Quebrando as regras escrita por Carrie Collins


Capítulo 40
Um dia ensolarado.




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E finalmente aquele feio inverno estava indo embora. Não é interessante como o calor alegra as pessoas? Quando abri as cortinas do meu quarto naquela manhã, o sol cercava tudo, o que me deixou feliz. Poderia não ser tão quente como aparentava, entretanto, era bem melhor do quê o amargo inverno destes meses passados.

Acordei feliz, até havia me esquecido dos problemas. Senti vontade de abrir o armário e escolher uma roupa, não pegar qualquer uma. Coloquei uma calça jeans que mal usava, por pura preguiça de procura-la, usava sempre as mesmas. Vesti uma fina blusa preta e minhas botas preferidas, que também fazia algum tempo que não a calçava. Pensei até em colocar maquiagem, contudo lembrei-me que não sabia fazer nada além do básico... Quando fui obrigada a aprender com meus 14 anos, com Lola no meu pé, é claro.

Eu e Lola estávamos tão bem que até parecia mentira. Estávamos melhores que nunca, poderia voltar a ser sua sombra, não me importava nenhum pouco. Isto me deixava aliviada, por um lado.

– Cher? – Papai bateu na porta, em seguida abriu-a. – Você não está um pouco atrasada, querida?

– Sim, um pouco. – Falei apressada colocando o perfume e pegando minha bolsa.

– Uau. Você está linda hoje. – Encostou-se à parede e sorriu.

– Obrigada, xerife. – Sorri de volta. – Você fica muito sexy de xerife!

– Todas dizem isso. – Papai deu um sorriso galanteador e piscou.

– Convencido também. – Disse rindo, rumando até à cozinha, porém ele me atacou com seus braços e me deu um abraço apertado.

– Amo você. – Murmurou ele, me dominando com seu perfume e beijando meu cabelo.

– Também te amo. – Respondi, aninhando minha cabeça em seu peito.

– Por isso... – Me soltou e começou a procurar algo em seus bolsos da frente. – Eu estive pensando ontem...

– Sim? – Arqueei a sobrancelha desconfiada.

– Você não é mais minha menininha, infelizmente. – Falou colocando as mãos nos bolsos traseiros. – Agora você já é uma mulher e isto foi comprovado por muito tempo, porém nunca enxerguei.

– Vai mesmo ter a mesma conversa de quando eu menstruei? – Ri o observando tirar algo do bolso.

– Desculpe... É que eu nunca sei o que falar, mas sei que tenho que ter estas conversas... – Ele abriu a mão, mostrando-me um pacote de preservativos. – Nunca tive uma filha garota antes e não tem sua mãe para conversar sobre isso...

– Pai, para. – Disse constrangida.

– O que? – Papai me encarou, ele também estava constrangido.

– Eu estou atrasada e não quero falar isso com você! – Ri nervosa.

– Ok, desculpe... – Ele também riu, sua mão continuava esticada. – Mas pegue isso...

– Pai, não...

– Eu não quero saber se é sim ou não, prefiro que você pegue isso e eu vou me sentir mais aliviado. – Estreitou os olhos, ainda me encarando.

– Ok... – Murmurei meio de má vontade, mas peguei rapidamente e enfiei dentro da bolsa.

– Certo. – Segurou meu rosto e beijou a minha testa. – Amo você.

– Também te amo, papai. – Ri nervosa. – Agora preciso ir.

– Coma algo antes. – Beijou minha bochecha, ainda me segurando.

– Tudo bem, xerife.

Esta conversa não poderia ter sido mais embaraçosa, definitivamente. Saí as pressas de casa antes que algo mais acontecesse.

– Não acredito que seu pai te deu camisinhas! – Gargalhava Lola enquanto caminhava glamourosamente no gramado, depois de nos encontramos no estacionamento. – Cara, que horror!

– Fala baixo. – Disse rindo.

– Sério, teu pai é incrível. Ainda bem que vocês se resolveram! – L disse colocando seu braço ao redor da minha cintura enquanto caminhávamos juntas, não pretendia estragar tudo neste momento, contando a ela sobre David. – E você está linda hoje. Até usou maquiagem, estou impressionada.

– Obrigada. – Corei.

– Até que valeu a pena ficar te esperando no estacionamento. – Falou enquanto andávamos pelo corredor, agora deserto. – Tiffany estava em um carro próximo ao meu, aos beijos com um cara da turma dos maconheiros.

– Jura? – Ri. – Que nojento.

