E pela primeira vez, estávamos apenas eu e Jean. Sem uma música barulhenta, sem a escuridão ou sem uma paisagem romântica. Eu, ele e o barulho do seu carro. Não estava nem um pouco à vontade, e ele quieto demais, o que me deixou um tanto mais aterrorizada, em questão ao que David poderia ter dito.

Jean estacionou o carro.

Era o parque de Danbury, aonde casais iam pela noite para transar, por ser no alto da cidade... Será que David teria comentado algo do tipo? Mandando Jean transar comigo? Ah, claro que não Cherry, ele não faria uma coisas dessas... Ou faria? Na verdade, eu não conhecia realmente David para saber, ele por momento estava sendo um parceiro sexual. Na verdade, meu primeiro parceiro sexual. Onde eu botei a cabeça mesmo? Ah sim... Jean deveria ser a minha primeira vez, Cherry cabeça oca!

E definitivamente, falar comigo mesma estava ficando estranho. Ou simplesmente, eu estava ficando louca.

– Cher. – Jean disse ao estacionar o carro. – Precisamos conversar...

– Sim... – Concordei... E ele poderia parar de enrolar logo e falar? Eu não estava preparada, mas teria que estar!

Ele tirou o cinto e virou-se para mim, o carro ainda ligado com o aquecedor, porque o frio estava grande, minhas mãos geladas estavam comprovando isto.

– Eu estive pensando. – Pigarreou. Estava difícil falar? – E me perguntando, o que realmente era, sabe, eu e você.

– Eu e você? – Perguntei. E no fundo, eu não soube responder.

– Me perguntei se eu realmente queria que você fosse mais uma das garotas do colégio que eu me envolvi... – Coçou a nuca. – Ou exclusiva.

– Exclusiva? – Ri, parecia ridículo, mas eu gostava desta palavra... Exclusiva.

– Sim... – Disse. – Nós temos algo não exclusivo... E eu...

– Você...? – Pedi para completasse, ele não olhava nos meus olhos.

– Eu queria que fosse mais do que isso. – Sorriu olhando para baixo, o que foi fofo.

– Você quer...

– Namorar com você. – Ele riu. – Esse foi o pedido de namoro mais patético do mundo, não precisa aceitar... Eu sei que eu fiz burrada com você no passado, sinto muito. – Jean ergueu a cabeça e finalmente me encarou. – Mas eu gosto de você. – Suspirou. – Sei que é muito cedo. Mas você é fascinante, e eu adoraria conhece-la...

Eu simplesmente não tinha o que dizer. Queria poder me beliscar, para ver se era algum daqueles malditos sonhos que eu tinha no ano passado, que parecia com isso.

Não conhecia esse lado de Jean... Eu realmente não sabia que ele era tão bom com as palavras e tão esperto. Jean sempre se mostrou apenas um daqueles atletas, como qualquer um. E foi tão estúpido, apaixonar-se por ele, sem conhecer sequer este seu lado. Eu não conhecia a sua essencial, e neste exato momento eu estava com sede de conhecê-la... Cada partezinha.

– Cher, podemos não ter tanto contato... – Mordeu o lábio. – Mas o que eu conheci de Cherry Dewes, me deixou com vontade de desvendar esta incógnita.

– Incógnita? – Ri. – Por quê?

– Porque eu nunca sei o que tem aqui dentro. – Apontou para a minha cabeça e riu. – Eu gosto de mistério... E da sua inocência.

Ou da inocência que eu havia perdido.

– Jean. – Ri nervosa e totalmente corada.

– Não me maltrate. – Choramingou.

– Eu fui apaixonada por você por muito tempo. – Admiti. – E agora eu me pergunto: “O que Jean viu em mim?” Eu ainda não sei a resposta, devo admitir...

– Eu vi uma garota incrivelmente linda, tanto por fora, como por dentro. – Jean aproximou-se e acariciou minha bochecha. – Um pouco explosiva, ingênua e misteriosa.

– Você é maluco. – Ri.

– Sou nada. – Deu de ombros.

– Sim. – Mordi o lábio.

– Sim... Do tipo, sim?

– Sim. – Ri, e então nos beijamos.

Jean sempre foi o garoto que eu sempre sonhei. Mesmo sendo a boboca que não o conhecia bastante, e agora que eu estava o desvendando, me deixou mais obcecada por descobrir mais. Isto tudo parecia um sonho... Ser a exclusiva de Jean, era raramente visto.

E tudo isso apenas me fez lembrar de algo: David. Ser a não exclusiva de David teria que estar no fim. Eu teria que fazer isso, o mais rápido possível... Só não sabia como!