Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 22
Capítulo 21




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-Senhora Cullen? –A voz soou distante. Eu ainda hesitava em frente à entrada do labirinto verde. Havia encontrado um possível método de chegar ate o centro. Seria tão fácil descobrir a verdade!

-Senhora Cullen? –Virei-me assustada com a voz que agora estava próxima. Era Joel.

-Ah, oi! O que deseja?

-A senhora tem uma visita, está esperando na sala de visitas.

-E quem é Joel? –Perguntei vendo-o se virar.

-O senhor Jacob Black. –Joel disse.

...

-Jake! –Gritei ao vê-lo de pé na sala. Jacob virou-se e abrir um lindo sorriso quando me viu. Veio e me abraçou.

-Oi Bells. Bom te ver. Como está? –Jake me soltou e me firmou.

-Estou bem. E você?

-Estou ótimo, principalmente agora. –Jacob ficou me olhando de um jeito que me incomodou.

-Então a que devo a honra da sua visita? Vamos nos sentar. –Peguei sua mão levando-o a uma sala onde possuía sofás, nos sentamos. Após sentar Jacob falou:

-Leah vai fazer um chá de panela. Ela me pediu para entregar a você o convite. Tome. –Jake retirou um pequeno envelope cor salmão do bolso e entregou a mim. –Tentei entregá-lo durante essa semana, mas seus empregados me disseram que você estava viajando. Era verdade?

-Sim. Eu precisei dar um tempo daqui. –Disse um pouco melancólica. –E você? Deve estar muito ocupado com os preparativos do casamento.

-Sim. Está tudo uma loucura! E estou um pouco nervoso. –Jake olhava para o chão. Coloquei minha mão sobre a dele.

-Não precisa ficar nervoso. Você a ama e ela é a pessoa certa, não é? –Sorri. Jacob me olhou e vi naquele seu olhar algo estranho, uma dor.  Então Jacob fechou os olhos.

-As coisas não estão saindo do jeito que eu quis, mas acho que, se não fosse por Leah, eu estaria bem pior.

-Hmmm Quer conversar sobre isso? –Perguntei sabendo que algo o atormentava e querendo ajudá-lo. Jacob me olhou querendo, de alguma forma, transmitir algo. Nossas mãos ainda estavam juntas. Então Jake virou-se olhando para a entrada. Eu acompanhei seu olhar e encontrei Edward de pé na entrada, olhava para nossas mãos e para o rosto de Jake. Sua expressão era de uma fúria contida. Jacob pareceu não se abalar. Beijou minhas mãos e as soltou. Levantou-se.

-Eu preciso ir. Tenho coisas a fazer. Espero que possa ir ao chá de panela, vai ser divertido. Poderemos conversar melhor lá.

-Jake, vai estar no chá de panela? Isso não é algo tipicamente feminino?

-Eu não vou participar, mas estarei na mesma casa, em outro cômodo assistindo televisão com os outros cuecas. Tchau Bells. –Jacob sorriu para mim, passou por Edward e o cumprimentou com um leve aceno de cabeça. Murmurou algo, tão baixo que não ouvi, para Edward. Saiu. Edward virou-se olhando Jacob partir. Seus punhos fechados. A raiva que emanava dele era tão grande que não ousei me aproximar.

-Oi amor. –Sussurrei. Edward suspirou. Virou-se para mim e sorriu, mas seus olhos não sorriam.

-Oi. Desculpe a demora em vir.

-Tudo bem. Não demorou nada. –Caminhei até ficar próxima dele. Segurei sua mão. Edward não me perguntou nada a respeito da visita de Jacob, mas eu sabia que precisava falar.

-A noiva do Jake está promovendo um chá de panela e me convidou. Vai ser hoje à noite. Eu vou.

-E o tal Jacob vai estar lá? –Edward disse o nome do Jake de uma forma rude. Suspirei.

-Sim, mas não vai participar da festa. Vai ficar por lá fazendo algo tipicamente masculino. Eu até convidaria você, mas é uma coisa de mulher então...

-Bella? –Edward me chamou, eu o olhei. Edward colocou uma mão em meu rosto. –Vamos fazer alguma coisa juntos esta noite.

-Edward, eu tenho o chá de panela pra ir. Marcamos algo outra noite e...

