Amoureux de mon meilleur ami escrita por Arisusagi


Capítulo 5
Problème


Notas iniciais do capítulo

Problème (fra): Problema



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–Vou voltar pra casa- ele disse, repentinamente.

Era uma da tarde de sábado, estávamos almoçando em família, já que era bem raro meu pai não trabalhar aos sábados. Meus pais se entreolharam sem dizer nada, não gostavam de se intrometer em assuntos de outras famílias, principalmente tratando-se da de Rook.

–Você tem certeza?-perguntei, enchendo meu copo de suco.

–Põe pra mim, por favor- ele estendeu o copo- Eiichi me ligou, disse que meu pai quer conversar comigo.

Eiichi é o secretário da academia.

O moreno bebeu tudo em um gole, em seguida ajeitou os talheres e o copo sobre o prato, levou a louça para a cozinha e subiu as escadas, provavelmente indo para o meu quarto. Fui atrás dele.

–Eu vou com você.

Estava ajoelhado no chão, parou o que estava fazendo e olhou para mim por cima do ombro. Caralho, como ele fica fofo fazendo isso.

–Não precisa, sério.

–Ele te bateu da última vez, pode ser pior agora.

Levantou-se, colocando a mochila surrada nas costas.

–Eu sei que não adianta falar não pra você, Rapunzel, então leva seu celular- riu, dando um peteleco na minha testa.

–Obrigado, senhor e senhora Kasane, pela hospitalidade- disse, assim que descemos as escadas.

–De nada,queridoo, pode vir aqui quantas vezes quiser- minha mãe se aproximou, ajeitando a gola da camisa de Rook. Ela realmente o tratava como um filho.

Seguimos em silêncio. Parecia preocupado, na verdade acho que nunca o vi daquele jeito antes. Desde os 12 anos Rook foge para minha casa quando briga com seus pais, geralmente ele fica lá por alguns dias, depois volta para casa como se nada tivesse acontecido.

–Fica aí- ele murmurou quando chegamos ao prédio. Sentei-me em um banco que ficava logo abaixo da janela de seu apartamento.

Fiquei lá, brincando com o celular em minhas mãos, fazendo silêncio para ouvir o que estava acontecendo, mas não havia som algum. Cerca de meia hora depois meu celular vibrou, era uma mensagem de Rook.

“Sobe ”

Entrei no hall do prédio, encontrando o pai dele na porta do elevador. Era um homem baixinho de cabelos grisalhos, tinha sempre uma expressão séria no rosto, hoje seu olhar parecia perdido. Estava segurando uma mala.

–Obrigado por cuidar do meu- ele parou por um instante, pondo a mão no meu ombro- do Rook.

–Não precisa agradecer.

Ele foi embora, subi pelas escadas, afinal era apenas um andar, entrei em seu apartamento.

–No quarto- gritou. Seu apartamento não era muito grande, tinha uma sala de estar de tamanho razoável separada da cozinha por um balcão, um corredor a ligava aos quartos.

Entrei em seu quarto encontrando Rook sentado em sua cama, ele olhou para mim com o olhar perdido, muito semelhante ao de seu pai.

–Ele foi encontrar minha mãe- voltou o olhar à prateleira em sua frente.

O quarto de Rook não era muito grande, mas era confortável. Cabiam apenas sua cama, um criado mudo, uma prateleira e um guarda roupa.

–Onde?-perguntei, sentando-me ao seu lado.

–Sei lá...- sua voz havia perdido o tom animado de sempre-Ela... Ela o traiu. Acho que ele não é meu pai biológico...

Olhei para ele de relance, lágrimas escorriam timidamente pelo seu rosto, quando percebeu que eu o observava, tentou enxuga-las com as costas da mão.

Rook tentava parecer forte em todas as situações, detestava que o vissem chorando ou qualquer coisa que o tornasse fraco. Fazia alguns anos que eu não o via daquela forma.

Abri os braços sem pensar duas vezes, ele me abraçou imediatamente, soluçando alto e escondendo o rosto em meu ombro. Era doloroso vê-lo nesse estado, nem consigo imaginar como deve ser passar por tais problemas familiares.

–Eles vão se divorciar- disse, entre soluços- E eu vou ficar sozinho.

–Não, você tem seus amigos, você não vai ficar sozinho- afaguei seus cabelos, sentindo suas lágrimas molharem minha camiseta.

Ele apertou os braços em torno do meu pescoço, senti sua respiração quente se chocar contra minha pele, um arrepio percorreu meu corpo. Coloquei meu braço em torno de sua cintura, tentando deixá-lo mais confortável. Respirei devagar, tentando impedir qualquer reação indesejável do meu corpo.

Era bom estar tão próximo dele, mas era horrível vê-lo triste assim. Rook sempre teve problemas familiares, seus pais brigam frequentemente desde que nos conhecemos, com o tempo ele passou a se envolver nas brigas. Mesmo passando por tudo isso acho que a última vez que o vi chorar foi há uns 6 anos quando sua avó faleceu.

Queria conseguir fazê-lo feliz, queria ser capaz de fazer algo além de simples palavras de consolação.

