Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 19
Capítulo 18




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-Bella... –Edward murmurou ainda chocado pelas minhas palavras. Eu o segurei pela camisa, não de forma bruta.

-Edward... Eu preciso saber. O que houve no dia do acidente? Foi você quem me tirou da água?

-Por que está perguntando estas coisas a respeito do acidente? –Ele perguntou ainda perturbado pelo meu estado.

-Eu tenho tido pesadelos freqüentes e, de alguma forma, sei que estão relacionados com o dia do acidente. Eu me vejo presa em um carro, no fundo de um rio, ferida. E então eu vejo alguém nadar em minha direção. Pode ser apenas loucura minha, mas eu sinto que aquilo está diretamente ligado ao acidente. Além disso, eu vi você. Nadando em minha direção. Edward me diga algo sobe o acidente, por favor. –Eu pedi completamente transtornada com o silencio de Edward. Agora não tinha tempo para evasivas.

Edward ergueu a mão afagando meu rosto com meiguice, os olhos perdidos. Deitou-se na cama e puxou-me para seu peito, mantendo-me presa ao seu corpo. Com aquele contato eu relaxei, os batimentos e respiração se acalmaram. Cheguei a pensar que Edward, como sempre, não iria responder a minha pergunta, mas para a minha surpresa sua voz soou pelo aposento.

-Fui eu que a retirei do carro. Eu a estava seguindo aquele dia. –Disse e sua voz soava com tensão.

-O que aconteceu? –Perguntei num fio de voz.

-Você ficou instável após dois meses de casamento, Bella. E adquiriu hábitos nenhum pouco louváveis. Naquele dia você não estava bem, dirigia bêbada. Eu a segui temendo o pior. Você dirigiu na direção de um caminhão e eu tive de intervir. Tirei seu carro da rota com a ajuda de meu carro jogando-o para o lado oposto ao do caminhão. Por muito pouco nós dois não batemos. Certamente nenhum de nós teria sobrevivido. Mas meu ato desesperado de salva-la não garantiu você sair ilesa. Você perdeu o controle da direção, estávamos na ponte. Seu carro capotou e caiu no rio. Eu não pensei duas vezes. Quando vi o que tinha acontecido eu pulei da ponte e a retirei do carro. Se eu não tivesse feito isso você teria morrido afogada. Sempre me senti culpado por que de certa forma eu causei o seu acidente. Você não sabe o quanto isso me corroeu por dentro. –Eu podia sentir a tristeza e a angústia de Edward. Agora eu entendia por que ele, até mesmo em meus sonhos, sempre se culpava de algo. Ele acreditava ter sido responsável pelo meu acidente quando na verdade me salvou não uma, mas duas vezes.

-Entendo. Agora eu entendo. –Disse fechando meus olhos e relaxando de vez em seus braços.

-Entende? O que quer dizer com isso Bella? –Podia sentir os olhos de Edward em mim combinado com a tensão que se corpo emanava. Abri meus olhos e encontrei seus olhos cor de ocre, abrasadores, temerosos de algo. Sorri e toquei seu rosto.

-Se era isso o que você temia me contar, que o deixava preocupado, então sua preocupação acabou, certo? –E Edward me olhou de um jeito tão intenso que senti uma quentura no rosto. Acariciou meu rosto, meus cabelos dizendo:

-Sim. Acabou. –Inclinou-se para me beijar e nos acomodou melhor na cama e rapidamente me entreguei à inconsciência.

...

Pouco a pouco a luz da manhã foi me despertando, penetrando através de minhas pálpebras e me tirando da inconsciência. Senti um beijinho gostoso sendo depositado em minha testa, em minhas bochechas e por último em minha boca. Sorri já sabendo quem fazia isso.

-Bom dia. –Murmurei. A voz rouca. Abri meus olhos e encontrei os de Edward. Estava sentado na cama, já de banho tomado e vestido, inclinado em minha direção.

-Bom dia meu bem. –Edward disse voltando a sua posição original. Sentei na cama e olhei envolta.

-Que horas são? Tenho a impressão de que dormi por muito tempo.

-Não se preocupe com as horas Bella. Eu também acordei agora a pouco. Pedi para que servissem nosso café da manhã aqui na mesa na varanda.

Assim que Edward falou em comida eu senti meu estomago protestar. Levantei vestindo o hobby no processo.

