Eu não to bem. –Murmurei. –Eu estou indo dormir. Pode pedir desculpas aos demais por mim?

-Sim. Posso saber o que aconteceu? –Edward perguntou e nem precisava olhar em seu rosto para saber que devia estar muito preocupado comigo. Eu não tinha coragem parra responder a sua pergunta.

-Boa noite Edward. –Foi tudo o que consegui falar.

-Boa noite. –Ele respondeu e então não o ouvi mais nos corredores. 

Eu sabia que minha atitude reservada estava chateando todo mundo e poderia estar magoando Edward, mas naquele momento de descobertas desagradáveis eu só queria me isolar para evitar um mal maior. Levantei-me rumo o banheiro. Eu iria dormir.

...

“Eu posso sentir o seu medo. Tem medo de descobrir quem você realmente é?” –Ela era igual a mim fisicamente falando, mas haviam diferenças. Nos lábios um batom vermelho e sorriso cínico, os olhos refletindo rancor, as vestes curtas e provocantes.

“Cala a boca!” –Retorqui enquanto estava ajoelhada no chão, as mãos em meus ouvidos e minha cabeça curvada tocando meus joelhos.

“Ah, tem medo sim! Tem medo de descobrir a biscate que você era!” –A jovem com minha aparência dizia num tom rude.

-PARA! –Gritei e olhei envolta. Nada. Eu estava em meu quarto, deitada em minha cama. O quarto estava escuro, mas havia alguma iluminação por causa da parede de vidro aos fundos do quarto. Coloquei as mãos na cabeça enquanto tentava digerir o ocorrido. Um pesadelo apenas, mas era algo que não era totalmente ilusão. Eu temia descobrir quem eu era atualmente após conhecer James e pelo pouco que coletei de mim. Senti algo no rosto, uma umidade. Eu estava chorando. Após a descoberta dessa reação, meu choro apenas aumentou até chegar ao soluçar. Eu estava com medo, com tanto medo! Eu queria poder recomeçar do zero, mas sabia que não poderia apagar meu passado. O desespero me tomou. Eu já havia chorado antes, mas o choro de antes era bem menos intenso que esse. E eu sabia que não poderia ficar aqui naquele quarto que reforçava meus medos, pertencido a uma pessoa que eu queria enterrar: eu mesma. Sem pensar muito, vestindo meu hobby por cima da camisola de seda azul marinho comprida, eu saí do quarto.

Eu estava cansada, queria dormir, mas não conseguiria dormir em meu quarto. Havia varias portas naquele andar de quartos de hospedes. Tentei entrar em todas as portas, mas estavam trancadas. Bufei. Provavelmente teria que chamar Joel para abrir as portas. Só havia uma porta que devia estar aberta...

Eu rumei para lá cansada demais para pensar em algo melhor ou no que Edward pensaria se me visse em seu quarto. Bem, eu poderia dizer que sou sonâmbula. Caminhei débil até seu quarto e entrei, estava parcialmente escuro. Eu não ouvia quase nada a não ser a respiração calma dele. Com o pouco que consegui enxergar notei que além da cama havia algumas mobílias, uma era promissora, um sofá. Eu não tinha coragem de me deitar com Edward por vários motivos, o maior deles era pensar no que eu poderia ter feito com Edward, ter me envolvido com outro homem...

Caminhei cambaleante até a poltrona afastada no lado direito do quarto e me deitei. Estava me sentindo segura só por estar no mesmo ambiente que Edward. Ignorando a falta de um travesseiro ou lençol, eu adormeci.

 

 

-Hmmm… -Um murmúrio débil. Virou-se de lado e abriu rapidamente os olhos. Os fechou. Estacou, abriu os olhos novamente. Sentou-se lentamente em sua cama sem acreditar. Acendeu o abajur no lado direito de sua cama e pôde ver a silhueta delgada deitada no sofá no canto mais afastado de seu quarto, encolhida. Não podia acreditar. Após tudo o que ocorreu e a frieza com que Bella o tratou quando a encontrou no quarto, não imaginou que a veria ali, em seu quarto. Levantou-se e seguiu até ela, a figura feminina estava em posição fetal e tremia pelo frio, mas parecia tão cansada que isso não a despertou.

Movido por um sentimento inexplicável, a tomou nos braços deitando-a em sua cama, no lugar que deveria ser seu. Cobriu Isabella com o edredom e deitou-se ao seu lado. Ah, quantas coisas desejava fazer! Edward nada faria, não sem o consentimento de Bella. Aplacou os desejos mais primitivos de tocá-la, beijá-la e sentir a esposa como sentira antes, mas recuou. Ele já havia forçado Bella a muito até aquele ponto, não faria nada mais. Tocou o rosto sentindo a umidade, Bella andou chorando.

-Eu vou te proteger Bella. É isso o que tenho desejado desde que a vi pela primeira vez. Eu não quero mais lhe causar dor. –Aproximou-se a beijando na testa e viu um pequeno sorriso brotar dos lábios da jovem. O sorriso a muito perdido que Edward queria manter a todo custo no rosto bonito. Queria mais do que qualquer coisa manter seu corpo próximo ao dela, mas conservou a distancia e dormiu aproveitando, quem sabe uma ultima vez, dividir o leito com Bella.


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Notas finais do capítulo

Presentinho pelos reviews que estou recebendo. Apesar de poucos fico muito feliz. Postei varios trabalhos meus aqui, para visualizarem só ir no item pesquisar e colocar na barra de busca "jack-chan" e usuário. Recomendo a fic Renascida.