Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 23
Capítulo 22




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Edward já havia ido à empresa quando acordei, mas deixou um cartão e uma rosa no lugar que deveria ocupar em nossa cama. Levantei sentindo-me renovada. As mudanças permanentes de minha vida começariam a partir de agora.

...

-Quer dizer que só poderei retirar o DIU semana que vem? –Perguntei ao meu ginecologista. Ele assentiu.

-Infelizmente minha agenda está lotada. Perdoe-me senhora Cullen. A senhora é uma cliente preferencial, mas desta vez não poderei adiantar esta pequena intervenção cirúrgica.

-Está tudo bem doutor Mark. Deixemos para a semana que vem. Agora eu preciso ir. Minha mãe exigiu minha presença em seu apartamento para um almoço. –Disse levantando-me. Cumprimentei o doutor antes de partir.

Almoço com minha mãe. Contei sobre minha viagem com Edward. Mamãe ficou feliz por nossa reconciliação e por meus planos de ter filhos. Senti que parecia aliviada também, mas não fiquei especulando muito sobre isso.

Ao chegar em casa não encontrei boa parte de meus pertences em meu quarto. Descobri que Edward pediu a Joel para colocar meus pertences em seu quarto. Sorri. Edward deixou claro com esse ato que queria que vivêssemos como um casal, dividindo um quarto. Compartilhávamos da mesma vontade.

Ao anoitecer Edward chegou, mais tarde do que o de costume. Estava tão sonolenta que nem ao menos consegui abrir os olhos quando ouvi o barulho na porta do nosso quarto. Tudo o que senti foi o livro que estava lendo ser retirado das minhas mãos, alguém afagar meu rosto e um beijo ser depositado nos meus lábios.

...

Não sei bem como, mas os dias passaram como um borrão. Aquela era mais uma manhã em que eu tinha como única tarefa do dia o ensaio para o casamento de Jacob que seria no outro dia. Edward sabia que eu iria ao ensaio, não gostou nada, mas também não me disse para não ir.

-Então eu preciso ir. Meu motorista a levará a casa de Leah. –Edward disse enquanto colocava luvas de couro e sua sobrecasaca. Estava uma manhã fria e muito provavelmente iria chover.

-Tudo bem. Não vou demorar no ensaio. –Prometi.

-Pedi a Joel para preparar um jantar especial para nós dois. –Edward murmurou. –Para comemorar a retirada do seu DIU semana que vem. –Edward disse brincalhão.

-Edward! Isso lá é coisa para se comemorar! –Soquei de leve seu ombro. Edward ria abertamente.

-Eu acho que é um bom motivo para comemorar. Agora eu preciso ir. Procure se agasalhar. Vai fazer frio e muito provavelmente choverá. –Colocou suas mãos em meu rosto e puxou-me para beijá-lo. Nosso beijo foi demorado e intenso, como todos os beijos que dávamos, mas por algum motivo eu quis prolongar mais o beijo até deixá-lo sem ar. Foi Edward que nos afastou.

-Hei moça está querendo me matar por asfixia? –Perguntou ainda com os olhos fechados.

-Talvez. –Sorri maliciosa. Edward inclinou-se mais uma vez para me beijar e então partiu.

Eu me ocupei em arrumar os poucos pertences que ainda estavam no meu antigo quarto em meu quarto com Edward. Isso conseguiu me distrair tempo suficiente para que eu não percebesse a passagem das horas. Não demorou a eu estar pronta para o ensaio do casamento de meu amigo.

...

-Ah Bella! –Leah me cumprimentou, sua casa estava um caos de pessoas cuidando já do ambiente para o casamento. –Que bom que você veio! O ensaio vai começar daqui a cinco minutos. Vamos logo para o jardim.

Leah me puxou pela mão da porta em direção ao interior a sala. Seguimos rapidamente, passando pelas muitas pessoas que ocupavam o pequeno cômodo, em direção ao jardim. O local já estava decorado com as cadeiras onde muito provavelmente os convidados sentariam e uma estrutura que seria o altar. Leal segurou minha mão e foi me apresentando a amigos e familiares. Fui cumprimentando a todos à medida que era apresentada. Alguém acenou para Leah no altar de madeira.

-O ensaio vai começar. Está vendo aquele grupo? São os padrinhos. Você fica ao lado daquele garotinho ali. –Ela apontou para um garoto moreno que sorria para nós duas. –É meu irmão, o Seth. Ele será padrinho junto com você.

-Ok. –Disse caminhando até o rapaz de nome Seth.

-Oi. Você deve ser a madrinha do Jake, não é? –Ele perguntou.

-Prazer, meu nome é Bella. –Disse ao garoto. Ele me ofereceu sua mão e prontamente a aceitei para um cumprimento.

