— POV Carol —

Depois de deixar as meninas para arrumar a casa e dar aulas para as outras crianças, fui cuidar dos muros. Maggie precisava ter uma conversa comigo ou eu gostaria de ter uma conversa com ela e aquele seria o melhor momento, sorri ao vê-la me encarar com as mãos sobre os olhos para tampar a luz do sol.

– Ainda não é seu turno. – ela diz, sentando numa cadeira de praia velha.

– Eu gostaria de conversar com você. – começo tentando não demonstrar meu desapontamento com ela.

– Conversar? Sobre o quê? – ela pergunta.

– Maggie; vou direto ao assunto... Você está grávida ou não está?

– Como assim grávida? – ela eleva o tom de voz para surpresa.

– Você tem enjoos, dor de cabeça e todos os outros sintomas que tive quando fiquei grávida de Sophia. Você está grávida ou não? – pergunto séria.

– Eu estou... Na verdade eu não sei. Não fiz um teste. – ela respondeu.

Maggie era tão madura a ponto de deixar isso acontecer, ela foi tão imatura, ela e Glenn. Ela, mais que ninguém, sabe muito bem o que aconteceu com a última gravidez que vimos, mesmo com recursos aqui, não podíamos crer nisso.

– Quantos meses? – perguntei depois de um suspiro pesado, tentava manter a calma para não brigar com ela.

– Dois meses. – ela respondeu e respirou fundo. - Eu sei que você vai falar como foi imatura, mas me deixa pelo menos uma vez pensar no que aconteceu. Ainda não processei essa ideia.

– Ainda não processou? Maggie; são dois meses! Se fosse duas semanas eu ate entenderia. – retruco espantada.

– Carol... Por favor... Não faça um escândalo. Não quero que todos saibam que posso estar grávida.

Tenho Maggie como uma filha, mas não é fácil ter uma conversa com ela. Ela não é como Emma ou Mika que respeitam minha alteração de voz, ela já é uma mulher formada com outros tipos de preocupações. Ela sabe, eu não gostaria de perdê-la, ela faz parte da minha família.

– Mas você já contou a Beth? – pergunto.

– Não. Estive pensando em contar hoje pela noite. – ela responde olhando para frente.

– Então é melhor você contar, ela é sua irmã. Mesmo desapontada com sua atitude, vou apoiar você em qualquer decisão. – digo sorrindo e ela retribui.

Preciso me acostumar a não querer controlar Maggie como faço com minhas meninas, são coisas completamente diferentes, mas eu gostaria de dar uma bela bronca em Maggie, mas seria em vão. Ela nunca foi responsável em relação a sua vida com Glenn, sempre parecia uma garotinha de 18 anos que acabará de conhecer a vida sexual.

– Sabe se seu pai estaria feliz com isso? – pergunto para Maggie.

– Não sei. – ela me responde com os olhos pensativos. – Eu... Acho que ele iria brigar comigo, falar que não tive responsabilidade, sabe... – ela sorri com saudades. – Mas iria adorar ter um neto.

– Se for menino vai colocar o nome dele?

– Ele odiaria. – ela ri. – Eu ainda não sei. Acho que só colocarei na hora.

Ela levanta para ver alguma coisa, uma grande nuvem de chuva se aproxima. Não lembro em que estação estamos, mas pelo tempo e o vento, é estação de chuva. Precisamos montar abrigo para as plantações.

Maggie pula em mim, caímos no chão. Eu não entendo, mas começo a ouvir tiros e gritaria no muro. Era o muro principal, começa uma gritaria de todos os habitantes, vejo Daryl correr com uma arma na mão.

– O que aconteceu? – pergunto ainda com ela sobre mim.

– Um ataque. – ela responde rolando para o lado, pega uma arma e me da outra.

– De quem?

– Negan.

Negan é um maldito que nos descobriu. Encontramos com ele numa das guardas e desde então, ele não nos deixa. Ele exigia ter 50% de nossas plantações para que não nos ataque, mas não aceitamos. Ele é cretino idiota que quer ser dono de tudo.

