THEA P.O.V

– Lis! – Desci correndo as escadas, Felicity se afastou da mesa com expressão em alerta e me arrependi de não tê-la abordado com mais cuidado, Sara e Oliver pararam seu treinamento e me encaram com apreensão. O olhar de Oliver foi rapidamente para John que vinha atrás de mim em passos mais lentos. – Desculpe, não quis alarma-los. – Pedi sincera, estávamos em tempos difíceis, e foi uma péssima maneira de aborda-los, mas ao lembrar-me do por que eu havia descido assim voltei a me empolgar e me aproximei de Felicity. – Você não sabe o que eu encontrei.

–Bem pela sacola em suas mãos, você fez compras. – Ela falou olhando para baixo. – Do que se trata.

– Comprei a primeira roupinha do meu sobrinho. – Sorri entregando o pacote em suas mãos. Sara largou o bambu de lado e se apressou a se juntar a nós, Oliver também se aproximava com um sorriso singelo.

– Thea ainda não sabemos o sexo. – Protestou embora abrisse a sacola com avidez, tentei me conter, mas acabei ajudando-a, estava ansiosa para ver sua reação e a de Ollie.

– Oh. – Exclamou, erguendo a pequena roupa de saída de maternidade, era um macacão azul não muito escuro, com alguns detalhes em azul mais escuro, e abotoamento de lado, minha parte preferida era a coroa no centro do peito, junto vinha à manta seguindo os mesmos padrões e luvinhas da cor do macacão.

– O que você achou? – Perguntei segurando minha respiração.

– Thea... É lindo. – Falou emocionada, enxugou o canto dos olhos evitando que uma lágrima descesse. – Desculpe, é a gravidez. – Riu. – É lindo Thea, obrigada.

– Quando vocês decidirem o nome eu vou mandar bordar. – Acrescentei e a abracei. – Eu vou mimar tanto o pequeno Queen. – Ela me abraçou fortemente em retorno murmurando mais uma vez um agradecimento.

– Agora eu fico pedindo que seja um garoto. – Riu. – Quero vê-lo nessa roupinha.

– Não se preocupe Felicity. – Sara falou tocando em seu ombro. – Estou providenciado a roupinha quando for garota.

– Você e suas apostas. – Resmungou.

– Obrigado Speed. – Oliver falou antes de beijar minha testa e pegar a roupinha em das mãos de Felicity, compartilharam um sorriso entre si, e ele devolveu a roupa para suas mãos, ela a guardou com carinho. – Então, você fez Diggle segui-la pelo shopping. – Oliver comentou enquanto vestia sua camisa.

– Ele adorou. – Debochei. – Ele mesmo ficou encantado com as roupas de bebês, ele comprou algumas.

– Mesmo? – Felicity perguntou olhando para suas mãos vazias.

– Estão no carro. – Diggle falou sorrindo. – Quero fazer uma surpresa para Lyla.

– Espere. – Sara ergueu a mão. – Vocês já sabem o sexo?

– Soubemos ontem. – Confessou. – É uma garota. – Sara comemorou, pois ela havia insistido em manter o palpite de que seria uma garota nos dois casos.

– Uma já ganhei. – Sorriu vitoriosa para mim.

– Infelizmente eu já sabia dessa minha perda quando via as roupinhas que ele comprou. –Suspirei. – Mas são tão fofas! Mas não se engane Sara, o de Ollie eu tenho certeza que estou certa. – Levantei o dedo em aviso. – Ela riu, mas parou ao perceber que Felicity havia se afastado da conversa encarava o computador com semblante preocupado.

– O que foi? – Oliver perguntou ao seu lado.

– Ataques. – Falou sentando-se na cadeira. – Em toda a cidade, Slade está agindo, ele já tem seus soldados de Mirakuru.

– Pensei que tínhamos o atrasado quando explodimos parte da minha empresa junto com o equipamento que ele precisava.

