Quebrando as regras escrita por Carrie Collins


Capítulo 4
Mudança




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– Mas que droga! – Lola exclamou jogando outra roupa em cima da cama, depois se deitou sobre todas as roupas jogadas ali. – Eu não tenho nada para vestir.

– É claro que você tem. – Falei distraída em seu computador.

– Não, Cher! Você não entende. – Levantou-se. – Eu preciso de uma mudança radical!

– O que? Vai pintar o cabelo de roxo e usar alargador? Francamente, Lola... – Murmurei, já estava irritada com isso tudo.

– É uma boa ideia... – Ela riu. – Mas, eu amo meu cabelo, eu nunca faria isso com ele. – Eu só quero que ele perceba que eu não sou apenas um rostinho bonito, Cher.

– Isso eu já entendi... Mas como você quer que isso aconteça? – Virei-me para ela e cruzei os braços. Lola tinha muitos planos, e todos eles realmente me assustavam.

– Eu preciso ser como você. – Lola murmurou com um sorriso malicioso. E desse plano eu realmente estava com medo.

Porém, eu sorri com a ideia. Se Lola precisa ser eu para que ele a notasse... Eu precisaria ser ela para que ele não notasse em mim e parasse definitivamente de me irritar.

– E eu preciso ser como você. – Mordi o lábio, com o acréscimo de uma ideia brilhante.

E passamos a tarde assim, roupas trocadas e personalidades mudadas. Quando deparei comigo mesma em um espelho não conseguir me reconhecer.

– Quem merda é essa garota aí? – Apontei para mim mesma no espelho. Eu tinha meus cabelos levemente ondulados, meus olhos verdes tinha um delineado em preto e meus lábios estavam vermelhos, cor de sangue. Usava uma saia colada preta e uma blusa, curta e de mangas, branca. Estava mais alta, com um salto que mal sabia sair do canto... Eu realmente estava bonita.

– Cala a boca, você está linda! – Lola comentou ao colocar seu gorro roxo. Ela estava tão normal. Usava uma calça jeans surrada, tênis e uma blusa lisa. Não havia colocado maquiagem, e suas sardinhas estavam completamente amostra. Estava bonita, mas não parecia nenhum pouco a Lola de algumas horas atrás... Mas sua beleza natural era superior a tudo o que vestia. – Eu estou tão...

– Normal? Sim. – Completei.

– Cher, precisamos mostra-la para o mundo! – Ela deu uma risada baixa e me puxou pelo braço, enquanto eu travava uma luta com os meus pés, para que andassem com aqueles saltos.

Quando chegamos finalmente à lanchonete, que praticamente, todos do colégio frequentavam, eu já estava nervosa. Sei lá o que poderia ser, eu estava com um frio na barriga. Faz exatamente seis meses que não vou à Sweet Danbury, desde que entornei um milk-shake na filha do dono, a Victoria. Uma garota insuportavelmente mimada, que pediu a papai prefeito para fazer um lugar que todos os jovens quisessem ir. E como ele não diz “não” para sua filhinha, fez Sweet Danbury com desvio de algumas verbas, é claro...

– Se a piranha estiver aí, irá me expulsar. – Comentei com Lola, ainda dentro do carro, encarando o letreiro em vermelho com o nome “Sweet Danbury” – Esse lugar realmente me deixa apavorada.

– Você não tem com o que se preocupar, mas eu... – Ela se olhava pelo retrovisor. – Você poderia me emprestar aquele seu gloss? Eu estou horrível.

– Toma. – Ri ao lhe passar o brilho labial.

– Ok... Pronta? – Lola se olhou por uma última vez no espelho e depois me encarou.- Espero que esteja.

Suspirei... Como eu iria andar com aquela coisa nos meus pés? Desci do carro e marchei até a calçada, Lola depois de alguns segundos estava ao meu lado. Eu hesitei, mas acho que ela nem pensou nisso. Era fato: Lola era mais corajosa que eu, em todos os assuntos.

