" Can I please come down? "

Hayley

Acordei bem melhor, depois de dar um susto na Emily.

— Você quer me matar? Eu achei que estivesse morta, porque você estava pálida e fria. Eu fiquei preocupada sabia? — Emily exclamou alto na enfermaria, recebendo um olhar feio da enfermeira. Ela deu de ombros e mostrou o dedo médio para ela, que arregalou os olhos e saiu da sala. Eu ri baixinho.

— É, acho que você está passando tempo demais comigo, está até aprendendo o meu jeito de ser, não queira ir pro caminho do mal comigo. — Ela fez uma careta e riu, porém logo voltou a ficar séria me encarando. — Ok desculpa. Eu estou bem não estou? Foi só uma tonteira misturada com um pressentimento ruim, nada de mais. Mas e aí, comprou a varinha?

— Lógico que não. Você estava praticamente morta na minha frente, não dava tempo para pensar em outra coisa. Mas eu conseguir que o Hagrid comprasse uma para mim, porque ele é um doce sabe? — Argh! Odeio aquele cara, aliás, eu não gosto de ninguém bonzinho aqui desse lugar, mas enfim.

— E então ele simplesmente te deu? — Ergui as sobrancelhas estranhando. Ela bufou.

— Ta bom, eu falo. Talvez eu tenha feito um pouquinho de chantagem com ele. Mas só talvez. E bem, olha ela aqui. — Ela me mostrou uma varinha feita de Videira Esculpida, de 39 cm. Era bonita.

— Emmy?

— O que?

— Posso te perguntar uma coisa? — perguntei hesitante.

— Claro!

— Quem me trouxe ao castelo? — Uma parte de mim estava torcendo para que ela dissesse que fosse o Tyler. Mas ela suspirou e baixou o olhar. Pelo visto eu não gostaria da resposta.

— Quer mesmo saber? — assenti. — Cody Smith! — arregalei os olhos.

— Como é que é? Aquele energúmeno, nojento e convencido?

— O próprio. — bufei. — Acho que agora você deve uma a ele.

— Devo porra nenhuma, ele que fique sentado esperando.

— Mas você sabe que ele vai jogar isso na sua cara em qualquer oportunidade não sabe?

— Sei sim. — cobrir meu rosto com as mãos. Ninguém merece. — Merda! — gritei.

— É pelo visto, a minha amiga Hayley está de volta. — Nós rimos.

"Can anybody hear me?

Or am I talking to myself?

My mind is running empty

In this search for someone else

Who doesn't look right through me.

It's all just static in my head

Can anybody tell me why I'm lonely like a satellite?"

Elizabeth Sullivan

Estou exausta. Exausta de sofrer por conta daqueles babacas. Uma garota com óculos grandes não pode viver em paz? Pensei que Hogwarts prezava pelo bem-estar de seus alunos... Meus olhos estavam cheios de lágrimas, e eu sabia que aquilo não iria terminar tão cedo. Andei sem rumo, e nem percebi que já tinha chegado ao banheiro feminino. Todas as cabines estavam vazias, e aquele seria um ótimo lugar para ficar sozinha. Entrei na cabine do meio, que estava entreaberta. Fechei a porta e afoguei-me em lágrimas. Por que minha vida tinha que ser assim? Uma mãe bruxa, um pai trouxa, que nunca dera atenção o suficiente para mim enquanto tinha a oportunidade. E desde os meus 11 anos, eu nunca vim aceitando o fato de que sou uma bruxa. Mas eu posso afirmar que o mundo lá fora é bem pior do que aqui.

Seria tão mais fácil se todos resolvessem me deixar em paz, ou simplesmente me esquecer. Afinal o que eu fiz de errado para todos eles? Nada. Pelo menos eu tenho um alguém com quem contar. Dumbledore me disse que por qualquer problema a qualquer hora do dia eu poderia conversar com ele, que ele tentaria me ajudar. E é isso que eu vou fazer agora.

Levantei devagar e abrir a fechadura da porta da cabine. Mas antes que eu pudesse sair ouvir passos se aproximando do banheiro. Espiei cautelosamente por baixo da porta e vim um par de pés masculinos parados em frente a pia. O que um garoto estaria fazendo a essa hora no banheiro feminino? Ah com certeza deveria ser Cody e Edgar, os mesmos garotos que estava me caçoando. Francamente, será que eles não me deixam em paz? Fiquei de pé e abri um pouco a porta para poder vê-los melhor. Mas me enganei não eram dois e sim um. E ao olhar no reflexo do espelho, vi que não era Cody e nem Edgar. Eu o conhecia. Não me recordava seu nome. Mas sabia que ele era da Sonserina. Já tinha o visto muitas vezes andando sozinho pelos corredores imensos de Hogwarts. Ele falava umas palavras estranhas, parecia outra língua. Muito assustador. Tentei abrir a porta mais um pouquinho, só que ela rangeu, fazendo o barulho da sua voz cessar. Droga de porta!

Fiquei uns minutos, parada dentro da cabine, até ter certeza de que ele não estava mais ali. Resolvi abri-la e sair. Mas me arrependi amargamente por isso. Não era um garoto que estava ali... Era um tipo de cobra gigantesca. Já tinha ouvido falar sobre ela, nas aulas de Defesas contras as Artes das Trevas. Ela sibilava com a mesma voz grossa as palavras estranhas do garoto. Eu estava assustada demais para correr, então apenas gritei o mais rápido que pude. Péssima ideia. Ela se virou, e preparou o bote em minha direção. Parei de gritar. Andando cada vez mais para trás. Achei que fosse ver todos os meus 14 anos passando pelos olhos, como todo mundo dizia. Mas não aconteceu. Pelo contrario, a ultima coisa que vi, foi dois olhos bem grandes e amarelados. Depois, fui perdendo minha visão, e enfim mergulhei num poço de escuridão sem fim.

"Cause tonight I'm feeling like an astronaut

Sending SOS from this tiny box

And I lost all signal when I lifted off

Now I'm stuck out here and the world forgot

Can I please come down, cause I'm tired of drifting round and round

Can I please come down?"

Autora

Os professores corriam apressadamente em direção ao banheiro. Quanto mais perto estavam, mais Rowena sentia medo. No fundo ela sabia que algo de ruim tinha acontecido. Ela sempre sentia essas coisas. Eles finalmente chegaram. E ali na porta do banheiro, presenciaram algo terrível. A pior coisa que poderia ocorrer em uma escola. A morte.

Rowena Ravenclaw

Meu coração disparou, assim que vi o corpo da doce e pequena Elizabeth no chão. Petrificado. Minha cabeça rodava. Vozes dos professores assustadas atrás de mim, perguntavam se ela estava mesmo morta. Eu sabia que sim. Seus olhos estavam vazios e sem vida. Não era o mesmo preto voraz de antes. Havia água por todo o chão. Seu corpo estava caído sobre a pia. Suas mãos seguravam fortemente a torneira. Aproximei-me dela hesitante e com cuidado tirei suas mãos dali. Seu corpo caiu com força no chão. Pobre Effy. Olhei para a torneira erguendo as sobrancelhas. Havia um desenho gravado nela. Duas pequenas cobras entrelaçadas. Arregalei os olhos. Aquela era a entrada para a câmara secreta.

"Cause I'm tired of drifting round and round.

Can I please come down?"