Minha intenção quando chegasse em casa era conversar com ela, mas meu plano foi por água abaixo quando vi em cima do sofá um travesseiro, um cobertor e o meu pijama.Eu pensei em insistir e ir até a porta do quarto para conversarmos, mas acho que tanto eu como ela não estavamos preparados para conversar agora, talvez fosse melhor assim.

Claro que a minha noite no sofá não foi uma das melhores e eu me incomodava por notar que em poucos dias nós haviamos brigado duas vezes.Eu não gostava disso, mas meu sangue fervia nas veias quando algum homem se aproximava demais da Stella.Ao me levantar pela manhã, sentia um pouco de dor nas costas.Fui até nosso quarto e notei que ela ainda dormia e me dei a chance de admirar seu corpo perfeito.Suspirei e entrei no banheiro rapidamente ao notar que ela se mexia na cama.Ao sair do banho enrolado com um atoalha na cintura vi que ela não estava mais e a cama estava arrumada.De repente ela abriu a porta do quarto e entrou.

– Bom dia.

– Bom dia - eu respondi.

Seguiu até o banheiro e não trocamos mais nenhuma palavra.Coloquei minha roupa de trabalho e fui pra cozinha preparar nosso café.Ela apareceu no momento que eu tomava meu café.

– Não vou voltar pra casa hoje, terei que viajar até Las Vegas.

– Porque você precisa ir até Las Vegas? - Ela andou até a cafeteira e se serviu de uma generosa xicara de café.

– Uma reunião com todos os chefes de laboratório do país, aquela que preciso ir todo ano.

– Vai para o laboratório hoje? - Porque ela insistia em não olhar pra mim?

– Sim, pelo período da manhã eu ficarei algum tempo por lá.

– Tudo bem - ele deixou sua xicara já vazia dentro da pia- Nos vemos depois - ela mal olhou nos meus olhos.

Eu odiava aquele clima entre a gente.Depois de tanto tempo sem entender o que realmente sentia por ela, nessas poucas semanas que estavamos juntos o que eu fazia era simplismente me manter longe dela ao invés de aproveitar cada segundo que eu tinha ao lado da Stella, da mulher que eu mais amava nesse mundo.Enquanto dirigia até o laboratório me peguei pensando em tantas coisas e como nesses últimos dias a minha vida tinha mudado e como eu me sentia feliz por finalmente me entregar de corpo e alma ao amor, algo que eu nunca tinha sido capaz de sentir na minha vida antes.

Quando cheguei todos da equipe me aguardavam, Stella estava no celular conversando com alguém e nada me tirou da cabeça que era aquele tal de Sean.Ela desligou assim que me viu.

– Hoje como todos sabem eu preciso fazer uma viagem até Las Vegas, isso seria próximo ao horário de almoço, mas Sinclair acabou de me avisar que terei que ir imediamente, a detetive Bonasera ficara em meu lugar até que eu volte e isso deve acontecer daqui dois dias, alguma pergunta? - todos balançaram a cabeça negativamente - Foi o que pensei, bom trabalho a todos e com licença.

– Está tudo bem com ele? O Mac parece estranho... - ouvi alguém dizer.

Sim eu estava estranho e com raiva ainda de tudo aquilo. Stella tinha me feito de idiota na frente de todos e... mesmo ninguém sabendo que estavamos juntos.Droga, porque aquele tal de Sean tinha que aparecer? Fui até o vestiário lavar meu rosto e não gostei nada do que vi no espelho.A noite mal dormida era evidente e me sentia cansado, eu já tinha me acostumado em dormir com Stella nos meus braços e ficar sem ela naquela noite tinha sido algo definivamente angustiante.Ouvi a porta se abrindo e pelo espelho vi que era ela, tão linda... tão séria.

– Até quando vamos ficar nesse clima? Até quando vamos evitar um ao outro?

– Até quando eu conseguir suportar ficar longe de você... - eu sussurrei ao ver ela se aproximando ainda mais de mim.

