Corações e Incertezas escrita por girlwednesday


Capítulo 11
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo, gostaria de pedir desculpas pela demora. Ao que parece, todo o universo conspira para me deixar de alguma forma, indisposta. A faculdade começou, e com ela os trabalhos e textos longos e intermináveis, fiquei com gripe e minha crise de enxaqueca atacou. Mas eu não deixei de escrever ou de pensar nessa história, mas só tive tempo de finalizar o capítulo agora.
Obrigada a todos que estão lendo e deixando seus comentários! Também quero agradecer minhas amiguinhas no twitter que sempre me perguntam sobre a fic e me incentivam a escrever!
Espero que gostem do capítulo. ♥



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POV- Ponto de Vista: Felicity.

Quando o elevador parou no andar em que eu tinha que ir, tive que lembrar as minhas pernas de como andar novamente. “Respire, respire, se acalme, é um dia de trabalho como outro qualquer.” Pensei andando o mais rápido que eu podia até a minha sala. Abri a porta de vidro com certo receio, mas felizmente, Oliver ainda não havia chegado. Suspirei aliviada e sentei-me calmamente em minha cadeira.

Minha perna ainda estava doendo um pouco, por isso eu não estava vestindo um dos meus saltos naquele dia. Entretanto, a dor era quase imperceptível à confusão de pensamentos dentro de mim. Oliver havia me beijado. E apesar de muitos pensarem que um beijo é um gesto simples e sem muita importância, eu levava esse lance de beijo muito a sério. Meu primeiro beijo havia sido na faculdade quando eu tinha vinte anos, sim, esperei muito tempo pelo “cara certo” e acabei me decepcionando. Então não, beijos não eram uma coisa tão simples para mim, o que tornava a coisa ainda mais assustadora era que aquele nunca, nunca, seria apenas um beijo. Afinal, era de Oliver Queen que eu estava falando.

Quantas vezes eu sonhara e fantasiara com ele? Quantas vezes eu já havia perdido noites de sono devido a pensamentos “inapropriados” com Oliver? Por que ele fizera aquilo? Por que ele me beijara?

Eu tinha certeza que não conseguia disfarçar meus sentimentos com ele por perto antes, agora a coisa toda ficaria muito óbvia.

– Felicity? – a voz dele me fez pular da cadeira. Eu estava tão distraída pensando nele que não reparei quando ele entrou na sala. – Você está melhor?

Oliver demonstrava preocupação em seu olhar, mas um pequeno sorriso em seus lábios me fez perceber que ele sabia exatamente o que eu estava pensando.

– Sim, estou bem melhor. – digo rapidamente.

Ele me lançou um sorriso de verdade dessa vez e foi para o seu escritório. Por mais que eu me esforçasse, eu não conseguia tirar os meus olhos dele, cada simples movimento que ele fazia, eu acompanhava. Quando ele já havia se acomodado em sua cadeira e remexido em seus papéis, percebi que vez ou outra, os olhos dele também me vigiavam.

O sinal de alerta do meu e-mail finalmente me fez voltar para a realidade. Abri minha caixa de entrada e cliquei em minha nova mensagem.

O remetente era alguém que eu conhecera na faculdade, lembro-me de receber muitos e-mails dele durante os trabalhos e provas finais, claro, todos queriam a minha ajuda nas horas mais desesperadas. Confesso que nunca pensei que receberia um e-mail de Jesse novamente. Mas ali estava eu, abrindo uma mensagem misteriosa, para me deparar com... A foto de Nolan.

Jesse e Nolan eram amigos, como eu poderia esquecer? A foto de Nolan estava acompanhada com uma mensagem de despedida e um convite para o funeral, que aconteceria dali dois dias. Senti meus olhos lacrimejarem. De repente, a dor em minha perna começou aumentar loucamente.

Minha mente fez-me recordar de cada momento do dia anterior, desde acordar no sofá junto com o homem que eu secretamente amava, até ver meu amigo morrer em meus braços. Lembrei-me da dor, das lágrimas, do desespero. Era verdade que eu não amava Nolan, mas ele fora meu amigo por muito tempo, e ver alguém morrer, por mais desconhecida que a pessoa fosse, já não era uma experiência agradável.

