Quebrando as regras escrita por Carrie Collins
Deitados na relva, observamos o pôr-do-sol tão próximo, que pude nos imaginar em fora da terra, observando o sol próximo o bastante para tocá-lo, sem nos queimar.
Continuamos ali deitados, escurecia vagarosamente, estávamos sobre uma coberta que David tinha na mala do carro e outra enrolava nossos corpos despidos. Não falávamos nada, uma palavra sequer, mal nos olhamos. Continuava abraçada a ele, sentindo meu corpo no meu, seu perfume, enquanto David acariciava minhas costas distraidamente. Olhava o céu, que agora estava com cores mescladas com o rosa, eu sentia sua respiração em meu cabelo.
– Acho que deveríamos voltar para a realidade. – David por fim falou, depois deu um longo suspiro.
– Eu poderia ficar aqui para sempre. – Murmurei, levantando a cabeça para encará-lo.
– E você acha que eu não? – Ele sorriu olhando para mim, em seguida alisou meu cabelo. – Seu pai deve ter colocado todos os homens à nossa procura.
– Eles vão nos matar. – Disse agora aborrecida me sentando, segurei a coberta em meu busto, à procura de minhas roupas que estavam misturadas com as de David.
Ele continuou parado, observando me vestir, com um sorriso malandro dançando em seus lábios.
– Você é tão sexy. – Comentou espreguiçando-se.
Estava frio, me encolhi encostada no carro e observei David levantar-se. Não teve vergonha alguma em levantar-se descoberto, vestiu sua roupa rapidamente, seu corpo destacava naquela luz. Sua pele branca parecia de porcelana, a tatuagem que eu tanto gostava tinha quase as cores comparadas ao do céu. Ele caminhou descalço segurando as cobertas, jogou-as no banco de trás do carro. Pegou sua jaqueta de couro e me cobriu com ela, em seguida deu-me um beijo na testa. Calçou seus coturnos e abriu a porta do carro para mim.
– Vamos voltar à realidade, meu amor. – Disse ele.
David dirigiu agora calmamente, colocou um blues qualquer no som e cantarolou.
– Poderia abrir o porta-luvas e pegar um cigarro para mim? – Perguntou ele.
Abri-o, peguei um cigarro no maço e o isqueiro que tinha dentro.
– Acenda para mim, por favor, querida. – David aumentou o som quando começou a voz de Howlin’ Wolf soou.
Eu não havia experiências com cigarros, coloquei entre os lábios de David e acendi o isqueiro, ele queimou por um momento e a fumaça pairou no ar.
Observei-o por um momento, coloquei o isqueiro no bolso de sua jaqueta. David parecia que acabara de sair de algum filme dos anos 80-90. Era tipo Johnny Depp em Cry Baby, tão sexy e misterioso. Todavia, quando se apaixonou, tornou-se apenas um romântico. Um romântico rebelde, que nunca seguiu uma regra sequer.
Eu amava David, isto era um fato. Mas o que o eu faria sem ele? Nunca imaginaria que Londres poderia acabar com tudo o que mais eu queria no momento. Nunca havia sentido isto, e de repente, essa sensação estranha me fez ver tantas coisas e fazer outras que eu nunca teria coragem em sã consciência. Contudo, acho que o amor tem dessas coisas... Mudar as pessoas. Algumas para melhor. Noutras, como é meu caso, para pior. Eu havia me tornado rebelde sem causa. Tipo John e Molly, do clube dos cinco, que por um momento se odiavam e depois acabam se apaixonando pelos defeitos um do outro.
Chegamos à porta da minha casa, fiquei observando a viatura do meu pai parada na porta e o carro do Pierre à frente.
– Estão todos aí. – Murmurou David.
– Está na hora de enfrentar a fera. – Disse abrindo a porta do carro.
Ainda estava com a jaqueta de David, seu cheiro impregnado em mim, misturado com tabaco.
– As feras. – Ele riu, passando o braço sobre meu ombro e caminhando abraçado comigo.
Parecia que já estavam esperando, a porta estava aberta e meu pai, Jenny e Pierre estavam espalhados pela sala. Jenny na mesa de jantar, mexendo no notebook do papai, Pierre assistia televisão e meu pai estava em uma ligação. Porém, quando nos viu, desligou rapidamente o celular e ficou um longo segundo nos encarando.
