POV - Ponto de Vista: Felicity

Nolan me levou para um bar do outro lado da cidade. Não sei quais eram suas intenções para aquela noite, mas qualquer coisa que ele estivesse falando, eu não estava prestando atenção. Era como escutar árabe, não árabe não, eu até que entendia algumas coisas em árabe, grego, latim... Russo! Sim, era como escutar alguém falando russo.

– Você está distraída hoje. – disse ele quando estacionou o carro. – Acabei de falar que você está linda e você continua encarando a janela.

– Desculpe, é que eu estou pensando no trabalho... – balancei a cabeça incrédula, “deixe de se preocupar Felicity, curta o momento”. – Você disse que eu estou bonita?

– Felicity, você está linda.– disse ele fazendo-me corar.

Nolan abriu a porta de seu sedan preto e cruzou o seu braço com o meu quando me aproximei dele.

– Prometo que não vamos demorar, pode voltar para o trabalho e para o Mr. Queen assim que sairmos daqui, bom acho que você tem que esperar pela manhã, mas...

Ri involuntariamente, sim eu voltaria para o Oliver assim que saísse dali, não precisaria esperar pelo dia seguinte... Nossa, como esse pensamento parecia estranho, eu voltaria ao trabalho, não para Oliver... Oliver era apenas uma parte intrigante e excepcionalmente incrível do meu trabalho como sua ajudante.

– Qual é a graça? – perguntou ele puxando a cadeira para eu me sentar quando encontramos uma mesa vazia.

– Nada. – respondi. – Deve ser o cansaço.

Nolan se acomodou à minha frente e pediu uma cerveja. Na verdade, eu não estava com vontade de tomar nada, mas pedi um suco de laranja. Quando ele me perguntou por que eu não pedira um drink de verdade, menti dizendo que estava com dor de cabeça. Mas o verdadeiro motivo de eu não querer consumir álcool, era que isso poderia me deixar mais distraída e acabar falando coisas demais, ou me atrapalhar na investigação mais tarde... Céus, será que a análise já estava pronta?

– Felicity... – chamou Nolan parecendo ter repetido meu nome mais de uma vez.

– Desculpe, vou me concentrar. – observei o ambiente a minha volta, era um lugar bem iluminado e bonito, e estilo rústico fez-me lembrar dos filmes que eu costumava assistir quando eu tinha tempo livre.

– Estava me recordando da noite de ontem, as partes boas é claro... Você não me contou muito sobre você.

“Claro, você não parava de falar sobre seus projetos” pensei automaticamente. Não que eu me importasse, afinal, falar muito sempre me fazia passar por momentos constrangedores.

– Não tem muita coisa nova, basicamente sou a mesma desde a faculdade.

Nolan não conseguiu disfarçar uma risada.

– O quê? – pergunto finalmente concentrada naquele momento.

– Posso garantir que você não é a mesma garota que conheci na faculdade.

– O tempo sempre nos traz algumas mudanças, mas não acho que eu mudei tanto assim.

Nolan deu um gole em sua bebida e eu fiz o mesmo, havia esquecido completamente do suco.

– Lógico que mudou! Você era tão... Era...

– Era? – ergui uma das sobrancelhas curiosa.

– Você possuía um estilo diferente de super nerd, querendo se enturmar, mas ao mesmo tempo reservada e antissocial. Você era meio brega. - Ok, aquele comentário não havia sido legal. Nolan percebeu minha cara de desgosto. – É por isso que você mudou, está totalmente o oposto agora, e muito linda, devo admitir.

O comentário deveria deixar-me feliz, certo? Afinal ele fizera um elogio para minha aparência atualmente. E era verdade, eu possuía um estilo meio brega.

– Mas mesmo com meu estilo não agradável você se interessou por mim. Não descansou enquanto não conseguiu um encontro comigo. – lembrei ele antes de dar mais um gole no meu suco de laranja delicioso.

Nolan ficou sério por uns segundos e deu um sorriso tímido.

