Corações e Incertezas escrita por girlwednesday


Capítulo 10
Capítulo 8: parte 2


Notas iniciais do capítulo

Essa parte realmente ficou grande. Mas como eu prometi, contém uma surpresa.
Eu realmente espero que vocês gostem! Muito Obrigada por tudo o que vocês escrevem nos comentários, significa muito para mim ♥



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POV- Ponto de Vista: Felicity

Esperei um tempo que julguei suficiente, e sai do cômodo. Eu quase fiquei perdida em meio a tantos corredores e portas semelhantes, aquela casa era grande igual a do Olvier. Mas é claro, eu não me perderia na casa do Oliver, eu já havia decorado a planta de construção há meses.

Observei Nola andando em círculos por de trás do vidro escuro e não tardei em começar o meu trabalho. Levei cinco minutos para compreender e analisar o sistema e familiarizar-me com as senhas e os dados de acesso, que aproposito, eram as mesmas que ele usava na época da faculdade.

Liguei meu comunicador de ouvido.

– Estou aqui. Consegui todo o acesso que eu precisava. – avisei rapidamente.

– Ótimo. – falou Oliver. – Tudo está do jeito que queríamos.

– Falou com o Lace?

– Ficará escondido com três viaturas na saída da interestadual. Assim que o chamarmos ele levará cindo minutos para chegar ai.

– E onde você está?

– Perto.

Assim que a conversa se encerrou, ouvi o som do portão da garagem se erguendo. A tela a minha frente mostrava o modo de segurança da casa desligado, Nolan o havia desativado com um receptor portátil. Mas foi só o caminhão entrar, para o computador me informar que ele fora ligado novamente.

– Estou dentro Felicity.

Como Oliver fazia aquelas coisas eu não sei, mas sua presença era imperceptível até mesmo para mim.

– Vocês demoraram. – disse Nolan tentando soar corajoso.

– Tínhamos que ter certeza que você não nos havia traído e chamado a polícia. – eles ainda usavam máscaras. Um arrepio percorreu minha espinha ao me lembrar da noite passada, mas a sensação ruim logo foi embora com a lembrança de Oliver no meu sofá.

– Eu não faria isso. – defendeu-se Nolan.

– Bom, não temos certeza. – disse um deles.

– Pode confiar em mim.

– Confiança se conquista Sr. Bolt, e você está muito longe de conseguir isso. – Um dos mascarados se aproximou de Nolan de maneira suspeita. Assim que estava perto o suficiente de meu ex-quase-ex-de-novo-namorado-futuro-nada, ele tirou uma arma de dentro da jaqueta. O revólver estava apontado para a cabeça de Nolan.

– Pietro ficará assim até a entrega acabar, só para garantir. – falou o outro bandido se aproximando. – Onde está o muuntaja?

– Oliver...Lance. – avisei pelo comunicador.

– Já o avisei. Cinco minutos.

Nolan apontou seu dedo trêmulo para as pilhas de caixa no canto da garagem. O mascarado-chefe (eu o identificara por ser o que mais falava) fez sinal para que os outros caras o acompanhassem o ajudassem a carregar a encomenda.

Foi quando uma flecha cortou o ar. O alvo foi a arma apontada para Nolan, que caiu ao chão dando tempo suficiente para ele tentar fugir. O arqueiro estava parado sobre as vigas de acabamento da garagem ao alto da estrutura, e assim que se iniciaram os tiros, ele correu pelas vigas o mais rápido que pôde.

Não sei se eu ficava preocupada com os tiros, ou pelo fato de ele estar correndo a oito metros de distancia do chão. Aproveitei a distração de todos para desativar o sistema de segurança. Em três minutos, os policiais iriam chegar.

Oliver lançou uma flecha para o alto, que se prendeu na viga mais distante, a corda agregada a ela era forte o suficiente para aguentar o peso do corpo dele. O arqueiro saltou segurando-se em seu arco, a corda fez o movimento de uma eclipse, o que serviu para ele continuar desviado dos tiros enquanto descia para o chão.

Ele pousou perfeitamente no chão bem a tempo de lançar uma flecha comum no ombro do bandido que estava mais próximo a ele. A flecha seguinte continha um dispositivo que eu mesma o ajudara a criar, quando ela foi lançada para a pilha de caixas, Oliver pulou para trás, e um clarão avermelhado inundou os meus olhos mesmo por de trás do vidro. A explosão com certeza havia destruído todas as pílulas.

Os detectores de fumaça entraram em ação e a água começou a cair dentro da garagem. Todos ficariam ensopados.