Mas graças a Oliver, eu não passei a noite acordada lamentando pela minha perda.

Então, em um momento de epifania, eu soube exatamente o porquê daquele beijo.

Levantei-me o mais rápido que eu pude ao sentir a raiva subindo dentro de mim. Minhas pernas se moveram agressivamente em direção à sala ao lado da minha, gesto que me fez mancar um pouco depois de alguns passos devido a minha dor na perna, mas felizmente, Oliver não percebeu.

– Parabéns! – cantarolei em um tom irônico enquanto eu jogava uma pilha de papéis aleatórios sobre a mesa dele.

– Felicity... Não é o meu aniversário. – disse-me Oliver confuso.

– Você conseguiu! – eu estava praticamente gritando.

– O que eu fiz? – perguntou ele se levantando com uma expressão séria.

– O que você estava pensando Oliver? Achou que podia simplesmente me beijar como se isso fosse uma coisa normal que “amigos” fazem? Diga! Diga o que você estava pensando!

– Felicity eu...

– Você conseguiu! – gritei novamente. – Se seu objetivo era tirar Nolan e toda a confusão de ontem da minha cabeça você conseguiu! A única confusão em que eu pensei foi a que aconteceu dois minutos antes de você ir embora!

Oliver ergueu uma sobrancelha virou a cabeça um pouco de lado, seus lábios o denunciaram com uma quase risada quando ele voltou a falar:

– E por qual motivo exatamente você acha que eu te beijei?

– Para me distrair é claro! – como se pudesse haver outra resposta. – Quando eu me senti culpada pelo que aconteceu você disse que era para eu parar de me sentir assim, que o culpado era você. É claro, você sempre tem que pensar em coisas ilógicas que indicam que você é o culpado de tudo, então é óbvio que você estava se sentindo culpado por eu estar triste daquele jeito, por isso você tentou amenizar meu sofrimento e me fazer parar de pensar em Nolan ou me sentir culpada pelo que aconteceu, e adivinhe? Você conseguiu! Eu não pensei em Nolan, eu não pensei nele morrendo em meus braços, nem me lembrei de suas últimas palavras para mim, eu não pude viver o luto porque não pude parar de pensar em você!

– Felicity eu...

– Oliver, não precisa se explicar! Eu entendi!

– Mas eu...

– Eu sei que você é meu amigo e tudo mais, mas, por favor, não faça mais isso.

– Eu, eu... Por quê? – impressão minha ou não, ele pareceu triste com as minhas palavras.

– Porque eu acho que está mais do que óbvio que muitas vezes, eu me importo mais do que eu deveria com você. Brincar com meus sentimentos não parece uma forma legal de me distrair.

– Felicity... DEIXE EU FALAR.- ele ergueu um pouco o tom de voz apenas para me impedir de tagarelar ainda mais. – Eu não beijei você para te distrair ou porque queria “amenizar” seu sofrimento, mas se você não passou a noite chorando, já é algo importante pra mim.

Continuei encarando ele de forma perplexa. Metade de minha mente romântica iludida já imaginava diversas opções para ele terminar aquele discurso.

– Nos últimos dias... Eu, eu. – Oliver estava gaguejando? – Eu fiquei muito irritado e desconfiado de toda essa história do Nolan e... – Ele se aproximou de mim e pousou sua mão no meu ombro. – Acho que me dei conta de alguns sentimentos que já estavam dentro de mim por um tempo.

– Oliver, o que...

– Shh – ele retirou a mão do meu ombro quando seu dedo indicador tocou meus lábios para me silenciar. – Eu beijei você porque era o que eu queria. Eu fui totalmente egoísta porque eu não estava pensando em você ou em como você estava se sentindo. Só pensei em mim e no quanto eu queria te beijar naquele momento.

E então aquilo aconteceu novamente: ele me deixou sem palavras. Meu coração se acelerou e minha imaginação vagou por diversas lembranças que estavam guardadas a sete chaves dentro de minha mente. Estavam guardadas pois eu não estava autorizada a lembrar de meus sonhos na frente de Oliver.

– Eu sabia! – lamentei olhando para baixo.

– Sabia? – disse ele em um tom de voz calmo demais.

