Surviving the love. escrita por Vitória F


Capítulo 53
Capítulo 53: Um suspiro.


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei mil anos, eu me ajoelho e peço ENORME DESCULPAS A TODOS VOCÊS. A falta de tempo e de criatividade me domou, eu estava prestes a surtar quando só tive um pensamento: focar totalmente na história. Os acontecimentos desse capítulo são rápidos, mas espero que entendam.É o penultimo (*podemos considerar assim) capítulo da nossa história. Espero que gostem de tudo que lerem aqui, obrigada pelos comentários anteriores. Boa leitura!



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Pov – Carol.

Enquanto eu caminhava pelo corredor branco, percebi minha visão ficar turva. Meus pés estavam pesados e mesmo assim, continuei minha caminhada. Eu precisava saber dessas noticias, não só eu como todos nós. Pensar na vida sem Emma era inconsolável, ela era minha garotinha e não poderia perder a vida dessa maneira.

– Nós tentamos de tudo e... – o médico começou, abrindo a porta do quarto em que Emma estava. – conseguimos reverter o quadro! Ela está em recuperação, ainda sem fala ou sentidos, mas está viva!

Meu coração se aliviou junto ao meu suspiro. Emma estava deitada sobre a maca, com o um rosto pálido e desconhecido. Um enorme tapa-olho lhe cobria o olho. Mesmo pálida, eu abracei minha menina, chorando emocionada ao saber que estava viva mesmo inconsciente.

Eu fiquei por lá, vendo-a respirar com dificuldade por horas. Sentia o cansaço nos meus ossos, vontade de dormir, mas eu não poderia abandonar. Pois eu abandonei e ela acabou baleada. Durante horas cada pessoa do conselho fez sua visita, Glenn trouxe as forças de Maggie, Ty afirmava que nossa garotinha sobreviveria. Eu esperava isso, de todo coração.

Daryl estava ao meu lado, segurando minha mão. Seus olhos pareciam em outra dimensão, fechei os olhos e suspirei, conformando-me em seu ombro. Mika estava dormindo sobre meu colo, depois de tanto lutar contra o sono, esperando ver a irmã acordada, acabou perdendo a briga.

– Querida, vá dormir... Você está cansada, eu fico aqui! – Daryl sussurrou em meu ouvido.

– Eu tenho de ficar com Emma. – respondi com a voz fraca e baixa.

– Seus olhos estão inchados e você está lutando contra o sono. Vá para casa de Maggie. – ele insistiu e eu acabei cedendo.

Confortei-me uma última vez em seus braços antes do próprio ir chamar por alguém que levasse Mika até lá. A noite era fria e o resultado da guerra ainda estava nas ruas. Eu sentia uma enorme raiva ao saber que essa maldita guerra causou a quase morte da minha menina.

Quando batemos na porta de Maggie, a própria veio atender com Max em seu colo. Ty entrou, deixando Mika no sofá e logo se retirou. Eu não sabia o que fazer, não havia mais forças em meu corpo para continuar sequer em pé. Maggie deixou seu bebê no berçinho e veio me abraçar. Seu abraço era confortante e sufocante, eu não sabia bem o que gostaria de sentir naquele momento. Queria me afastar e ao mesmo tempo me manter ao lado de alguém.

– Ela vai ficar bem! – Maggie cochichou em meu ouvido, ainda em meio ao abraço. – Ela vai se recuperar.

– Eu quero acreditar nisso... mas é impossível. Você precisa ver como está sua situação, seu rosto, seus machucados. – falei.

– Ela vai ficar bem. – ela tornou a repetir. – Ela sabe o quanto você está sofrendo, o quanto todos nós estamos sofrendo. Emma é uma garota forte e vai saber dar a volta.

A esperança nos olhos de Maggie era de ser invejada. Ela passou por turbilhões de sensações, assim como todos nós estamos passando. Por um momento, eu sabia que tudo o que ela falava era para me fortalecer. E eu queria isso. Novamente nos abraçamos e sentamos no sofá. Ficamos em silêncio por um longo minuto, ouvindo somente a respiração de Mika e os ronronar do pequeno Max. O garotinho dormia tranquilamente em seu berçinho. Olhando-o tive a oportunidade de sorrir, mas, quem não sorria com uma imagem tão bela como essa?

– Ele traz esperanças, não acha? – ela me interrogou sem olhar para trás. Permanecia sorrindo, olhando seu bebê. – Max! Ele traz esperanças...

– Sim – respondi. Max, dormindo em seu berço tranquilamente, como se nada tivesse acontecido, parecia erguer minhas esperanças.

– Quer pegá-lo? – ela me encara.

– Faz tanto tempo que não seguro uma criança em mãos que nem sei mais como segurá-lo.

