– Eu confesso que não era isso que eu esperava. - Levantei minha cabeça com fim de encarar Thea, eu estava olhando fixamente para minha bebida ainda intacta em cima do balcão.

– O que você não esperava? – Perguntei por fim.

– Eles. – Apontou com a cabeça, segui a direção do seu olhar e meus olhos encontraram brevemente o de Oliver antes que a ruiva se agarrasse firmemente ao seu pescoço como se sua vida dependesse de sugar a alma de Oliver pela boca.

– Quem é ela?

– Eu não sei. – Thea deu de ombros. – Depois de Makenna Oliver vem ficando com garotas aleatórias.

Eu entendia o que ela dizia. Pouco tempo depois do meu aniversário Oliver passou a sair com detetive Mackenna, ironicamente sendo incentivado por mim com propósito de ajudar em uma missão, não achei que Oliver ia ter um relacionamento sério com ela, mas ele teve. E esse relacionamento foi destruído quando sua ex namorada psicopata atirou em Makenna que teve que se afastar e ir para outra cidade ficar com sua irmã. Isso foi depois dela ter me usado para descobrir onde o seu pai também psicopata estava, e ter me deixado amarrada no escritório. Desde então Oliver não quer se aproximar seriamente de ninguém.

– Morenas, ruivas, negras... – Continuou. – Nunca loiras. – Acrescentou me lançando um olhar provocador.

– Humhum. – Limitei a “responder” a ignorando e finalmente dando um gole na minha bebida.

– O que você está fazendo aqui Felicity? – Thea perguntou. – Não que eu não goste de sua presença, mas você geralmente vem aqui atrás de Oliver, e como ele está ocupado...

– Eu tenho um encontro. – Confessei, então olhei meu relógio. – Ou tinha, eu não sei, o cara está atrasado. – Seu rosto mudou de expectativa para decepção em um passar de segundos.

– É o primeiro encontro de vocês... E você marcou em uma boate? – Ela soava entre confusa e incrédula. – Na boate de Oliver.

– Primeiro, pode-se dizer que esta boate é sua, você que a gerencia. – Ela ia abrir a boca mais a cortei com um gesto. – Segundo, não, eu não marquei aqui, eu aceitei antes dele dizer onde. – Suspirei. – lembre-me de nunca mais fazer isso. – Acrescentei rapidamente. - Quando dei por mim, era muito tarde para voltar atrás.

– Se serve de consolo você está linda. – Thea sorriu.

– Obrigada. – Sorri rapidamente, e olhei ao redor, então suspirei novamente, a música estava ótima, e estava evidente que meu encontro não vinha, eu queria dançar. – Posso te pedir um favor.

– Até dois. – Deu de ombros. – Eu sinto que você está precisando.

– Posso pegar seu namorado/funcionário para dançar. – Pedi. – Por favor.

– É claro. – Se virou procurando ele na multidão, quando o encontrou acenou rapidamente o chamando. Roy veio com um sorriso que se ampliou ao me vê.

– Lis. – Cumprimentou-me, revirei os olhos ao escutar o apelido. – Seu chefe carrasco a liberou para ter alguns minutos com a sociedade?

– Olá Roy. – O cumprimentei antes de receber um beijo rápido no rosto.

– Roy você está intimado a levar Felicity para a pista de dança. – Thea declarou no seu melhor tom de “eu sou a chefe aqui”.

– Seu desejo é uma ordem. – Roy sorriu antes de beija-la levemente nos lábios. – Literalmente. – Acrescentou, logo estendeu uma mão em um gesto exagerado e me acompanhou até a pista.

Dancei por um bom tempo. Primeiro com Roy, mas ele tinha que trabalhar, então passei um tempo dançando sozinha até que um cara se aproximou, ele era charmoso e dançava bem, tão bem que eu cogitei que talvez ele fosse gay, ainda estávamos dançando quando percebi um movimento a esquerda e notei que Thea me chamava, me desculpei com o cara e fui em sua direção, meu humor que estava bem melhor caiu drasticamente ao me aproximar e reconhecer com quem ela estava.

– Fel... Este cara está atrás de você. – Thea me alcançou antes que eu chegasse a te eles. – Ele é...

