Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 5
Capítulo 4




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Manhã de quinta, eu estava bem melhor do que ontem. Ontem havia sido um dia tenso onde descobri coisas de forma abrupta, coisas que eu não queria descobrir. Como querer ver um filme de terror, mas temer o que você vai encontrar. No entanto eu estava melhor, melhor por que Edward estava me apoiando. Levantei-me e tomei um relaxante banho.

...

-Ele saiu? –Perguntei a Joel enquanto me era servido o café da manhã na sala de jantar. Joel assentiu.

-Sim senhora. O senhor Cullen teve de sair bem cedo. Ele me recomendou para cuidar da senhora e evitar qualquer... Qualquer incidente.

-Não se preocupe comigo Joel. Eu vou me comportar. Eu acho que vou ficar por aqui e minha mãe disse que viria me visitar. Eu vou esperá-la.

-Que bom. Ainda sim, mesmo ficando aqui não é necessário ficar enclausurada nesta casa, senhora Cullen. Após o café da manhã que tal um passeio pela propriedade? –Joel sugeriu, um sorriso nos lábios cheios. Eu hesitei. Ele era estranho, parecia não gostar de mim, sei lá. Intuição apenas.

-Tudo bem. Ficaria feliz em passear e conhecer toda a propriedade. Você vai comigo Joel?

-Claro senhora Cullen, se for seu desejo.

-Eu gostaria. –Sorri. O café custou bem menos do que eu gostaria e não demorou a Joel e eu sairmos em um pequeno veículo que Joel diz ser de freqüentadores de golfe. Joel guiou o veiculo e me mostrou metodicamente tudo. O terreno era extenso e belo, flores, árvores para todo o lado. Eu me senti bem contemplando aquela paisagem, sentindo a brisa da manhã no meu rosto. Joel falava sobre o lugar, a extensão, as flores e árvores plantadas, o tempo que a casa fora construída... Eu não dei muita atenção perdida no frenesi que era contemplar tudo aquilo. Algo me ocorreu.

-Ah, a empregada que Edward demitiu... O que aconteceu a ela? –Perguntei a Joel sem olhá-lo.

-Bem... O senhor Cullen decidiu deixá-la conosco. Parece que foi graças ao seu pedido. A pobre coitada não tinha para onde ir, ficamos gratos pelo seu bom coração, por ter deixado para lá a grosseria dela.

-Edward fez isso? Por mim?  -Perguntei atônica.

-Sim senhora. O senhor Cullen sempre leva em consideração seus gostos.

Eu parei e pensei. Joel conhecia meu antigo “eu” e agora estávamos sós. Edward parecia relutar em me contar coisas ao meu respeito por algum motivo e vi em Joel alguém que poderia dizer sem papas na língua. Quando iria verbalizar minhas perguntas...

-Ah, o local mais interessante! Olhe ali, senhora Cullen. Aquele é o labirinto vivo! –Ele apontou para um paredão de plantas.

-Aquele é o labirinto, bem extenso e complicado. Em seu centro há um chafariz. A senhora vinha para cá sempre, escondia-se neste labirinto. Apesar de este labirinto estar na propriedade há tempos, o senhor Cullen nunca soube como entrar e sair sem problemas, mas a senhora descobriu.

-Sério? Que coisa! –E naquele instante eu engatei, minhas perguntas teriam que ser respondidas. –Joel, você me conhece relativamente bem, não é? –Eu o olhei e vi Joel travar.

-Bem, eu convivi com a senhora então sei um pouco de sua pessoa, mas acredito que quem mais a conhece e o senhor Cullen. Por que não pergunta ao senhor?

-Edward não me fala nada. Claro que não tivemos tempo para parar e conversar, mas... Joel, eu tenho algumas perguntas para fazer então será que você pode...

O celular de Joel toca, ele o retira do bolso interno de seu paletó clássico de mordomo. Ele apenas ouve por alguns instantes para depois fechar o celular.

-Parece que devemos retornar. Sua mãe, a senhora Renée Swan, a espera. –E então seguiu para a grande propriedade. Fiquei frustrada. Eu queria ter minhas respostas e Joel me pareceu à chave para isso.

...

-Filha! –Renée veio e abraçou-me. Eu correspondi sem graça ao abraço. –Nossa, mas o que é isso? Você acabou de se acordar ou algo assim? –Ela perguntou olhando-me da cabeça aos pés.