– Onde vocês estavam? – Jenny levantou-se.
– Agora quer botar um GPS em mim também? – Ironizou David, me soltando e se encostando à estante de madeira.
– David, por favor... – Ela falava calma.
– Cherry, pode me dizer o que está acontecendo com você?! – Papai me encarava, sua expressão demonstrava um pouco de raiva e decepção. – Eu não reconheço mais minha filha.
Fiquei calada, eu não sabia o que falar, não havia nada que pudesse mudar o pensamento deles.
– Você não está estudando, Cherry. Para quem queria tanto Yale, o que você quer agora? – Cruzou os braços.
– Agora estamos falando de faculdade? Tem certeza, papai? – Perguntei indignada.
– Pierre está aqui de prova. – Disse meu pai, e então Pierre olhou para mim sério. – Você não tem feito nada para ter uma carta de recomendação.
– Desculpe, Cher, mas é verdade. – Ele pigarreou. – Acho que foi um erro coloca-la com meu sobrinho, pensei que você o mudaria. Mas na verdade, ele quem a mudou.
– Qual o problema de vocês?! – David explodiu. – O problema é comigo? Agora eu sou o culpado de tudo? – Riu sarcasticamente. – Sabe, Cher é uma garota incrível, e você está completamente errado, Pierre. – Gritou furioso, até me deixou um pouco assustada. – Ela me mudou sim! E eu não a manipulei. Vocês dois estão cegos, querem uma garota que não existe. – Apontou para eles. – Esta é a Cher, a garota que eu amo e que não é nenhum pouco influenciável.
– Olha, garoto, você... – Papai também estava furioso.
– CHEGA! – Gritei.
Todos olharam para mim assustados.
– Papai, eu não parei de estudar, tampouco desistir dos meus sonhos. – Comecei tentando manter a calma. – Mas depois que vocês dificultaram tudo, arrumei outras prioridades. – Pigarrei. – V-Vocês não tem o direito de palpitarem na minha vida e nem nas minhas escolhas!
– Cherry, vá para o seu quarto. – Meu pai disse sério.
– EU NÃO VOU! – Gritei. – PARE DE FALAR O QUE EU DEVO FAZER!
– EU SOU SEU PAI! – Rebateu ele, batendo a mão na mesa de jantar. – EU MANDO EM VOCÊ! E VOCÊ VAI PARA O SEU QUARTO AGORA!
– John, por favor... – David falou baixo.
– E VOCÊ, GAROTO! – Apontou papai furioso para David. – VOCÊ ME DECEPCIONOU!
– Me desculpe, papai, por tomar a decisão de transar com David. – Disse ironicamente. – Acho que você que deveria ter tomado esta decisão, não é mesmo? Eu deveria ter esperado você escolher se era para ser agora ou só depois de casar!
– CHERRY DEWES! – Gritou ele. – VOCÊ ESTÁ DE CASTIGO POR TEMPO INDETERMINADO!
– Que ótimo! – Ri sarcasticamente, meu corpo todo formigava. – Só assim eu posso segurar minha rebeldia, não é mesmo?
– John, calma... – Jenny agora movimentou-se, e ficou ao lado do meu pai.– David, seus avós já estão lhe esperando... Depois do casamento você se mudará.
– Já não é novidade você querer se livrar de mim, não é mesmo? – David ironizou. – Porém, más notícias para você, mamãe: Vai ter que me aturar por muito tempo.
– Respeite sua mãe, David! – Pierre levantou-se.
– Ora, tio, não era você mesmo que a chamava de vagabunda?! – Riu sarcasticamente. – Acho que deu a minha hora. – David olhou seu relógio, depois virou-se para mim, aproximou-se. – Eu amo você. – Envolveu minha cintura e me puxou pela nuca para si, David me deu um beijo de tirar o fôlego, com uma urgência e uma calma ao mesmo tempo... Como se fosse uma despedida. – Você é ótima sendo rebelde. – Sussurrou ele rindo, depois saiu caminhando, ignorando os gritos de sua mãe malcriada que o mandava voltar.
Devo dizer, David era um nato bad boy que ninguém lhe ditava uma regra sequer. Quando lhe decretavam algo, ele fazia questão de contrariar... E nesse momento, algo dentro de mim me disse que tudo estava realmente bem, entretanto, o outro lado dizia adeus baixinho, para que meus ouvidos não escutassem.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!