Lembre-me! escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 11
Capítulo 10




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Ele dormia tranquilamente em meus braços. Quando fazia menção de me afastar, Edward inconscientemente puxava-me para mais perto, seu corpo colado ao meu, sua cabeça descansando em meu peito. Algumas vezes ergui a mão e o acariciei nos cabelos. O Sol rompeu a manhã sem que eu percebesse a principio. Eu o estava amando e esta afirmação me enchia de satisfação. Secretamente, desde que o conheci, eu quis isso. Eu queria amá-lo e me entregar a ele sem reservas como forma de agradecer tudo o que Edward fez e faz por mim. Agora eu o amava, sem necessariamente me obrigar a isso.

A fome me atingiu e sorri. Era tão fácil, enquanto estava ali com ele, me esquecer de coisas como alimentação. Levantei-me, vesti um hobby e sai do quarto para degustar do meu café. Deixei Edward dormir; ele parecia exausto. A primeira pessoa que vi, transitando tranquilamente pelos corredores, foi Joel.

-Bom dia senhora Cullen. Pronta para a degustação do café?

-Sim. –Fui até a sala de jantar e novamente me vi cercada de empregados que me serviram. Quando os mesmos, duas empregadas, saíram em direção a cozinha, Joel falou:

-O que aconteceu ao senhor Cullen? Ele não tomou o café, sequer o vi e não o encontrei em seu quarto. A senhora sabe?

-Ele dormiu em meu quarto. É melhor o deixarmos dormir, parece cansado. –Não ousei olhar para Joel, claro que ele poderia interpretar erroneamente a informação que lhe dei supondo que eu e Edward tivemos envolvimento físico. Bem como imaginei Joel nada disse sobre suas especulações.

-Talvez seja bom. De qualquer forma o vice-presidente da empresa ligou desejando falar com ele. Certamente ligará daqui a pouco então...

-Joel, diga a este cavalheiro que Edward não irá ao trabalho hoje. Ele não estava muito bem ontem e acho que deve ficar em casa descansando. Aliás, eu gostaria que preparassem o café da manhã de Edward. Eu o levarei para ele no quarto.

-Como quiser. –Tão logo disse, Joel sai em direção à cozinha. Agradeci por isso. Eu precisava pensar.

...

Quando o vi sentado, uma das mãos passando preguiçosamente pela face, eu sorri involuntariamente. Ele era tão lindo em cada movimento que fazia como o de agora, tinha uma graça natural. Como não percebeu que eu entrara no quarto, munida de uma bandeja com seu café, eu bati levemente na porta.

-Ah, Bella! Perdoe-me por ter adormecido aqui com você. –Falou numa voz sonolenta. 

-Sem problemas. Deve estar com fome. Eu trouxe o seu café. –Caminhei até a pequena mesa em meu quarto e coloquei a bandeja lá. Edward levantou-se, já estava vestido com seu hobby, sequer o tirou quando veio se deitar comigo, e sentou na cadeira. Seus olhos iam para mim sempre que ele pensava que eu não estava olhando, mas eu notava pela minha visão periférica. Fiquei de pé próxima a mesa, depois segui em frente à grande janela de vidro dando privacidade a ele. Não ouvi sua aproximação, imersa como estava em pensamentos. Edward caminhou e ficou diante de mim, encostado na parede de vidro, os olhos no jardim.

-Perdão pelo que fiz. Eu praticamente a ataquei. –Ele murmurou baixinho, os olhos tristes.

-Não precisa pedir perdão. Não foi nada. Eu só estou preocupada com o que causou aquilo. Você parecia inquieto, agora mesmo parece estar inquieto. O que está acontecendo Edward? O que o aflige? –Eu fiquei a fita-lo querendo respondas. Edward me olhou rapidamente.

-Não há nada que me aflige.

-Está mentindo Edward. Eu sei que anda mentindo pra mim, não só você. Todos parecem esconder coisas de mim. Eu não quero que me protejam de nada, do que eu fui, do que eu fiz. Eu quero saber de tudo e assim poder te ajudar! –O nervosismo me desestabilizou. Senti os dedos de Edward em minha bochecha.

-Calma! Desculpe, não fique nervosa por bobagens. Eu estou bem, não preciso de ajuda. –Edward sorriu e havia algo soando falso naquele sorriso. Eu poderia questioná-lo, mas sabia que isso o aborreceria. Coloquei minha mão sobre a sua que fazia menção de se afastar de mim e puxei a mesma para beijar a palma. Isso pareceu surpreender Edward.

-Não tocarei mais no assunto. Diga-me quando estiver preparado. –Edward ficou calado e eu sabia pelo modo como agia que ele nunca tocaria no assunto. Bem, eu iria descobrir sozinha.