-Não, eu estou acordada há algum tempo. Por quê?

-Olhe só para você Bella! Essas roupas estão terríveis em você! –Apontou para minha bermuda caqui e minha blusa branca. –E seu rosto está sem maquiagem. Isso é terrível! Vamos, eu vou maquiá-la. –Dizendo isso Renée puxou-me pelo braço em direção as escadas. Eu fui desnorteada, assustada com sua reação. Ela era estranha.

...

-Pronto! Está linda! –Minha mãe disse. Guardou o que havia retirado de meu kit de maquiagem em uma maleta e a colocou em meu closet. Sai do meu banheiro e sentei na cama. Notei que minha mãe havia trazido uma bolsa enorme de couro. Quando ela se juntou a mim eu perguntei.

-O que tem dentro dessa bolsa, mãe?

-Ah, eu trouxe umas fotos. Quem sabe isso não reacende sua memória? –Renée olhava meu quarto, a decoração com claro sinal de desgosto. Aquilo me encheu de curiosidade. Peguei a grande bolsa e retirei apenas um álbum de lá, muito bonito de veludo e detalhes dourados. Comecei a passar as fotos, olhando-a cuidadosamente. Renée sentou ao meu lado. Uma foto me chamou a atenção, de uma criança, um senhor e uma versão mais nova de Renée.

-Quem são? –Perguntei. Renée olhou atentamente a fotografia, seu sorriso se esmaeceu assumindo uma máscara de tristeza.

-Sou eu e você pequena e seu pai, Charlie.

-O que aconteceu com meu pai? Não o vi até agora.

-Ele morreu Bella. –Ela disse e levantou-se. Passou a olhar para a paisagem fora da janela. Mesmo aquele homem de sorriso bonito ser um desconhecido para mim agora, senti um aperto ao saber que ele era meu pai e não estava mais aqui.

-Do que ele morreu?

-Do coração. Charlie não cuidava da saúde, nunca cuidou. Não foi por falta de aviso.

Um silêncio incômodo se instaurou. Renée o quebrou.

-Então vamos ver o restante das fotos. Eu trouxe poucas fotos, mas trouxe as mais importantes. Esta aqui é quando você estava na escola e algumas de suas amigas. –Renée apontou para uma fotografia de um punhado de meninas. A maioria das fotos era de quando eu era pequena. Renée disse que nunca fui de gostar de sair em fotos e após passar pela pré-adolescência eu bati o pé, mesmo que isso fosse indelicado afinal eu vinha de uma boa família.

Eu não reconhecia os rostos que me apareciam, sejam parentes ou amigos. Aquilo me preocupou. Eu nunca iria reconhecer pessoas próximas a mim? Eu sempre as veria como desconhecidos? E quanto ao meu casamento? Edward conseguiria lhe dar com isso? Pensar em Edward e na possibilidade dele não agüentar essa minha indiferença, chutando-me me assustou. Ele tinha sido a melhor coisa que encontrei desde que despertei. Graças a ele eu estava segurando a barra. Foi naquele momento que eu vi uma foto que me chamou a atenção, Renée tinha sua atenção para seu celular, aparentemente alguém tinha ligado para ela.

Era uma foto minha, longe da pompa que parecia me rodear. Eu estava sentada em um banco de praça abraçada a um jovem de cabelos negros, lisos e compridos, e pele acobreada. Era um rapaz bonito e parecia ter muito intimidade pelo modo como nos abraçávamos.

-Mãe, quem é esse? –Eu perguntei tomando sua atenção de volta para o álbum. Renée num átimo pegou o álbum e retirou a fotografia.

-Nossa! Como fui deixar essa foto aqui? Não é ninguém em especial.

-Não é o que está parecendo. E então mãe? Quem é?

Ela suspirou e murmurou.

-Um antigo amigo seu, mas isso é uma longa historia. Ele nem está mais por aqui.

-Então ele não é mais meu amigo, mãe?

-Acho que não. Você troca facilmente seus amigos quando enjoa deles.

Suas palavras me pegaram. Como assim? Eu era tão insensível assim a ponto de deixar para lá amigos quando enjoava deles? Senti um enjôo no estômago.

-Eu não vim aqui para isso. Vamos planejar o jantar. Eu vou usar o salão de festas no quarto andar desta casa e já falei com uma amiga minha que vai organizar o evento. Deixei em suas mãos capacitadas para fazer um jantar esplêndido. Ainda sim precisamos ver a lista dos convidados e...