– Eu só preciso esperar. – murmurei para mim mesma enquanto me distanciava dele e caminhava para a sala de reunião maior. Observei aquela mesa vazia e fiquei impressionada com o quanto aquilo parecia real. Tinha que admitir que meus sonhos estavam ganhando uma proporção maior.

– Esperar o que? – o tom de voz calmo se fora. – Você tem certeza que está bem?

– Estou ótima. – falei sem parar de andar ao redor da mesa oval.

– Não parece. – disse ele depois de um tempo. – Sabe, quando alguém fala que gosta de você o legal é responder a pessoa.

Virei rapidamente a cabeça para ele. Eu já sonhara com situações parecidas antes, mas o frio na barriga, as imagens, meu coração se acelerando, tudo era tão real.

– Eu só não quero me iludir mais ainda Oliver, só isso. Então eu preciso esperar... Daqui há alguns segundos eu vou acordar. Há um estudo que fala que quando você dorme, e está sonhando, e do nada seu consciente percebe que tudo é um sonho, demora apenas alguns instantes para você acordar...

– Você acha que isso é um sonho? – o sorriso travesso que eu tanto amava estava em seus lábios enquanto ele me encarava de uma maneira que fazia meu corpo inteiro esquentar.

– Não tem outra explicação mais lógica. – até mesmo nos meus sonhos eu não conseguia tirar os meus olhos dele.

– Eu posso provar que não é um sonho.

Oliver veio velozmente em minha direção e seus lábios não demoraram para encontrar os meus. Toda a confusão que eu estava sentindo fora embora, e todos os meus pensamentos de direcionaram para ele. Não havia espaço para mais nada. Oliver começara com um beijo delicado, mas talvez fora minha sede por mais, ou o modo como ele me segurava em seus braços, que o fizeram me jogar contra a parede e pressionar meus lábios com mais força. Eu sentia cada parte do meu corpo colada a ele.

– Se isso te faz se sentir menos culpada, eu também não parei de pensar em você noite passada. – sussurrou ele em meu ouvido fazendo um arrepio percorrer meu corpo.

Eu já estava pequena perto dele sem os meus saltos, mas quando ele beijou meu pescoço, senti minhas pernas vacilarem e meu corpo escorregar para baixo. As mãos de Oliver pousaram sobre as minhas pernas e me levantaram. Ele me carregou para o lado e me sentou sobre a mesa de reunião.

Meus olhos se abriram por alguns instantes apenas para olha-lo. Oliver tinha um brilho diferente no olhar como se ele realmente ME QUISESSE, e eu o queria.

De uma coisa eu já tinha certeza: aquilo não era um sonho.

Ele voltou a procurar meus lábios com urgência, nossas bocas se encaixavam de maneira sincronizada, como se fossem feitas para aquilo. Minhas mãos passeavam pelo seu cabelo enquanto as dele me puxavam para mais perto dele. Envolvi minhas pernas ao redor dele enquanto ele beijava meu pescoço novamente. Como se fosse possível, mais arrepios percorreram meu corpo e o calor que eu sentia não poderia ser saciado com um ar fresco.

– HmHm.

O barulho me fez parar de retribuir os beijos de Oliver imediatamente. Praticamente pulei para fora da mesa com o susto. Colocar os pés no chão novamente foi emocionalmente doloroso.

Isabel Rochev estava parada a minha frente. E se fosse possível matar alguém com um olhar, eu tinha certeza que estaria morta.

– Vejo que alguém recebeu um aumento no salário. – disse ela enquanto eu saía apressadamente da sala de reunião. Fiz questão de contornar a mesa tomando o caminho mais longo para não passar do lado dela

O que ela quis dizer com aquilo?

O olhar de Oliver acompanhou-me até o final da área de reunião. Antes de virar para a minha sala, e ter ele completamente fora de minha vista, olhei de relance para ele e percebi seus lábios se movimentando. “Nós conversamos depois” foi o que eu pude captar.

Sentei novamente em minha cadeira e recordei os últimos minutos que haviam se passado. A foto de Nolan ainda estava aberta na tela do meu computador.

– Desculpe Nolan, eu não estou conseguindo ficar triste e viver um momento de luto. Eu estou meio que vivendo um sonho agora. – disse baixinho observando a foto, como se meu falecido amigo pudesse me escutar.

