Além do Sangue escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 1
Rumores


Notas iniciais do capítulo

E cá estou eu com mais uma história! Espero que gostem desta, assim como eu gostei de escrevê-la!



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Andrômeda nunca achara que se sairia completamente impune.

Desde o começo ela se preparava para quando boatos sobre ela e Ted Tonks, com quem se encontrava em segredo há mais de um ano, começassem a correr.

Mas nunca imaginou que as coisas ficariam tão fora de controle daquela forma.

“Sim! Eu tenho certeza de que a vi saindo do dormitório naquela madrugada...”

“Como se não bastasse se encontrar com um garoto da Lufa-Lufa, ainda tinha de ser um sangue-ruim...”

“Com que cara ela deve olhar para os pais dela...?”

Aquele era o assunto do momento, em todas as casas – mas principalmente na Sonserina – e em todos os anos, e já durava algumas semanas. Andrômeda começava a temer que eles nunca fossem encontrar um assunto novo, mas ainda passava de cabeça erguida enquanto fazia o caminho para fora das masmorras, em direção ao Salão Principal, quando ia tomar o café da manhã antes de mais um longo dia de aulas. Tentava, também, não olhar para os outros alunos quando passava, embora eles não tivessem o mesmo cuidado: alguns olhavam-na com desprezo; outros, até, com certa malícia. Mas todos olhavam.

Naquela manhã, as coisas definitivamente não estavam sendo diferentes.

Ela entrou no Salão Principal se recusando terminantemente a olhar, mesmo de apenas de relance, para a mesa da Lufa-Lufa. Foi, séria, para mesa da Sonserina, sentou-se ao lado de Madeleine Marshall, uma garota de seu ano, e começou a pegar as comidas das travessas mais próximas e a encher o seu prato, concentradíssima na tarefa. Então, começou a cortar tudo em pedacinhos bem pequenos, e depois em menores, como sempre fazia antes de começar a comer.

- Bom dia para você também, Andrômeda. – Resmungou Madeleine, que realmente parecia que estava esperando ser cumprimentada. Ela era praticamente a única pessoa da Sonserina que ainda falava com Andrômeda, porque simplesmente não acreditava que ela estava com Ted Tonks. Era a única que estava errada.

- Dia. – Respondeu Andrômeda no mesmo tom, sem sequer olhar para ela também.

- Você está bem? – Madeleine perguntou, que já devia poder imaginar que não.

- Estou preocupada com os N.I.E.M’s como todo mundo. – Ela percebeu que a mentira não colou no momento em que a falou em voz alta. – Quero dizer, sei que ainda faltam vários meses, mas estamos no sétimo ano! É muita pressão.

- Sei. – A outra garota deu um gole em seu copo de suco. – Então isso tudo nem tem a ver com os boatos sobre você e o Tonks?

Andrômeda não respondeu.

- Ah, faça-me o favor! Eles vão passar, Drômeda. Francamente, queria saber de onde as pessoas tiraram isso, para começo de conversa. Uma Black com um sangue-ruim? – Ela riu com deboche.

O que Madeleine não sabia era que “uma Black com um sangue-ruim” não era algo tão impossível assim. Andrômeda tinha crescido olhando a tapeçaria com a árvore genealógica da família Black, e certa vez perguntou para seu pai sobre as manchas nela, cada uma apagando a imagem de alguém que foi expulso da família. A primeira era de Isla Black – tinha se casado com o trouxa Bob Hitchens, contou ele. E ela nunca se esquecera daquilo.

Mas ela não disse aquilo para Madeleine. E tampouco deixou transparecer que ficara incomodada por ela ter chamado Ted de “sangue-ruim”.

- Então – Parecia que Madeleine ia continuar a falar até obter uma resposta –, qual a nossa primeira aula de hoje, mesmo?

- História da Magia. – Andrômeda respondeu, com um suspiro. – Com a Lufa-Lufa.

- Desculpe. – Madeleine riu novamente, dessa vez com diversão. – Mas o destino também não parece estar muito a seu favor.

Na verdade, poderia estar. Ela era, provavelmente, uma dos dois únicos alunos que se sentiam empolgados com a aula de História da Magia. Era um dos raríssimos momentos em que ela podia ficar perto de Ted sem se preocupar com os outros a sua volta – mesmo que, recentemente, mesmo durante as aulas pareciam estar olhando para eles.