-Mãe, eu deixo em suas mãos. Eu não conheço ninguém mesmo então minha opinião não é válida. –Eu disse já aborrecida. Eu pensei que eu até poderia arrancar informações sobre minha vida, mas minha mãe parecia apenas uma mera espectadora de uma Bella superficial. Ela não parecia me conhecer. Dei de ombros. Deixei Renée fazer os planos que queria enquanto olhava o álbum. Não deixei de notar que a foto de mim com o rapaz de pele acobreada estava escondida em alguma parte do corpo dela. Eu fiquei tentada a pedir a foto, uma parte de mim me dizia que Renée me escondia coisas como todos na casa pareciam fazer. Droga! Eu estava perdida! Como eu iria saber quem eu sou se ninguém queria me dizer? Após o almoço, Renée se foi com a promessa de voltar o que não me deixou muito feliz.

...

Eu estava sentada na escadaria principal da casa quando Edward chegou em seu Volvo. Ele pareceu não me notar. Eu permaneci sentada na escadaria ouvindo o barulho de seu carro entrando na garagem. Era fim de tarde, quase à noite. Ouvi Joel e Edward conversando, decidi entrar e recebê-lo também. Eu o vi entrar pela lateral da casa, a porta que as pessoas da garagem utilizam para chegar à sala. Edward estacou a me ver. Eu sorri. Joel pirregateou.

-Verei os preparativos para o jantar. –Joel disse seguindo para a cozinha.

-Oi. –Falei para ele aproximando-me.

-Oi. Como foi o seu dia? –Ele perguntou com a voz afável.

-Foi bom. Minha mãe veio aqui para ver os preparativos do jantar e... Para mostrar umas fotos. –Eu disse enquanto caminhávamos para o lance de escadas, Edward estacou ali, uma postura rígida.

-E como foi essa sessão de fotos? Lembrou-se de algo?

-Não, mas soube que meu pai morreu. Isso me deixou chateada. –Minha expressão antes risonha se esmaeceu.

-Sinto muito. –Ele falou tão pesaroso quanto eu.

-Tudo bem. Acho que por culpa dessa amnésia eu estou entorpecida por dores assim.

-E sobre essas fotos? Alguma te chamou a atenção? Alguma historia... –Edward perguntou e percebi que ele parecia querer me sondar de algo.

-Nenhuma. Só rostos desconhecidos. Renée não estava com saco de me explicar. Eu dei carta branca para ela sobre o jantar. Acha que fiz mal? –Nem notei que já estávamos em frente ao meu quarto.

-Não sei bem, sua mãe é meio exagerada e... –Edward fechou os olhos, encostou-se rapidamente em uma parede, uma das mãos na testa. Eu tentei apoiá-lo.

-Hei, Edward, tudo bem? –Perguntei. Fiquei assustada ao tocá-lo, ele estava com febre.

-Eu estou bem, só cansado. Vou tomar um banho. –Edward seguiu para seu quarto. Eu o vi se afastar, preocupada. Ele não parecia muito bem.

...

-Ele não vai descer para comer? –Perguntei a Joel enquanto degustava forçadamente do jantar, estava sem apetite.

-Sim o senhor Cullen disse que iria dormir. Ao que parece ele se alimentou antes de vir para cá. –Joel disse observando atentamente as empregadas me servirem. Eu ainda não tinha visto a empregada que tinha dito coisas rudes a meu respeito. Joel deve estar mantendo a dita cuja longe de mim.

-Eu acho que vou vê-lo após o jantar. Ele não me parecia bem e quando o toquei acho que estava febril. –Murmurei para mim mesma, ninguém poderia me ouvir, já estavam afastados da mesa em que jantava.

Terminada minha refeição, pedi a Joel para que providenciasse uma sopa e aleguei ser para mim. Ele não discordou, mas vi como estava se esforçando para manter um sorriso. Pedi para que levasse ao meu quarto e segui para lá. Assim que entrei em meu quarto escovei meus dentes, troquei minha roupa por uma de dormir usando o mesmo conjunto moletom da noite passada (eu não iria me acostumar a usar peças da Victoria Secret). Logo uma empregada veio e trouxe a sopa, de abobora. Peguei o prato agradecendo a gentileza e colocando a comida na pequena mesa que estava em meu quarto. Quando não ouvi nenhum barulho no corredor eu segui para o quarto de Edward que, ao que tudo indicava, ficava no final do extenso corredor.