-Então acho melhor nós comermos agora. Estou faminta! –Disse pegando-o pela mão. A mesa estava maravilhosa. Sentei-me e fui logo me servindo. Edward fez o mesmo, mas notei que me olhava, sorrindo de modo sutil. Durante alguns minutos, poucos, ficamos apenas em silencio apreciando a comida. Fui eu a quebrar o silencio. 

-Então qual a programação de hoje? Acho que em dois dias de estadia nós já fizemos de tudo. Pergunto-me se irei me surpreender nesse terceiro dia. –Disse rindo. Edward riu também.

-Garanto que irei surpreendê-la.

-Então diga: o que iremos fazer? –Perguntei, mas Edward sacudiu a cabeça.

-É surpresa.

...

Só fui descobrir nosso destino quando entrei no iate. Os murmúrios dos passageiros denunciaram o local para onde Edward estava me levando, uma ilha muito conhecida aqui, propriedade do hotel. Eu me sentia cansada, não totalmente recuperada da noite quase insone que tive e as olheiras de Edward denunciavam que ele havia dormido menos do que eu.

A ilha era pequena, ficava próxima da praia. A viagem de Iate deve ter durado no máximo meia hora. Assim que atracamos em um pequeno porto, os passageiros que haviam ido a tal ilha conosco desembarcaram e seguiram um guia, mas Edward segurou-me pela mão e me arrastou para o lado oposto ao que o grupo de turistas seguia.

-Edward, não deveríamos ficar com o grupo? –Perguntei sem saber para onde ele estava me levando, já estávamos caminhando há vinte minutos.

-Não vamos passear com aquele grupo, não é preciso. Eu quero lhe mostrar um lugar sensacional aqui. –Disse alegre. Dei de ombros. Eu aceitaria qualquer coisa para ver Edward feliz. Sei que, por mais que ele tente disfarçar, Edward ficou preocupado comigo após aquele súbito ataque que tive durante a madrugada. Ele não demonstrava claramente, mas eu via algo nos seus olhos, aquele brilho que seus olhos cor de ocre emanam quando está preocupado.

Caminhamos durante alguns minutos pela praia, Edward puxou-me subitamente para a mata. Apesar das duvidas a respeito do lugar para onde estávamos indo e até do pânico por estar seguindo uma trilha minúscula em meio à mata, eu me sentia bem por estar com ele. 

E então cruzamos a pequena ilha e estávamos do outro lado, um lado que certamente os turistas não tinham acesso. Perdi o fôlego ao ver aquela paisagem, uma praia, pedras, uma densa vegetação. No final da praia, entre a vegetação, quase invisível, uma cabana. Ficamos parados, de mãos dadas, no final da trilha olhando aquela paisagem exuberante.

-Gostou? Nessa parte os turistas não vêem.

-Edward, esse lugar é maravilhoso! –Disse com a voz falha. O dia bonito apenas emoldurava a toda aquela beleza.

-Que bom que gostou. Prefiro este lado aqui da ilha.

Sentei-me na areia sem me importar em ficar suja. Edward sentou ao meu lado e ficamos ali na sombra de algumas árvores olhando a praia, sentindo aquela brisa gostosa passando pelo nosso corpo. Encostei minha cabeça no ombro de Edward. Ele logo passou seu braço em minha cintura puxando-me para mais perto, os olhos fixos no mar. Então decidi brincar, o puxei pela gola da camisa pólo que usava jogando-o delicadamente no chão. Deitei-me sobre ele dando beijinhos em seu rosto (bochechas, pálpebras, lábios, pontinha do nariz).

-Sabe de uma coisa? Pra fechar com chave de ouro esse passeio quero fazer amor com você! –Disse beijando-o na curvatura do pescoço. Edward riu. Apertou-me contra seu peito.

-Amor, não me tente com tal proposta. Não sem antes chegarmos à cabana.

-Cabana? –Eu olhei para Edward, interrogativa. Edward tinha um sorriso matreiro nos lábios.