Os alunos foram terminando suas refeições e aos poucos começaram a retirarem-se para as aulas. Andrômeda também procurava terminar de comer rápido, para que não se atrasasse, quando ouviu uma voz feminina sussurrar atrás dela:

- Ansiosa para ir ficar com o namoradinho?

Ela se virou a tempo de ver duas garotas do quinto ano passando, olhando para ela e dando risadinhas, e indo se unir à Narcisa, irmã mais nova de Andrômeda que saía do salão. Eram amigas dela.

Aquela era a parte da coisa toda que mais atormentava Andrômeda. Em dois dias, elas estariam voltando para casa para as férias de Natal. O que Narcisa diria para os pais, quando estivessem lá? Ela era mais uma que acreditava nos rumores, e não perderia uma chance de deixar toda a família a par da situação da irmã. Talvez tivesse até sido ela quem mandou as amigas dizerem aquilo para Andrômeda ao passar por ela.

Se decidiu, por fim, continuar fingindo que não estava ouvindo. Sabia muito bem que qualquer coisa que dissesse iria apenas reforçar os boatos.

Assim como foi uma das últimas a terminar de comer, foi uma das últimas a entrar na aula de História da Magia. Encontrou a classe já cheia, e daquela vez não pode evitar que seus olhos corressem para a mesa onde Ted Tonks estava. Mas foi apenas por um segundo – no outro, desviou o olhar para a mesa ao lado, vazia, esperando por ela.

Foi se sentar agindo como se aquilo fosse pura coincidência. Quem visse ela e Ted naquele momento não acharia que eles se conheciam, muito menos que namoravam em segredo.

Mas qualquer um poderia afirmar que a forma como ambos olharam fixamente para o professor Binns enquanto este começava a dar a aula, dando uma revisão de alguma matéria, falando sobre alguma guerra que havia acontecido há pelo menos três mil anos atrás ou qualquer coisa parecida – Andrômeda não conseguia prestar muita atenção, não só por ser uma aula muito chata como também por causa do garoto sentado ao seu lado –, era muito suspeita.

Conforme os minutos se passavam, os outros alunos pareceram se cansar de observar Andrômeda e Ted. A maioria acabou pegando no sono, outros se entretiveram em observar a neve que caía do lado de fora da janela, mas ninguém estava mais interessado em qualquer coisa que estivesse acontecendo na aula. Professor Binns tinha esse poder. Então, os dois foram relaxando, o suficiente para trocarem alguns olhares – o que já era bem mais do que eles costumavam fazer no dia a dia.

Até que Ted, em determinado momento, começou a escrever algo no pergaminho que tinha à sua frente. Andrômeda soube imediatamente que ele não estava fazendo alguma anotação sobre a aula, todavia, e apertou os olhos para ver o que ele escrevia.

“Vamos nos encontrar hoje, no lugar de sempre? 1:30 A.M.?”

Um recado para ela. Andrômeda olhou a sua volta, para ter certeza de que nenhum aluno estava olhando – Ted não costumava ser tão cuidadoso com essas coisas quanto ela. Verdade fosse dita, Ted não era muito cuidadoso com quase nada – e então escreveu de volta, em seu próprio pergaminho:

“Tudo bem”.

Ela sabia que estava cada vez mais perigoso de se encontrar com ele. Mas justamente por estar indo para casa em dois dias e então, precisar passar longas semanas sem vê-lo, concordou. Andrômeda não sentia mais como se pudesse ficar longe dele por muito tempo. Era como se algo dentro dela estive morresse quando Ted estava longe.

“Você está bem?”, escreveu ele. Devia ter reparado em sua expressão de preocupação – que deveria estar péssima, já que Madeleine Marshall já tinha feito a mesma pergunta naquele dia.

“Sim”, Andrômeda respondeu. E o jeito como passou a prestar muita atenção no professor Binns em seguida mostrou para Ted que era melhor que eles não continuassem conversando por recados, que era muito arriscado e que alguém poderia descobrir. Iriam se falar melhor naquela madrugada.

Andrômeda sabia disfarçar bem, mas no fundo, mal podia esperar.


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Notas finais do capítulo

Comentários são sempre muito bem vindos! Nos vemos no próximo capítulo!



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