–Você vai ficar bem?

Estávamos na porta de seu apartamento, Rook tinha os olhos inchados e o rosto manchado pelas lágrimas. Ele chorara por uma hora sem parar, acho que foi bom que ele desabafasse um pouco.

–Sim- sua voz tremia- As aulas de recuperação são essa semana, te ligo quando forem as provas.

–Certo, pode me ligar se tiver qualquer outro problema, não só da escola- cocei a nuca desajeitadamente, era muito estranho vê-lo naquele estado- Até mais.

–Até.

X

–Traje social?- olhei para minha mãe por cima do convite.

–Sim, você vai usar o terno do seu pai.

–É apertado.

–É, mas é só você tirar se estiver incomodando.

Brinquei com o convite em minhas mãos, era impresso em papel verde claro perolado, envolto por um envelope estampado de flores, onde meu nome estava escrito com letras douradas. A festa seria daqui a 4 dias.

–E eu?- perguntou Teto, descendo as escadas, ainda de pijama.

–Você pode usar um daqueles vestidos que nós compramos para o casamento da sua tia.

Estava pensando em Rook, como havia feito quase todo dia desde o mês passado. Ele provavelmente estaria esperando o resultado de alguma prova de recuperação final neste momento. Eu passei o fim de semana inteiro o ajudando a estudar para a prova de matemática, e quanto mais ficava ao seu lado, mais apegado eu me sentia.

Meu celular vibrou, era uma mensagem dele.

“Passei em matemática :D Química é a próxima, posso passar ai daqui a pouco?”

“Pode”

Decidi me preparar melhor para ajuda-lo, afinal química não era minha matéria favorita e estava bem longe de ser. Subi e vasculhei meus armários em busca de resumos.

Ouvi o carro sair da garagem, minha mãe acabara de ir ao seu trabalho.

–Ei, Ted.

–O que foi?

Teto entrou no quarto e se jogou em minha cama, ela sabia muito bem que eu detestava que fizessem isso.

–Você vai se declarar pra ele?

–Acho que sim.

–Quando?

–Sei lá, não quero pensar nisso.

–Devia se preocupar.

–E você devia cuidar da sua vida.

–Seu grosso- resmungou, levantando-se e saindo do quarto- A Defoko e a Momo vão vir aqui hoje.

–O Rook também. E você vai ficar quieta.

–Pode deixar- ela riu, retornando ao seu próprio quarto.

Havia separado umas 20 folhas de resumos de química. É inacreditável que um montinho de papel me causou tanto estresse durante o ano. Não sei que tipo de coisa cai em uma prova de recuperação final, mas acredito que seja a matéria do ano todo.

–Tô entrando! – gritou Rook lá de baixo.

–Sobe aqui!- respondi.

Ele entrou no quarto arfando ruidosamente, usava uma camiseta sem mangas verde e bermudas pretas, estava completamente suado.

–Ah, ar condicionado- suspirou, jogando a mochila no chão e deitando-se ao lado da mesma.

–Tudo bem?- levantei-me da cadeira onde estava sentando e me deitei no sofá.

–Sim. Tá um calor do inferno- riu.

–É, está mesmo.

–Pelo menos em uma eu passei, só falta estudar pra química e...-o sorriso sumiu de seu rosto- Minha mãe me ligou.

–O que ela disse?- perguntei apreensivo.

–Ela ainda está resolvendo uns problemas na sede da empresa. Meu pai foi lá conversar com ela, e eles vão se separar- sentou-se- Meu pai vai voltar para a cidade dele e minha mãe vai ficar aqui comigo.

–E a academia?

–Vai ficar com os sócios dele. Perguntei sobre meu pai, assim, biológico. Ela disse que conversaria comigo pessoalmente, não vai demorar muito, acho que ela volta hoje. Eu perguntei se era o Hajime e... Ela disse que não.

Sentei-me ao seu lado, colocando a mão em seu ombro. Ele estava com as mãos entrelaçadas em frente ao rosto, com os cotovelos apoiados sobre as pernas cruzadas.

–Eu tô bem, cara. Não se preocupa- olhou para mim sorrindo levemente- Vem, vamos estudar.

Perguntei-me se devia mesmo me declarar para Rook, ele estava com tantos problemas na família, talvez eu trouxesse mais conflitos. Acho que a separação dos pais já é uma situação complicada para qualquer um, mesmo que não demonstrasse, eu sabia que ele estava sofrendo muito com a situação.

–Como se chama essa função aqui?

–Amida?- resmungou, circulando um N perdido no meio da molécula impressa no papel.

–Não, é amina, lembra? Amina não tem bola.

–É... Então é a alternativa D- seu celular vibrou sobre a escrivaninha. Ele olhou para a tela rapidamente.

–O que foi?

–Minha mãe me mandou uma mensagem, ela chegou- disse, fechando o livro-Fizemos umas 3 páginas de exercícios, acho que já é suficiente.

–Quando é a prova?

–Quinta. Não esquenta, eu vou estudar- riu, colocando a mochila nas costas- Valeu pela ajuda.

–De nada.

Descemos as escadas, Rook estava quieto, seu olhar estava distante.