– Foi uma pequena parte, e por enquanto ela não é mais sua, então pare de reclamar disso sempre que tem a oportunidade, eu dei a ideia, não achei que você concordaria. – Retrucou.

– Vocês dois. – Deggle os chamou. – Foco.

– Eu não sei como ele fez, mas ele conseguiu. – Felicity continuou enquanto discava rapidamente em seu celular.

– Para quem você está ligando? – Oliver perguntou.

– Para Barry Allen. – Respondeu. – Precisamos daquele antídoto e rápido.

– Barry e rápido não é uma boa definição. – Sara comentou. – Avise a ele que estou indo de moto. – Felicity meneou a cabeça em negativa.

– Precisamos de você aqui, não se preocupe com os antídotos, Barry me ligou ontem à noite, ele falou que estaria mandando hoje, já devem estar no caminho.

– Por que você não me contou? – Oliver perguntou confuso.

– Expectativas. – Deu de ombros. – Não sabemos ao todo se vai dá certo. – Oliver assentiu. – Ele não atende, vou ligar para Caitlin.

– Precisamos sair daqui. – John falou. – Não estamos seguros aqui, precisamos levar elas duas para um local seguro. – Eu odiava isso, eu odiava ser a indefesa do grupo, a garota em perigo, Felicity não tinha habilidades de luta, mas ela era necessária no team, ela era literalmente o cérebro do team, eu era apenas um empecilho, uma preocupação a mais.

– Acho melhor você me deixarem na proteção de Walter. – Comentei, quatro pares de olhos me encararam com determinação.

– Nem pensar. – Ollie resmungou.

– Pense bem Ollie, você estará sempre preocupado comigo e Felicity. – Argumentei. – Walter tem muitos seguranças. As chances deles contra um exercito de super soldados é equivalente à mesma de vocês enquanto não tiverem o antídoto, Sara pode me levar até Walter.

– Não deixarei você sozinha. – Negou.

– Teremos essa conversa em outro lugar. – Felicity falou. – Vamos primeiro sair daqui.

– E Roy? – Perguntei encarando seu corpo inerte.

– Ele vem conosco é claro. - Felicity respondeu. Assenti a contra gosto e nos apressamos a sair dali, enquanto avançávamos pela cidade percebi o quanto havia sido ingênua ao supor que estava salva com os seguranças de Walter, eles jamais poderiam com os homens de Walter. Encarei Oliver, sua expressão dura, estava vestido de arqueiro, e sempre que podia parava para ajudar alguém, mas ele tinha pressa, pressa de nos manter seguras. Eu não sabia onde estávamos indo, era em algum lugar que Sara conhecia, Oliver tinha certeza que ganharíamos um par de horas antes que Slade agisse, não tínhamos um plano exatamente, tudo que tínhamos era o antídoto que ainda estava por chegar, Felicity mantinha contato com Caitlin e parecia tão preocupada quanto Oliver, Sara havia se separado da gente, ela disse que precisava verificar sua família e convidar alguns de seus “amigos”. Pelo o pouco que eu havia escutado deveria ser alguma coisa ligada a “Liga dos assassinos”. O nome em si já era perturbador.

– Não se preocupe. – Ergui meu rosto para encarar Felicity que estava no banco da frente ao lado de John. – Vamos dá um jeito nisso. – Sua voz saiu mais baixa quando acrescento. – Só não sei como ainda. Sua atenção foi tomada pelo seu tablet. – Oliver. - Ele a encarou ansioso. – Encontrei Slade.

– Onde? – Perguntei nervosa.

– Ele sabe como fazer uma vingança. – Murmurou. – Não que eu o esteja admirando, mas ele está na sua empresa. – Disse para Oliver.

– Precisamos leva-las para um local seguro. – Respondeu. – Então eu vou atrás dele.

– Você não vai enfrenta-lo até ter esse antídoto em mãos. – Ela retrucou.