Ela retirou seu bebê do berço e depositou-o em meus braços. Ele se incomodou um pouco, mas não deixou de pegar no sono de novo. Sua respiração me fortalecia. Todos acreditavam que Maggie não resistiria ao parto ou quê o bebê morreria, mas ela provou a todos o contrario. Max provou a todos o contrario. E agora, segurando-os nos braços, ele me provava que Emma pode ser como ele. Provar o contrário.

– Tudo parece confuso, mas vai se acertar. E Emma vai sobreviver. Ela é forte, ela foi criada por alguém forte! – ela sussurrou no meu ouvido. Eu encarei-a por alguns segundos e sorri.

Pov – Carl.

Eu não sabia se a veria novamente e nem gostaria de pensar numa situação dessas. A recepção estava um pouco vazia, meu pai acabava de me deixar – acompanhado de Alex – pois precisava colocar Judith para dormir e Daryl, ainda estava na sala em que Emma tentava sobreviver.

Quando me deram a notícia eu não sabia bem o que senti no momento, parecia que uma parte de mim foi arrancada. Ela estava destruída, mas mesmo assim, lutava para sobreviver. Isso ganhou minha admiração. Pela primeira vez eu fiz uma prece ao Senhor para que a deixasse viva.

Eu já não aguentava mais a ansiedade em querer vê-la e partir, em passo firme, ao seu quarto. Quando abri a porta, encontrei Daryl sentada ao seu lado, com os olhos estáticos, porém, mortos de sonos e uma Emma abalada. Meu coração novamente parou, mas desta vez foi por segundos. Me aproximei aos poucos dela e o Dixon levantou seu olhar.

– Eu gostaria de ficar a sós com ela. – falei firme.

– Vou deixa-los a sós... – ele disse levantando-se da cadeira cômoda. Antes que saísse, colocou a mão em meus ombros. Seus olhos inchados não deixavam de me intimidar. – Mas estarei de volta bem rápido! Seus olhos estão abertos, mas ela está inconsciente.

Ele fechou a porta, deixando-me apenas com Emma. Seus batimentos saiam por uma maquina velha ao lado de sua maca. Haviam tubos enfiados em suas narinas, outros em suas mãos. A faixa que cobria seus olhos me instigava, eu gostaria de ver o buraco. O enorme buraco deixado pela bala, mas não fiz. Segurei suas mãos firmes e dei um leve beijo em seus lábios roxos e praticamente frios.

Sua chance de vida era precária, ela poderia sobreviver, mas não saberíamos o que ela faria depois. Faltava algo nela. E, mesmo que ela devesse agradecer por estar viva, sua autoestima estaria no chão. Eu não gostaria de vê-la assim. Apertando mais suas mãos, senti as lágrimas se formarem em meus olhos e suspirei.

– Você é a melhor pessoa que eu conheço. – comecei, sussurrando em seu ouvido para que somente ela escutasse. Minha confissão mais verdadeira e sincera era somente para ela. – Seu sorriso colocaria fim em guerras... e curarias os piores câncer. Por favor; não me deixe – suplico com a voz embarcada, o rosto colado ao seu. – Você pode me largar um pouco mais para frente, mas por favor; não me deixe agora!

Eu beijei novamente seus lábios e fiquei, com nossos lábios colados, por alguns segundos antes de me voltar. Seus olhos se moveram um pouco, me encarando. Ela olhou para mim, e o mundo inteiro desapareceu. Como se houvesse nós dois, como se sempre só fosse haver nós dois. E não precisássemos de magia para isso. Era meio que feliz e triste, tudo ao mesmo tempo. Eu não conseguia ficar perto dela sem sentir coisas, sem sentir tudo.

Eu sorri e seus olhos voltaram ao horizonte, ao seu inconsciente. No mesmo momento, Daryl entrou pela porta e eu me retirei. Caminhando pelo corredor, pude ver, ao seu final, a imagem de Lauren se formar. Ela me esperou sem mover um músculo até eu me aproximar dela.

– Como ela está? – perguntou relutante.

– Viva. – respondi sem muitas delongas. Passamos um tempo nos encarando até que eu abaixei minha cabeça, deixando uma lágrima escorrer.

– Hei... – ela apoiou suas mãos em meu ombro e eu levantei minha cabeça. – Ela vai sobreviver! Ela não se deixara morrer por uma coisa tão simples. Ela é forte, nós conhecemos Emma Dixon.

E parece que as melhores palavras nos ajudavam em alguma coisa. Lauren lançou seus braços e nos abraçamos ali mesmo. Depois disso, voltei ao meu lugar de origem. A velha poltrona na recepção. Lauren me acompanhou, sentando-se ao meu lado.

Pov – Daryl.