-Eu sou o Seth, irmão mais novo da noiva.

-Oi Seth. Viu o Jacob? Ainda não o vi.

-Ele estava ajudando o pessoal a trazer algumas coisas para o interior da casa, mas logo vai estar aqui.

-Então Seth, o que eu devo fazer como madrinha? –Vi as pessoas ao nosso redor se organizarem.

-É só ficar ao meu lado. A única coisa que faremos é assinar a papelada do cartório quando for solicitado. Ah, lá vem o noivo! –Seth anunciou. Vi Jacob entrar acompanhado de seu pai, Billy, com quem eu não conversava há algum tempo. Vestia roupas simples, calça jeans preta e camiseta branca. Ele ficou surpreso em me ver e seus olhos ficaram fixos em mim por mais tempo do que a cortesia existe. Se Billy não tivesse percebido a troca de olhares entre nós e cutucado Jake, ele ficaria olhando para mim até o final do ensaio, posso apostar.

E então veio Leah, acompanhada de um homem que só poderia ser seu pai. Todos, inclusive Leah, estavam emocionados, apesar de ser um simples ensaio. Mas Jacob não parecia emocionado, ele parecia triste, como naquela tarde em que me visitou. E era estranho como aquilo me doía, devia ser por que Jacob era meu amigo e eu queria que ele fosse feliz. Apesar de Leah ser legal e bonita, ele não parecia muito feliz agora.

De tão distraída que estava nem percebi que o ensaio se desenrolava e que logo chegou minha vez de fingir assinar o nome no livro do cartório. Graças a Seth não paguei nenhum mico, ele me alertou o momento em que teria que agir como madrinha.

...

-Ah, você já vai? Queria que ficasse um pouco mais. Vai rolar minha despedida de solteira aqui em casa. –Leah disse pesarosa.

-Obrigada pelo convite. Queria ficar, mas prometi ao meu marido que iria cedo para casa. Ele está preparando algo especial pra mim hoje. –Sorri ante a perspectiva da minha noite com Edward.

-Tudo bem. Você já sabe de tudo a respeito de amanhã, não é? As informações estão no convite. Gostaria que viesse um pouco mais cedo.

-Claro Leah. Virei mais cedo. Ah, viu o Jake? Não falei com ele desde que cheguei e gostaria de me despedir. Só falta me despedir dele.

-Ah o meu noivo está lá em cima no nosso quarto. Vá lá se despedir dele. Eu vou ter que cuidar de uns detalhes da decoração aqui em baixo. –Leah disse risonha. Eu a abracei num gesto de despedida e rumei para as escadas.

Como Leah supôs, Jake estava no quarto do casal. Jacob estava sentado em uma cadeira na varanda, os olhos na movimentação intensa no jardim das pessoas responsáveis pela decoração da casa.

-Oi? –Chamei. Jacob levantou-se num átimo.

-Oi! Já está de saída? –Perguntou caminhando em minha direção.

-Sim. Sua noiva me convidou para ficar, mas não vou poder.

-Que pena. Obrigado por vir Bells, não pensei que você viria.

-Ora Jake e por que eu não viria?

-Por que você não veio no chá de panela. –Jake disse com rudeza. Ficou claro que minha falta o aborreceu. Procurei me redimir.

-Desculpe, houve um imprevisto. Edward passou mal ai eu... –Murmurei nada contente em ter que mentir.

-O Edward passou mal? Mas que conveniente passar mal justo quando iríamos nos ver! Aposto que aquele ali vai amputar um braço amanhã só pra que você não venha no meu casamento. –Jacob disse com aspereza. O ódio que cada palavra parecia conter me deixou aturdida.

-Jake, não diga essas coisas! Edward não teve culpa de passar mal! –Disse brava em defesa de meu marido. Tudo bem que de fato era mentira que Edward estivera doente, mas eu era tão cúmplice da mentira quanto ele. Jake respirou fundo parecendo se conter.

-Desculpe Bells. Esquece isso, ta? Vamos falar de outra coisa. –Jacob sentou-se na cama, fez menção para que eu me sentasse ao seu lado, o que eu fiz de bom grado.

-E então? Onde pretende passar a lua de mel? –Perguntei a fim de restabelecer aquele clima agradável que estava antes do nome Edward ser citado no meio da conversa.

-Vou para o litoral. Eu ficarei uma semana por lá, no máximo duas.

-Sério? Que bom! Olha, que tal ficar hospedado em um dos hotéis de Edward? Vai ser tipo meu presente de casamento. –Quando falei isso Jake mostrou uma expressão de desagrado horrível para mim.

-Não, obrigado. O pai de Leah tem uma casa de praia, ficaremos lá.

