Bad Boy

Capítulo Um

Quase atropelada

Rose se revirou na cama pela milésima vez. Não conseguia dormir novamente. Tudo começara quando ela descobrira que Albus estava saindo com Jenna Hicks. Jenna Hicks. Seu melhor amigo saindo com a sua pior inimiga!

Cara, como ele pode ser tão idiota ao ponto de cair na lábia de Hicks? Pensava Rose.

Ela pegou o travesseiro e ficou socando, esperando amaciá-lo, até que a voz de Lily saiu abafada debaixo de tantos cobertores:

– Pelo amor de Deus, Rose. – De repente sua cabeça ruiva e amassada apareceu. – Eu quero dormir porra!

– Desculpe – Rose corou e deitou-se novamente. – Eu não consigo engolir o fato de que o Albus está saindo com a Hicks.

– Deixa para lá. – Lily se cobriu novamente com seus milhares de cobertores. – Vamos dormir e amanhã você desce a porrada nela. Tá, nem tanto.

Rose riu. Era tão bom quando Lily dormia em sua casa.

– Ok… Vamos dormir.

Pessoas normais contavam carneirinhos pulando cercas para dormir. Rose pensava em vacas com cabeça de Jenna pulando em direção a hélices que fatiavam ela em milhares de pedacinhos que voavam pelo ar em um campo de girassóis, onde Rose e Lorcan saltitavam de mãos dadas e pulavam em uma piscina de rosas e se beijavam durante o pôr-do-sol e Lorcan se inclinava sobre ela, relando sua testa na dela. E dizia com sua voz de veludo:

– Rose.

– Sim Lorcan? – Rose perguntara enquanto sorria.

– Rose…

– Sim?

– Rose… – De repente sua voz mudou.

–… WEASLEY! ACORDE! – Rose abriu os olhos ao ouvir a voz suave de seu irmão.

– HUGO WEASLEY! SE AFASTE ANTES QUE EU TE JOGUE ESCADA ABAIXO! – Respondeu a ruiva no mesmo tom “baixo”.

Hugo, um ano mais novo que Rose, porém mais alto, com cabelos vermelhos enrolados e o rosto salpicado de sardas, pulou para trás com um sorriso.

– A mamãe mandou eu te acordar, você tem sorte que eu não joguei um balde de água em cima de seu rosto.

– Saia daqui se quiser fazer filhos quando for mais velho – ameaçou Rose. Hugo gargalhou, mas Rose pode ver o medo em seus olhos.

– Tá. – Ele saiu do quarto rápido demais. Rose revirou os olhos e se voltou para Lily, roncando na cama ao lado:

– Lily acorda. – Ela sacudiu a ruiva mais nova. – Lily! Lily!

Ela continuou roncando. Rose revirou os olhos novamente e começou a empurrar a ruiva mais nova com toda a sua força. Nada. Teria que tomar medidas drásticas.

– LILIAN LUNA POTTER! ACORDE AGORA! – Rose gritou jogando um travesseiro no rosto da prima.

Os olhos castanhos da garota se arregalaram. Ela levantou da cama rapidamente e colocou a mão na cabeça.

– Terremoto!

Rose riu.

– Não. Não é um terremoto sou apenas eu te chamando para ir para a escola. Vamos logo. – Rose se levantou e pegou uma roupa qualquer em seu guarda-roupa.

Depois de brigar com Lily para ver quem iria primeiro ao banheiro, levar um empurrão e ouvir uma risada alucinada de uma garota de quinze anos que corria até o banheiro – uma manhã normal na vida das primas Weasley –, Rose desceu as escadas enquanto penteava o cabelo.

Uma bela mesa redonda de café estava posta quando ela e Lily apareceram na cozinha. Hugo já estava lá, comendo quilos de panquecas embebidas em litros de calda de chocolate. Seu rosto estava todo sujo e ele comia como se não visse comida há meses.