– Adam Blankenheim. – A informei. – Meu encontro. Ele trabalha na QC.

– ... ele é um idiota. – Reclamou. – Por que diabos você aceitou sair com ele?

– Eu cheguei e não te encontrei. –Parecia desapontado, não entendia por que estaria tão indignado se eu fiquei esperando ele e foi ele que chegou atrasado. – Então olhei para pista e vi você dançando com aquele cara. Eu não entendi qual é o seu joguinho.

– Desculpe eu acho que não entendi. – Retruquei. – Você está atrasado, não tem o direito de ficar chateado.

– Eu posso ter me atrasado alguns minutos. – Concordou. – Mas isso não te dá o direito de sair se esfregando com outros caras.

– Ei. – Thea protestou. – Mais uma palavra e eu chamo meus seguranças. – Ameaçou. – Onde está Roy quando eu preciso?

– Você não está atrasado uns minutos. – Protestei ignorando sua última frase. – Você atrasado em horas.

– Você mudou o horário. – O encarei confusa. – Mr. Queen me avisou que vocês teriam que trabalhar até mais tarde.

– Oliver fez o que? – Perguntei a raiva dominando meu julgamento, esse cara era um idiota, e só aceitei esse encontro por que ele foi muito insistente, mas se Oliver estivesse envolvido nisso eu teria o couro dele. Girei o rosto procurando por ele, e lá estava ele, com a ruiva ainda enroscada em si.

– Eu acho que comecei a entender o que está acontecendo. – Adam falou com raiva. – Vocês tiveram alguma briguinha e estão me usando nessa guerrinha. Eu deveria ter acreditado nos rumores...

– Oh cala a boca. – Thea ordenou.

– Licença. – Pedi apenas por educação e me afastei seguindo em direção ao “casal” com passos determinados. Parei ao lado deles, estava com medo de ter que fazer algum barulho ou gesto para que me notassem, mas Oliver se virou em minha direção assim que cheguei, o maldito ninja sabia que eu estava vindo, lancei um olhar raivoso para sua acompanhante que me olhava com nojo. – Você já pode ir. – Falei a dispensando, ela estava visivelmente chateada com meu “pedido”, deu um breve olhar pra Oliver e se afastou.

–Isso foi rude. – Falou seu tom elevando acima do som alto.

– Você não tem ideia de como eu posso ser rude Mr. Queen. – Retruquei. – Na verdade você está preste a ter. – Falei antes de puxa-lo pela manga da camisa guiando entre os corpos. – Thea preciso do seu escritório. – Falei passando por ela não esperando resposta.

–Concedido.

– No que diabos você estava pensando Oliver? – Falei assim que fechei a porta.

– Eu não tenho ideia do que você está falando. – Contornou a mesa e sentou-se na cadeira, os pés em cima da mesa, as mãos cruzadas atrás da cabeça.

– Tire esse sorrisinho do rosto agora mesmo, ou eu juro que vou chutar esse seu traseiro verde.

– Meu traseiro não é verde. – Retrucou. – Eu posso te mostrar. – Deu uma piscadela sugestiva.

– Oliver você não pode sabotar meu encontro. – Falei ignorando-o. – Por que você fez isso?

– O cara é um idiota. – Respondeu dando de ombros. – Eu te poupei de um péssimo encontro.

– Isso não te dá o direito de interferir em minha vida. – Protestei. Eu sabia que ele era um idiota, e a única razão para eu ter aceitado o convite foi por que caras como ele só me deixavam em paz quando percebesse depois do encontro que eu não queria nada com eles.

– Ele só queria transar com você. – Vociferou erguendo-se da cadeira, e parando em minha frente. Tão perto que podia notar que sua postura casual havia sido apenas fachada, dava-se pra vê como seus olhos estavam gélidos. – Eu o escutei gabando-se com seus amigos.

– Talvez eu quisesse o mesmo. – Repliquei, mesmo sendo mentira.

– Você... – Segurou a respiração. -... Você... – Repetiu atônito. - Não!

– Não consigo vê nada de errado. – O provoquei. – Ele é bonito, alto... Eu gosto de caras altos.