–Eu falo isso por que estou preocupada afinal de contas eu sou sua namorada agora. –Disse sorrindo. Edward revelou um sorriso maravilhoso para mim, colocou suas mãos em ambos os lados de meu rosto e puxou-me para beijá-lo. Creio que Edward tenha feito isso de forma impulsiva, mas não me importei com nada. Quando nossos lábios se tocaram num beijo ávido eu não protestei, eu não pensei perdida demais para racionalizar sobre algo. Suas mãos pousaram em minhas costas puxando-me para mais perto dele e eu gostei de estar presa nos seus braços fortes. Envolvi seu pescoço com meus braços querendo estreitar ainda mais o espaço entre nós. Edward quebrou o beijo por nós, algo que me desagradou. Ele estava arfante como eu. Fechou os olhos, um sorriso bobo cravado nos lábios. Edward inclinou-se e encostou sua testa na minha.

-Isso é como um sonho. Ouvir você dizendo que sou seu namorado. Perdoar uma pessoa tão imperfeita como eu.

-Você imperfeito? Edward, se você é imperfeito então o que eu sou? –Eu disse levemente divertida. Edward, com uma mão, afagou minha bochecha.

-Você é a coisa mais linda, em todos os aspectos, que eu já vi. –O modo como ele acariciava meu rosto, como me olhava, me deixou ruborizada.

-Hmmm... Melhor nós nos arrumarmos.

-Arrumar? –Edward olhava para mim confuso.

-Já que eu o dispensei do seu trabalho você bem que poderia dar um pouco de atenção para mim. Sairmos. Sei lá. O que você acha? –E eu fiquei ali esperando pela sua resposta, temendo que ele não quisesse sair, que não quisesse estar comigo. Eu já deveria saber que Edward não faria algo assim.

-Como quiser. –Disse e abraçou-me novamente.

...

Era estranho. Eu não conseguia imaginar Edward fazendo coisas simples e lá estava ele na fila do cinema comigo. Era tão estranho, mesmo para a idade dele, apenas vinte e um anos, ele estar ali como um adolescente qualquer! Ainda sim era bom para mim e certamente para ele. Eu podia ver nos seus olhos âmbares que emitiam um brilho excitado e nos lábios com um meio sorriso permanente que ele estava se divertindo. Em momento algum, desde que nós saímos de nossa casa até o cinema, Edward largou a minha mão, nem mesmo quando estava dirigindo.

-Que filme você quer ver? –Ele perguntou quando chegou a nossa vez na fila.

-Hmmm... Tanto faz. Escolha você, por hora não sei de que filme eu gostava de ver.

-Está bem. –Edward olhou o painel que mostrava os filmes em cartaz, escolheu uma comédia romântica, certamente para me agradar. Eu não estava muito interessada em filmes, eu só queria deixá-lo feliz e me parecia uma boa idéia convidá-lo para sair, longe daquele ambiente pesado; de nossa casa.

O filme não prendeu minha atenção, apesar de parecer divertido. Eu me aconcheguei em Edward, fiquei de olho na grande tela, mas só consegui me concentrar no braço que me envolvia e me puxava para mais perto dele, em uma de suas mãos que segurava a minha. Às vezes Edward desviava os olhos da tela e me puxava para me dar um beijo, geralmente nos lábios, e voltava a dar atenção ao filme.  E eu fiquei pensando que queria aquilo, até as coisas mais simples, com ele, pra sempre.

...

-A comida daqui é ótima! –Disse enquanto via o garçom servindo o prato principal. Já havíamos comido a entrada, uma salada muito saborosa.

-E então o que achou do filme que eu escolhi? –Edward perguntou. As mãos cruzadas sob o queixo.

-Foi muito legal. –Disse e que ele não me perguntasse sobre a estória, eu não me lembrava de nada. –E está gostando de sair comigo? Mesmo que minhas idéias para diversão sejam tão clichê?

-Suas idéias poderiam girar em torno de um dia em casa, ainda sim eu apreciaria. Só por eu estar com você. Estava precisando disso. –Deu de ombros. Ele parecia tão relaxado, tão feliz! Tão diferente do Edward sombrio de outrora. Tarefa cumprida, eu pensava.

-Eu tinha percebido e a idéia me surgiu rapidamente. Espero não estar prejudicando seus negócios enquanto tento monopolizá-lo.

-Bella, pode me monopolizar o quanto quiser.

Quando o fitei, me perdi nos olhos âmbares, abrasadores. Era tão fácil me encantar com ele, com tudo o que vinha dele! E eu sabia que não demoraria a eu assumir o papel de esposa, não se Edward continuasse a agir dessa forma que me encantava a ponto de deixar meus ossos como esponjas. O restante do almoço foi silencioso e constrangido. Edward tinha um sorriso, o mesmo meio sorriso, cravado nos lábios e agora me olhava sem se preocupar em ser flagrado. Ainda sim me senti nas nuvens por ser alvo de seu olhar. Após a sobremesa, decidimos sair.