Enquanto ela andava até a lanchonete, eu ainda brigava com os meus pés para se adaptarem com o soldado do diabo, que se chamava salto alto. Quando entrei, logo avistei as escravas de Lola, elas ainda não a tinha reconhecido, estavam descontraídas enquanto tomavam sorvete. Jean também estava lá com seus amigos. Ainda estávamos invisíveis, mas por quanto tempo? Sentia-me em um daqueles filmes de zumbi, que eles iriam me atacar por sentir o cheiro do meu sangue. E então começou, pelos garotos, um moreno deu uma cotovelada no loiro, que deu no outro e no outro. O típico “frio na barriga” se tornou uma geada em minha barriga. O mais aterrorizante ainda era que Lola já estava sentada em uma das mesas vagas e eu caminhava até ela, só não conseguia ir rápido por conta dos saltos. Eu estava seguindo sozinha enquanto os zumbis me avaliavam, se eu era um bom aperitivo ou não. Quando finalmente sentei uma garçonete veio até nós, anotou nossos pedidos e voltou em disparada. Queria me enfiar em algum buraco, mas acho que não tinha como.

– Droga. – Murmurou Lola. – Ele não está aqui.

– Cherry! – Érika veio até nós. – Lola! – Virou-se para Lola, que lhe sorriu. – Nossa, como vocês estão diferentes... O que houve?

– Uma mudança radical, querida. – Lola disse. – Sente-se. – Foi mais para o lado, para que Érika sentasse.

– Vocês estão lindas. – Ela sorriu. – Principalmente você, Cherry. Eu sempre achei que você nunca iria conseguir, Lola.

– Parece que as coisas mudaram, não é verdade, Cher? – Com um sorriso em seus lábios ela me encarava, depois seus olhos foram para outro rumo, atrás de mim. – Mudaram muito... Jeanzito não para de olhar para cá.

– C-como assim? – Gaguejei, meu coração acelerou, virei-me um pouco para trás e olhei.

Jean estava lindo como sempre, o ar estava curto ali. Ele me encarava, com aqueles olhos baixos e verdes, um sorriso brincava em seus lábios. Por alguns segundos nos encaramos, e depois disso virei.

– Oh meu Deus. – Sussurrei, e sem querer sorri, parecia automático... Eu estava sendo notada por ele, e isso era uma boa sensação.

– Ele chegou! – Lola falou baixo, mordeu o lábio inferior e depois sorriu.

Virei-me novamente, David estava entrando junto a Derek, e então Jean fez sinal imediatamente para que ele sentasse lá. Ele estava com uma jaqueta preta e uma calça jeans clara surrada. David tinha o estilo daqueles bad boys estilosos, mas isso não passava de uma modinha idiota.

– Ele está tão lindo. – Comentou Érika.

– Tão meu. – Lola deu uma risadinha. – Vamos lá, Érika.

– O que? Vai me deixar aqui? – Falei, com um certo desespero, se a piranha maior chegasse, não iria ser bom.

– Um minutinho! – Fez beicinho e levantou-se, com Érika atrás, foram até a mesa dos meninos.

Mudei de lugar para ficar melhor para ver e então meu milk-shake chegou, o saboreei enquanto observava. Lola sentou ao lado de Pietro e sorria descontraidamente, enquanto ele falava algo. David parecia não se importar, e Jean continuava do mesmo jeito, calado, olhava para os lados, depois vinha em minha direção, e isso estava começando a me fazer ter medo do que ele poderia estar pensando sobre mim. Quando David virou-se, seus olhos também foram em mim, ele franziu o cenho, depois se levantou. Mas que merda esse menino tem? David estava vindo em minha direção enquanto eu o xingava de todos os modos nomes possíveis.

– Você tem uma irmã gêmea chamada Cherry? – Ele sentou-se em minha frente com um sorriso brotado em seus lábios.

– Eu não disse que você poderia sentar. – Comentei ao tomar um gole de meu milk-shake.

– E eu não pedi. – Ele mordeu o lábio. – Agora pode me dizer o que houve com você?