– Fe-li-ci-ty.

– O quê?

– Você não vai... Você não vai sair com esse cara. – Eu não estava a fim, mas assim que ele terminou a frase, raiva me dominou.

– Você não acabou de me proibir. – O fuzilei com o olhar. – Você não fez isso Oliver Queen.

– Sim eu fiz. – Reafirmou. – Sabe o que ele estava dizendo? Que transaria com a amante de Oliver Queen em seu próprio território, ele apostou com outros idiotas sobre isso Felicity. Ele te chamou aqui, no Verdant para isso. – Dei um passo para trás ao escutar isso, eu não gostava do cara, na verdade ele era arrogante e mesquinho, esse encontro era só um meio de me livrar dele, mas saber que eu era instrumento de uma aposta, como se tivesse voltado para o colegial ou tempos de faculdades era um golpe, de súbito eu pude entender a raiva de Oliver, e que ele estava sendo apenas superprotetor. – E é por isso Felicity que eu não vou deixar você sair com ele.

– Desculpe, você acabou de dizer que não vai me deixar sair com ele? – Perguntei incrédula. – Como se mandasse em mim? – Minha raiva voltou com tudo, dei meia volta e caminhei em passos rápidos até a porta.

– Onde você vai? – Perguntou atrás de mim, eu já estava fora, e procurava com os olhos Adam entre as pessoas.

– Vou ajudar um cara em uma aposta. – Respondi ríspida dando um passo assim que encontrei Adam ao lado de Roy que conversava com ele, não parecendo muito animado.

– Não você não vai. – Escutei instantes antes de encarar o chão da boate, Oliver tinha me jogado em seus ombros no exemplo mais primitivo de homem das cavernas, esmurrei suas costas após superar o choque.

– Deixe-me no chão agora mesmo Oliver. – Exigi. Era de se esperar que uma cena dessas chamasse a atenção das pessoas que nos rodeava, mas estávamos em uma boate, uma boate que estava lotada, e todos pareciam muito preocupados em pegar sua próxima bebida ou dançar como se seu corpo dependesse disso, então a única pessoa que viu esse pequeno momento antes de Oliver me carregar até a entrada que dava para escadas que iam até nosso esconderijo, foi Thea que olhava ansiosa para o escritório provavelmente desde que tínhamos entrado, como minha amiga supõe-se que ela devia vir ao meu auxílio, mas ao vê a cena e quem me carregava ela apenas sorriu. – Oliver seu idiota eu estou de vestido!

– Não por isso. – Escutei poucos momentos antes de sentir sua mão espalmar minha bunda. – Pronto ninguém vai vê.

– Tire sua mão dai agora. – Exigi. Ele me ignorou, verificou se a porta estava trancada e passou a descer as escadas. – Nós vamos bolar escada abaixo, me solta! – Foi o mesmo que falar para um surdo, apenas quando estávamos em baixo ele me desceu, não pude deixar de notar que foi propositalmente devagar. – O que você vai fazer? Deixar-me trancada aqui pelo resto da noite? Qual vai ser sua grande ideia depois? Por que amanhã eu posso procurar ele. – Falei cruzando os braços.

– Você está com raiva, e eu fiz uma péssima escolha de palavras, amanhã você estará com a cabeça fria, e possivelmente irá me agradecer. – Bufei com a ideia de que ficaria agradecida após a cena que ele armou. – Felicity. – Chamou meu nome ao perceber que eu não o encarava. – Você não ia realmente...

– Não. – Neguei prontamente. – Você sabe disso, mas eu iria confronta-lo.

– Ele iria negar, ou fazer algum tipo de piada.

– Quer piada maior do que ser considerada sua amante por todos da QC? – Desabafei por fim. – Quer dizer, você tem namoradas Oliver, várias delas, e mesmo assim todo mundo acha que você me mantém de lado pra quando enjoar de alguma. – Dei de ombros. – Eu fico feliz que você tente me defender desse tipo de gente, mas não é a primeira vez que algo assim acontece, se não é fofocas e olhares das outras assistentes, sem falar nas de Isabel, sempre tem algum idiota achando que pode “Provar do mesmo do Queen”. – Fiz gestos de aspas com as mãos, Oliver tinha o olhar mortal agora, eu estava considerando se não deveria mudar os códigos da porta novamente quando ele soltou o ar de vez parecendo querer se acalmar.

