Bad Boy

Capítulo Dois

Pergunta idiota.

Lily encarou boquiaberta a prima:

– Quer dizer que você é quase atropelada, descobre que seu atropelador é um gato, descobre que ele é loiro… E não conta para sua prima? – Ela balançou a cabeça. – Que falta de consideração.

– Lil’s? – Rose olhou para Lily, de olhos arregalados, enquanto elas procuravam uma mesa no refeitório lotado. – Eu fui quase atropelada, então eu quase nem tive tempo para pensar.

– E você não o encontrou de novo?

Rose balançou a cabeça enquanto indicava uma mesa no fim do refeitório, perto de duas garotas que riam histericamente.

– Não. Ainda bem. Minhas aulas foram apenas com Lorcan, Albus e, infelizmente, Jenna. – Ela revirou os olhos.

– Ainda bem? Eu o encontrei quando fui ao banheiro. – Lily se sentou e pôs sua bandeja na mesa. – Parece que ele não perde tempo né? Eu o vi dando em cima da secretaria. Sabe aquela loirinha azeda?

Rose pousou sua bandeja na mesa e ia se sentar quando sentiu ser abraçada por trás.

Ela sentiu um beijo no pescoço e uma voz sedosa:

– Oi gata. – Ela se virou e encarou os orbes extremamente azuis de Lorcan Scamander. Ele sorriu e deu um beijo nela.

– Oi Lorcan. – Rose entrelaçou seus dedos nos de seu namorado.

Ele indicou a mesa onde ele estava sentado com seu time de futebol.

– Vamos se sentar lá conosco. – Ele disse enquanto dava um selinho nela. Rose esticou o pescoço e viu Fred, James e Louis acenando para ela. Ao lado deles estavam as lideres de torcida: Lysander, a irmã de Lorcan, Bryanna e Jenna.

– Não sei – Rose franziu a testa. – Você sabe que não gosto da Jenna.

– Vamos lá, você não precisa nem se sentar lá. – Insistiu Lorcan dando outro beijo nela. – Por favor, é chato ficar lá sem você.

Rose ergueu uma sobrancelha.

– Tem certeza? Eles parecem estar se divertindo muito bem. – Rose franziu os lábios enquanto encarava os adolescentes.

– Por favor! – Repetiu Lorcan com uma carinha de cachorro sem dono. Rose suspirou.

– Tudo bem. – Ela disse, derrotada. – Vamos Lily.

Lily se levantou de imediato e segurou sua bandeja. Ela adorava quando era chamada para sentar-se à mesa do time. Tudo bem que seu irmão jogava, mas ele nunca a convidava para sentar-se junto com eles. Graças a Rose que Lily fora sentar lá pela primeira vez. Depois que começara a namorar o capitão do time, Rose ficara ligeiramente popular. Lorcan franziu a testa.

– Er… Gata? Eu acho que não vai ter espaço para a Lily na mesa. Quer dizer, tem apenas uma cadeira de sobra. – Ele coçou a nuca.

Lily imediatamente murchou. Ela voltou a se sentar-se à mesa.

Rose cruzou os braços.

– Se Lily não for eu não vou. – Ela disse decidida.

– Mas gata… – Lorcan fez um beicinho.

– Se Lily não for – Rose ia repetir, mas sua prima a interrompeu.

– Vai logo Rose.

Rose encarou a prima sem acreditar.

– Lily! Eu não vou deixar você ficar aqui sozinha.

– Vai logo. – Lily repetiu enquanto mordia seu bolinho. – Eu vou ficar bem.

– Tem certeza? – Rose ergueu as sobrancelhas.

– Rose Weasley! Vai logo! – Lily mandou, seu rosto tinha um pequeno sorriso.

Depois de argumentar por mais alguns minutos, Rose se deu por vencida e pegou sua bandeja e seguiu Lorcan até a mesa.

O sorriso sumiu do rosto de Lily. Como na maioria das vezes, iria almoçar sozinha.
Rose não gostava de deixar ela só, mas Lily gostava de ver a prima feliz, mesmo que para isso tivesse que ficar sozinha. Às vezes ela pensava que sua bondade iria lhe trazer problemas. Sua tagarelice também.

Ela ficou mordiscando seu bolinho enquanto observa a mesa do time.

Seu irmão contava uma história mirabolante, talvez uma jogada demais que fizera com a ajuda de Lorcan, já que o loiro ria e apontava para James com freqüência. Seus primos, Louis e Fred II, conversavam com Bryanna, uma garota de pele bronzeada artificialmente e cabelos loiros falsos e escorridos.

Sentadas ao lado de Bryanna, Jenna e Lysander sussurravam e apontavam discretamente para Rose, sentada com os ombros caídos ao lado de Lorcan. Possivelmente faziam comentários maldosos contra a prima de Lily.

Ela estava tão absorta mordendo seu bolinho e encarando a mesa do time de futebol que nem reparou quando alguém se sentou ao seu lado.

– Hey Lily.

Lily olhou para o lado e deparou com o rosto de Hugo perto do seu, com um enorme sorriso no rosto.

– Hey Hugo. – Ela cumprimentou o primo.