Sentado defronte a ele estava um homem alto e de meia idade, com cabelos um pouco mais claros que os de Rose e sardas que nem apareciam em seu rosto vermelho – o motivo talvez fosse o café fumegante que ele bebera enquanto lia o jornal, talvez sem saber. Seu nome? Ron Weasley, o pai super protetor de Rose e seu irmão.

Com um avental e cabelos castanhos presos em um coque bem feito, Hermione Granger Weasley – a mãe de Rose e Hugo –, estava de frente com uma pia ao lado do fogão e fazia mais panquecas, já que Hugo acabara com quase todas.

– Olá garotas – cumprimentou Hermione enquanto se virava e colocava um prato de panquecas na mesa. Depois foi até as garotas e depositou um beijo na cabeça de cada uma delas.

– Oi tia. – Lily cumprimentou já pegando um prato e colocando panquecas.

– Oi mãe – Rose abraçou a mãe e tomou seu lugar à mesa.

– Mãe! Mãe! – Chamou Hugo, agitado. – Adivinha com quem Rose estava sonhando hoje?

Rose imediatamente parou de comer e encarou o irmão.

– Com quem? – Perguntou Hermione distraída. Ron erguera os olhos do jornal e encarava o filho.

– Com o Lorcan Scamander. – Rose arregalou os olhos após a frase do irmão e seu rosto corou. Ron apertou o jornal. Lily afundou na cadeira, não estava a fim de ver seu tio bravo.

– Ah é? – Hermione disse, ainda sem entender.

– Ahã. Quando eu a acordei, Rose estava assim – Hugo pôs as mãos debaixo do queixo e piscou os cílios. – Sim Lorcan? Oh Lorcan… Sim Lorcan…

Rose cravou seu garfo na panqueca maior e enfiou na boca de seu irmão. Ele arregalou os olhos e pôs as mãos no pescoço.

– Rose, isso é verdade? – Ron olhou para a filha.

– N-Não. O idiota do Hugo está mentindo, como faz sempre. Idiota. – Ela semicerrou os olhos na direção do irmão.

Ron colocou o jornal amassado na mesa e entrelaçou os dedos na frente do rosto.

– Rose, você sabe que eu não aprovo o seu namoro com o Scamander – começou Ron. De novo, pensou Rose. – Tudo bem, ele é filho da Luna e ela é uma de nossas melhores amigas, mas mesmo assim… Rose, você sabe o que dizem dele? Dizem que ele tem uma van e que diz que leva as garotas para shows e… – Suas orelhas ficaram vermelhas e ele se calou.

– Quem diz? – Rose perguntou.

– Quem diz? – Ron ergueu as sobrancelhas.

– É.

Ron esperou um pouco, avaliando a situação e indicou Hugo com a cabeça, que havia terminado de comer a panqueca que Rose enfiara em sua boca.

– Eu sabia idiota – ela deu um tapa na cabeça do irmão. – Pai. Você não vai acreditar no Hugo né? Por favor.

– Ei! – Reclamou o garoto.

– Mas mesmo assim Rose! Ele é um canalha e eu não gosto dele, nem sua mãe. Queremos que você termine com ele. – Ron disse em tom definitivo.

– Não me meta no meio Ron – Hermione se virou e lançou um olhar de “Cale-se agora ou vai dormir no sofá” para o marido. Ela pôs as mãos no ombro da filha. – Além disso, eu gosto do Lorcan, ele é um bom garoto.

– Hermione! – Ron disse arregalando os olhos. – Está me dizendo que gosta daquele rapaz fútil?

– Pai! – Rose olhou para Ron. – Ele não é fútil. Só porque é capitão do time de futebol e é popular não quer dizer que seja fútil.

– É sim. Ele não passa de um garoto fútil e eu não quero minha filha namorando ele. – Ron cruzou os braços.

Rose arregalou os olhos e se levantou.

– Pai. Eu não vou terminar com o Lorcan.

– Eu só quero te proteger. – Ron disse firme, mas não parecia mais tão confiante.

– Ah pai. – Rose se inclinou dando risada. Depositou um beijo na testa de Ron e disse: – Não precisa me proteger, eu não sou mais uma garotinha.

Ela pegou sua bolsa.