– Ela está certa Oliver. – Diggle falou mantendo sua concentração no caminho. – Será perda de tempo, e apenas deixará em vantagem.

– Estamos chegando? – Perguntei com um suspiro.

– Chegamos. – John respondeu estacionando. Oliver e John carregaram Roy escadas acima, eu parei para analisar o lugar, era um abrigo precário, mas eu duvidava que alguém iria dirigir sua atenção por mais de dois segundos para ele, Ollie estava certo, por hora iria servir.

– Odeio dizer isso. – Felicity falou após desligar o celular. – Mas precisamos voltar para aquela van.

– O que aconteceu? – John perguntou.

– Era Caitlin, o mensageiro está na cidade, mas teme não chegar muito longe sozinho. – Informou. – Precisamos ir até ele. Podemos deixar Roy aqui e ir.

– Eu fico. – Sugeri.

– Não. – Falaram todos juntos.

– Roy está inconsciente Thea. – Oliver tomou voz. - Se algo acontecer, se eles chegarem aqui, ele não será capaz de defendê-la. Você virá conosco. Quando eu estiver com o antídoto irei ao encontro de Slade, você estará com John. – Apertei a mão de Roy levemente e assenti. Ao menos quando entramos novamente na van tínhamos a promessa de um fim. Não cheguei a ter certeza se eles conseguiram o antídoto, quando estávamos no caminho a van foi atingida por algo e capotamos, Felicity havia ficado inconsciente e isso me assustou, mesmo assim me esforcei para acompanha-los quando Oliver a carregou nos braços mesmo machucado, após ter atrasado os homens com uma flecha explosiva, porém não contamos com a presença de um terceiro. Ele me agarrou e colocou em seus ombros levando-me para longe de Ollie antes que ele pudesse reagir.

P.O.V FELICITY

Tudo estava dando errado, tudo parecia ir contra qualquer plano que tivéssemos, acordei de meu pequeno período de inconsciência para saber que Thea havia sido sequestrada, Oliver estava em um estado de desespero absurdo, eu o havia assustado quando fiquei inconsciente e sua irmã estava nas mãos de Slade novamente, e dado os planos de Slade ela seria a próxima a ser morta. Se não bastasse isso quando chegamos ao mensageiro de Caitlin ele estava morto, e os antídotos não estavam mais com eles. Estávamos na torre novamente, Oliver através do vidro da torre, estava contido, mas eu podia sentir que ele estava desistindo.

– Eu sinto muito. – Escutei ele murmurar antes de se virar de volta e me encarar, ele estava derrotado, sem expectativas, e isso era algo que eu não conseguiria lidar. – Eu falhei com essa cidade, e não só falhei com a cidade, eu falhei com Thea, com você, com nosso filho. – Sua voz tremeu. – Sinto muito Felicity.

– Não. – Falei firmemente. – Você não falhou ninguém. Você honra os mortos lutando, e você ainda não terminou de lutar. - Minha voz se elevou um pouco quando falei, me aproximei mais dele, não conseguindo conter minhas lágrimas. – Malcolm Merlyn, o Conde, Clock King, a Tríade, todo mundo que ameaçou essa cidade, você parou eles. – Ele moveu-se inquieto, as palavras chegavam aos seus ouvidos, mas ele não parecia estar certo disso. – E você vai parar Slade.

– E não sei como. – Sussurrou.

– E nem eu. – Confessei. – Mas eu sei de duas coisas. Você não está sozinho. – Sussurrei. – E eu acredito em você. – Eu já havia dito antes a ele, mas ele parecia precisar ouvir isso agora mais do que nunca. Não pude me conter e o abracei, era claro que eu estava com medo, mas eu confiava em Oliver, eu confiava que ele iria fazer de tudo para nos manter seguros, e se não conseguisse ao menos ele daria fim em Slade. Quando me afastei foi apenas para beija-lo com ternura, hesitamos em nos afastar, era doloroso encarar a ideia de existir a possibilidade que poderia ser a última vez. Afastei-me forçada pelo celular que passou a tocar, fiquei surpresa ao saber que se tratava de Sebastian Blood, e mais ainda em saber que ele estava em posse do antídoto, Oliver foi ao seu encontro e pegou os antídotos, estávamos colocando-os em suas flechas quando Sara chegou com os membros da liga.