-Não vamos simplesmente ir embora depois de todo o trabalho para vir aqui e também não ficaremos ao relento. –Edward levantou-se e puxou-me pela mão. Seguimos em direção a tal cabana, uma casinha de madeira pintada de branco aparentemente pequena. Edward caminhou à frente e abriu a porta. Arfei ao ver o interior da cabana. O interior era requintado, com decoração rústica. Quem visse o exterior da casa jamais imaginaria algo assim. Entrei e olhei a tudo sendo seguida por Edward. A casa era composta pó uma sala que possuía uma lareira, uma cozinha conjugada, um quarto com banheiro. Só. Tudo muito bonito, requintado.

-Você pediu para que preparassem esse lugar aqui? –Perguntei voltando a sala, sentando no confortável sofá marrom. Edward sentou ao meu lado.

-Sim. Não achei que você iria querer ficar em uma cabana sem nada deitada em folhas de alguma palmeira. –Edward disse entre risos.

-Eu não iria dormir em cima de folhas de palmeira! Eu iria dormir em cima de você! –Falei e novamente minhas palavras despertaram Edward. Ele deitou-me no sofá e deitou-se sobre mim. Começou a distribuir beijos pela minha face como fiz com ele na areia, antes de entrarmos na cabana.

-Edward? –Eu o chamei sem fôlego. Suas caricias estavam me deixando bastante excitada.

-O que foi amor? –Ele disse enquanto beijava minha garganta.

-Acho que agora é um bom momento. –Falei. Ele parou.

-Momento e que? –Ele perguntou desconfiado.

-De conhecer meu marido, seus gostos e desgostos. Quero saber tudo o que puder me contar.

...

-Sério que você curte essa banda? Pensei que só gostasse de música clássica! –Disse bebericando meu vinho. Edward notou que minha taça estava ficando vazia, inclinou-se pegando a garrafa de vinho que estava em uma mesinha de madeira branca e colocou um pouco mais de vinho tinto pra mim. Estávamos sentados na varanda da casa, ficamos assim, comendo, bebendo e conversando durante horas. Já era mais de seis horas da tarde.

-Eu curto rock também. Meu gosto por musica clássica foi por causa de meu pai e meu gosto por rock veio de você. Quando éramos mais novos e nos encontrávamos você sempre andava com um mp3 com músicas de rock, de Van Morison a Remmistein. Eu ouvia com você de vez em quando e acabei aderindo ao seu gosto musical. –Ele disse tomando da sua taça. O Sol se punha lentamente deixando a paisagem a nossa frente bela.

-E filmes? Qual você gosta? –Cessei a ingestão de vinho sentindo a tontura clássica de quem bebeu demais. Deixei a taça no chão.

-Não sou muito fã do cinema atual. Prefiro os filmes antigos. Filmes de faroeste por exemplo. –Edward fechou os olhos recostando-se melhor na poltrona de madeira que estava sentado. Eu sabia que ele estava recordando coisas antigas.

-Eu invejo você, sabia? –Disse. Edward rapidamente abriu os olhos.

-Você me inveja? Por quê?

Não olhei para Edward. Voltei a olhar para o mar em seu ir e vir.

-Você sabe o que gosta, está neste exato momento se lembrando. Eu não tenho lembranças ou gostos. Por que tudo o que está em meu quarto, lá em casa, parece ser da Bella de antes e não meu. Eu me sinto uma completa estranha ainda, mesmo tendo você e minha mãe.

-Bella... Eu não quero que se sinta assim. –Mesmo sem vê-lo eu sabia que Edward estava angustiado com minhas palavras. Ele sempre se sentia mal pela minha dor. Então eu continuei.

-Eu tenho sofrido muito desde que despertei Edward. Olhar para meu rosto e não reconhecer a mim mesma foi à pior das provações, pelo menos era assim que eu pensava. E então a verdade veio até mim. Primeiro o paparazzi agindo de forma enigmática, Jessica, s evasivas da minha mãe... James. Ele me ligava e vendo que eu não tava nem ai foi no dia do jantar que minha mãe promoveu. Eu fiquei transtornada com o que ele disse que ele era meu amante. E isso junto com pesadelos, alucinações... Isso quase me enlouqueceu.

Eu sabia que poderia estar arruinando tudo o que Edward e eu construímos dizendo a verdade, mas precisávamos passar por aquilo também para seguirmos adiante. Então continuei sentindo o rosto ficar úmido pelas lágrimas.