-Espere aqui, eu irei ao toalete masculino. –Edward disse. Eu assenti e o esperei de pé em frente ao restaurante. Meu celular toca. O atendi.

-Alô? –Perguntei já que não havia número para identificar a ligação.

-Oi princesa. –Uma voz masculina disse. Eu, infelizmente, sabia de quem se tratava.

-James. O que quer?

-Vê-la, claro. Matar a saudade. Estou precisando de você gata.

-Olha, eu sei que esse seu papo de que nós... Nós tínhamos um caso é falso. Eu soube da história toda por um paparazzi! –Disse entredentes. Ouvi a risada do outro lado da linha. –Não é para rir. Sua farsa de tentar se aproveitar de minha falta de memória acabou.

-Parece que quem está se aproveitando de sua falta de memória é você para se livrar de mim. Acha que caio nesse seu papinho?

-O que James? Acha que não perdi a memória?

-Talvez, mas sabe Bella, talvez você saiba que realmente existiu algo entre nós e agora usa a desculpa esfarrapada de perda de memória para me manter longe, algo que não vai acontecer.

-Não volte a ligar seu babaca! –Disse e desliguei o celular. Eu estava irada! Como esse pilantra se atrevia a manchar o mais belo de meus dias com suas mentiras? Eu não iria cair em nenhuma lorota e era por isso que precisava descobrir mais coisas sobre mim. Edward chegou alguns instantes após a ligação de James, eu ainda não havia me recuperado. Ele notou minha tensão.

-Bella, o que houve? –Ele perguntou alarmado pela minha cara, eu devia estar com uma expressão facial não muito boa.

-Nada não. Vamos? –Tentei sorrir, mas acho que não o convenci de que estava bem. Felizmente Edward não me perguntou nada. Seguimos para casa.

...

Contrariando o meu desejo e certamente o dele, Edward teve de ir à empresa com a promessa de que logo estaria em casa. Eu assenti, precisava mesmo ficar só. Olhar as fotografias e vídeos novamente não me serviu de nada, nem mesmo vasculhar meu quarto. Não havia nada, em lugar nenhum, para me dizer quem eu fui um dia. Tudo parecia superficial demais a minha volta. Notei, pelo conhecimento que obtive que existiam duas Bellas: a Bella de vida fútil e a Bella simples descrita, precariamente eu admito, por Jacob. Elas eram diametralmente opostas, não tinha como as duas serem verdadeiras. Como ficar em meu quarto tornou-se insustentável, decidi passear pelo jardim. Eu adorava os jardins daquele local, eram tão belos! Caminhei despreocupadamente tentando não pensar em nada a não ser o vento jogando meus cabelos para trás, o Sol bonito que iluminava tudo, as flores...

O labirinto feito de cerca viva.

Lá estava ele diante de mim. Lembrei-me que Joel disse que eu era a única a entrar e sair daquele luar, conhecedora das saídas. Não pensei duas vezes: segui para lá. O labirinto era intimidador, as cercas vivas eram altas demais e intransponíveis para o caso de querer cortar caminho pelas plantas. Mesmo assim eu quis seguir, minha intuição dizia para fazer isso e quem sabe reavivar algo da memória. Adentrei o lugar e caminhei lentamente para frente. Tudo era encantador de certa forma, como num conto de fadas, mas ao entrar naquele labirinto eu não pude sentir aquele espírito de fascínio que antes havia me tomado. Andar naquele labirinto era claustrofóbico, a luz solar parecia não entrar ali, não aquecer e iluminar adequadamente os corredores verdes.    

Enquanto caminhava eu tentava me lembrar de qualquer coisa; nada me ocorria. Isso era frustrante! Para ajudar, eu pensei em todas as informações coletadas até aquele momento. Não ajudou.

O tempo passou e fiquei ali a caminhar tentando ter um deja vu ou qualquer coisa que despertasse minhas lembranças, mas eu já sabia, sentia que tudo era vão. 

“É tolice. Não vou me lembrar desse jeito.” –Notei que escurecia, não saberia dizer quanto tempo se passou. Olhei o caminho que havia feito e percebi tarde demais que eu estava...

-Droga. To perdida. –Murmurei. O desespero me tomou de forma avassaladora. Quão imprudente eu fui! Seguir para um labirinto sem saber o caminho, sem que ninguém da casa me visse sair! Eu era uma idiota mesmo! Comecei a caminhar tentando me lembrar de algum detalhe na cerca viva que me fizesse chegar à saída e notei que todo era igual, não havia detalhe para me guiar. Estupidamente corri ofegante, mas não encontrava o caminho.

Eu caí no chão, tropeçando em meus próprios pés e lá fiquei. Eu não tinha idéia de como iria sair dali.

 


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Notas finais do capítulo

Gente se quando eu chegar da universidade houverem 10 reviews eu posto mais um capitulo hoje.