– Acho que ela quer mais pílulas para não dormir. – Murmurou L, chegando a seu armário.

– Como você sabe disso?

– Eu sei de tudo, C. – Piscou ela, fechando o armário. – Vou para aula, te vejo mais tarde.

– Ok. – Observei ela caminhar até o fim do corredor.

Fui para aula de história, fiz os deveres entediantes e não vi David. Recordei-me rapidamente que deveríamos ter essa conversa. Depois de algumas chatas aulas, comecei minha procura por David.

– Você viu David, L? – Comentei quando finalmente nos encontramos novamente.

– Não, em lugar algum. – Respondeu ela, olhando algo em seu celular.

– Eu preciso conversar com ele...

– O que houve? Pensei que estava tudo bem... – Disse ela sentando em uma das mesas no refeitório, então, quatro garotas vestidas exageradamente sentaram-se também.

– Olá, Lola! – Uma delas disse.

Sentei ao lado dela, descabreada, enquanto duas delas me olhavam com um ar negativo.

– Olá, garotas! – L sorriu para as meninas. – O que preciso saber hoje?

– Érika está uma fera! – Comentou a morena, Lindsay.

– Não me diga. – Riu L. – Que se dane ela!

Todas riram em sincronia.

– Nem parece que você levou um soco, Cher. – Disse a loira de cabelo crespo. – Sua pele está ótima!

– Verdade, Betty! – Lola virou-se para mim. – Você finalmente usou a maquiagem que eu te dei.

– Cher! – Jean surgiu às costas de Lindsay, com uma bandeja. – Eu liguei tanto para você!

Levantei-me rapidamente e caminhei até ele.

– Não acredito que mandou sua namorada fazer aquilo comigo, Jean! – Murmurei indignada.

– V-Você acha que eu a mandei fazer aquilo com você? – Jean colocou a bandeja na mesa das garotas e me encarou sério.

– Eu não sei, Jean! – Disse. – Não vamos discutir isto aqui.

– Olha Cher, eu não a mandei fazer aquilo e realmente sinto muito, mas fiquei decepcionado por você pensar isto de mim! – Falou ele aborrecido.

– M-Me desculpe. – Murmurei.

– Ah, e eu segui seu conselho, terminamos este final de semana. – Jean dizia ainda aborrecido, depois pegou sua bandeja de volta e saiu calado até a mesa da turma dele, que observavam calados.

– Como eu sou estúpida. – Murmurei sentando-me ao lado de Lola novamente.

– Está tudo bem, depois vocês se resolvem. – Disse ela comendo uma cenoura. – Olha, ele até que teve um pouco de culpa. Ninguém mandou se meter com uma cobra.

– Homens são burros. – Comentou Betty. – Não pensam direito em nada.

– Exatamente. – Concordou Saya, uma asiática extremamente bonita.

– Onde estão Jamie, Sasha e Sadie? – Perguntou Lola, comendo sua cenoura distraída.

– Estavam ajudando Érika com ontem... – Explicou Lindsay. – Dissemos que ela não fazia mais parte da nossa turma.

– Érika acha que pode tornar-se a mais popular. – Saya disse rindo.

– Ela vai tentar. – Alertou Claire, uma garota de longos cabelos negros e pele bronzeada.

– Tiff tenta até hoje. – L riu.

– E todos a acham exagerada. – Comentou Betty rindo.

– Exatamente. – Lola confirmou.

Passamos um tempo ali, até o sinal tocar e irmos para a aula. Estava cada vez mais impaciente e precisava ver David antes que eu explodisse.

Quando finalmente acabou, me despedi rapidamente de Lola e disparei para o meu carro.

Já estava decidida: Ia à casa de David.

Estacionei do outro lado da rua e suspirei. Saí do carro e marchei até à porta, toquei a campainha e esperei por um longo segundo.

Jenny abriu a porta, usava um roupão de seda e o cabelo preso em um coque malfeito.

– Olá, Cher. – Ela sorriu surpresa.

– Olá... – Pigarreei. – Eu poderia falar com David?

– Ah. – Jennyffer cruzou os braços. – Ele não está... Quer entrar?

– Sim, eu preciso te falar algo. – Disse hesitante.

Sentamos no sofá, Jenny calada, me observando.

– Eu e David... Pigarreei novamente. – Não foi uma mentira, nós acontecemos realmente...

– Vocês... O que? – Perguntou ela confusa.