-Naquela época eu já o estava amando, talvez sempre o amei, mas estava cheia de coisas na cabeça para perceber. E então lá estava você me aceitando do jeito que eu era, aquilo me ergueu- me deu forças, mas ao mesmo tempo me derrubou. Eu tenho me sentido, ao mesmo tempo, bem e mal ao seu lado, até agora.

-Bella... –Edward murmurou com a voz fraca. Eu não ousei olhá-lo. Eu precisava dizer tudo, tirar todo o peso.

-E quando eu achei que tudo estava bem, naquela festa em que fomos, eu me deparo com alguém chamado Alec. Tive um caso com ele, ou ele afirma que tivemos. Ele tentou... Ele tentou me agarrar no banheiro feminino. Foi ele que me feriu no lábio, que me fez ter aquela crise. Antes da viagem eu estava pensando... Não, eu tinha decidido acabar com tudo. Pedir divórcio pro seu bem.

-E eu consegui fazê-la muar de idéia? –Ele perguntou com a voz ainda fraca. Virei-me e o encarei. Sorri.

-Sim. –Ao sentir minha tranqüilidade Edward pareceu relaxar. Levantou-se da poltrona em que estava, deixou sua taça em cima da mesa. Ficou de frente para mim e então se ajoelhou diante de mim colocando sua cabeça em meu colo. Acariciei as madeixas acobreadas olhando-o com tanta ternura, tanto amor, que a garganta fechou. Edward depositou um beijo em minha coxa. Eu me ajoelhei diante dele, afastando-o enquanto fazia isso. O abracei sentindo Edward como eu nunca senti antes, não como um homem, mas como o ar dosa meus pulmões, os pés que fazem com que eu me locomova para frente. Ele é tudo pra mim e sem ele eu seria uma estranha de mim mesma.

Então eu o beijei de forma ávida, precisando dele dentro de mim, do atrito de nossos corpos, de seu calor e cheiros misturados com o meu. Passei minhas pernas em sua cintura e Edward me ergueu, nos conduzindo para o interior da cabana, para o quarto, para a cama. Edward afastou-se, acariciou meu rosto com a ponta dos dedos, encostou sua testa a minha com os olhos fechados, sorria.

-Eu te amo tanto! –Edward disse com fervor voltando a me beijar de uma forma desesperada enquanto suas mãos ocupavam-se em me despir.

Fiquei impressionada em constatar que, mesmo com toda a intimidade que tínhamos, para mim fazer amor com Edward sempre parecia como nossa primeira vez.  Tudo sempre é novo, intenso e meu amor por ele a cada beijo, cada toque, aumenta mais e mais.

Naquela noite, em seus braços, eu cheguei ao orgasmo repetidas vezes entregando-me a ele sem pudor algum. E quanto mais Edward se mostrada disposto, pronto para me ter, mais eu queria dar prazer para ele. Mesmo cansada, mesmo ofegante, com o corpo um pouco dolorido, eu queria mais e mais de Edward por que era isso que ele queria. De tão casada que fiquei, eu apaguei em seus braços.

...

Estava quase inconsciente, não poderia abrir os olhos, me mover, falar, mas poderia sentir. Eu sentia o corpo nu de Edward bem próximo do meu, sua mão afagando meu rosto, meus cabelos. A outra mão afagando minhas costas nuas. Às vezes beijava meus lábios. Ah, era tão prazeroso tudo isso! Se eu soubesse que era tão bom teria me entregado mais rápido a ele. E então, para minha surpresa, eu ouvi sua voz.

-Me perdoa. Eu não tive coragem de contar. Não posso perder tudo o que conquistei. Se eu te perder vai ser o fim pra mim. Eu vou recompensá-la pelos meus erros Bella. Farei com que não se arrependa de todo o sacrifício que você passou desde que casamos. Vou rezar todos os dias para que você não se lembre de nada. Por que eu te amo.

Eu não sabia se aquelas palavras eram um sonho, produto de uma imaginação quase inconsciente. No entanto, enquanto ouvia as supostas palavras proferidas por Edward, eu senti um aperto tão grande no peito que morrer seria um verdadeiro alivio.

O que ele quis dizer com aquelas palavras?

Será que realmente Edward disse aquilo?

Por que me senti tão mal com o que ele disse?

O sono me pegou tirando-me daquele pesadelo momentâneo.

 


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Notas finais do capítulo

Agora priorizarei postes em outras fanfics. Aguardem que logo tem mais. ^-^/