– E isso vai levar muito tempo? - ela estava com os braços cruzados - Porque eu estou engolido o meu orgulho e minha vontade de bater em você nesse instante, mas estou aqui... tentando entender seus motivos.

– Eu fiquei morrendo de ciumes, você não ficou também quando eu estava com a Peyton na minha sala? - perguntei finalmente me virando para ela e parando de encara-la pelo espelho.Stella não se desfez da sua pose de durona.

– Isso é diferente, Mac, eu tinha razões e afinal de contas ela foi sua ex-namorada e Sean é meu cunhado e melhor amigo.

– Ele é seu cunhado e melhor amigo? Então quer dizer que você ainda se sente casada com o Paul e que todas as vezes que você me disse que... que droga Stella, o que eu sou realmente pra você?

As palavras dela tinham em machucado e eu não sabia o que pensar.Será que Stella ainda amava o marido morto e só estava comigo por... carência?

– Eu não quis dizer desse jeito - Stella segurou o meu rosto entre suas mãos e seu olhos transmitiam várias coisas ao mesmo tempo, preocupação, medo, amor... - Eu não quero mais brigar com você e isso está me matando, eu tive que me segurar para não chama-lo para a nossa cama na noite passada e senti tanto a sua falta que achei que fosse ficar maluca - ela sorriu lindamente e eu acariciei seu rosto.

– Stella eu...

– Deixa eu terminar Mac, por favor... Eu não quero que você imagine coisas que não existem, Sean é uma pessoa muito especial em minha vida, não mais que você eu posso garantir, ele é como um irmão para mim e eu realmente quero que você o conheça, mas não me faça me afastar dele que isso eu não vou fazer.Eu te amo Mac e você está me fazendo viver novamente depois de muito tempo, depois do que aconteceu com o Frankie... mas não controle a minha vida, está bem? Prometo não exagerar nos carinhos se isso te incomoda tanto.Não me faça mais ficar longe de você que eu não consigo mais ficar sozinha...

Stella estava com os olhos marejados, e eu não suportei ver ela assim, sofrendo por minha causa e eu a puxei pra mim e a abracei forte.

– Me perdoa Stella, me perdoa por fazer você sofrer assim, meu amor... - me afastei o suficiente para fazer com que nossos olhos se encontrassem e eu a beijei com paixão e saudades.Ela apoiou os dois braços no meu pescoço e eu fiz com que seu corpo se apoiasse no armário. - Eu estava em agonia por ficar assim com você e sentia medo que você não quisesse seguir mais adiante - falei me afastando um pouco.

– Isso não vai acontecer, eu prometo... Só vou me afastar de você se você quiser.

– Que bom saber disso meu amor, porque eu quero você sempre do meu lado.

– Vou sentir sua falta nesses dois dias, só espero que o tempo passe logo e você volte para os meus braços.

– Vou te ligar sempre que possivel e você não vai conseguir sentir minha falta.

– Acho difícil isso não acontecer, mas vejo que vou ter que me contentar com sua voz pelo telefone.

– Por mais que eu esteja adorando ficar aqui com você nos meus braços, acho melhor ir antes que alguém entre e nos veja tão próximos um do outro.

– Você tem razão - ela me deu um beijo antes de se afastar e ir até o espelho

– Você está perfeita, porque se preocupa tanto com sua aparência?

– Toda mulher gosta de se cuidar detetive, de se sentir bonita aos olhos do seu homem... devia saber disso.

Ela saiu do banheiro sorrindo e eu saí em seguida levando comigo uma pequena mala com algumas coisas que estavam no meu armário que julgava ser necessárias.Antes de sair passei na minha sala e peguei meu celular em cima da mesa.Quando finalmente estava esperando o elevador, de longe notei Stella me olhando e li pelo seu lábio ela dizer “ eu te amo”, eu sorri e fiz o mesmo, só pedia que esses dois dias passasem logo para que eu pudesse ter a minha mulher do meu lado novamente.