-Ah, ok. –Murmurei sem graça. Como eu iria manter o clima leve entre nós dois? –E filhos, pretendem ter?

-Sim, mas não agora. Leah e eu somos muito novos.

-Eu não acho. Você é o que? Um ano mais velho do que eu? –Perguntei.

-Sim.

-Acho que está na idade certa. Seria legal se vocês tivessem filhos agora, assim quando eu tiver meu bebê eles terão idades aproximadas. –Comentei sorrindo como uma boba enquanto eu me lembrava de meus planos com Edward. Ouvi o riso de Jacob e virei para olhá-lo.

-O que? Pretendendo ter filhos? Posso saber com quem? Não me diga que vai apelar para a inseminação artificial? –Jacob perguntou zombeteiro. Isso me desagradou.

-Eu sou casada, lembra-se? Edward não é estéril. Teremos nossos bebês da forma tradicional. –Disse petulante enquanto fazia uma careta.

Algo mudou.

O clima ficou pesado subitamente e vi Jacob fitar a parede, os punhos cerrados.

-O que você disse? –Perguntou entredentes. Estremeci com a hostilidade que emanava dele. –Por um acaso aquele desgraçado ousou tocar em você?

-JACOB! COMO OUSA CHAMAR EDWARD DE DESGRAÇADO? –Levantei num átimo e encarei Jacob com ódio. Ele pareceu não se abalar com o que eu disse.

-EU CHAMO AQUELE FILHO DA PUTA DO QUE EU QUISER E NENHUMA OFENÇA SERIA O SUFICIENTE!

Não agüentei. Ergui a mão e estapeei Jacob com toda a minha força. Jacob ficou atordoado com o tapa, acredito que não esperava por uma agressão.

-Por que... Fez isso? –Ele perguntou atônico.

-Por que eu o bati? Por que você está xingando gratuitamente o Edward e ele nunca fez nada pra você Jake!

-NUNCA FEZ NADA PRA MIM? AQUELE MISERAVEL DESGRAÇOU COM A MINHA VIDA, COM AS NOSSSAS VIDAS! –Jacob segurou fortemente meu braço. Eu o olhei com incredulidade.

-Me solta Jake. Você enlouqueceu? Não sei do que fala.

-É CLARO QUE NÃO SABE! AQUELE DESGRAÇADO NÃO CONTOU! ESTÁ SE APROVEITANDO DE SUA CONDIÇÃO PARA TE TER!

-CHEGA JAKE! ME DEIXA IR! –Eu o empurrei e rumei para a porta. Como ele se atrevia a dizer coisas tão desagradáveis sobre Edward? Edward, apesar de tratá-lo com indiferença, nunca fez nada para Jacob. Jacob se colocou entre mim e a porta.

-Jacob, sai da frente. –Sibilei.

-Não, não sem antes você saber de tudo pela minha boca.

-De tudo o que? O que o Edward fez para você?

-O que ele fez para mim? O que ele fez para nós Bella! Por culpa daquele cretino nós dois fomos separados!

-Jacob, pare de dizer asneiras! O modo como soa faz pensar que você era meu amante!

-Amante? Não me compare com James ou com quem outro com quem você teve um caso! Eu não era seu amante, eu era seu noivo! Era para estarmos casados agora. Se não fosse por ele, nós estaríamos juntos e felizes. –Sua voz soou trêmula como se Jacob fosse chorar a qualquer momento. Eu estaquei. Mais do que saber sobre meu caso com James, Jake dizia que tínhamos sido noivos. Como? Sacudi a cabeça em negativa atordoada demais para falar. Jacob segurou meu braço e me sacudiu.

-Não... –Murmurei. –Não é possível. O que você está dizendo é... Nem ao menos tem provas!

-Claro que tenho provas! Você também tem! Naquele baú de madeira você disse que guardou todas as nossas lembranças e as escondeu em um lugar que só você tinha acesso. Mas para o caso de você não saber onde está o baú, eu tenho provas aqui comigo e vou mostrá-las a você! –Jacob saiu rapidamente em direção a um cômodo. Obriguei minhas pernas a se mover e logo estava correndo. Cheguei rapidamente ao meu carro.

-Senhora Cullen? –O motorista, que estava encostado na lataria do carro, perguntou. Minha cara devia estar horrível.

-Preciso ir para casa. Agora. –Murmurei entrando. Logo o motorista entrou e deu partida. Pude ver Jacob saindo da casa com lago nas mãos. Olhou meu carro partir.