– Sim, você tem razão. – ele falou com certo receio.

– Nolan, tem algo nessa história que eu não sei? – perguntei séria.

– Não é nada, já estraguei novamente esse encontro por falar dos tempos antigos, não quero fazer isso novamente.

– Eu quero saber. – exigi.

– Não é nada! – insistiu ele.

Agarrei minha bolsa e estava me preparando psicologicamente para ir embora. Não sei se eu estava realmente chateada com ele, ou se meu subconsciente estava querendo sair dali o mais rápido possível para poder ir à “caverna”.

– Não, por favor, eu conto. – disse ele com um olhar preocupado.

Larguei a bolsa novamente e o encarei esperando que ele continuasse.

– Eu me diverti muito com você naquele encontro, e lamentei muito quando terminou e nós não havíamos tido “algo a mais”... Mas é que antes disso, eu meio que fui pago pra sair com você.

– O quê? – quase gritei. Eu definitivamente estava concentrada agora.

– Eu devolvi o dinheiro depois! – exclamou ele desesperado. – Viu? Eu não queria ter contado!

– Ah, deveria sim. Oliver tinha razão, eu não deveria...

– Oliver? Oliver Queen? – perguntou ele cerrando o cenho. – Quer saber? Não interessa... Felicity, eu não me arrependo de ter saído com você! Eu me surpreendi ao descobrir que você era uma pessoa legal e divertida, eu era apenas um idiota e não consegui enxergar essa beleza e determinação que você sempre teve... Por favor, me desculpe. – Nolan carregava um olhar triste. – Me arrependi do dinheiro e por isso eu devolvi, eu não precisava ser pago para ter coragem e sair com você, pois foi um dos momentos mais legais da minha vida! Mas de certa forma eu gosto de lembrar disso, pois foi assim que eu conheci você.

Eu não estava mais distraída, e muito menos concentrada, apenas não sabia o que pensar. Nolan sempre tivera sido um cara legal, eu nunca havia duvidado disso. Mas agora, eu olhava para ele e tudo o que eu enxergava além do olhar de arrependido, era um possível idiota. E de idiotas minha vida já estivera cheia. Recusava-me a acreditar que Nolan era mais um deles.

– Felicity, me perdoe por ter sido um completo idiota? Não quero perder as chances com você por causa de um erro do passado.

– Eu... Eu...

Naquele momento eu ouvi gritos ao meu redor, e de repente, as luzes se apagaram. Senti uma mão agarrar meu braço com violência e tapar a minha boca. Vi a silhueta de um homem mascarado a minha frente, ele segurava Nolan e dava ordens para o meu atacante o seguir.

Nolan e eu fomos jogados no fundo de uma vã, que ironicamente ou não, era verde. Estava muito escuro antes mesmo de as portas de fecharem.

– Nolan Bolt? Nós temos assuntos inacabados, e você irá nos acompanhar. – a voz estava alterada por um dispositivo de voz, o mesmo que o vigilante usava.

As portas se fecharam e um medo tomou conta de mim. Porque apensar do dispositivo ser igual ao do vigilante, aquele não era o Oliver.

Eu podia estar em sérios, sérios problemas.

* * *

POV - Ponto de Vista: Oliver

Cheguei ao bar no mesmo instante que a viatura da polícia. Percorri os olhos a procura de Nolan e Felicity, mas não os encontrei.

– Um homem e uma moça foram levados por dois sujeitos que vestiam máscaras... – ouvi uma mulher contar ao policial.

Apanhei meu celular e conferi o sinal do rastreador, eu estava no lugar indicado. Meus olhos se pousaram sobre uma mesa vazia ao canto, onde o casaco de Nolan estava sobre a cadeira.

Onde quer que eles estivessem, não estavam mais sobre o meu sinal.

Em menos de dois segundos eu já estava ligando para Diggle. Que se danasse Nolan Bolt! Felicity havia sido levada, e eu precisava encontrá-la.