XXXXX Jess XXXXX

Eu estava a caminho do trabalho, tinha demorado o máximo que consegui para sair de casa, queria adiar o meu encontro com o Don.No sinal vermelho olhei para o anel na minha mão esquerda e suspirei.Será que tinha feito a coisa certa? Será que aceitar o pedido de casamento do Jones foi a melhor escolha?

Ao entrar na delegacia eu o vi lendo alguns papéis com as duas pernas em cima da mesa, eu não sei dizer se ele sentiu minha presença, mas me olhou instante depois.

– Bom dia detetive Angell, ou deveria dizer detetive Smith? – ele pérguntou com um sorriso sarcástico no rosto. –Até quando ia esconder isso, Jess?

– Até quando eu julgasse necessário e você não tem nada a ver com a minha vida.Devia arrumar alguém também Donald e parar de cuidar da vida dos outros, porque não faz isso? – perguntei desafiadora com as duas mãos na cintura, mas ele não respondeu a minha pergunta e ficou de frente pra mim e segurou carinhosamente minha mão com o anel.

– É um lindo anel, Jones fez uma excelente escolha. – seus olhos azuis me prenderam e pra mim só existia nós dois ali, naquele espaço. – Você tem certeza que é isso que você quer? Se casar com o Jones?

– Eu... ele é um homem maravilhoso e me ama, o que eu mais preciso pra ter certeza que fiz a escolha certa?

– Ter a certeza que o ama também. – acabamos sendo interrompidos pelo meu noivo antes que eu falasse qualquer outra coisa.

– O que vocês tanto conversam? – ele perguntou me abraçando pela cintura e eu me afastei como se levasse um choque. – O que foi querida?

– Não aqui no nosso trabalho.

– Não é mais segredo pra ninguém que estamos juntos, qual o problema então?

– Eu não quero isso aqui Jones, você não entendeu?

– Hei Don, você vai aceitar ser meu padinho, não é? – eu olhei para Flack com o coração aos pulos, ele não podia aceitar...

– Será um prazer Jones – ele sorriu lindamente e eu quis morrer.

Um pouco depois os dois se afastaram e eu fiquei parada no meio da delegacia, me sentindo perdida e incomodada.Será que estava fazendo a coisa certa? Eu nunca tinha pensado em me casar e quando era pequena meu único desejo era entrar para a policia para pegar os bandidos, e agora estava noiva e ia me casar daqui dois meses... Senhor, era comum me sentir tão desesperada assim?

Tentei me concentrar no trabalho ciente do olhar do Don sobre mim. O que ele queria afinal? Provar que eu estava fazendo uma escolha errada? Me fazer sentir mais raiva de mim por estar noiva do Jones e não tira-lo da minha cabeça? Quando voltei pra casa no final daquele dia, me sentia cansada e com dor nas costas e tinha absoluta certeza que era porque praticamente inclinei todo o meu corpo pra frente para ficar fora do campo de visão do Don.Me joguei no sofá de mal jeito e nem me importei com isso, afinal eu precisava relaxar um pouco mesmo que fosse dessa forma.

Fiquei assim por quase uma hora,até criar coragem e ir para o banheiro, jogando pelo caminho toda a roupa que estava vestida, até ficar apenas de calcinha e sutiã, mas antes mesmo de entrar embaixo do chuveiro a campainha tocou e eu fui atender.Para minha infelicidade era o Don e ele me olhou de cima em baixo quando me viu e sorriu malicioso.

– Se eu soubesse que você me antenderia dessa forma eu teria vindo muito antes, Angell.

Só então me lembrei como estava e sai correndo em busca de alguma coisa que pudesse cobrir o meu corpo, voltei para a sala vestida com um roupão e Don olhava alguma fotos na estante.

– Sua família? – ele perguntou olhando fixamente para uma foto

– São meus país e meu irmão, mas o que você está querendo com essa visita? Tenho certeza que não veio somente olhar as minhas fotos.

