15 anos antes

POV Evelyn

Rebolo na cama ansiosa. Hoje é o dia. Rebolo novamente na cama e encontro o corpo de Henry. Instintivamente, olho para minha aliança. Sorrio. Quem diria que eu acabaria casada com meu melhor amigo? Mais do que isso, cada dia fico mais apaixonada por ele. Ele me tratava de uma maneira tão meiga, tão delicada… Como se eu fosse um pequeno vidro de cristal prestes a partir. Eu ficava maravilhada com todo o carinho e cuidado que ele me proporcionava.

Quando ele começou a se remexer na cama, percebi que logo ele acordaria.

– Eve, você está me encarando – Ele debochou ainda de olhos fechados. Eu me inclinei sobre seu peito e o beijei.

– Você é meu, eu posso encarar todo o dia, toda a hora, todo o minuto! – Rio.

– Bem, você tem um bom argumento. – Ele me acolhe nos seus braços, meu refúgio preferido. – Como você está?

– Nervosa – Confesso. – Eu não sei o que esperar.

– Não fique assim – Henry me beija os cabelos – Se não resultar agora, resultará da próxima. Não irei parar.

– Henry… - Tento falar mas ele não me deixa. Ele acaricia meu lábio inferior com o polegar.

– Não precisa ter medo. Eu estou aqui. – Garante.

Eu assinto e escondo meu rosto na curvatura de seu pescoço. Ficamos um bom tempo assim até o maldito despertador começar a tocar, nos obrigando a levantar. Henry se aprontou em pouco tempo e se sentou na cama à minha espera. Coloquei um vestido simples azul que contrastava com meus cabelos loiros. Um sapato de salto preto e já estava arrumada. Escovei os cabelos e desci com Henry.

O doutor Victor já nos aguardava no escritório. Eu senti meu corpo enrijecer e Henry afagou minhas costas, para me tranquilizar. Ele sentou na poltrona e eu me sentei no braço da mesma, próxima a meu marido que entrelaçou nossas mãos.

– Victor, novidades? – Henry foi logo ao ponto, sem rodeios.

– Sim, mas infelizmente não são as melhores. – Ele fala baixinho.

Meu melhor amigo olha para mim, esperando uma reação minha mas eu me mantenho imóvel. Estou demasiado desiludida para reagir. No entanto, consigo acenar para que Vitor prossiga.

– Eu estava chegando perto, muito perto. Tão perto que os pais….

– Eles não são pais dela! – Retruco num tom ligeiramente alto e agudo.

– Desculpe Evelyn. Como estava dizendo, o casal que adotou a menina se apercebeu. Perante a ameaça, eles deixaram o país.

– E para onde eles foram? – Henry questionou.

– Esse é o problema, eles fizeram de tudo para manter confidencial o seu destino. E conseguiram. É quase impossível saber onde eles estão agora.

– Não… - Murmuro destroçada. Minha bebé, perdida. Longe de mim…

– Não existem tantas Katniss assim no mundo – Henry opõe-se. – Nós iremos encontra-la. Confia em mim Eve.

Eu assinto e me retiro. Já tinha ouvido o bastante. Subo o escadario e quando me apercebo, estou no quarto de Peeta, o filho de Henry. Ele é o bebé mais fofo e bochechudo que eu já vi. Me debruço sobre o bercinho dele. O bebé está acordado e quando me vê abre um sorriso maravilhoso. Faço festinhas na barriguinha e ele bate palminhas. Eu me delicio com ele. Claro que não substitui minha filha mas é como se ele também fosse meu filho também. Ele tem 3 aninhos, alguns meses mais velho que Katniss.

Pego o loirinho no colo e ele imediatamente se agarra ao meu cabelo. Se eu deixar, passa horas brincando com meu cabelo ou até mesmo o do pai.

– Eve? – Henry me chama. Eu nem tinha percebido sua presença. Ele se aproxima e massageia meus ombros.

– Eu estou bem Henry – Respondo à pergunta que ele não fez.

Ele me beija na bochecha e pega em Peeta.

– Vamos alimentar este anjinho? – Ele fala para o bebé. Ele já percebe algumas coisinhas e bate palminhas de acordo. – Vamos lá então.

Descemos os três até à cozinha onde Greasy Sae já tinha colocado o café da manhã. Como todos os dias, a criança tenta sair do colo do pai em direção a mim e eu o pego. Eu não podia dizer que não era feliz, mas faltava um pedaço de mim. A campainha da porta da frente toca e Greasy vai atender. Logo ouço uns saltos altos ecoar pela divisão. Problema estava chegando.