Negan realmente cumpriu o que combinará a Rick, iria atacar WE. Levantamos e começamos a atirar, tem muito homens bem preparados para isso, fico preocupada com minhas meninas, quero que isso acabe rápido. Glenn e Abraham voltam o mais rápido possível, já com as armas na mão.

Mais alguns homens surgem, a troca de tiro começa a ficar intensa, carrego novamente minha arma e troco tiro mais uma vez, um dos tiros consegue acertar um dos caras de lá. Vejo um menino dos nossos cair.

– Rick, Rick, Rick... – Negan fala debochado. – Nunca duvide dos salvadores.

Negan e seus malditos capangas saem, deixando um rastro de destruições nos muros. Fico vendo os carros se afastarem, Rick está completamente atordoado assim como os outros, respiro aliviada em vê-lo ir embora, mas meu coração para.

Daryl está estirado no chão, bastante sangue sai de sua barriga, Rick tenta acorda-lo, mas ele parece inativado. Eu não posso perder Daryl, Emma não pode perder o pai nem Mika. Meu coração dispara, as cenas começam a ficar lentas e eu caminho ate ele.

– O que aconteceu? – pergunto meio obvia.

– Uma bala o acertou. Leve-o ele ate o centro de emergência. – Rick pede e Abraham e Glenn o levam. – Carol... Você...

– Não! – digo. – Eu vou estar lá com ele. Avisem à Emma e Mika.

Corro ate o centro de emergência, consigo ver os médicos colocarem Daryl numa maca e leva-lo para uma das salas, como nos hospitais antigos, eu não posso ver o que vai acontecer, tenho que ficar na recepção. Maggie chega logo depois e tenta me fazer sentar, mas eu só consigo andar de um lado para o outro.

Tentei segurar as lagrimas, mas elas caem. Maggie consegue fazer-me sentar na cadeira, seguro as minhas mãos, entrelaçadas numa força de oração. Se ainda existir Deus, que ainda cuide de nós, Ele tem que salvar Daryl.

– Carol... Peguei um copo d’água para você. – Maggie fala sentando ao meu lado.

– Obrigada...

– Eu entendo que esteja preocupada. Carl foi chamar as meninas, você vai precisar ser forte para conseguir ajuda-las. – ela me fala.

Todo o conselho chega, ninguém me fala como está a situação lá, todos parecem preocupados. A recepção fica pequena com o tanto de pessoas que estão lá, Rick conforta a mão em meu ombro e todos, fazem sinais que estão me apoiando. É bom saber disso, saber que agora temos uma família.

Logo em seguida, minhas pequenas chegam. Mika chega completamente ofegante, tenho medo dela ter sofrido alguma crise de asmas, não temos sua bombinha. Emma parece mais assustada, ela nem se preocupada em saber o que aconteceu, ela simplesmente consegue desvencilhar Molly e vai ate o quarto.

– Deixe ela! – peço com a voz embargada.

Mika me abraça, ela se esforça para respirar e ao mesmo tempo me abraçar, suas lagrimas começam a molhar minha camisa, Mika tem uma grande relação com Daryl, eu entendo por vê-la sofrer.

– Ele vai sobreviver, mãe? – pela primeira vez ela me chama de mãe, talvez seja pela emoção.

– Eu não sei querida. — acaricio seu cabelo.

– Carol? Peço que retire Emma da sala. Começaremos a cirurgia. – Molly pede doce vendo a situação.

Deixo Mika chorando com Maggie e caminho, praticamente me arrastando, ate o quarto. Emma está chorando sobre o pai, pedindo que ele acorde, acho linda essa reação, e Daryl reclamando que Emma nunca o chama de pai, é uma coisa linda ver uma filha chorar pelo pai.

– Emma, ele... Ele não está te ouvindo. – falo, sai como um soco no meu coração.

– Mas ele vai me ouvir, ele sabe que precisa acordar. Esse inútil tem que acordar. – ela me abraça.

— São poucas as chances... – tento ser realista com ela e comigo mesma.

– Ele tem que acordar, ele precisa nos salvar, mãe!