– Claro que não Jessica, eu vim falar com você.

– E sobre o que seria? – eu ainda me estava afastada e Don agora estava mais sério do que nunca e eu comecei a sentir medo do que ele fosse me falar.

– Você não pode casar com o Jones, você não o ama, sabe disso.

Eu tive que rir daquelas palavras, quem ele pensava que era pra saber o que eu sentia?

– Vou ter que realmente mandar você cuidar da sua vida? Vai ser necessário isso?

– Estou tentando abrir seus olhos para a besteira que você esta prestes a cometer.Jess... – ele sussurrou o meu nome e se aproximou rapidamente.Oh não! – Não faça isso, por favor...

– Você tem idéia do que está me falando? Do que está me pedindo? O que deu em você, Don? Porque está fazendo isso? Porque meu casamento com o Jones te incomoda tanto? E não me venha com essa história de querer abrir meus olhos que eu sei que não é isso, eu quero saber o real motivo de tudo.

– Eu poderia inventar qualquer outro motivo,qualquer outra desculpa e não dizer a verdade, mas sinceramente eu estou cansado disso- ele acariciou meu rosto com uma das mãos e eu mantive meus olhos aberto fitando os deles tão intensos e ainda mais azuis. – Acho que eu percebi finalmente o que estava acontecendo comigo quando fiquei sabendo que ele ia te pedir em casamento.

– Você sabia?

– Ele me contou... Você não acha que foi coincidência demais me encontrar lá? Eu queria ter certeza que... isso ia acontecer mesmo.Jess... eu quero fazer você mudar de ideia em relação a esse compromisso com o Jones.

– Don... o que você está dizendo?

– Eu amo você Jess, muito mais do que eu achei que fosse capaz de amar uma mulher.Não se case com esse cara, fica comigo...

Ele parecia tão sincero e eu fiquei enfeitiçada olhando para aqueles magnificos olhos e sem pensar duas vezes eu o puxei para mim e o beijei.Don segurou minha cintura e eu senti uma energia dominar todo o meu corpo, eu sabia que devia me afastar e dizer que o que estavamos fazendo era errado, mas ter ele em meus braços parecia ao mesmo tempo tão certo que afastei aquele outro pensamento rapidamente da minha mente e me entreguei ao momento.Eu precisava sentir o que realmente estava acontecendo comigo.

XXXXX Don XXXXX

Eu me sentia um completo filho da mãe, afinal de contas estava a caminho da casa da noiva de um dos meus colegas de trabalho para... podemos dizer assim, seduzi-la.Eu não podia estar errado, não podia... Jessica sentia alguma coisa por mim e isso eu tinha quase certeza, só precisava que ela me falasse de uma vez por todas sobre os seus sentimentos.Devo confessar que me sentia um completo idiota por estar fazendo isso.Eu? Apaixonado? E pela Jess? Consegui entrar com facilidade no prédio onde ela morava, só tive que mostrar meu distintivo e tudo ficou muito fácil depois que descobri o seu apartamento.Quando bati na porta ela demorou um pouco para atender e eu me sentia terrivelmente nervoso e praticamente toda a minha coragem e disposição tinha ido embora, mas quando ela abriu a porta vestida daquele jeito eu não consegui pensar em mais nada além de pegar ela em meus braços e ama-la com todo o amor que eu sentia.Tive que me segurar para não dizer uma bobagem e estragar tudo.Eu resolvi ser sincero e dizer tudo o que estava passando na minha cabeça e rezava para que eu não tivesse me enganado em relação a Jess, eu não podia estar enganado...

Ela era tão linda e tão perfeirta, tão mal-humorada e tão engraçada... Era ela que eu queria do meu lado.