Duas batidas leves. Ouvi um “entre” e entrei com o prato em mãos. Acendi as luzes. Edward estava deitado, devidamente vestido com um pijama de seda. Coloquei o prato em cima da mesa de cabeceira e sentei na cama. Edward me olhava quando me virei para olhá-lo.

-Desculpe perturbá-lo. Como está se sentindo? –Toquei sua testa, estava febril. –Você está com febre! Por que não me avisou?

-Não quero incomodar. –Falou numa voz falha.

-Não é incomodo nenhum, Edward. É melhor chamar um medico.

-Não se preocupe, não é nada. Devo ter ficado resfriado, eu nem ao menos comi no almoço entretido com o trabalho.

-Não deve fazer algo assim. Sua saúde deve estar em primeiro lugar. De qualquer forma eu trouxe comida. Pedi para os empregados fazerem uma sopa e você vai comer mocinho. –Falei num tom de reprimenda, ele sorriu. Sentou-se com alguma dificuldade enquanto eu pegava uma almofada e colocava o prato na mesma, no colo de Edward.

-Quer que eu te dê na boca? –Perguntei entre risos.

-Não. Não precisa disso. –Ele falou risonho. Desatou-se a comer comigo ali sentada assistindo-o. Senti-me meio sem graça.

-Eu vou voltar para o meu quarto. –Fiz menção de levantar, mas Edward me reteve.

-Fica. –Um brilho nos olhos dele me aqueceu, me queimou sem dor. Eu me senti incapaz de negar aquele pedido. Voltei a sentar em frente a ele enquanto o observava comer.

-Será que eu devo pegar um remédio para você ou algo assim? Não acho que uma sopa resolverá sua febre.

-Não se preocupe. Eu tomei um antitérmico e um antigripal. Amanhã estarei novo em folha. E me desculpe por ter passado o dia fora.

-Edward, não se preocupe com isso. Você tem sua vida, seu trabalho. Não traga problemas para você por minha causa. Eu vou ficar bem aqui e hoje foi um dia... Divertido. Joel disse a você que ele me mostrou a propriedade?

-Sim.

-Ah, me desculpe. Vamos, coma. Estou atrapalhando você.

-Você nunca me atrapalha.

Fiquei rubra com as palavras de Edward. Só para não ter que olhá-lo, foquei-me no seu quarto. Era um quarto muito espaçoso, as paredes pintadas de branco com moveis marrons, simples, porém clássicos. Mais afastado havia uma prateleira de vidro cheia de fotografias. Levantei-me e caminhei para lá. Tinham nove fotografias. A primeira era de um homem e uma mulher cercado de crianças, três ao todo; a segunda era de um garotinho e reconheci Edward nele, a fotografia anterior devia ser a família de meu marido; a terceira era de uma garotinha num vestido lindo, seu rosto era familiar... Pensei que poderia ser eu quando criança; o restante das fotografias era do meu casamento com Edward. Eu fiquei assustada quando olhei as fotografias. Estávamos belos nos trajes tradicionais e a decoração do local onde ocorreu a festa era exuberante, mas tinha algo nos nossos rostos que nada tinha haver com o clima de festividade. Estávamos sérios, sem sorrir sequer. Edward ainda esboçava um sorriso, os olhos tinham um brilho todo especial, mas eu não. Eu estava séria, morta. Desviei os olhos daquele horror. Eu não queira ver aquelas fotos e minha indiferença num momento que deveria ser feliz. Aquilo estava me deixando doente.

Edward já estava quase acabando a refeição. Ele devia estar faminto. Caminhei lentamente pelo quarto olhando ao redor sem voltar a olhar para a prateleira com fotos.

-Acabou? –Perguntei quando o vi afastar o prato.

-Sim. Obrigado pela refeição, estava deliciosa.

-Agradeça aos empregados que providenciaram e não a mim. Não fiz nada.

-Ainda sim agradeço por ter se preocupado com isso, Bella.

-Disponha. –Peguei o prato de seu colo. –Eu vou deixar isso na cozinha. Volto daqui a pouco. Vá e escove seus dentes. –Dizendo isso eu segui para a cozinha e deixei na pia a louça suja, queria seguir o quanto antes ao quarto de Edward e ver se ele ficaria bem.