– Lily, Hugo, vamos? – Lily prontamente se levantou, e, antes que Hugo sequer respondesse, ela já estava na porta dizendo:

– Tchau tia. Tchau tio. Rose, eu te espero no carro. – E saiu.

– Tchau mãe – Rose depositou um beijo na bochecha de Hermione e outro na bochecha do pai. – Tchau pai. Vai logo Hugo.

Hugo se levantou e limpou o rosto com o guardanapo. Pegou sua mochila e saiu junto com Rose, enquanto falava tchau para os pais.

Antes que Rose fechasse a porta, ela ouviu Ron dizendo para Hermione:

– Porque eles crescem tão rápido? – Rindo-se, Rose foi em direção ao seu carro.

Lily já estava no banco da frente e Hugo correu para se sentar no do motorista, mas antes que ele se sentasse, Rose avisou:

– Se você encostar-se a esse banco eu juro, vou jogar você pelo vidro da frente. Detalhe: enquanto eu dirijo ao lado de um penhasco. – Hugo estancou antes de se sentar e abriu a porta de trás, sentando-se lá.

Rose ligou o carro, com um ar satisfeito, e direcionou o carro até a escola. O caminho foi todo em silêncio. Lily ficou mexendo no celular e Hugo ficou jogando alguma coisa relacionada a tiros em seu PSP.

Depois de alguns minutos, Rose estacionou em frente à Hogwarts High School. Hogwarts era um único prédio branco, de cinco andares, com um campo de futebol americano atrás e um belo gramado na frente. Uma “estradinha” levava até as escadas que subiam até as portas duplas que estavam abertas.

Muitos estudantes estavam sentados nas escadas ou espalhados pelo gramado em grupinhos. Um grupo de pessoas vestidas de preto estavam um pouco mais longe do estacionamento; Rose logo reconheceu os punks. Algumas garotas vestidas de rosa davam gritinhos histéricos enquanto conversavam; Rose revirou os olhos, eram as patricinhas que ela odiava.

Uns quatro garotos altos e fortes conversavam animadamente enquanto mexiam com uma bola de futebol na mão. Rose logo reconheceu o garoto de costas para ela.

Era o menor dos quatro e o mais forte, porém. Seus cabelos loiros estavam escondidos atrás de um boné. Ele vestia uma calça jeans e camiseta branca, um estilo simples, mas que Rose amava.

Hugo logo já localizara seus amigos e correra para se juntar a eles. Lily encontrou Dominique, sua outra prima, que conversava com Roxanne e foi até elas, sussurrando para Rose:

– Vai lá, seu Lorcan te espera!

Rose empurrou a prima, rindo.

Ela trancou o carro e ativou o alarme. Arrumou a mochila no ombro e se virou. Foi andando em direção ao garoto loiro de boné.

Seu caminho, porém, foi barrado por uma moto negra que derrapara e parara em sua frente, levantando uma nuvem de fumaça.

Muitas pessoas olharam quando Rose pulou para trás, xingando tanto que, se sua avó ouvisse, lavaria sua boca com sabão pelo menos três dias.

– Está louco? – Gritou a ruiva enquanto se recuperava. Não havia se machucado, apenas se assustado.

O dono da moto tirou o capacete e balançou os cabelos. Eram loiros e lisos. O rapaz, que usava uma jaqueta de couro e all-stars, olhou para Rose.

Seus olhos eram cinza-escuros. Eles encararam Rose céticos.

– Eu sou louco? Você entrou na frente da moto.

– Eu entrei na frente da moto? Você que estacionou no meio do gramado… Aliás, isso é proibido. – Rose franziu as sobrancelhas. Lorcan ainda não havia percebido a confusão.

– Ah, garota, você que não presta atenção por onde anda – ele revirou os olhos.

– Quem é você para falar assim? – Cruzando os braços, Rose encarou o garoto.

Ele sorriu. Um sorriso branco e torto. Malicioso e maroto.

– Scorpius, gata. – Ele piscou para Rose. – Scorpius Malfoy chegou para agitar essa escola.