– Sinto muito. – Falou por fim. – Eu já havia escutado os rumores, eu preferi ignorar, e pensei que saindo com outras garotas iriam aliviar.

– Isso só faz você de mulherengo. – Sorri. – Eu sou bem mais forte do que você imagina e sei lidar com esse tipo de babaca, então, por favor, não estrague um encontro meu novamente. – Pedi. Ele ficou parado me encarando. – Está é a hora em que você diz: Sim, Felicity. Prometo nunca mais atrapalhar seu encontro novamente. – O observei se encostar a mesinha e cruzar os braços. – Oliver!

– Sim. Felicity. – Começou com tom azedo. – Prometo nunca mais atrapalhar seu encontro novamente. – Falou por fim, observei seu rosto esperando algum tipo de armadilha, quando não notei nenhuma, sorri. – Ótimo, agora eu vou subir.

– Espere. – Falou segurando meu pulso aproximando-me de si. – Você ainda vai atrás dele?

– Não. – Nunca iria admitir, mas ele tinha razão quando disse que o agradeceria. – Só vou falar com Thea. – Confessei, esperei que soltasse meu pulso, mas ele não o fez, seu polegar acariciava de leve a parte interna, e seus olhos estava fixos ali, notei que parecia visivelmente cansado, desprovido de todo seu charme de playboy parecia angustiado. – Quando foi à última vez que você dormiu direito Oliver? – Ele pareceu surpreso com minha pergunta, ergueu a cabeça e franziu o cenho.

– Desde que ouvimos falar do “empreendimento” e tentamos descobrir o que é você parece cada vez mais no limite. – Acrescentei.

– Eu só... – Não terminou a frase, mas eu sabia que estava preocupado, Oliver não gostava de não saber das coisas, de não ter o controle sobre elas.

– Vá para casa. – Pedi. – Durma, descanse sua mente, nós conseguiremos descobrir mais sobre o empreendimento.

– Precisa de carona? – Perguntou se erguendo, neguei com a cabeça o acompanhando enquanto subíamos, apenas quando cheguei até Thea notei que ele não havia me soltado, apenas tinha deslizado sua mão até que envolvesse a minha, Thea não fez nenhum comentário, sorriu para o irmão que se despediu, a abracei brevemente, comentou que Adam havia saído lívido e que eu o evitasse, Roy comentou que não confiava nele antes de ir atender outra pessoa, dei de ombros, todos os três eram muito protetores comigo, estavam apena exagerando, era uma sorte que Diggle estivesse com sua ex-cunhada/atual namorada por que se não ele também estaria dando um de segurança comigo.

– Você tem ideia do quanto é divertido observar você quebrar com as barreiras do meu irmão? – Thea perguntou quando eu já estava prestes a sair.

– Eu não faço ideia do que você está falando. – Ela me lançou um olhar de “Sério”?

– Fel. Eu já vi meu irmão com todos os tipos de mulheres e umas até foram relacionamento sério, mas nenhuma foi carregada pelos ombros como um saco de batatas em sua boate.

– Isso deveria ser bom? – Perguntei confusa.

– Você o tira do sério, ele sai desse personagem que ele criou. – Sorriu. – Sim, é bom.

– Está tarde demais para reflexões. – Suspirei. – Boa noite Thea.

– Boa noite.

Cheguei em casa cansada, eu não esperava muito do encontro de hoje, mas com certeza não esperava que nem tivesse encontro por culpa de Oliver, e nem que o cara fosse tão idiota assim, tomei um banho, escovei os dentes e deitei na minha cama, tinha se tornado um hábito usar a camisa de Oliver como pijama, ele curiosamente não deu por falta quando ela sumiu, nem demonstrou tê-la reconhecido a última vez que esteve em meu quarto, ao pensar na última vez que esteve aqui tracejei o pingente em forma de flecha e fechei os olhos o sono chegando sorrateiramente em quando sentia o contorno do pingente, este havia se tornado outro hábito.