XXXXX Danny XXXXX

Eu sabia que teria que fazer algo em relação a Lindsay e o meu filho, antes que fosse tarde demais e ela me odiasse para sempre.Estava no horário de almoço andando pelas ruas de Nova York pensando em alguma coisa que fizesse ela acreditar em mim e que finalmente entendesse que eu a amava de todo coração.Passei em frente a uma loja de bebê e resolvi entrar, talvez alguma coisa lá dentro pudesse me dar alguma ideia, enfim.

– Posso ajuda-lo, senhor? – uma moça simpática e sorridente aproximou-se.

– Hã... eu gostaria de comprar algo para o meu filho... ou filha.Não sei o sexo do bebê ainda. – sorri um pouco sem graça com medo que a venderora fosse me achar o pior pai do mundo por isso.

– Tem alguma coisa em mente? Um berço? Um macacãozinho?

– Eu queria dar algo diferente, não sei o que exatamente.

– Hun, acho que sei o que você pode estar procurando.Venha comigo por favor.

Voltei para o laboratório com o meu presente nas mãos, estava me sentindo entusiasmado e com medo também, que ela fosse jogar tudo na minha cara ou algo parecido.A encontreii analisando algumas evidência e como sempre estava bem concentrada no que estava fazendo.

– Lindsay? Posso falar com você um instante? - ela me olhou por um bom tempo e eu comecei a ficar nervoso.

– Tudo bem Danny, tenho cinco minutos. – ela não sorriu ou demonstrou qualquer alegria por aceitar.

– Podemos conversar na cobertura?- ela me olhou desconfiada.

– O que você está pretendendo? Porque tem que ser lá?

– Confia em mim, está bem? Eu preciso falar mesmo com você, é importante.

– Vamos acabar logo com isso.

Pegamos o elevador em silêncio e quando chegamos ela saiu na minha frente olhando os prédios que nos cercavam, depois virou-se pra mim.

– Eu queria te trazer aqui para dar um presente, na verdade... dois presentes.

Caminhei até um pequena mureta e atrás dela peguei dois pacotes.

– E pode acreditar, fui eu mesmo que escolhi e... bem a vendora tentou me fazer comprar outra coisa, mas eu gostei muito desses... dois.- entreguei para ela os dois pacotes.

Ela colocou um no chão com todo cuidado enquanto abria o outro.E eu me sentia tão ansioso que quase perguntei se ela precisava de ajuda para abrir os presentes.Aos poucos ela foi rasgando a embalagem e logo tinha em sua mãos um pequeno rádio em forma de ursinho.

– Ele toca músicas para o bebê dormir – eu falei, mas ela pareceu não me ouvir, Lindsay apertou um botão e um suave melodia de ninar tocou, finalmente ela deu um sorriso.

– É... tão lindo, obrigada... Danny. –ela desligou o rádio em forma de ursinho e o colocou em segurança no chão no momento que pegou o outro pacote.

Eu vi seus olhos brilharem quando pegou a pequena boneca de pano nas mãos, ela me olhou e eu consegui ver tantas coisas naquele olhar que fiquei perdido. Ela sorriu amplamente ao mesmo tempo que deixava algumas lágrimas cairem pelo seu lindo rosto.

– Eu ouvi um dia você conversando com a Jess sobre uma boneca que teve quando era pequena e que a perdeu em um enchente, me lembro até hoje como você a descreveu com todos os detalhes e eu não sei como, mas... consegui guardar todos eles. Sei que pode ser um presenteidiota para uma mulher adulta, mas eu... achei que você pudesse gostar, mas se não quiser guarda pra nossa... filha, se for o caso ou pode...

– Eu adorei Danny, e o presente não é idiota.Aquela boneca foi a primeira que ganhei do meu pai e a única também... eu entrei em despero quando a perdi.

–Eu fico feliz em ver que você gostou... Montana.

Vi ela se abaixar e pegar o rádio, ficou com os dois presentes segurando com um dos braços.Ela veio até mim e me abraçou, sem avisar ou dizer qualquer coisa.Ter Lindsay tão perto de mim novamente foi uma sensação maravilhosa e eu a abracei forte, fechando os olhos como se com isso o abraço durasse muito mais tempo.Lindsay se afastou.