– Não foi para fazer ciúmes a ninguém, nos gostamos, de verdade. – Falei. – E eu não abrirei mão disto.

– Querida... – Ela pegou em minha mão. – Isto tem que acabar, estarão na mesma família...

– Eu...

– Você é mulher o suficiente para se dá o respeito e evitar contato físico com meu filho. – Falou Jenny.

E então a porta abriu-se e ouvi alguém se aproximar.

– Mamãe? – Aquela voz me deixou nervosa.

– Oi, David. – Disse ela fria.

Virei-me e o observei. David segurava um smoking protegido com uma capa transparente.

– Cher? – Ele me encarava confuso. – O que você está... Oh meu Deus... Você não...

– Precisamos conversar, David. – Falei séria, em seguida levantei-me.

Ele soltou o smoking e caminhou para a porta, eu o segui calada. Jenny continuava sentada, séria, não ousou dizer uma palavra sequer. Fomos para o gramado de sua casa, David parecia nervoso demais.

– O que está havendo? – Perguntei impaciente. – Por que você não contou a verdade?

– O que você disse para minha mãe? – Ele apertou meu braço, me encarando nos olhos, o que me deixou assustada.

– A verdade, David. O que você ignorou por completo! – Disse ríspida.

– Você não entendeu, Cher! – David gritou. – Você deveria parar de se meter onde não é chamada!

– Desculpe, mas esse assunto é de meu interesse também! – Gritei de volta.

– Vamos sair daqui. – Falou ele nervoso me segurando com força pelo braço, então me colocou no seu carro e acelerou sem piedade.

David ia à alta velocidade, não dizia uma palavra sequer, seus olhos estavam vermelhos. Ele estava me deixando com medo.

Chegamos aquele lugar lindo que ele havia me levado quando eu estava triste. Parecia o de sempre, apesar de eu não estar nenhum pouco interessada em observá-lo. Estava zangada e com um pouco de medo.

Saímos do carro e David sentou-se no gramado, ainda sério e calado.

– David, ou você me diz o que está acontecendo ou eu vou enlouquecer! – Sentei ao seu lado.

– Meu plano era mentir... – Dizia ele com a cabeça baixa. – Para não te perder. Se eles não soubessem da verdade, eu não a perderia.

– Você não vai me perder. – Meus olhos lacrimejaram, apertei seu braço e tentei encara-lo, mas ele se negava.

– Você não entendeu, Cher. – David levantou a cabeça um pouco e mostrou suas lágrimas, que trilhavam caminhos em seu rosto agora rosado. – Ela vai me mandar de volta para Londres.

– O-O que? – O soltei confusa.

– Morar com os meus avós por parte de pai. – Disse ele. – Para ficar longe de você e não estragar a vida dela.

– N-Não. – Me ajoelhei ao seu lado, meu corpo todo ficou dormente, meus olhos insistiram em encher de lágrimas. – V-Você não pode ir embora...

– Posso e agora que ela sabe a verdade, eu vou. – David abaixou a cabeça novamente e apoiou-a em seus joelhos.

Deitei ao seu lado, ainda sem acreditar. As lágrimas continuavam a cair e eu não conseguia impedi-las. Quando David pareceu se recompor, ele enxugou as lágrimas e deitou-se ao meu lado.

– Eu amo você, Cherry Dewes. – Acariciou meu cabelo com um sorriso doce em seus lábios. – Como nunca amei qualquer outra garota... E te ver chorar dói.

– Eu também amo você, David. – Enxuguei as lágrimas e me aproximei dele, nossos rostos colados o bastante.

Ficamos por longos segundos nos encarando, como se pudéssemos tirar fotos com os olhos. Algumas lágrimas insistentes ainda caíam, entretanto David as enxugava com o polegar. E então ele me beijou, seus lábios quentes me fizeram sorrir com a familiaridade que eles causavam em mim. Suas mãos sempre fazendo a mesma rota pelo meu corpo, poderia decora-las sem esforço algum. E eu sempre sabia como começar e como terminar. Contudo, eu não estava preocupada... Mas estava com medo.

Medo de aquela ser a última vez de ter David desta maneira, de ver por uma última vez seu corpo nu, por serem nossos últimos beijos ou os toques que iriam fazer tanta falta em minha vida.

Eu precisaria aprender a viver sem isto.

Eu não conseguia nem pensar.

O que faria agora?

Nunca na minha vida fui tão decidida de algo.

E de uma coisa eu tinha a completa certeza era de amar David.


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