Quando consegui observar a cena novamente, o arqueiro estava lutando com um dos mascarados ao mesmo tempo em que jogava flechas para machucar os que tentavam se aproximar dele. O bandido lutava bem, mas não era o herói de Starling City. Oliver defendia-se dos socos com perfeita precisão e dava golpes que na maioria das vezes, atingia seu alvo. Então ele girou o seu corpo e lançou um chute certeiro no abdômen do bandido, que caiu para trás inconsciente.

Outro mascarado ia se aproximando por trás, foi quando vi Diggle entrar em ação. Juntos, ele e Oliver derrubaram pelo menos quatro caras. Outros tentavam inutilmente salvar as caixas da explosão, enquanto alguns tentavam fugir. Entretanto, eu não era estúpida, o sistema de segurança estava desligado para a polícia pode entrar, mas não significava que eu deixaria alguém sair.

Vi o tumulto de homens uniformizados ao mesmo tempo em que observei Nolan parado e chocado a um canto seguro da garagem. Os policiais gritaram para os bandidos e Oliver saiu rapidamente de cena, escondendo-se das pessoas que queriam prende-lo. Porém, ele ainda estava a minha vista.

– Parados! Mãos para cima! – reconheci a voz do detetive Lance.

Alguns mascarados realmente fizeram o que ele dissera. Porém outros se arriscaram a correr e levaram tiros. Assustei-me ao ver um deles cair ao longe.

Infelizmente, um deles, estava em minha direção. Ele conseguiu se desviar do tiro e a bala atingiu o vidro bem na minha frente. Meu “escudo” não se rompeu, mas a bala presa causou uma rachadura suficientemente grande para chamar atenção do bandido, que jogou todo o seu peso contra o vidro, que ai sim, se partiu em pedacinhos.

Joguei-me contra o chão protegendo minha face. Senti a mão do bandido agarrar meu pé e me puxar sobre o chão inundado de cacos de vidro. Gritei ao sentir minha pele rasgar em minha coxa. O mascarado conseguiu se levantar primeiro que eu e agarrou-me pelo braço de forma extremamente violenta. Senti a arma dele encostar-se à minha cabeça e meu corpo servir de escudo para qualquer tiro vindo de um policial.

– Atire e ela morre! – gritou ele.

Meu coração se acelerou e o medo me inundou novamente. Sentimentos dos quais eu não queria lembrar invadiram-me de repente e fizeram com que lágrimas viessem aos meus olhos.

– Solte ela! – gritou Nolan. Confesso que aquela não era a voz que eu queria ouvir.

Ousei abrir os olhos e observei o arqueiro novamente nas vigas. Oliver estava com sua flecha apontada para mim, em qualquer sinal de deslize, ele poderia acertar o bandido, mas um erro minúsculo poderia custar minha vida. Sei que ele atiraria se fosse necessário, ele não me deixaria sozinha novamente.

Mas eu não permitira que ele fosse exposto a polícia, afinal, eu não duvidada de que eles fossem atrás do arqueiro ao invés dos bandidos de verdade.

Oliver estará ali. Eu estava segura. Eu precisava agir.

Olhei para ele no alto novamente e tomei coragem. Joguei minha perna para trás e meu salto nº15 acertou uma região desprivilegiada do bandido. Ele gemeu de dor às minhas costas e eu aproveitei para jogar a arma dele para longe antes de correr. Percebi os meus erros tarde demais. Além de ter atravessado os cacos de vidro e corrido justamente para a garagem, eu não deveria ter jogado a arma para longe, deveria ter pegado.

Senti a água do detector de fumaça inundar meu vestido e meu rosto. Arrisquei-me a olhar para trás e vi quando uma bala atingiu a perna do meu alvo. Aparentemente, os bandidos não queriam mata-lo. Mas ele não hesitou em esticar o braço e aportar a arma para mim. Assim que ouvi o tiro, vi um vulto grande se jogar a minha frente. Outros tiros se seguiram e eu assisti o mascarado cair morto no chão.

Percebi tarde demais que eu conhecia o vulto que se jogara a minha frente para me defender: Nolan. O tiro atingira o peito dele. E ele sangrava muito para ser apenas um ferimento normal.

Agachei-me ao lado dele já sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Os olhos dele piscavam devagar e seu corpo rastejou para um pouco mais perto do meu. Tudo a minha volta sumiu. Sei que ouve mais tiros e mais gente morta, mas tudo o que eu prestava atenção era em Nolan com a cabeça no meu colo, sua respiração lenta e seu peito sangrando.

– Nolan! – solucei com meus olhos inundados.

– Fe-li-li-ci-ty – gaguejava ele. – Perdoe-me.

As lágrimas corriam mais rápido pelo meu rosto e tudo o que eu conseguia fazer era balançar a cabeça incrédula. A água ainda caia sobre a garagem e a poça a minha volta estava ficando cada vez mais vermelha.