– O que está acontecendo com você, Danny?

– Saber que vou ser pai daqui a alguns meses me fez ver a vida de outra jeito, me fez querer fazer parte da vida dessa criança... da sua vida, Montana.

– Eu estou assustada e com medo.

– Medo do que?

– Medo de você brincar novamente com meus sentimentos e rir da minha cara depois ou arrumar uma outra loira estagiária.

– Eu te amo, Lindsay. – eu falei de uma vez e ela me olhou surpresa.

– Isso precisa ser sério, não se brinca assim com os sentimentos de uma mulher grávida.

– Eu não estou brincando meu amor, eu nunca falei tão sério.Acredite em mim.

– Eu acredito, que droga, eu acredito – ela me deu um grande sorriso e eu novamente a tomei em meus braços, finalmente as coisas estavam melhorando entre a gente.

XXXXX Stella XXXXX

Pela primeira vez eu estava sozinha no apartamento do Mac, era estranho ficar ali sem ele.Por mais que eu estivesse adorando ficar li com ele, achei que estava mais do que na hora de procurar outro lugar para morar porque afinal de contas eu não ia conseguir voltar para o meu antigo apartamento depois de tudo que aconteceu com o Frankie.Estava procurando alguns apartamentos pela internet quando ele me ligou.

– Bonasera.

– Como está passando a noite, Stell?

– Estou me sentindo solitária aqui, e ficar aquiu olhando para sua coisas me faz sentir ainda sua falta.

– Eu voltarei logo, meu amor e prometo recompensa-la por todo esse tempo que estamos passando longe um do outro.

– Eu espero que sim detetive.

– Eu farei isso com muito carinho, prometo.O que está fazendo nesse exatro momento?

– Vendo alguns apartamentos, preciso de um novo lar.

– Esse novo lar é onde você está agora,Stella, do meu lado.Que ideia é essa agora?

– Eu nunca disse que ficaria aqui pra sempre, eu preciso de um lugar pra mim.Mac, estamos juntos a tão pouco tempo que morar juntos parece até absurdo.

– Seria absurdo se não nos conhecessemos a mais de dez anos.

Eu sabia que ele não tinha gostado nada daquela notícia, mas eu não estava disposta a mudar de ideia.

– Eu preciso disso, por favor compreenda.

Ouvi ele suspirar do outro lado da linha.

– Eu já tinha me acostumado com a sua presença, mas tudo bem Stella, vai ser como você quiser.Mesmo que não me agrade ficar sem você.

– Mac, você vai me ver o dia todo no laboratório.

– O dia todo não parece o suficiente, Stell...

– Suas palavras me parecem posessivas, Mac...

– Não consegui me conter – ele riu do outro lado da linha – Vou precisar desligar, meu amor.Só me prometa uma coisa, que não vai morar muito longe de mim...

– Eu prometo...

– Atém mais, beijos.

– Beijos.

Quando desliguei o telefone, encontrei um apartamento do jeito que eu queria a alguns quarteirões do prédio onde o Mac morava, com certeza ele ia ficar satisfeito, o preço era bom e pelas fotos parecia bem acolhedor.Marquei uma visita para o dia seguinte no horário do meu almoço.Sean tinha se oferecido para me acompanhar, eu pensei em recusar para evitar mais problemas com o Mac, mas ele poderia me ajudar na escolha então resolvi confirmar com ele.

– Ele é maravilhoso, Stella, acho que deve ficar com ele com toda certeza. – Sean olhava os comodos e eu tive que concordar com ele, o lugar era mesmo maravilhoso.

– Você tem razão, se não ficar com esse apartamento vou me arrepender.

– Então negócio fechado? – o corretor me perguntou entusiasmado.

– Negócio fechado – ele apertou minha mão e assinamos o contrato, na mesma hora peguei a chave e poderia me mudar no dia seguinte.