Eu teria tempo para pensar nele quando toda a euforia dentro de mim fosse embora, se é que isso seria possível. Fazia alguns minutos que eu estava sozinha em minha sala, porém o calor que percorreu meu corpo quando Oliver me beijou, ainda estava lá. Oliver me beijou. Ele admitiu que pensava em mim de uma outra forma. Oliver me BEIJOU. CÉUS, COMO EU IRIA CONSEGUIR PARAR DE SORRIR?

As cenas se remexiam dentro de mim de tal modo que senti meu rosto corar. Eu não conseguiria ficar ali parada sem fazer nada. Levantei-me e decidi ir até a cafeteria no primeiro andar. Pegaria um café, quem sabe até comeria um cookie. Cafeína e chocolate com certeza distrairiam minha cabeça.

Assim que entrei no elevador, um senhor que estava do meu lado cumprimentou-me com um bom dia. Respondi de forma educada e percebi que ele me encarou por alguns instantes. “OH MEU DEUS ELE SABE, ELE SABE.” Corei novamente e descobri que deixar a sala não havia sido uma boa ideia.

Ao chegar ao primeiro andar, comecei a sentir olhares inexistentes sobre mim, como se todos soubessem que eu dei uns amassos no C.E.O. Apesar de eu querer esfregar isso na cara de muita gente ali dentro, de todos que já me olharam com desprezo, eu sabia que não iria ser uma fofoca que faria bem a minha reputação. Pensariam que eu estava com ele apenas pelo cargo como sua secretária, já que eu tinha sido promovida do departamento de TI e... E percebi tarde de mais que era exatamente isso que Isabel Rochev estava pensando quando entrou na sala de reuniões e me pegou agarrada com seu sócio.

– Merda. – sussurrei alto demais.

Ótimo, mais olhares de julgamento sobre mim era tudo o que eu precisava!

– Um café, por favor. – pedi a moça da cafeteria. – Com açúcar. – acrescentei rapidamente.

Sentei-me em uma das mesas do fundo perto da janela, e observei a paisagem da rua.

Eu teria que conversar com Oliver. Com certeza Isabel já havia espalhado boatos sobre nós dois muito antes de eu ter uma real ideia de “nós dois”. Ri sozinha com aquela situação. Era por isso que ela era tão mal educada comigo.

Ouvi a cadeira a minha frente se mover bem a tempo de ver um homem com cabelos compridos se sentar sobre ela.

– Felicity Smoak? – perguntou ele.

– Sim. – disse eu franzindo as sobrancelhas.

– Meu nome é Colin Southeren. – disse ele com um sorriso mecânico.

Arregalei os olhos ao perceber quem ele era. Colin Southeren, ex-sócio de Nolan.

Pressionei minhas mãos contra a mesa para tomar impulso e levantar, entretanto, Colin foi mais rápido. Com um gesto veloz e agressivo ele fechou uma argola em torno do meu pulso esquerdo, o mesmo em que eu usava o bracelete que Oliver me dera.

– Sente-se Srta. Skmoak. – a voz grossa dele soava extremamente autoritária. – Ouvi dizer que você era da turma de Nolan Bolt. Aluna laureada em primeiro lugar na colação de grau, estou certo?

Acenei positivamente com a cabeça, chocada demais para dizer alguma coisa.

– Ele está morto. Meus pêsames. – disse ele sem um pingo de emoção em sua voz. –Algo trágico aconteceu com as minhas pesquisas e eu preciso da sua ajuda. – ele fez uma pausa para um suspiro ensaiado. - Agora, eu vou me levantar e você irá me seguir calmamente.

– Por que eu faria isso?

– Porque caso contrário, essa pulseira irá explodir e você irá perder seu pulso, seu braço, sua vida... Além de machucar várias pessoas a sua volta.

Colin se retirou da mesa e começou a caminhar lentamente em direção à saída do edifício. E eu, como uma boa pessoa, o segui.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Muitas expectativas para os próximos capítulos? haha
Quero pedir desculpas antecipadas se caso eu demorar mais de uma semana para atualizar, mas prometo compensar a todos escrevendo muuuito no feriado de carnaval.
Obrigada a todos que estão acompanhando! Vocês são tão lindos e incríveis! *--*
Obrigada! beijinhos.