Surviving the love. escrita por Vitória F


Capítulo 34
Capítulo 34: Machucada.


Notas iniciais do capítulo

Vamos lá, primeiro... Estou completamente puta por estar postando agora, nesse exato momento. Meu irmão me irritou pra caramba e não me deixou postar um pouco mais cedo, agora, estou aqui.
Eu fiquei um bom tempo pensando nesse capítulo por vários motivos e como seria a reação da Emma diante disso e se rolaria alguma coisa, mas... depois de ver um documentário decidi segui-lo e enfim, está aqui! Obrigada pelos comentários anteriores - e me desculpem já por responde-los após a postagem desse capítulo.
Boa leitura.!!!



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Já faz um mês desde que o conselho assumiu a liderança de we. As coisas melhoraram, as pessoas estão mais seguras, temos poucas mortes e muita renda. Glenn criou dois grupos para buscar mantimentos e produtor, enquanto Rick montou um para ficarmos nos muros e arredores. A população aumentou com a chegada de dois grupos pequenos, no máximo 15 pessoas.

Do último grupo, chegou um cara bastante importante, ele é cientista e conseguiu criar um gerador de energia solar, temos mais energia, conseguimos tomar banhos demorados. Temos também um biólogo, médicos gerais e administradores, ate parece uma cidade, uma vida normal, mas a minha não chega nem perto disso.

Com os abusos que venho sofrendo, me tornei uma pessoa desligada, distante e ate fria com as pessoas, parei de demonstrar certas emoções com alguém, só preciso demonstra-las a Jaimes. Carol e Daryl dizem que estou completamente fria com todos, que tenho transtornos emocionais, mas a verdade, é que eles não entendem.

Eu estava no meu quarto, um lugar que nunca quero sair desde o inicio do mês, lendo um livro que ganhei de Beth enquanto lá fora, todos estavam se divertindo com o sol quente.

– Você não vai querer descer? – Carol questionou, inclinando o corpo ate a parede e cruzando os braços.

Hoje ela estava em casa, não estava fazendo nenhum trabalho nos muros e na horta comunitária.

– Não! Estou cansada. – Eu respondi fechando o livro e me afastando da janela que mostrava as crianças.

– Está cansada? Esta semana você nem saiu de casa, brincou com sua irmã ou teve alguma discussão com seu pai. – Ela deu alguns passos para frente e continuou me encarando.

– Estou cansada. Não quero descer, não quero brincar, odeio aquelas crianças! -Carol me olhou espantada, como se o que eu acabei de falar fosse alguma estranha, mas era verdade, eu odiava aquelas crianças felizes.

– Certo! - Ela falou após alguns segundos de silencio. – Mas você pode descer; certo? Quero mostrar o ninho de passarinhos que está na nossa árvore.

Parecia ser alguma coisa legal, e talvez fosse legal sair daquele quarto. Eu só saia para atender pedidos de Jaimes – que às vezes eram feitos à noite, outras vezes pela manhã, dependia bastante da animação ou raiva dele – e para comer. Eu não estava mais me relacionando com ninguém porque Maggie achava perigoso, já que minha raiva não estava totalmente controlada.

Ela afirmava isso porque acabei batendo num garoto de 10 anos que mexeu comigo. Ele me chamou de ‘’gostosa’’ gerando uma raiva em mim e fazendo-me bater nele. Ele quase quebrou o nariz, mas Glenn conseguiu chegar e nos separar. Ele contou para Maggie e ela veio conversar comigo, mas foi uma conversa jogada fora.

– Veja! – Carol parou próxima a árvore e apontou para o pequeno ninho no terceiro galho da arvore. Havia alguns passarinhos novos lá. – A mãe chegou essa semana, os passarinhos nasceram há três dias.

Eles eram seres puros, eu queria fazer alguma maldade com eles, mas Carol não iria deixar e ainda mais, me colocaria de castigo. Dei dois passos para frente e fiquei na ponta dos pés para observa-los melhor.

– E aí, devemos dar alguns nomes a eles? – Ela tardou a perguntar.

