Quebrando as regras escrita por Carrie Collins


Capítulo 39
Problemas resolvidos? Acho que não, Cher!




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Estávamos no carro de Lola, rumo ao clube. Ela parecia nervosa demais, então, coloquei uma música e conversei sobre outras coisas enquanto não chegávamos.

Quando chegamos, L empacou dentro do carro, não queria sair de jeito nenhum.

– Eu não consigo fazer isso, C. – Murmurava ela com a cabeça encostada no volante.

– Você consegue. – Toquei em seu ombro. – Eu estou aqui, vou te ajudar. Vamos.

Saímos do carro em silêncio, quando ela finalmente decidiu.

O clube era chique, havia manobristas, um deles levou o carro para o estacionamento. Recepcionistas e garçons. Pessoas com roupas de grifes tomavam drinks em suas mesas, comiam com a maior educação. Andei por longos minutos, eu só conseguia seguir Lola, mas meus olhos acompanhavam tudo, todo aquele lugar chique, que eu havia esquecido completamente, como estava bonito. Vinha muito com L quando éramos pequenas, tomávamos banho de piscina e jogávamos golfe sem saber. Haviam reformado e parecia que estava mais sofisticado.

Chegando à área da piscina externa, pude perceber que ainda estava a mesma coisa. Aquela piscina gigantesca, com partes fundas e rasas, a marca do clube bem no centro dela, uma águia voando. Espreguiçadeiras alinhadas diante da piscina e mesas de pedra um pouco mais distante. Também tinha uma cadeira de salva-vidas vazia. Estava frio demais para alguém estar na piscina externa.

– Qual o setor dele, L? – Perguntei enquanto colava em seus calcanhares para seguir seu ritmo de maratonista.

– Na piscina interna. – Comentou. – Ele ensina crianças a nadar.

– Uau. – Sorri.

A piscina interna não era nem um pouco menor do quê a externa, parecia mais uma piscina olímpica. O aquecedor ligado estava me deixando com calor e o meu traje de frio não ajudava. Realmente, tinha muita criança ali. Algumas brincando, outras nadando e então, avistei o que procurávamos. Um rapaz com bermuda vermelha e uma camisa bege regata com uma águia de asas abertas. Seus cabelos negros faziam um topete natural e sua barba lhe dava um ar de maduro, seu alvo sorriso parecia que nunca ia sair de sua boca. Era bronzeado – comparado comigo, tudo tem mais cor –, tinha um bom porte físico. Muito bonito, não sei se era realmente o tipo de Lola, porém, quando ela o viu, virou as costa para ele nervosa.

– Eu não consigo! – Olhou para baixo, depois seus olhos foram para mim, L estava em pânico.

– Ele acabou de te ver. – Comentei, ainda observando o rapaz, que não parava de sorrir e agora vinha em nossa direção.

– O que?! – Lola se virou.

– Lola! – Sua voz rouca entoou como uma melodia, tinha um sotaque estranho. – No sabia que você estava por aqui.

México!

– Oliver... – Pigarreou. – Preciso falar com você.

– Hola! – O tal do Oliver olhou para mim e acenou. – Sou Oliver. – Estendeu sua mão.

– Cherry. – Peguei sua mão em um cumprimento.

– Você é a Cher! – Ele alargou seu sorriso. – Um prazer conhece-la, Lola me falou muito sobre você.

– Falou? – Fiz uma discreta careta, mas quando a observei, ela encarava seus manolos azuis.

– Então, Lola, o que queria conversar? – Oliver tocou no braço de Lola amigavelmente.

– Eu vou... – Apontei para algum lugar, nervosa. – Pegar um café...

– Ok. – Ele assentiu. – Fique à vontade!

– Obrigada. – Dei alguns passos de ré, depois comecei a andar para longe deles.

Fiquei observando de longe, próximo à umas crianças que estavam com medo de entrar na piscina.

Lola levantou a cabeça e o encarou por um momento, o que o fez sorrir mais ainda. Oliver tinha um olhar diferente, quando ambos estavam um olhando para o outro, como se pudesse pegá-la naquele momento e aninhar em seus braços, para não soltar nunca. Estava sorrindo feito uma completa bobona, eu era apenas uma individua estranha, em um lugar com piscina aquecida, com um monte de casaco. Recordei-me rapidamente disto, e comecei a me descascar que nem uma cebola. Tirei meu sobretudo, o que me deixou mais aliviada. O abracei junto a mim e continuei a observar.

L agora falava alguma coisa, abaixava a cabeça várias vezes, como se encará-lo fosse proibido. Oliver estava calado enquanto ela continuava a falar, sorria algumas vezes. Os dois ali formavam um casal lindo, seus cabelos ruivos estavam enormes, faziam leves ondas quando estavam naturais. Ele era um pouco mais alto que ela.

A mão de Oliver foi para o braço de Lola, que levantou a cabeça e o encarou por alguns segundos. Ele falou algo e depois sorriu, ela também sorriu. Eu suspirei dali mesmo, sorrindo também.

Acho que estava feito.

Eles se abraçaram e meu sorriso alargou-se ainda mais. Quando se largaram, depois de um longo segundo, o rosto de Lola estava próximo o bastante dele, porém L virou o rosto e me encarou. Eles não poderiam fazer aquilo, não naquele lugar. Com tantas testemunhas que poderiam prejudica-lo.