-Bella, eu serei sincero com você; não quero que você vá. –A intensidade de suas palavras e a imposição das mesmas me sobressaltou. Tentei processar as palavras de Edward, mas não tive muito sucesso.

-O que quer dizer com isso? –Balbuciei.

-Por que eu tenho ciúmes de Jacob. E ele vai estar lá. Não quero que fique a sós com ele, nunca.

-Edward, isso é infantilidade. Jacob é meu amigo. –Disse num tom de reprimenda. Edward ainda me olhava de uma forma intensa.

-Bella, por favor. Eu estou pedindo pra você. Fica comigo. Podemos fazer algo, juntos. Você pode passar lá e entregar o presente, diga que não está se sentindo bem. Assim não ficará feio pra você. 

-Edward, eu não entendo esse seu medo. Jacob é só o meu amigo. Depois de tudo o que passamos você deveria confiar em mim. –Disse magoada com a desconfiança de Edward. Mas também depois de tudo o que aprontei era natural que ele desconfiasse de mim afinal eu tinha traído ele diversas vezes. E de repente o medo que Edward sentia não parecia bobo. Eu o abracei. Edward me abraçou fortemente.

-Tudo bem Edward. Eu vou apenas entregar o presente e então nós saímos.

Edward ficou feliz por minha resolução. Eu precisaria fazê-lo confiar em mim e este seria um processo demorado, mas eu iria me esforçar.

-Obrigado. Muito obrigado. –Sussurrou em meu ouvido e então me puxou para um inesperado beijo.

...

Ambos estávamos prontos para sair. Eu usava um vestido preto até os joelhos tomara-que-caia, salto vermelho, cabelos presos num coque frouxo e os brincos que Edward me deu. Edward usava um blazer preto, camisa interna cinza, estava belo. Vesti um moletom velho por cima e não me maquiei. Compramos um presente no caminho e seguimos para o endereço. Estávamos no Aston Martin de Edward.

-Vou tirar meus sapatos. Calçar este tênis que peguei. Não quero que Leah pense mal de mim e certamente pensaria se me visse arrumada para sair para outro lugar.

-Como quiser. –Edward estava feliz, claro. Eu estava fazendo sua vontade. Ainda estava ruminando seu comportamento após a saída de Jacob.

Ao chegar à casa de Leah eu sai enquanto Edward ficou no carro esperando-me. Bati na porta duas vezes, o som de música vinha da casa. Foi à própria Leah que abriu.

-Ah, Bella! –Abraçou-me. –Que bom que veio. Entra! –Tentou puxar minha mão, mas fiquei plantada no lado de fora.

-Oi Leah. Só vim entregar o presente. Eu não vou poder ficar. Meu marido não está se sentindo bem e eu ficarei cuidando dele. –Disse estendendo o presente que comprei com Edward antes de ir à festa. Leah o pegou.

-Que pena. Queria que ficasse. –Leah disse com pesar.

-Sinto muito, mas não poderei. Vejo você no casamento?

-Ah, é. Você será a madrinha do Jake. Não sei se ele falou, mas antes do dia do casamento, à tarde, vai haver o ensaio da cerimônia. Seria muito bom se você viesse.

-Eu irei. Diga a Jacob para me mandar o endereço onde vai ocorrer o ensaio.

-Pra dizer a verdade vai ser aqui. Faremos um casamento no jardim.

-Que bom! Eu virei sim Leah. Perdão por não ficar.

-Tudo bem Bella. Melhoras para seu marido. Jacob vai confirmar o ensaio.

-Ok. –Acenei enquanto caminhava pela calçada. Encontrei com Edward a duas quadras da casa de Leah. Rapidamente saímos pela cidade sem destino certo.

...

Edward estava feliz por eu estar ali com ele, eu também. Uma parte de mim, porém, se preocupava com o modo que Edward agiu. Refleti que era algo natural visto que fiz muitas coisas ruins a ele. Mesmo nessa boa fase de nossa vida, Edward ainda temia que algo atrapalhasse e seu medo devia ser maior do que o meu.

-E então, qual a programação? –Perguntei ligando o som do carro. Edward olhava a estrada.

-Bem... Fica a sua escolha. Quer algo chique ou popular? –Edward perguntou divertido.

-Acho que vou querer o popular. Tivemos muitos momentos chiques no litoral. –Deixei minha mão repousar no banco e Edward prontamente a segurou. Ficamos de mãos dadas durante todo o trajeto.

