Quebrando as regras escrita por Carrie Collins
Finalmente estava dando a hora de ir embora, já estava impaciente e irritada de encontrar tanto Lola e Érika perambulando por aqueles corredores juntas e dando risadas. Minha cabeça latejava, eu precisava sair dali. E então cheguei a meu armário, e de modo estranho, os garotos do time de futebol e algumas das escravas de Lola se aproximaram. Érika encostou-se a um dos armários, um pouco distante, e com um sorriso malicioso dançando em seus lábios. Pareciam que todos estavam, discretamente, com os olhos em mim.
Mas que merda é essa? Pensei comigo mesma enquanto abria meu armário, foi então que tudo fez sentido.
Todos os meus livros caíram como uma cascata, do meu armário para o chão. Estavam rasgados e destruídos. Na porta do meu armário estava escrito com batom vermelho: “VADIA” com uma letra de forma. O casaco que eu sempre deixava lá dentro estava completamente rasgado... O casaco que minha mãe havia deixado há anos lá em casa, na época em que fugiu.
Era a única coisa em material que ainda me restava. O peguei e o observei por um momento. A raiva latejando em minha cabeça, não conseguia pensar, nem ao menos piscar.
E as risadas vieram altas o bastante, para quê eu voltasse do transe. Quando virei-me, tudo parecia que estava em câmera lenta, alguns dos garotos filmavam, outras garotas apenas riam e cutucavam suas amigas. Érika curvava-se de tanto rir.
Respirei fundo e marchei até Érika, com os punhos fechados.
– Qual o seu problema? – Não sei como minha voz saiu, mas ela saiu.
– Nenhum, estou achando hilário, e você? – Ela disse sarcasticamente.
– Eu sei que foi você. – Murmurei, todos estavam calados, atentos a conversa.
– Oh, como tem tanta certeza? – Colocou a mão no peito, como se estivesse ofendida. – Não sei se sou a única que não gosta de você aqui.
– Mas parece ser a única de tão baixo nível para fazer algo do tipo. – Disse ironicamente e todos urraram, em seguida começaram a rir.
– Quer falar de baixo nível? – Gargalhou. – Que tal falarmos sobre o seu baixo nível de transar com o namorado de sua melhor amiga?
Todos gritaram, como se Érika tivesse acertado uma cesta no basquete.
– Que tal falarmos sobre você gostar de restos? – Ri ironicamente, a raiva estava me subindo à cabeça. – Ou sobre você ser tão manipuladora? E falsa?
– E sobre você ser vadia? – Ela sorriu.
– E sobre você ser fácil? – Cruzei os braços, na tentativa de acabar com o formigamento em todo o meu corpo. – Jean não gosta de você, nem nunca gostou. Você é só uma vadia que ele vai para a cama.
– Sua... – Érika urrou, então levantou sua mão e eu senti meu rosto todo formigar, coloquei a mão na tentativa de parar de doer.
Minha outra mão estava em punho, a raiva já havia tomado todo o meu corpo, e eu ouvia as risadas e a torcida de Érika ao fundo. Quando me preparei para socar a cara dela... Alguém gritou.
– CHERRY, NÃO! – Aquela voz tão familiar, fez meu corpo todo estremecer e eu abaixei a mão, virando-me.
Lola estava ali, ao meu lado, suplicando com o olhar. Segurava o casaco com uma de suas mãos, acho que eu deixara cair e nem sentir.
– L-Lola. – Murmurei.
– Não faça isso. – Disse ela, e então caminhou para o meu lado, Érika nos encarava sorrindo.
– Sua vez, amiga, se vingue dela. – Érika sorria, segurando a mão que havia me batido.
– Érika. – Lola murmurou. – Este era um assunto meu. – Me deu o casaco para que eu o segurasse, e então ajeitou seu blazer vermelho, sua mão delicada armou-se como um punho e rapidamente acertou o rosto de Érika, bem no olho esquerdo, que miou e colocou a mão rapidamente.
– Uau. – Disse, meu queixo caiu.
– Isso é o que vadias merecem, Érika. – Gritou Lola enquanto Érika saía com pisadas fortes para fora da rodinha que havia se formado. – Vamos embora daqui, Cher. – L colocou uma de suas mãos em minhas costas e me guiou para fora da multidão que gritava “Lola!” sem parar.
Caminhamos em silêncio até o banheiro, ainda estava agarrada ao casaco e L com a mão em minhas costas. Quando chegamos, me encostei na pia e encarei o chão por um momento, eu ainda estava com a mão no rosto, formigava bastante e estava quente.
– Deixe-me ver isso. – Lola aproximou-se e tirou a mão do meu rosto.
– Está muito ruim? – Perguntei quando a encarei, suas órbitas azuis olhavam para a minha bochecha, e então foram para os meus olhos.
– Um pouco, nada que maquiagem não resolva. – L sorriu, e então pegou o casaco das minhas mãos. – Que vadia. – Murmurou observando os rasgões. – Este é o casaco não é?
– Sim. – Disse cabisbaixa. – Agora já era...
– Não! – Ela colocou a mão no meu ombro. – Eu posso ajeitar!
– N-Não precisa, Lola... Sério... – Falei e depois sorrir . – Obrigada...
– Pelo o que? – Ergueu sua sobrancelha, depois sorriu.
– Por ter feito tudo isso por mim. – Disse.
– Amigas servem para isso. – Continuava a sorrir.
– Mas eu não mereci....
– Shhh, Cher! – Colocou seu indicador em meus lábios, ela tinha mania de fazer isso. – Isso não me interessa mais, eu resolvi seguir em frente.
– Mas...
– Já já acabaremos a escola, iremos para a faculdade... – Cruzou os braços. – Teremos que ser mais maduras, estas coisas acontecem, sabe...
– Eu não deveria...
– Não deveria mesmo, mas aconteceu. E Cher, diga-me, quantas vezes na vida isso aconteceu com nós duas? – Ela riu. – Nunca. Você nunca se apaixonou desta maneira. Eu que fui muito tola para perceber!
– Você estava apaixonada por ele e eu...
– E você também. – Me interrompeu novamente. – Depois que você foi embora, eu fiquei com muita raiva, não queria mais saber de nada! – L se encostou ao meu lado e continuou. – Mas depois me deu uma saudade e eu percebi que não tinha mais ninguém com quem conversar. Então me aproximei de Érika por um momento, ela só falava de Jean e tudo mais. E eu acabei contando sobre o que aconteceu e ela se transformou nessa vadia louca. – Riu. – Érika não queria só minha amizade, queria se transformar em mim. Não sei porquê! – Agora parecia que falava consigo mesma. – Pedia minhas roupas e sapatos, depois estava manipulando as outras... E eu fiquei em segundo plano. Ela queria meu lugar. Não estava me importando com isso, nem com mais nada. – Deu de ombros. – Foi então que eu fiquei observando você e David na aula de química, e meu Deus! Como eu fui estúpida de ficar no meio de vocês dois. – Ela me encarou. – Ele realmente está apaixonado por outra garota. E nunca foi por mim.
– L, me desculpa. – Continuei com a cabeça baixa, algumas lágrimas insistiram em sair. – Eu nunca fiz algo deste tipo, me sinto um lixo, por ter feito isso com você...
– Está tudo bem, C. – Lola me abraçou, seu perfume familiar me tomou e eu me sentir tão aliviada por estar ali.
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