Hugo estava com os cabelos ruivos e encaracolados revoltos e seu rosto estava sujo de terra.

– O que aconteceu? – Lily franziu a testa e riu enquanto limpava a testa de Hugo com o guardanapo.

– Aula de botânica, nas estufas – Hugo disse ainda sorrindo. – O Professor Longbottom mostrou umas plantas carnívoras e elas acharam que eu parecia um inseto. Tentaram me engolir.

Lily riu e sua tristeza desapareceu. Era tão bom ficar com Hugo!

– E você não passou no banheiro antes para se lavar? – Lily perguntou.

– Não. – Hugo franziu a testa. – Sabia que estava esquecendo alguma coisa. Porque está sentada aqui sozinha? Cadê a Rose?

– Ali – ela indicou a mesa do time com a cabeça. – Eu ia ir também, mas o Lorcan disse que “Não tinha nenhuma cadeira de sobra.” – Lily fez falsete em uma voz grossa e masculina.

Hugo riu e olhou para lá. Lily percebeu que, com a luz refletida neles, seus olhos castanhos ficavam cor-de-mel e brilhantes. Seu cabelo enrolado parecia estar pedindo: Lily nos acaricie! Por favor!

Lilian Luna Potter! Ele é seu primo, não é para você ter esses pensamentos! Lily se repreendeu mentalmente.

– Eu não gosto do Lorcan – disse Hugo de repente. – Ele é muito metido, o que minha irmã viu nele? – Ele balançou a cabeça. – Mas a Lysander até que é legal.

Lily, que havia ficado de bom humor, fechou a cara ao ouvir seu primo chamar Lysander Scamander de legal.

Ela não tinha nada contra Lorcan ou contra Luna, a mãe deles – por sinal, Lily carregava seu nome –, mas Lysander era outra história.

Lysander Scamander era um ano mais velha que Lily, a mesma idade de Rose e de Lorcan, que era seu gêmeo. Era uma loira azeda que, desde que viu Lily entrar na escola, não fora com a cara da ruiva.

Esse ódio ficara explícito no nono ano de Lily, um ano atrás, quando a ruiva tentara fazer o teste para líder de torcida. O maior erro de sua vida. Lysander estava ministrando os testes, procurando bases para a Pirâmide Hogwartiana, a atração principal das apresentações de Hogwarts.

A Pirâmide Hogwartiana consistia em três garotas na base, duas em cima dos ombros delas e em cima Lysander. Enquanto as bases seguravam as outras Líderes, elas jogavam Lysander para cima e ela dava uma pirueta e um parafuso no ar, enquanto as duas de cima pulavam com um mortal e seguravam Lysander enquanto ela caía.

Era a mais arriscada atração, pois as garotas não podiam descer a tempo de pegar Lysander, ou quando pulavam podiam machucar o pé. Além disso, as bases podiam não agüentar muito tempo.

Lily estava fazendo o teste para as garotas que ficam em cima das bases. Ela ia fazer o teste com outra garota, uma de pele morena chamada Trina. Elas deviam pular em menor tempo e formar uma rede humana. Não iam fazer isso enquanto Lysander pulava, para não correr nenhum risco.

Ela devia esperar o sinal de Lysander, que ia ficar em frente à pirâmide de olho nas garotas, e então pular para frente e agarrar os antebraços de Trina. A primeira tentativa não deu certo: Trina pulara primeiro. A segunda quase fez com que Lily quebrasse o pescoço. A terceira deu certo. Mas quando iam tentar novamente, Lily foi um pouco entusiasmada demais e pulou em cima de Lysander.

Resultado: Ela caíra em cima da loira e fez com que ela quebrasse o tornozelo, fazendo que Lysander perdesse o jogo de Hogwarts naquela semana.

E desde aquele dia, ela odiara Lily com toda a sua força, apesar de todos os pedidos de desculpa da ruiva.

– Ei! Lily! Terra chamando Lily. – Lily encarou Hugo, saindo de seus devaneios.

– Sim? Desculpe, estava pensando. – Ela sorriu e bebeu seu suco de uva. Mas então se lembrou porque se lembrara daquele dia – as palavras de Hugo – e seu sorriso vacilou.

– Eu perguntei se você acha que eu tenho chance com a Lysander.

Lily cuspiu o suco que bebera.

– Que? – Ela gritou incrédula.

Hugo se afastou.

– Ei! Não precisa gritar! – Ele riu. – E sim, eu perguntei se tenho chance com a Lysander, ela parece ser legal.

Lily sentiu seu coração despedaçar. Tudo bem, Hugo Weasley era seu primo e ela sabia que incesto era feio, mas ela não podia negar que sentia algo mais do que afeto entre primos por Hugo.

Desde que se conhecia por gente, Lily tinha certeza que gostava de Hugo de uma forma diferente. Não do jeito que gostava de Albus ou James ou Rose. Ela gostava dele do mesmo jeito que gostara de Zac Efron quando era mais nova. Porém aquilo era uma paixonite infantil. O que ela sentia por Hugo era mais forte, mas ela não sabia se podia chamar de paixão. Ou amor.

E, mesmo sabendo que iria se arrepender disso, falou:

– É. Vai em frente. Eu posso te ajudar se quiser.