Corações e Incertezas escrita por girlwednesday


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu não imaginava receber tanto apoio como estou recebendo de vocês! Muito obrigada a todos que leram e deixaram sua opinião. Acredite, elas são muito importantes pra mim.
Espero que gostem do terceiro capítulo, eu gostei. haha



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Não foi difícil subornar um dos garçons que saiam para jogar o lixo pela porta dos fundos, ainda mais com as minhas roupas e o dispositivo de voz. Se ele não temesse o arqueiro, seria um tolo.

Quando voltei para o esconderijo atrás das árvores do parque, Diggle me recebeu de cara amarrada.

– Depois não diga que eu não avisei. – disse-me ele cruzando os braços e ignorando minha presença.

Apanhei meu binóculo guardado no compartimento da moto bem a tempo de observar o garçom colocar a escuta na ponta da mesa de Nolan e Felicity. O receptor em minhas mãos piscou com uma luz verde, informando-me que o dispositivo estava ativado. Em segundos comecei a receber os primeiros sinais de som de dentro do restaurante.

– Já decidiu o que vai querer? – ouvi a voz de Nolan perguntar.

– Na verdade, estou na dúvida. – falou Felicity. – Você disse que vem com frequência por aqui. O que me sugere?

–Sou suspeito para dar opiniões, mas aprecio muito uma boa massa com molho branco e carne grelhada. Acho que combina perfeitamente com um excelente vinho tinto.

Oh não. Felicity ama vinho tinto.

– Para mim está perfeito. – disse ela.

Por muito tempo, Nolan só falou de si mesmo, não deixando nenhuma brecha para Felicity dizer algo sobre si mesma. Das poucas vezes que ela falava, era apenas para demonstrar suas reações aos comentários de Bolt, e infelizmente, sua voz soava como uma adolescente apaixonada. Segundo Nolan, seus projetos para a caridade começaram assim que saiu da faculdade... Não precisava investiga-lo melhor para saber que nem tudo daquilo era verdade.

– Felicity é uma mulher esperta. – comentei com Diggle. – Não pode estar acreditando nessas histórias! Eu mesmo já inventei algumas parecidas para impressionar as garotas...

– Achei que estivesse aqui para esclarecer suas suspeitas sobre o rapaz, mas parece bem interessado na conversa entre eles.

– Eu posso fazer as duas coisas.

O jantar chegou e com isso, alguns instantes de silêncio. Uma ou outra vez eles comentaram sobre o sabor da comida e o clima agradável, mas as palavras que eu estava esperando escutar vieram assim que Felicity pediu licença para ir ao toalete. Com um toque do celular, Nolan conferiu o número da chamada e atendeu sem mais demoras. Ajustei meu binóculo para poder vê-lo com mais clareza.

– Está pronto, certo? – perguntou ele em um tom de voz autoritário. – Como assim? – continua ele com raiva.

Naquele momento, Felicity voltou à mesa e ele tentou disfarçar suas emoções ao desligar o celular.

– Felicity, surgiu um imprevisto no escritório, eu tenho que ir.

– Tudo bem. – disse ela depois de alguns instantes. Consegui imaginar com clareza a expressão em sua face, assustada, e exercendo um esforço inútil para esconder o fato que ficara chateada. Exatamente como quando fomos a Rússia e eu a deixei sozinha com Isabel Rochev no hotel.

– Eu realmente sinto muito. – ele voltou a dizer ao se levantar e deixar o dinheiro da conta sobre a mesa.

Por um instante, me imaginei indo até lá para lhe fazer companhia, beber vinho e conversar como amigos, não como arqueiro e ajudante ou CEO e assistente. Mas deixei de lado essa ideia tentadora para seguir Nolan e descobrir os seus planos. Eu precisava provar que estava certo.

– Diggle, leve Felicity para casa. Ela está sem carona para voltar.

– Mas Oliver...

– Sem ofensa cara, mas você não vai me fazer mudar de ideia. – olhei seriamente para ele.

– Ainda acho que vai perder o seu tempo, boa sorte.

Mais do que depressa, Dig deixou-me sozinho e caminhou em direção ao restaurante para encontrar Felicity. Enquanto isso, subi em minha moto e me prearei para seguir Nolan.

Os pneus do sedan preto cantaram ao sair do estado de repouso, revelando a pressa ou a urgência que envolvia as intensões de seu motorista. Não poderia ser coisa boa.

Recebi diversas buzinadas e sinais de alerta por cruzar o sinal fechado, ou por passar na frente de outros veículos muito maiores do que o meu. As luzes dos faróis em vindo em minha direção, quando entrei na contramão em busca de um atalho, quase me cegaram no momento em que cheguei ao cruzamento e encontrei-me exatamente atrás do meu alvo.

O problema foi que depois de alguns minutos, Nolan percebeu que estava sendo perseguido e acelerou seu carro ainda mais, fazendo curvas exageradas e perigosas demais, mas eu não tinha nem um pingo de medo de segui-las. Ele arriscou virar em um beco mal iluminado, onde suspostamente, não é permitido a passagem de veículos.

Percebi suas intenções um pouco tarde demais; com a janela aberta, Bolt passou um dos seus braços e parte de sua cabeça para fora, seus dedos seguravam um objeto escuro apontado para trás, uma arma. E eu era a mira.

O beco era estreito demais para eu pode desviar completamente, mas minha moto buscava obedecer minhas instruções para confundir o atirador o máximo possível. Tenho certeza que eu conseguiria sair ileso, se o beco não se prolongasse por uma distância maior do que eu imaginara. Meus movimentos se tornaram repetitivos e quando percebi, uma dor conhecida e aguda atingiu o meu ombro esquerdo, fazendo meu corpo cambalear levemente para o lado. Felizmente, eu mantinha meu corpo firme sobre a moto para deixar-me bater com um simples tiro.