– Sara. – A cumprimentei. – Você poderia ligar quando convidar... – Os analisei rapidamente. – Sete assassinos da liga para nosso esconderijo. – Sara segurou meu braço em comprimento, mas Oliver a afastou para conversar, eu em troca encarei a morena em minha frente.

– Eu sou Nyssa. – Seu tom demonstrava orgulho. – Filha de Ra’s Al Ghul, herdeira do demônio.

– Felicity Smoak. – Retruquei. – MIT Classe de 2009. – Ela me encarou fixamente, sua expressão mostrava uma certa quantidade de diversão. John se posicionou ao meu lado, os braços cruzados em sinal de desafio. Mas a nossa atenção se fixou em Oliver que contava a Sara como prosseguiria. Ele contou a ela que Thea foi levada que deveriam agir com cuidado, por que sabia que Slade não faria nada com ela até o momento em que Oliver estivesse presente. Quando chegamos a QC Oliver e Sara junto a Nyssa cercaram Slade, mas infelizmente Oliver não teve a chance injetar nele o antídoto.

– Eu não consigo chegar perto dele. – Murmurou frustrado.

– Eu sei. – Murmurei. Eu estava na van com John enquanto ele havia enfrentado Slade. Apenas quando fui informada que haviam falhado que subi. Oliver encarou meu rosto atentamente esquecendo por um momento sua angústia.

– Devíamos ter cuidado disso. – Falou olhando para minha testa.

– Eu estou bem. – Murmurei ignorando o machucado. – Oliver eu tenho um plano. Eu preciso que você confie em mim. – O encarei intensamente, ele me olhou inquieto pressentindo que não era algo bom.

– Do que se trata? – Perguntou me observando atentamente.

– Você não vai gostar.

[...]

P.O.V ROY

As vozes chegaram aos meus ouvidos de repente, todos os barulhos ao redor mesclando-se criando um zumbido agoniante, abrir os olhos e assimilei dois vultos conhecidos, Oliver e Diggle discutiam exasperados, Oliver parecia desesperado, assimilei as palavras ao mesmo tempo em que erguia-me rapidamente em uma postura defensiva, “Ele a levou”, Oliver gritou. Diggle pedia para que Oliver se concentrasse, mas ele parecia incapaz de faze-lo, nenhum dos dois notou que eu os encarava, e que fechava minhas mãos em punhos, “Ele a levou” ele havia dito, Slade havia conseguido, minha mão se chocou com a mesa em minha frente antes que eu pudesse impedi-la, mas algo de novo aconteceu, dor me atingiu, a parede estava intacta, eu não sabia o que aconteceu e como aconteceu, mas eu não estava mais sobre o efeito do Mirakuru.

– Roy. – Oliver exclamou surpreso enquanto Diggle exibia agora uma postura defensiva, aguardando meu próximo movimento.

– O que aconteceu? – Perguntei olhando para minhas mãos. – O que aconteceu comigo? O que... Como?

– Você precisa se acalmar. – Diggle falou se aproximando. Oliver se afastou levando as mãos a cabeça em calro desespero. – Conseguimos achar um jeito de tirar o Mirakuru do seu sistema...

– Quem Slade pegou? – O interrompi. – Thea ou Felicity?

– As duas. – Sara falou entrando. – O plano começou.

Oliver rangeu os dentes contendo sua fúria e falhando ao lançar em um rompante de raiva os objetos em cima da mesa.

– Que plano? – Perguntei confuso. – O que usaremos contra Slade?

– Felicity. – Veio à resposta de Diggle.