Para a minha surpresa, Edward parou em um parque de diversões modesto. Estacionamentos em um estacionamento privativo em frente ao parque. Edward retirou seu paletó e eu retirei meus brincos e desfiz o coque dos cabelos.

-E então, vamos? –Pegou minha mão.

-Ok, parece ser divertido. Você guia. –Dizendo isso Edward me puxou para dentro da multidão.

Não havia muitas opções naquele parque quando o assunto era divertimento, mas ainda sim nós nos divertimos muito. Carrossel, montanha-russa, casa fantasma, tapete voador... Certamente fomos a todos os brinquedos daquele lugar. Edward não falou muito, sorria de modo sutil. O silencio não era estranho, mas agradável. Após andarmos para lá e para cá, paramos em uma barraquinha de tiro.

-Olha que urso lindo! –Apontei para um panda de pelúcia com um laço amarelo amarrado em seu pescoço.

-Você o quer? –Edward me olhava. Eu assenti. Eu o vi dobrar as mangas de sua camisa de botões cinza e pagar o homem antes de pegar uma espingarda. Edward tentou uma, duas, três vezes e nada. Tentou uma quarta vez, mais movido pela frustração de errar os alvos do que movido pelo desejo de me presentear. Eu o detive antes que perdesse mais dinheiro.

-Edward, deixe-me tentar. –Pedi já retirando de suas mãos a espingarda. Edward entregou-me com um sorriso malicioso, ele não era o único com o sorriso por que o homem da banca também sorria.  Aquilo era um desafio. Engatilhei a arma e a segurei mirando no primeiro alvo. O acertei. E então foi uma seqüência de acertos. Naquele momento em que eu acertava os alvos com facilidade, tive um deja vu. Eu já havia vivido algo assim antes.

-Eu quero aquela girafa de pelúcia!

-Tudo bem gata, será seu. Mas se quiser não serei eu a ganhar.

-Então quem vai ganhar o bicho?

-Você Bells. Eu vou te ensinar como ganhar nesse jogo. É fácil.

-Ok. Mas se eu não ganhar a porcaria do bicho de pelúcia por culpa de suas aulas você vai se ver comigo!

-Eu também te amo Bells.

-Amor? Amor?

-Hã? O que foi? –Olhei para Edward.

-Você ganhou. –Ele disse risonho.

-Ah, ok. –Devolvi a arma para o senhor da barraca e apontei para o urso. Ele me deu o prêmio escolhido. Olhei para um boné vermelho muito bonito próximo ao urso.

-Hei moço, vou tentar mais uma vez. –Anunciei pegando a espingarda.

...

-Obrigado pelo boné. Eu adorei. –Edward disse satisfeito, o boné na cabeça. Também usava o cordão que lhe dei.

-Edward, não me diga que toda vez que eu lhe der algo você vai usar ao mesmo tempo? Desse jeito vai parecer uma loja ambulante! –Brinquei. Seguíamos para o último brinquedo: a roda gigante.

-Pode apostar que vou usar! Não tem idéia do quanto fico feliz com cada coisa que você me dá.

-Mas o que eu dou nem tem tanto valor se comparado com seus presentes. –Disse. Edward sacudiu a cabeça em negativa.

-Você não tem idéia do quanto eles valem. Nem mesmo todo o meu patrimônio é páreo. –E então Edward me puxou para uma cabine da roda-gigante. Sentamos-nos ao lado do outro sentindo a cabine se mover. Olhei para a paisagem noturna do lado de fora da cabine, estremeci com o frio que senti pela corrente de ar. Edward, notando que eu estava com frio, colocou seu braço envolto de mim.  

-Obrigada. –Disse fechando os olhos e me encostando-se a ele todo.

-Está cansada? –Edward perguntou beijando meu cabelo.

-Sim.

-Ué, mas a noite nem começou. Eu pensei em irmos ao cinema e terminarmos nossa noite em uma lanchonete.

-Terminar nossa noite em uma lanchonete? Edward, amor, eu pensei que... –Aproximei meus lábios de seu ouvido. –Que terminaríamos essa noite em nossa cama. –Mordisquei a orelha de Edward e o senti estremecer. Arfante puxou-me para me beijar de uma forma intensa, possessiva, excitante. Só deixamos os lábios do outro quando estávamos sem ar.