– Ele vai precisar de uma boa limpeza – não estava empolgada com essa parte, mas ia fazer tudo com calma.

– Posso te ajudar.

– Não tenho opção, não é?

– Infelizmente não.Ah, como estão as coisas com aquele seu amigo?

– Preciso te dizer algo, mas não quero que conte pra ninguém.Mac agiu daquela forma porque ficou morrendo de ciumes de você.

– Deu pra perceber, isso que dizer que...

– Sim, estamos juntos e ele não gostou nada da nossa aproximação pra ser mais sincera, mas já conversei com ele... Mac sabe que você é como um irmão pra mim.

– Então não estou correndo o risco de perder minha cabeça?

– Mac não é um homem violento, ele é um amor.

– Se você está dizendo. Stella preciso ir, hoje eu vou ver o meu filho, você vai ficar bem?

– Vou sim, obrigada pela ajuda Sean.

– Não tem o que agradecer, até mais. – ele despediu-se beijando carinhosamente a minha testa e foi embora.Eu ainda fiquei mais alguns minutos olhando meu novo apartamento antes de fechar tudo e voltar para o laboratório e quando me sentei na cadeira uma Lindsay nervosa entrou sem bater.

– Você viu os noticiários?

– Do que você está falando? O que aconteceu?

– Stella... saiu uma lista com corpos identificados recentemente do dia onze de Setembro.

– Como assim? – me levantei se acreditar no que ela tinha me falado – Isso faz muito tempo Lindsay, onde estava em todo esse anos?

– Eles esconderam isso de todos, ainda não sei o motivo.Parece que... eram pessoas de grandes cargos que trabalhavam nas Torres e...

– Oh Meu Deus! Você acha que Paul, pode estar entre eles? – eu caí na cadeira sentindo o chão sugar todas as minhas energias.Lindsay veio até mim e se ajoelhou do meu lado.

– Stell, calma, se Paul estiver entre eles nada vai mudar em relação ao que você sabe que aconteceu com ele.

– Mas ter um corpo é diferente, por mais que eu soubesse o destino que meu marido teve, Lindsay, no fundo no fundo eu... imaginava que ele pudesse estar vivo em algum lugar, sei lá... Eu não sei se vou suportar saber da verdade agora...

– Ainda não saiu nada oficial, eles vão divulgar a lista no final do dia.

– Você tem ideia do que isso significa pra mim? - eu tentava segurar minhas lagrimas, meu desespero.Porque Mac não estava aqui para me confortar? – É como se eu estivesse revivendo toda aquela dor novamente...

– Eu posso fazer alguma coisa por você minha amiga?

– Poderia ficar no meu lugar? Eu realmente preciso ir pra casa agora, não estou com cabeça pra pensar mais em nada.

– Claro que sim, pode ir tranquila.

Agradeci com um pequeno sorriso forçado, peguei minha bolsa e sai rapidamente.O mundo parecia rodar e nessa hora eu só queria que o Mac estivesse ao meu lado.

XXXXX Lindsay XXXXX

Eu estava tomando suco de laranja na sala de descanso quando vi pela televisão o noticiário, e rapidamente fui procurar a Stella.Eu sabia como aquilo seria pertubador para ela e minha amizade seria fundamental agora. Stella saiu cabisbaixa e eu senti meu coração se apertar por ver o sofrimento dela e não poder fazer mais nada para ajudar.Eu a segui até o corredor e assim que vi as portas se fecharem do elevador voltei para a minha sala, onde Danny estava trabalhando também.Me sentei em frente ao computador e fiquei olhando para a tela.

– Você falou com a Stella? Como ela reagiu?

– Ela ficou arrasada, Danny, e eu estou penalizada por ver minha amiga nesse estado.Não quero nem imaginar passar por isso um dia, deve ter uma dor incalculavel perder uma pessoa que amamos tanto.