– Não te interessa... Por quê? Não gostou? – Ergui a sobrancelha e sorri.

– Você está linda. – David sorriu como se estivesse realmente gostando do que via.

– Obrigada. – Disse. – Mas não posso dizer o mesmo. – Então me levantei. – Pode pagar a minha conta, eu deixo. Até mais, David.

E sai andando. Qual é o problema deste garoto? Eu não quero que ele perceba em mim, eu não quero que ele diga que estou linda. Realmente não sei o que ele quer, porque eu não dei absolutamente nenhum tipo de ousadia para ele dizer o que penso ou o que acha sobre mim.

– Cherry? – Aquela voz familiar me fez estremecer enquanto eu abria a porta para sair, me virei lentamente. – Seu nome é Cherry não é?

Era Jean, ele estava atrás de mim, com um sorriso bobo em seus lábios, com as mãos no bolso, enquanto me encarava com um olhar baixo. Como ele sabia meu nome?

– Oi? Sim... – Eu tentei não engasgar com as minhas próprias palavras.

– Sou Jean... Você tem algum compromisso agora? Ou eu posso te pagar uma bebida? – Jean mordeu o lábio contendo um dos seus lindos sorrisos.

– Claro, pode sim... – Pigarreei enquanto seguíamos para uma mesa vaga.

O idiota do David continuava sentado aonde eu o deixei, seus olhos queimavam em mim, eu estava sentindo.

– Dois refrigerantes, por favor. – Jean fez o pedido, e então voltou a olhar para mim. – Eu não sabia que você e Lola eram amigas, na verdade...

– Nunca tinha me visto. – Completei. – Eu imaginava.

– Por quê? – Franziu o cenho.

– Não é o normal das pessoas perceberem algo em mim. – Disse com uma risada baixa.

– Não vejo razão. – Ele deu de ombros.

– Não? Por quê? – Ergui a sobrancelha enquanto o observava.

– Porque você me parece ser uma garota percebível. – Jean sorriu.

– Obrigada, eu acho. – Ri meio envergonhada, eu abaixei a cabeça para que ele não pudesse ver que eu estava completamente corada.

– Está com vergonha? – Ele riu baixo e se esticou para pegar em meu rosto, o erguendo, para que eu pudesse encarar seus lindos verdes.

– Um pouco. – Admiti. – Não sou muito de elogios.

– Não parece. – Mordeu o lábio. – Garotas como você deveriam ser acostumadas a levar elogios diariamente.

– Garotas como eu? – Ri. – Você realmente não sabe quem sou eu, sabe?

– Sei, você é uma das amigas de Lola. – Jean deu de ombros, como se fosse óbvio, o que me deixou furiosa.

– Não, eu não sou apenas uma das amigas da Lola. – Bufei. – Sou Cherry Dewes. Ano passado nos conhecemos, você me deu seu número e próximo ao baile nós marcamos de nos encontrar... Mas você não apareceu, acho que você não se lembra disto, lembra? – Disse furiosa e depois me levantei. – Eu passei muito tempo o esperando na porta do cinema, sabia disso? Acho que não. Passar bem, Jean.

– Ei, espere! – Ele exclamou atrás de mim, mas já era tarde demais, eu estava muito brava e a raiva fez com que eu pudesse andar normalmente até fora dali.

Eu não queria mais ficar um minuto sequer ali, e nem queria ver a cara do Jean por hoje. Era ridículo como ele não se lembrava de mim, ou se fazia de idiota. Como ele pôde?

– Cherry, por favor! – Jean ainda me seguia, enquanto eu dava passos furiosos, eu tinha que voltar para casa andando, e isso me custaria aguentá-lo até que ele cansasse, ou não.

– O que você quer? – Exclamei, me virando bruscamente para ele, que me olhava meio confuso.

– Eu quero conversar com você, me desculpar se for necessário... – Suspirou, recuperando o folego.

– Ta, tudo bem. – Falei rapidamente.

– Posso te acompanhar até sua casa? – Mordeu o lábio, mas ainda estava sério.

– Pode.


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