-Eu acho que... Que podemos pular as outras etapas. Sabe... Irmos direto para a parte da nossa cama. –Ele disse intenso. Sorri

-Por mim tudo bem.

Esperamos até a roda gigante para e seguimos para o estacionamento. Quando chegamos ao carro, Edward puxou-me e me jogou com um pouco de rudeza na lateral do carro, beijando-me com vigor. Suas mãos me puxando com força para seus braços.

-Não posso mais esperar. –Sussurrou em meus lábios. Abriu a porta e nos puxou para o banco de trás. Sentou-se e me colocou sentada em seu colo.

-Edward! –Esbravejei enquanto ele beijava-me no pescoço. –Aqui não! É um lugar publico! –Ainda sim Edward não parou com suas caricias.

-Sabe o que dizem sobre casamento? Que todo casal deve fazer amor em um local publico pelo menos uma vez. –Mordiscou minha orelha. E não pude mais resistir a ele, não com aquelas mãos em mim, os lábios em minha pele, seu cheiro, seu timbre sussurrando para me entregar a ele...

Suas mãos seguraram a barra do meu vestido e ergui meus braços para facilitar o que Edward queria. Meus dedos, após ele me despir, abriram os botões de sua camisa.

Foi rápido, mas muito prazeroso e excitante ficar com Edward no interior do carro. Como o estacionamento estava deserto não tivemos nenhum problema. Retirei o boné, outras peças de roupa, deixando apenas o cordão de prata em seu pescoço. Encaixamos-nos com facilidade e rapidamente chegamos ao ápice. De algum modo, após o sexo, conseguimos nos deitar no banco de trás. Eu nos braços de Edward.

-E então? Valeu à pena ficar comigo hoje? –Edward perguntou. Sorri meus olhos fechados.

-Sim. Muito. E adorei a cosia de fazer amor em um local publico. Apesar de ter sido rápido, foi muito bom.

-Quer experimentar de novo a sensação de fazer algo proibido? Estou prontinho.

-Hei Edward, contenha-se! –Soquei de leve seu peito.

-Ainda está cansada? –Perguntou olhando para mim.

-Não. Passou.

-Então vamos seguir o cronograma. Pulamos uma etapa, ou melhor, adiantamos. Quer ir ao cinema?

-Que tal a um restaurante? To com muita fome! –Disse levantando-me e pegando meu vestido.

-Ok. Vamos à comida.

...

Todo foi lento ou rápido demais, eu não sei. Fomos a uma lanchonete, comemos um monte de besteiras, fomos para nossa casa, tomamos banho juntinhos, fomos nos deitar. Como já havíamos feito amor no carro e debaixo do chuveiro, decidimos dormir. Exaustos demais com o dia intenso que tivemos. Lá estava eu abraçadinha a Edward sentindo o sono chegar.

-Amor? –Chamei.

-O que foi amor? –Ele perguntou.

-Encontrei o número do meu ginecologista. Eu o verei amanhã. Vou marcar a retirada do DIU.

-Amor, não precisa fazer as coisas por mim. Eu esperarei até que esteja pronta para ser mãe. –Edward dizia com brandura, seus dedos enroscados em meus cabelos.

-Eu quero ter um filho seu, não estou fazendo isso só por você. Senti os lábios de Edward em minha testa.

-Você me faria o homem mais feliz do mundo se me desse um filho.

-E eu seria a mulher mais afortunada com isso. –Levantei um pouco meu corpo e o beijei nos lábios. –Boa noite meu amor. –Fechei os olhos me entregando à exaustão.

-Boa noite meu amor. Eu amo você. –Ouvi a voz de Edward. Sorri.

-Eu também amo você. –Murmurei entre um bocejo e rapidamente adormeci.

...

“Por que insiste com a mentira? Por que insiste em viver com a mentira? É assim que quer viver? Com toda essa enganação?”.

A voz feminina soou longe. Eu devia estar próxima de um sonho. Certamente teria mais uma revelação de minha antiga vida através do sonho. E então eu ouvi um som que sobrepujou a voz.

Tum Tum Tum...

Era o coração de Edward que eu podia ouvir com perfeita clareza. Um som tão bonito, tão tranqüilizante que apagou qualquer outra coisa.


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