Coloquei minhas mãos na cabeça, meus olhos fixos no chão. O que tinha sido aquilo? Como Jacob sabia do baú, de James? Por que ele disse algo como “noivos” para nós dois? Isso não era possível. Eu arfava, tremia e senti as lágrimas cortarem meu rosto. Estava muito confusa, sentia um aperto em meu peito atordoante. Imagens vinham a minha cabeça, imagens confusas de meus sonhos com Jacob, de tudo o que vivi desde que despertei relacionado à Jacob e que soou estranho para mim. Minha mãe desconversava quando o assunto era sobre ele, Edward o odiava, Jacob sempre dizia coisas estranhas, vagas...

Não, Jacob era um mentiroso! Tudo era mentira! Mas e se...

-Senhora Cullen, chegamos. –O motorista avisou estacionando o carro em frente a casa. Sai num átimo. Não percebi que já havia começado a chover. Comecei a correr para o labirinto sem ter certeza de que era o certo ir para lá.

-Senhora Cullen! –O motorista gritou parecendo alarmado com meu comportamento.

-Eu já volto! –Disse alto o suficiente para que ouvisse. Sai em disparada pelo grande jardim tropeçando algumas vezes e por duas vezes caindo. Por fim eu estava diante do labirinto verde.

“Eu tenho que saber se não poderei enlouquecer!” –Pensei enquanto adentrava o labirinto olhando para o fio dourado que estava no chão. Caminhei apressadamente pelo labirinto com os olhos fixos no chão. E então um espaço aberto surgiu. Levantei a cabeça e notei que estava no centro. A chuva se intensificava, mas ignorei. Olhei envolta, havia um bonito jardim repleto de flores, um chafariz com uma escultura de Afrodite. Bancos de madeira espalhados no local. Tudo era tão belo, mas não enxerguei a beleza. Eu precisava encontrar. Olhei para cada canto e nada vi de estranho. Uma parte de mim queria ir embora, esperar Edward e ter a melhor noite de todas ao seu lado, mas as palavras de Jacob martelavam minha cabeça. Te todas as vezes que ouvi coisas sobre mim, essa sem duvida era a que eu não conseguiria ignorar.

“Volta Bella! Não tem nada aqui! Volta!” –Minha mente gritava desesperada. Olhei o caminho de volta e naquele momento algo se operou em mim, um estalo. Olhei para a fonte com a escultura de Afrodite em uma concha, baseada em uma pintura que certa vez vi. Eu me aproximei cautelosa circundando a escultura. Eu vi algo escondido abaixo da concha. Ajoelhei no chão e retirei então um baú de tamanho mediado que estava escondido lá. O baú que Jacob falou e que por duas vezes sonhei. Se o baú era real então as coisas ditas por Jacob também eram? Só havia uma maneira de saber.

-DROGA! –Praguejei quando tentei abrir e não consegui. O baú estava trancado. Onde poderia estar à chave? Pensei na misteriosa chave no molho de chaves de minha moto. Só podia ser aquela!

...

-Senhora Cullen? –Joel me olhou assombrado enquanto eu entrava apressada em casa segurando o baú.

-Joel pegue as chaves da minha moto, por favor? –Pedi indo em direção as escadas. Não olhei para ver se Joel havia ido pegar as chaves. Entrei em meu antigo quarto, agora só havia minha cama e a televisão de LCD embutida na parede. Ajoelhei no chão e coloquei o baú em frente a mim. Retirei meu casaco, pesado por estar molhado, e coloquei meus cabelos para trás. Joel entrou após alguns minutos, me estendeu a chave.

-Aqui está senhora. –Disse.

-Obrigada agora pode me deixar só? –Meus olhos só no baú.

-Claro. –Disse e rapidamente saiu do meu quarto fechando a porta. Eu sabia que tinha pouco tempo. Minhas atitudes estranhas deixaram Joel alarmado. Ele iria ligar para Edward certamente.

Lentamente peguei a chave e a abri. Bem como pensei o baú foi aberto. Deixei a chave da moto e o pequeno cadeado ao meu lado. Com as mãos trêmulas eu ergui a tampa notando que havia muitos objetos lá. Pouco a pouco fui identificando as formas, toquei nos pertences examinando-os melhor.

A verdade penetrava em mim como uma faca cravada em minha carne. A respiração cessou enquanto examinava tudo o que havia lá. Fotos, cartas, presentes, um diário. Tudo, tudo ligado a Jacob. Enquanto via tudo naquele baú às lembranças vinham.

Colar que Jacob me deu, foi no dia do meu aniversario de 15 anos.

Girafa de pelúcia que ganhei num parque de diversões. Só ganhei por que Jacob me ensinou a como atirar.

Fotos nossas desde quando éramos pequenos até nosso noivado.

Nossa aliança...

E naquele momento eu me lembrava de tudo, tudo!


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Notas finais do capítulo

Chocados? Acho que não, muitos sabiam que Bella e Jake tiveram algo. Deixem muitios reviews. Fic em reta final.