–Então é isso. Até mais- disse, passando pela porta.

–Boa sorte.

–Vou precisar.

Decidi tirar um cochilo, era 6 da tarde e química realmente me cansava, e acho que seria bom não pensar em toda essa confusão amorosa que estou tendo. Soltei os cabelos, tirei a bermuda e deitei em minha cama. O ar condicionado deixava a temperatura agradável, tirei os óculos e virei-me para o lado. Dormi depois de alguns minutos.

Tive um sonho embaraçoso, era como aqueles pequenos devaneios que tive há algum tempo. Eu e Rook nos beijávamos intensamente, os beijos seguiam pelo meu pescoço enquanto suas mãos percorriam meu corpo. As roupas foram tiradas pouco a pouco e as coisas foram adiante.

Odeio admitir, mas eu estava gostando, e muito.

Acordei no ápice, em um salto, senti o resultado do sonho tocar meu corpo, era quente e úmido. Nojento.

–Merda.

Entrei no banheiro acedendo a luz apressadamente. Meus olhos doeram com a mudança súbita de iluminação. Arranquei a camiseta e me enfiei dentro do boxe, ligando o chuveiro gelado sobre minha cabeça.

Sequei-me e vesti qualquer coisa que peguei em minha gaveta. Tinha que colocar minha roupa de baixo para secar e estava com fome.

Desci as escadas tentando não fazer barulho. O relógio marcava 11h13min da noite. A luz da cozinha estava acesa, era Teto.

–Acordou agora?- perguntou, enquanto enchia um copo de suco.

–Sim.

–Que é isso ai?- ela viu a peça de roupa molhada que eu segurava.

–Uma cueca- fui até a área de serviço e pendurei-a no varal.

–Lavando sua própria roupa?- perguntou, sentando-se.

–É que eu sonhei com o Rook e...

–Entendi! Entendi! Não precisa dar detalhes!

Eu ri, sentando à mesa e pegando um pão.

–Pega suco pra mim?- pedi, começando a preparar um sanduiche.

–Pego. Lavou o cabelo agora? Vai ficar com a cabeça cheia de fungo-falou, colocando um copo em minha frente.

–Se for só de vez em quando não dá problema.

–Hm. Já sabe como vai falar pra ele?

–Sei lá, não é tão simples assim.

–Toma coragem! Não é tão difícil! É só chegar e “Ah Rook eu gosto de você!” e ele vai ficar todo “Que isso Ted? Saindo do armário?” ai é só você falar “Sim, seu gostoso!” ai vocês se beijam, namoram, se casam e adotam sobrinhos para mim!

–Cala a boca. Eu vou me declarar na festa da Nana, calma!

–É bom mesmo! Boa noite- disse em um tom autoritário, se levantando.

–Quero ver você fazer o mesmo com aquele cara de cabelo azul.

Essa gelada que ela sentiu pegou até em mim.

–Q-que cara? Cabelo azul?- Teto parou no meio do caminho. Acertei em cheio.

–Aquele, que trabalha na sorveteria. Kai...po?-provoquei

–Kaito!- gritou, cobrindo a boca com as mãos em seguida.

–Há! Eu sabia! É o primo do Akaito!

–Cala a boca!- ela começou a chorar.

– Por isso você vive indo naquela sorveteria- me levantei e a abracei.

–Cala a boca- falou me dando um soco no peito-Ele não gosta de mim, ele tá na faculdade, ele deve ter um monte de namorada, ele... Ele...

–Não fica assim, é só falar com ele- senti ela me empurrar, pedindo para que a soltasse.

–Boa noite- resmungou, saindo da cozinha.

Terminei de comer o sanduiche e voltei ao meu quarto. Liguei a TV na esperança de não pensar naquele sonho estranho.

Parei em um canal aleatório onde um filme acabava de começar. O título apareceu em letras brancas: ‘Die Welle’.

–A onda- li junto com a legenda, aquilo era alemão?

O rosto de Rook surgiu em minha mente, ele adora suas aulas de alemão, não o vejo empolgado daquela forma em nenhuma outra ocasião. Eu prefiro francês, acho mais bonito.

Lembrei-me do sonho, um arrepio percorreu meu corpo, pensei apenas em como seria beijá-lo, sentir seus lábios sobre os meus. Coloquei os dedos sobre minha boca, qual seria a sensação de ter Rook só para mim? Era infantil pensar nisso, praticar beijo com a mão também não é a coisa mais adulta a se fazer, mas ninguém podia me julgar agora, era só eu e o alemão careca na minha televisão.

Meus pensamentos ficaram embaçados, estava sonolento e minhas pálpebras pesavam. Era melhor dormir de uma vez por todas.


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Notas finais do capítulo

Bom, agradecendo a todos que estão lendo a história, mesmo sem se manifestar sobre, e agradecendo ao meu prezado professor de química por me ensinar química orgânica para eu passar no vestibular e para deixar minhas fanfics mais realistas.
Deixem comentário, favoritem, sigam, sei lá, qualquer coisa que demonstre que vocês estão lendo essas coisas que eu posto aqui.



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