– Vo-vo-cê foi a única mulher que-que eu a-a-mei de verdade. – a voz dele estava muito fraca.

– Nolan... Eu... – não pude dizer mais nada. Percebi o instante exato em que seus olhos perderam a vida.

Um grito silencioso percorreu minha garganta e uma dor atingiu-me o peito. Apesar das desavenças, Nolan fora um amigo incrível para mim.

Retirei minhas mãos do rosto dele ao perceber que elas estavam tremendo compulsivamente. Tentei levantar-me, mas escorreguei em algum objeto e cai novamente, desta vez percebendo uma dor ardente em minha perna. As lágrimas não permitiam que eu enxergasse claramente, mas eu me lembraria da imagem de Nolan morto em meu colo com os olhos sem vida em meus pesadelos.

– Leve-a para casa, não precisamos envolvê-la nisso. – era a voz do Lance. Senti braços fortes me levantarem e me ajudarem a permanecer de pé. Tudo ainda estava girando a minha volta e o meu senso de realidade não estava em boa disposição, por alguns segundos eu esqueci completamente quem eu era, onde eu estava e o que eu estava fazendo. Tudo o que eu fazia era tremer.

Foi por isso que demorei a perceber que era Oliver que estava ao meu lado, com os braços ao redor de minha cintura ajudando-me a andar.

– Os policiais. – sussurrei para ele. – Eles vão ver você aqui.

– Não se preocupe, eles estão ocupados algemando os bandidos que sobreviveram do lado de fora. Só o detetive Lance me viu. – Oliver ainda estava com o dispositivo de voz ativado, foi estranho ouvir aquela voz grossa e computadorizada bem perto de mim.

* * *

POV – Ponto de Vista: Oliver.

Acomodei Felicity cuidadosamente no banco de carona de seu carro, ela não poderia dirigir naquelas situações, além de estar tremendo, estava machucada. Enrolei um tecido que encontrei no banco de trás do veículo sobre ela, e chamei Diggle pelo comunicador. Pedi que ele voltasse com a minha moto e depois buscasse seu carro. Eu cuidaria dos ferimentos de Felicity e a deixaria em sua casa.

Durante todo o caminho, ela permaneceu quieta. O único som era de seus dentes batendo. Vez ou outra, eu observei uma lágrima silenciosa cair sobre sua face, mas respeitei seu momento de tristeza e não tentei conversar.

Quando chegamos à caverna, ajudei-a a deitar-se sobre nossa improvisada maca metálica e peguei o kit de primeiros socorros. O vestido dela estava machado de sangue na parte superior da coxa.

– Importa-se? – perguntei encostando em seu vestido. Percebi que ela parara de tremer com o toque da minha mão.

Ela balançou a cabeça negativamente e eu ergui um pouco o tecido, apenas o suficiente para ver o corte. Limpei a ferida enquanto ela me encarava de forma curiosa. Ao olhar sua expressão, era evidente que ela tinha chorado, mas nenhuma lágrima preenchia mais os seus olhos.

Infelizmente, a ferida estava mais funda do que eu imaginara, seria preciso dar alguns pontos. Senti-me receoso ao perfurar a agulha em sua pele, achei que ela ia reclamar ou dizer alguma coisa, mas ela continuou quieta como se nada tivesse acontecendo.

Naquele momento, minha mente fazia-me imaginar eu tocando a perna dela em circunstâncias diferentes. Briguei comigo mesmo por alguns minutos até eu terminar o curativo.

– Pronto. – disse eu esterilizando a agulha antes de guarda-la novamente. – Se machucou em mais algum lugar?

– Não. – respondeu ela olhando para o vazio. – Obrigada.

– Hey. – eu disse ajudando-a se sentar. – Eu sinto muito.

Ela fechou os olhos com força e cerrou os lábios.

– Eu também.

– Eu acho que devemos cancelar nosso dia de trabalho por hoje.

Ela concordou e tentou se levantar sem sucesso.

– Hey, hey, calma. Eu ajudo você. –contornei a mesa rapidamente e fui ao encontro dela. Felicity estava quase caindo quando a segurei em meus braços. Suas mãos frágeis agarraram-se fortemente a minha cintura.

Ela respirou fundo, e com calma, ergueu sua cabeça para me olhar e dizer obrigado. Foi quando o rosto dela se virou para o meu que eu percebi o quanto estávamos próximos. Minha boca apenas um centímetro de distância da dela. Uma vontade louca de beijá-la tomou conta de mim, eu queria encostar meus lábios no dela, eu queria sentir o gosto e sua boca, eu queria sentir as batidas de seu coração contra o meu peito...