Quando retornei a sala onde minha filha estava, o garoto Grimes passara por mim abalado. Meus olhos inchados encararam a imagem de minha filha, deitada sobre uma maca, lutando com sua própria vida. Era um farto que eu não gostaria que ela carregasse. Sentei-me diante dela e segurei suas mãos, acariciando-a para sentir sua pele – mesmo que fria - roçar-se na minha.

Longos dias se passaram. Não sai nenhuma vez do posto ao seu lado, queria ficar lá, ouvindo a maquina ditar seus batimentos. Por um segundo, achei que nunca mais a teria em mãos, mas aos poucos seu coração foi ganhando mais batimentos. Ela ainda continuara inconsciente, não respondia a nada, mas eu sabia que em qualquer momento ela voltaria.

Ao vê-la assim, me senti culpado por tudo o que aconteceu em sua vida. Pela morte da mãe, pelos pesadelos que sofreu, pelos machucados em seu coração. Uma garota não merecia morrer, minha garotinha não merecia isso.

– Eu.. Eu deveria me desculpar por tudo que você sofreu... Eu não fui um bom pai, mas você, você precisa acordar para que eu me transforme no melhor pai do mundo. Quando você acordar, vou te levar panquecas na cama todos os dias, vou te contar histórias e te proteger. Como realmente deveria. Você não precisa passar por isso, apenas acorde! Me deixe ouvir o som de sua voz. Não me deixe...

Encerrei meu discurso ali, com a cabeça deitada sobre a maca e a mão rende a mão dela. Foi naquele momento que algo pressionou minha mão, algo tão forte que me fez encara-la. Os olhos estavam semiaberto, mas desta vez, me encaravam. Do seu olho direito, escorria uma lagrima. Eu sabia que, por baixo dessa mascara de oxigênio, ela estava sorrindo. Ela me fez sorrir também.

– Por favor... – ela exclamou tão baixo que tive de colocar meu ouvido sobre sua boca. – Não. Faça. Mais. Um discurso desses... Você é... péssimo!

Eu ri e ela se esforçou em sorrir, mas gemeu de dor no mesmo momento. Sua recuperação era um milagre, eu não sabia como reagir com isso. Enchia-lha de beijos enquanto chamava pelos médicos. Quando chegaram ao quarto, se espantaram. Era um milagre, ou algo do tipo, mas ela estava consciente.

– Dixon? O senhor pode me acompanhar? - chamou-me um dos médicos, ao lado da porta.

Eu, sem tirar os olhos da minha filha, o acompanhei até o corredor. Ele segurava uma prancheta marrom, seu olhar estava atordoado. Senti vontade de soca-lo, mas permaneci calmo apenas esperando-o falar.

– Isso é um milagre. – ele falou. – Eu, como um cientista, não dava uma chance de vida a garota, mas ela se provou forte.

– Diga o que você tem a dizer. – respondi grosso, não gostaria de tempo perdido.

– Se ela reagir bem, no prazo de uma semana estará em sua casa. Sobre cuidados médicos e repouso absoluto. Mas... o buraco no olh...

– É irreversível, eu sei. – murmurei cabisbaixo. – Ela está viva e deve se alegrar com isso. Um buraco a mais ou um buraco a menos não a impedirá de nada.

– Resta sabermos se ela realmente acha isso.

Voltei para a sala onde Emma ainda parecia confusa e tonta. Seu olhar não se fixava em algum lugar. Tentamos senta-las, mas ao vê-la cambalear e quase fechar seus olhos, continuamos com ela deitada. Eu não larguei da sua mãe desde sua recuperação, Carol chegou tempo depois com seu olhar alegre novamente. Era bom para ela e para mim, vê-la sorrindo.

– Você está viva — ela abraçou Emma de forma tão intensa que gemeu de dor. – Desculpe!

– O que aconteceu? Estou me sentindo vazia – ela silabou.

No mesmo momento nos entreolhamos. Não sabíamos como contar a ela sobre a perda de seu olho, era um milagre, ela teria de encarar isso, mas acima de tudo, era uma adolescente.

– Veja você mesma – entreguei a ela um espelho de mão que estava ao lado de sua cama.

Ela o tomou em mãos e encarou-se no espelho. De imediato, uma lagrima escorreu do seu único olho. Ela colocou a mão sobre a boca e ficou imóvel durante um longo tempo. Eu não sabia o que dizer naquele momento, apenas segurei a mão que continha à agulha do soro e a apartei.

– Você está linda – sussurrei em seu ouvido.

– Não minta para mim – ela retrucou irada espantando a todos nós.


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Notas finais do capítulo

Espero que todos tenham gostado, espero que deixem um recadinho. Prometo postar o outro o mais breve possível. Beijos, até logo!