– Ora ora! – Moira, ex-mulher de Henry, se apresentava na nossa frente. Ela nunca gostou de mim, mesmo no colégio. – Não demorou muito até essa aí se enfiar na nossa casa. Me diz Eve, aquele garoto da mercearia era apenas um treino não é verdade? Para pescar o peixe mais graúdo, quero eu dizer.

Eu senti um nó me impedir de responder. Ela me atacou em cheio.

– Essa é MINHA casa Moira. Não fale assim da minha mulher! E que eu saiba, minha vida não lhe diz respeito.

– Não, mas quando você coloca uma vadia debaixo do mesmo teto que meu filho isso já me diz respeito!

– Você se lembrou que tem um filho agora? Me diga, quantas vezes você ligou para saber dele enquanto estava nesse seu cruzeiro? – Ripostou.

– Eu não tinha rede! – Ela tenta se justificar.

– Você poderia ter escrito. – Henry não perdoa – É preciso ter muita lata vir aqui criticar minha mulher quando ela é muito mais mãe de Peeta que você.

O rosto de Henry está impassível mas seu tom de voz um pouco alterado. De modo a evitar mais briga eu coloco a criança no colo de seu pai e começo a me retirar. Moira me encara furiosa.

– A sério? Se isso é verdade, onde está a filha dela? Oh verdade, ela a deu para adopção, só porque seu pai não era rico como você Henry.

Eu giro sobre meus calcanhares e vejo ela com um sorrisinho triunfante. Eu sinto raiva e lágrimas quererem brotar de mim. Eu me lanço até ela.

– Você não sabe o que está falando! – Grito – Eu não dei minha filha! Ela foi tirada de mim. Eu a amo mais que tudo, não interessa se apenas tive oportunidade de olhar para ela uma vez apenas. Mas eu não a posso ver e isso me mata por dentro. Estar longe dela. E você! Você está longe de seu filho por opção própria! E sabe porquê? Porque você é uma fútil que só se importa consigo mesma! Me chame de vadia, de interesseira, o que você quiser! Eu não estou nem aí para o que você diz sobre mim. Mas nunca, nunca, mencione minha filha de novo!

Fixo meus olhos nos dela e não desvio o olhar. Eu não percebi que deixara de respirar até terminar de falar. Tento recuperar o ar e ela me olha assustada.

– Acho que está na hora de você ir embora Moira – Henry me segura pela cintura, me dando um ponto de apoio. – E só volte quando aprender a respeitar Eve e se importar realmente com Peeta.

ACTUALIDADE

POV Katniss

Após a festa, passei a semana inteira a tentar pedir desculpas a Peeta mas ele me ignorava fugia de mim. Eu o entendo, a sério que sim. Eu fui mais do que idiota com ele. Gale, Glimmer e Joh fizeram questão de falar isso todo o dia. Mas para minha defesa, eu achava que ele era um galinha e que não iria se importar tanto com algo assim. Tá, eu não tenho desculpa… Mas caramba! Ele podia aceitar minhas desculpas e ambos seguiríamos com as nossas vidas! Acho que talvez seja esse o objetivo dele. Me torturar.

Porém, pela cara dele, sempre que nos cruzamos não apoia muito essa minha teoria. Ele sempre expressa desapontamento.

Deixo esses pensamentos de lado e termino meu duche. Hoje meus pais chegam. Meu pai tirou uma semana de férias e resolveram vir ver a filhinha preciosa deles. Como o voo deles chega às nove da noite, resolvi reservar naquele restaurante em que jantamos com os pais de Peeta. Johanna e Gale se juntarão a nós mas irão diretos para o restaurante enquanto vou ao aeroporto esperar meus pais.

Quando avisto meus pais eu desato numa corrida até eles que me dão um abraço apertado. Minha mãe já chora emocionada enquanto eu falo que não precisa chorar, já que estamos juntos de novo. Meu pai se disponibiliza para levar o carro que eu aluguei para eles. Minha mãe se senta no lugar de pendura e eu atrás.

– Então, Katniss? O que acha da escola? – Papai pergunta.

– É incrível. Você tem que ver! Tem vários estúdios de dança, professores geniais coreógrafos de vários estilos musicais…

Interrompo o que estou a dizer quando vejo tudo ficar preto à minha volta e no instante seguinte, perco os sentidos.