Os olhos dela também encaravam meu rosto de maneira apaixonada, mas um impulso repentino me fez parar de pensar romanticamente. Felicity acabara de perder seu amigo, eu não queria me aproveitar de sua fragilidade.

E se ela não quisesse ser beijada por mim? E se fosse apenas um amigo para ela? Não era difícil de acreditar nisso, afinal, eu sempre tinha visto Felicity apenas como uma amiga, até cinco segundos atrás.

– Obrigada Oliver. – disse ela calmamente. Senti seu hálito contra meu rosto. Eu não ousaria me afastar naquele momento, mas foi exatamente o que ela fez.

Felicity direcionou sua cabeça para o lado, distanciando-se se mim de maneira discreta.

– Vou leva-la pra casa. Poderá descansar e em breve ficará melhor.

Ela acenou positivamente, e mais uma vez, fomos para o carro dela. Ajudei-a entrar com cuidado e fechei a porta delicadamente. Foi quando Diggle chegou com a moto.

– Hey cara. – cumprimentou-me ele.

– Vou leva-la para casa. Espere-me aqui e então poderemos voltar para buscar seu carro.

– Quer que eu a leve? Você já fez...

– Não. – interrompi rapidamente. – Eu levo está tudo bem.

Diggle sorriu de forma maliciosa, comportamento que não entendi. O que ele sabia sobre meus sentimentos por Felicity? Eu mesmo acabara de descobrir...

Ela ficou em silêncio novamente durante parte do trajeto. Percebi que não havia mais lágrimas em seus olhos nem tremores pelo seu corpo, mas de repente, ela esticou o braço e ligou o som do carro. Uma musica baixinha e agradável penetrou em meus ouvidos e fez-me encara-la.

– Quero me distrair. – disse ela.

– Tudo bem. – concordei.

Passei o restante do caminho tentando não olhar para ela. Sem sucesso, é óbvio.

Chegamos ao apartamento dela e a lembrança da noite anterior me fez sorrir. Acompanhei-a até a porta e notei novamente sua expressão triste.

Felicity girou a chave e abriu a porta, deu dois passos lentos para dentro, apoiando-se na parede, e virou-se para mim.

– Acha que foi minha culpa? – perguntou ela abatida.

– Felicity... – sussurrei incrédulo – Nada do que aconteceu é culpa sua.

– Ele se jogou na minha frente para me proteger. – falou ela encarando o nada.

– Hey. Olhe para mim. – ela o fez assim que toquei em seus ombros. – Se quer culpar alguém, culpe a mim. Eu joguei você nessa situação para início de conversa, eu pesquisei sobre Nolan e fui eu que suspeitei sobre ele. Não se culpe por isso.

– Mas eu não consigo parar de pensar nele qua...

– Nolan não iria querer que você pensasse dessa maneira, ele com certeza não acharia que você foi a culpada.

Felicity suspirou e acenou com a cabeça. Seus olhos claros, tão penetrantes no meu. “Vai lá Oliver, beije-a, beije-a”. A batida acelerada do meu coração me dizia para fazer o que eu queria, mas mesmo assim, não sabia se era o certo.

– Descanse ok? – pedi a ela. – Amanhã nós pensamos em tudo, não se estresse.

– Farei o meu melhor. - ela sorriu timidamente e suspirou.

Dei às costas a ela e caminhei pelo corredor. Não cheguei a dar muitos passos quando notei que a porta ainda estava aberta. Meu coração se acelerava enquanto minha mente estava desprovida de lógica, eu queria aquilo.

Virei novamente e corri ao seu encontro. Vi um sorriso se formar em sua face antes de minhas mãos se encaixaram no rosto dela perfeitamente. Um alívio percorreu minha espinha quando finalmente encontrei seus lábios dispostos a me retribuir. Um sentimento ardente estava dentro de mim, senti cada parte do meu corpo agradecer por aquele beijo. A boca dela estava tão macia contra a minha, com movimentos tão delicados e deliciosos que foi difícil de parar. Senti a falta do calor de seus lábios quando finalmente eu me afastei, encostando minha cabeça sobre a dela e sussurrando:

– Eu não podia ir embora sem fazer isso.

A expressão de Felicity estava totalmente em choque. Ela tocava seus lábios se perguntando se aquilo realmente acontecera.

– Vejo você amanhã...

Afastei-me e caminhei pelo corredor novamente. Desta vez, sentindo-me a pessoa mais feliz do mundo.


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Notas finais do capítulo

FINALMENTE O BEIJO *--* hahaha
Gostaram? Espero que sim. Deixem seus comentários para me fazer feliz ♥ haha
Obrigada por tudo novamente, beijinhos ;*