– Eles morreram logo. – Eu virei para trás. – Eles são fracos, não sabem se defender.

Carol ficou calada, o que virou bastante comum nos últimos dias, e continuou a me observar. Eu deixei de olhar os pássaros para me sentar à mesa de piquenique. Carol ficou parada por alguns segundos ate que se levantou e foi fazer alguma coisa na cozinha.

Dava para ouvir os gritos felizes das crianças lá fora e isso provocava muita raiva em mim, eu não gostava de ver ninguém feliz. A felicidade dos outros me faz lembrar de tudo que estou passando com Jaimes, das ameaças, das torturas, da dor e do sangue que sempre escorre.

Eu sentia nojo de mim, nojo do meu corpo, nojo de me relacionar com as pessoas, ainda não consigo acreditar que estou conseguindo me relacionar com Patrick, alguém que merecia um amor melhor. A grande verdade é que consigo manipular minhas emoções e reações.

Eu fiquei sentada, sozinha, observando os pássaros por mais ou menos, 1h30, ate decidir fazer uma coisa que eu queria. Mata-los. Observei se Carol estava distraída com o almoço e me levantei, cheguei próximos aos pássaros – indefesos, sem a mãe, sem ninguém – e fui quebrando o pescoço de cada um. Quando o ultimo sobrou, esperei para ouvi-lo piar um pouco mais e enfim, o matei.

– Emma? – Mika acabou me assustando, fazendo o passarinho cair da minha mão, mas ela não o viu. – Você não quer ir lá fora, estamos precisando de mais um.

– Vocês estão brincando de quê? – Jaimes estava cumprindo tarefas por ter insultado Maggie, ele acabou se envolvendo numa briga com Glenn (do qual Jaimes foi quase aniquilado, apesar da cara brava, ele é péssimo em brigas) e resolveram fazer tarefas horríveis para ele.

– De futebol. – Ela ia caminhando ao meu lado. – Precisamos de mais uma menina, já que Samuel chegou.

Todos estavam reunidos lá fora, ate ficaram surpresos quando me viram. Tirei minha camiseta xadrez e fui para o jogo. Assumi alguma posição, Isabelle estava ao meu lado. Em várias vezes, ela me empurrou, chamou falta e me culpou, tirou a bola de mim.

Eu estava com a bola e estava quase marcando um belo gol ate Isabelle sair lá do fundo e me derrubar. Eu notei o sorriso sínico dela.

– Vagabunda! – Eu esbravejei me levantando. Isabelle virou com olhar completamente ofendida. – Precisava me emburrar?

– Eu não te empurrei. – Ela retrucou colocando as mãos apoiadas na cintura. – Você que se jogou, aliás, eu acho isso desnecessário vindo da sua parte, logo você, que namora Patrick... Deve ser falta de sexo. Ainda bem que não sou assim, Carl é ótimo...

– Sabe o que você é? – Aproximei-me bem o bastante para fita-la nos olhos, com bastante frieza. – Uma vadia! Sim, é isso mesmo... Uma completa vadia. – Isabelle, para meu espanto, começou a chorar. – Você é inútil, não serve absolutamente para nada!

– Emma... – Patrick me puxou pelo braço. – Você está louca? Por que está tratando Isabelle assim?

– Porque ela merece. Ela mesma se mostrou vadia... – Patrick e todos, continuaram com olhares espantados diante de mim. – Vocês todos são idiotas!

Eu não fiquei mais lá e continuei a andar, não queria entrar em casa, não queria conversa com ninguém apenas continuei a andar. Consegui ainda, mesmo por pouco, ouvir os murmúrios de todos lá, mas não me importei. Continuei a caminhar ate encontrar com Jaimes – deveria estar voltando de algumas das suas tarefas – próximo a praça.

– O que você está fazendo aqui fora? – Ele perguntou com o tom de voz bravo.

– Estou caminhando. – Eu respondi sem parar de caminhar, na intenção de deixa-lo para trás, mas ele começou a me acompanhar. – Você deveria estar cumprindo alguma tarefa.