Os instantes seguintes passaram como um flash. O sedan preto fez novamente uma curva arriscada, entrando na contramão para seguir a pista correta ao lado. Segui seus movimentos em tempo suficiente para alcança-lo, mas uma luz muito forte seguiu-se as minhas costas; um enorme caminhão estava a poucos segundos de me atingir antes de eu completar a curva, minha única solução para sair ileso era virar na direção oposta. Mas não podia perder Nolan de vista, acelerei.

Escapei do caminhão por um tris. Minha moto quase bateu no meio-fio, mas mantive a velocidade constate com Nolan apenas alguns carros de distância. Foi quando o caminhão me alcançou novamente, perdi o controle da moto devido ao estreito espaço entre a rua e o meio-fio. Fui jogado violentamente para a calçada.

Quando tudo parou de girar observei o estrago em meu veículo amassado. A calçada estava desprovida de qualquer pedestre, porém, isso não impediu que a moto atingisse as paredes dos estabelecimentos e os postes de iluminação. Entretanto, o maior estrago eu observava a distância.

Cerrei os lábios e os pulsos quando vi o sedan preto virar em uma esquina ao longe. Levando embora minhas chances de alcança-lo.

...

Cheguei a “caverna” bem mais tarde do que eu gostaria, observei John sentado sobre o balcão. Abri a boa para falar quando fui surpreendido pela presença de Felicity praticamente ao meu lado.

– Ela não quis ir para casa. – avisou Dig.

– O que você estava pensando Oliver? – gritou ela usando seus braços para dar pequenos empurrões em mim. – Primeiro você me dá a noite de folga, eu já deveria ter suspeitado uma vez que você ama sua jornada noturna e sempre precisa da minha ajuda, mas antes que pense coisas erradas eu não estou reclamando. Depois recebo sua ligação e você tem a coragem de mentir dizendo que algo importante tinha acontecido, eu fiquei preocupada! – a cada segundo ela dava ênfase para suas palavras batendo em meu peito com uma força gradativa. - Você acha que é o único que se preocupa com a cidade? Então tente adivinhar o porquê de eu estar aqui! Uma dica: Não é apenas pelo prazer da sua companhia! Mas eu não tive tempo suficiente para ficar preocupada pois, assim que eu peço para você tentar se virar sozinho com um tremendo peso na consciência, descubro que você estava seguindo Nolan! Como se eu não fosse capaz de escolher minhas próprias companhias! Então, Diggle entra no restaurante e...

– AAI – gritei interrompendo sua tagarelice quando ela tocou em meu ombro baleado.

– Oh meu Deus, você está bem? – pergunta ela com uma óbvia preocupação exagerada.

– Obrigada por perguntar só agora. – falei com um toque de ironia.

Repouso o arco sobre o suporte, utilizando meu braço não machucado. Não sabia se teria forças para erguer o outro.

– O que aconteceu Oliver? Perguntou Diggle desacomodando-se do balcão e já procurando uma caixa de primeiros socorros.

– Nolan atirou em mim. – respondi encarando uma Felicity surpresa.

– Sabe Oliver, às vezes pergunto-me por que me dou ao trabalho de pensar que você é meu amigo. – diz ela revirando os olhos.

– Por que eu já salvei a sua vida? – provoco-a desenterrando minha raiva. – Lembre-se que foi mais de uma vez.

– E agora quer destruí-la? Por que adivinhe: você está conseguindo! – grita ela arqueando as sobrancelhas – Porque eu já não tenho vida social, está cada vez mais inexistente com tanto trabalho, e você tenta arruinar minha única chance de ter uma!

– Única chance? Não está exagerando? Você vai conhecer outras pessoas Felicity. – respondo no mesmo tom histérico dela.

– Claro, só se forem bandidos, traficantes, maníacos assassinos...

– Então por que você se dá ao trabalho de vir aqui todos os dias? Por que faz questão de ajudar? – urrei usando todas as minhas forças, o que só provocou mais raiva nela.

– O problema é que você nunca me ouve Oliver! Eu já disse que você não é o único que se preocupa com essa cidade!

A discussão estava perdendo o foco.

– Parem vocês dois. – desta vez quem gritou foi John, que olhava severamente para mim. Por que era sempre eu que recebia suas repreensões e não ela?

– Felicity, pegue os analgésicos lá em cima. Precisamos tirar a bala do ombro dele.

Ela se vira e prossegue com alguns passos antes de me encarar novamente.

– Não se esqueça de que eu já salvei sua vida também.

A expressão em sua face não era mais de raiva. A tristeza que surgiu em seu olhar causou-me um aperto no peito.

– Hey, escute. – eu disse quando ela já havia subido alguns degraus para a boate. – O atirador, ele estava em um carro igual ao do Bolt, não chequei as placas. Mas ele ainda é um suspeito.

Felicity ficou parada apenas para ouvir minha fala e seguiu com seu caminho, sem se importar em olhar para trás.

– Isso é verdade? – perguntou Diggle quando ela já havia saído.

– Não. – respondi – Eu o vi claramente.

– Por que disse isso a ela então?

– Para não chateá-la ainda mais. – respondo – E porque talvez, eu precise da ajuda dela para chegar até Bolt.

–Vai usá-la Oliver?

– Não. – respondo antes que eu receba outra repreensão. – Vou fazê-la ver a verdade e protege-la a todo custo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada novamente a todos que leram e estão acompanhando! Deixem seus recados! ♥