Isso me fez lembrar David, não exatamente o porquê. Meu coração se apertou tanto que eu achei que estava tendo algum problema cardíaco. Porém, eu soube exatamente o que era... Eu não poderia me desapaixonar de David e mesmo que eu tentasse fugir dele, ele sempre estaria comigo. David sempre esteve penetrado em minha mente e eu não sabia remédio algum para tirá-lo dali!

Lola se despediu dele e veio ao meu encontro, com um sorriso enorme no rosto, e sem dizer nada, me abraçou forte.

– O que houve? – Perguntei quando ela me soltou.

– No caminho eu conto. – L botou o braço ao redor da minha cintura e caminhamos nesta posição.

Tinha esquecido como era andar com Lola e como todos olhavam para ela, era feito uma celebridade, com seus passos laboriosamente calculados, entretanto, eu sabia... Ela não andava assim por querer, Lola sempre foi assim e nunca conseguiu fugir disto, nem em seus momentos de tristezas. L chamava atenção, não importava idade, sexo... Absolutamente nada. Sua beleza era um fardo que nunca conseguiria se curar, só precisaria se acostumar. Todo mundo, uma vez na vida, já desejou ser invisível.

– Vamos sair! – Lola falou contente quando chegamos ao carro.

– O que vocês conversaram? Infelizmente não tenho o ouvido tuberculoso! – Ri.

– Eu perguntei, se seríamos apenas funcionário e cliente... Ou poderíamos ser algo a mais... – Ela continuava parada, no banco do motorista, olhando para o horizonte.

– E...? – Pedi para que continuasse.

– Ele disse que não sabia o que eu realmente queria, então nunca ousou perguntar, para não prejudicar o que tínhamos. – L ficou de lado, olhando para mim sorrindo. – E aí eu disse que queria que nós dois fossemos muito além daquele clube...

– Uau.

– E então ele disse que não estava acreditando nisso e começou a sorrir... – Lola virou-se e ligou o carro. – Disse também que sempre quis se aproximar de mim, mas sempre teve medo de que eu não gostasse...

– Isso parece até filme. – Ri.

– E aí ele me chamou para sair!

– Nossa, L! Estou tão feliz por você! – Admiti.

Lola ligou o som do carro e cantarolou alguma música do rádio, enquanto voltávamos.

– Você quer dormir lá em casa, C? – L abaixou um pouco o som quando estávamos em um sinal.

– Gostaria, mas eu preciso ir para casa. – Disse desgostosa, não queria ter que encarar meu pai novamente, porém, quanto mais eu fugisse dos meus problemas, pior seria.

– Então, vou te deixar em casa. – Lola disse, sabia exatamente o que eu estava pensando, não precisava de nenhuma palavra sequer.

Quando chegamos a porta da minha casa, suspirei. Observei por um longo segundo.

– Olha, C, você sabe que pode ir para minha casa a hora que você quiser, não é? – L acariciou meu cabelo, eu sorri.

– Obrigada, L, de verdade. – A abracei forte.

– Não precisa agradecer, eu amo você, L. – Disse ela, ainda abraçadas.

Desci do carro, ainda hesitante. Dei meus passos lentos, Lola buzinou antes de ir embora e eu acenei. Procurei na bolsa a chave, parada na porta, entretanto, nem precisei acha-la, a porta se abriu.

Meu pai estava com sua típica calça moletom preta, sua barriga irritantemente perfeita e seu cabelo bagunçado me fez sorrir.

– Me perdoa. – Murmurou ele, colocando as mãos no bolso. – E por favor, rápido, porque está frio demais aí fora.

O abracei, sem dizer uma palavra sequer. Ainda estava com um pouco de raiva, mas seu perfume e esse jeito todo conquistador era minha recaída. Eu não podia evitar, o amava tanto que até doía. Não importava seus momentos de fúria, ele era meu pai e sempre seria assim.

Nos largamos rindo e ele fechou a porta.

– Nosso aquecedor está ótimo. – Comentei tirando meu sobretudo, em seguida meu casaco.

– Verdade, até estou com calor. – Disse papai rindo.

– Olha, pai... – Comecei.

– Não, Cher... – Suspirou. – Me desculpe por ter sido tão grosso com você.

– Está tudo bem...

– Jenny ligou para mim, explicando tudo. – Disse ele. – Ela já resolveu tudo.

– Tudo o que? – Perguntei confusa.

– Com David... – Explicou.

– O que exatamente ela resolveu? – Cruzei os braços, ainda confusa.

– Não vamos nos meter, não é? – Deu de ombros. – É melhor deixar eles se resolverem sozinho.

– C-Como assim, papai? – Arqueei a sobrancelha. – Eu estou envolvida nisso.

– Ele contou tudo, Cher. Não precisa disso, ok?

– Disso o que? Eu não estou entendo! – Larguei minha bolsa no chão.

– David contou que vocês estavam juntos para fazer ciúmes a uma garota que ele queria... – Disse. – Aquele beijo ele explicou que foi por impulso, sem pensar...

– O que?!

– Está tudo bem, querida. – Papai sorriu, acariciando meu cabelo. – Eu não estou bravo mais.

– Hm, ok... Vou tomar um banho. – Dei alguns passos para trás e subi calada para meu quarto.

Eu realmente não estava acreditando nisso. Por que diabos David inventou essa história?! Agora estava confusa, com absolutamente tudo... E extremamente zangada com David. Entretanto, por hoje eu já estava cansada de tudo, não queria saber de nada, pelo o menos por uma noite.

Mas amanhã, eu e David, teríamos uma conversa. Ou assumir isso ou acabar de uma vez por todas. Já estava cansada de mentiras e entrar em outra não era o que planejava.


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