– Ela vai precisar de todo nosso apoio agora, principalmente se o nome do Paul estiver nessa lista.Você acha que o Mac já está sabendo?

– Eu não sei, provalvelmente sim, acha que seria melhor ligar para ele e ter certeza?

– Seria uma boa ideia, tenho quase certeza que ele volta imdiatamente para Nova York para ficar do lado dela.

– Então vou fazer isso agora mesmo.

XXXXX Mac XXXXX

No momento em que Lindsay me ligou eu tinha acabado de ver pela teve o noticiário, afinal ele passavam várias vezes e em vários canais.

– Onde ela está, Lindsay? – perguntei aflito.

– Foi pra casa, não ficou muito bem depois que eu contei.

– Eu vou voltar hoje mesmo para Nova York, até mais.

– Até mais, Mac.

Eu precisava falar com ela, mas nas diversas vezes em que liguei para a Stella ela não me atendeu e eu fiquei ainda mais preocupado com ela. Consegui uma passagem de volta no final do dia e perderia algumas reuniões do encontro, mas não me importava e se Sinclair quisesse me matar por isso eu pediria demissão se fosse preciso, mas não ia deixar a minha mulher sozinha em um momento como esse.

– Vamos Stell, atende esse celular... – perdi as contas de quantas vezes eu liguei e a cada ligação não atendida minha preocupação aumentava.

Cheguei em Nova York por volta de onze horas da noite e fui direto pra casa, mas para minha supresa meu apartamento estava completamente vazio, nenhum sinal dela.

– Lindsay, você sabe onde a Stella está agora? Acabei de chegar em casa e ela não está.

– Não faço ideia Mac, tentei falar com ela várias vezes depois que saiu a lista e... Paul realmente está nela.

– Obrigado Lindsay.

– Por favor me avise se souber de alguma notícia dela, não consegui dormir ainda sem saber onde a Stella está.

– Eu aviso – desliguei sem me despedir.Eu queria abraça-la nesse momento e dizer que ela poderia contar comigo para tudo, mas a cada minuto que se passava e eu não tinha noticias dela, minha agonia aumentava. Fui para o quarto trocar de roupa e vi um bloco de anotações em cima da cama, nele estava anotado um número de telefone com o nome do Sean, não pensei duas vezes.

– Sulivan

– Aqui é Mac Taylor, sou amigo da Stella.

– Oh sei quem você é, ela me falou muito de você.Algum problema detetive?

– Creio que já tenha visto o noticiário?

– Sim... – a voz do homem pareceu ainda mais triste.

– Stella está com você? Estamos procurando por ela a várias horas e não conseguimos contato.

– Não detetive, eu até tentei falar com ela algumas vezes mas Stella não me atendeu.

– Sabe onde ela possa estar? – estava entrando em desespero sem noticias dela. E se tivesse acontecido algo?

– Talvez no novo apartamento? É um lugar que acho que ela iria porque não trás lembranças do meu irmão.

– Você sabe onde fica? – perguntei sentindo a esperança me invadir.

– Sim, eu fui com ela hoje no horário de almoço para ajuda-la.Posso passar o endereço pra você.

– Por favor – depois de anotar o endereço no mesmo bloco de papel, eu agredeci e antes que desligasse, Sean pediu que avisasse se encontra-se Stella.O aparftamento dela ficava a alguns minutos do meu e agradeci por isso.Não consegui pensar em responsabilidade no trânsito e quase atropelei um mendigo.O porteiro do prédio ficou assustado quando me viu entrar correndo.Depois de mostrar meu distintivo esperei o elevador impaciente e em poucos minutos já estava em frente ao novo apartamento dela.

– Stella, você está ai? – bati na porta repetidas vezes, até ouvir a fechadura sendo destrancada e ela abrir a porta.Meu coração se afundou no peito, Stella tinha os olhos vermelhos de tanto chorar.

– Ah Mac... – ela pulou em meus braços chorando em desespero e eu a apertei com força – Eu nem acredito que você está aqui.