Entrei de mansinho no quarto e apaguei as luzes, Edward estava se cobrindo com o edredom quando entrei. Caminhei até ele e sentei na cama, ele virou-se para me olhar. Liguei a luz do abajur para que pudesse vê-lo melhor.

-Então eu vou para meu quarto dormir. Se você sentir algo é só ligar para mim que eu venho aqui com você. Onde está seu celular? Vou colocá-lo próximo a você assim você poderá me ligar sem fazer esforço.

-Está no bolso interno do meu paletó. Ele está pendurado naquela poltrona. –Edward apontou a direção e fui para lá. Rapidamente encontrei o celular no local designado deixando-o em cima do criado mudo. Edward virou-se, deitando de lado. Ajeitei o edredom para cobri-lo melhor e quando fiz menção de me levantar uma mão me reteve, a mão macia e firma de Edward. Ele não se virou para me olhar e achei que talvez fosse uma reação de alguém adormecido. Pensei em sair do aperto de sua mão na minha devagarzinho, mas quando me remexi sob sua mão ouvi a voz dizer:

-Fique aqui, por favor. –Edward disse com a voz rouca, sem potência alguma. Era estranho, mesmo nós sendo casados, não tínhamos, na minha atual circunstância, intimidade para isso, para dividirmos uma cama. Mas como eu poderia recusar aquele pedido da pessoa que tanto havia feito por mim em tão pouco tempo? Edward era jovem, bonito, bem sucedido, mas... Mesmo sem lembrar-se do passado... Por que eu sentia que ele era a pessoa mais triste e solitária do mundo? Sua dor, minha dor. Alguém que eu mal conhecia...

-Tudo bem. –Eu disse e me deitei colando meu peito as suas costas, meu braço o envolveu por cima de Edward enquanto ele ainda segurava minha mão. Ele era quentinho, me senti bem ali, aconchegada em suas costas, abraçando-o. Edward foi relaxando ao meu abraço até que, por fim, sua respiração ficou pesada, os batimentos lentos. Estava dormindo. Eu poderia sair dali e ir para o meu quarto, Edward não iria notar ou me criticar por deixá-lo sozinho, mas quando eu me remexi tirando nossas mãos antes dadas, ele reagiu. Edward virou-se, ficando de lado e automaticamente de frente para mim. Prendi a respiração. Estávamos tão perto que sentia o hálito de Edward em meu rosto, um hálito saboroso. Ele se aproximou de mim e encostou sua testa no meu queixo enquanto seus braços me envolveram. Fiquei estática sem saber o que fazer, como sair daquela prisão inescapável criada pelos braços de um Edward sonolento.

“Oh cara como eu vou sair disso?” –Pensei sentindo-me embasbacada por aquela situação. Edward tão próximo de mim! Tudo bem que no inicio a proximidade não estava me incomodando, mas agora era tão constrangedora que estava me sentindo mal. Eu não iria conseguir dormir daquele jeito. Tentei me desvencilhar lentamente dos braços de Edward, mas meu movimento, bem como pensei que iria acontecer, o acordou.

Eu o vi abrir parcialmente os olhos cor de ocre e focarem em meu rosto um pouquinho acima do seu enquanto seus braços ainda me envolviam mantendo-me próxima a ele.

-Edward... Desculpe acordá-lo, mas eu... –E então, de forma lenta, ele se aproximou de mim e juntou seus lábios aos meus.

Meu coração parou.

O que? Como? Como eu estou cuidando de um enfermo e de repente estou sendo beijada por ele? De forma puramente instintiva, eu reagi. Ao sentir os lábios de Edward sobre os meus separando-os para aprofundar o beijo, eu o empurrei e acabei por cair no chão. Minhas costas doeram ao cair no chão encapetado de seu quarto. Lentamente eu me recompus e sentei. Edward pareceu finalmente despertar, os olhos fitando-me com assombro. Eu não sei por que agi assim, medo talvez, ele era um desconhecido poxa!

-Eu... –Edward murmurou, sem palavras para aquela situação tanto quanto eu. Eu nem o deixei falar. Levantei-me e sai correndo para o meu quarto, para o único lugar daquele mundo que descobri ontem que poderia ser chamado de santuário.


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Notas finais do capítulo

Oi amores obrigada pelos comentários. Como agradecimento estou colocando um capitulo novo. Gostaria da ajuda de vocês divulgando essa fic para pessoas que conheçam e gostem de fics. Preciso de muitos leitores! T-T/

Beijos a todas.