– Deveria, mas consegui cumprir todas as tarefas. – Não foi uma notícia animadora, agora, ele iria fazer as tais crueldades comigo.

Um misto de prazer e desprezo surgiu na face de Jaimes, um frio na espinha me fez congelar – o que era normal dentro de todos os abusos, eu não sabia me mexer, não sabia fazer absolutamente nada apenas ficar parada esperando pelo pior – e me afastar, mas boba como sou, não foi o tempo-espaço suficiente.

– Eu vou para casa! – No impulso, consegui falar isso e correr feito uma idiota para casa.

Tentar fugir era uma das coisas mais patéticas que fiz, pelo simples ato de tentar me afastar dele, Jaimes me pegou pelo braço e me arrastou ate sua casa. A sala escura; com péssima iluminação, os moveis cheirando a mofo que se confundia com cheiro de cigarro atormentavam diariamente os meus dias.

– Sabe... Eu estava morrendo de saudades de você, passar uma noite longe de você é difícil, você não imagina. – Ele começou a passar seus dedos imundos sobre minha pele. – Você está tão fria e tão bonita.

Eu conseguia sentir a respiração de Jaimes na minha pele, eu conseguia ver meu medo, mas não conseguia afasta-lo ou nem mesmo enfrenta-lo. Jaimes continuou com seus dedos nojentos por todo meu corpo ate me beijar. Não era um gosto agradável, eu queria vomitar naquele momento, a barba ralha rosava sobre meu rosto enquanto ele puxava o meu corpo mais para si.

– Me larga! – Eu gritei. Jaimes não aceita que eu grite ou me recuse a fazer alguma coisa a ele, mas eu precisava gritar, eu não queria mais fazer os favores. – Eu te odeio! Odeio!

Antes mesmo que eu conseguisse ir embora, Jaimes acertou uma tapa em minha cara, com o impacto, dei alguns passos para trás e olhei espantada com Jaimes, ele nunca travava sua ‘’amada’’ assim, ele, percebeu o que havia feito, já que sua face demonstrava arrependimento.

– Eu nunca mais vou olhar na sua cara, nunca mais! – Enfureci e sai correndo.

Apesar de tudo, eu estava feliz com nossa última cena, eu poderia falar que perdi o amor que sinto por ele – do qual nunca senti, ele me obrigava a falar que eu o amava – e assim, parar de visita-lo.

O sol já estava quase se pondo, eu não queria voltar agora para casa e decidi ficar no muro mais vazio, onde tem poucos casos de zumbis, eu poderia fica sozinha lá e pensar em tudo que estava acontecendo. E foi então, que eu pude finalmente chorar, sem se preocupar com ninguém, sem me afastar, eu poderia finalmente desabafar toda essa raiva que eu sentia.

Depois de muitas horas perdidas por lá, eu finalmente fui para casa. Estava exausta e só precisava da minha cama, seguei as lagrimas dos olhos, respirei fundo algumas vezes e fui. As luzes já estavam apagadas e eu sentia que receberia outra bronca daquelas.

Entrei pela porta da sala – já que não parecia haver ninguém dentro de casa – e tentei fazer o menor barulho do mundo, mas uma movimentação rápida na cozinha me fez congelar.

– Emma? – Carol chamou pelo meu nome. – Você sabe o que aconteceu com os passarinhos? – Ela deu três pequenos passos para frente. – Você os matou?

– Sim. – Respondi sem fazer nenhuma delonga.

– Por que você fez isso?

– Porque eu fui tão machucada que quero machucar as outras pessoas.


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Notas finais do capítulo

Esse tipo de reação da Emma é comum entre pessoas que são abusadas, muitas deles contem a dor e o desprezo que sentem e passam a ser fria com as outras. Bom, sobre o documentário que assisti, quem quer assistir (para ate entender melhor a reação de Emma) está aqui: http://www.youtube.com/watch?v=8DAWyWtjZcI
É um pouco longo, mas é bem interessante. Espero que tenham gostado desse capítulo, quero o comentários de vocês, ate o próximo!



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